Existe um momento em que todo mundo entende a inexorável passagem do tempo.
Porque, amigo, quer você tenha notado ou não, o tempo passa. E com o passar do tempo o progresso acontece. E por "progresso" eu não quero dizer "sair de uma condição pior para uma condição melhor". Não. A condição simplesmente se adapta aos novos usos e costumes. E não há absolutamente nada que você possa fazer para impedir que o novo pensamento assuma seu lugar.Mais dia, menos dia, todos entendem que o tempo passa, que as coisas mudam e que a ÚNICA resposta possível é se adaptar às novas condições. Mesmo porque a alternativa é morrer.
A boa notícia é que você pode influenciar os novos usos e costumes. Você pode estar na vanguarda. Você vai errar, você vai acertar, ninguém nunca fez o que a vanguarda está fazendo. Mas a alternativa é deixar que as outras pessoas ditem os novos costumes e, portanto, as novas condições e circunstâncias.
Na minha vida, eu nunca me permiti assistir de camarote as mudanças feitas nas áreas que eu acredito serem importantes. Eu sempre estudei e ponderei sobre os assutos, sempre dei a minha cara a tapa, sempre levantei meu braço, sempre dei a minha opinião nas dicussões e sempre que pude arregacei as minhas mangas e fiz o meu melhor para que as coisas acontecessem.
E agora, com 41 anos, eu vejo que o tempo passou.
E eu vi a marcha do tempo passando quando notei que estou trabalhando com pessoas de 20 e poucos anos. Pessoas que nasceram quando a internet já estava consolidada. Pessoas que nasceram depois de 9 de setembro de 2001. Pessoas que nasceram depois que o Orkut foi lançado.
A marcha do tempo me pegou pois eu vi os buscadores nascerem. E eu me achava na vanguarda por saber usar palavras-chave e encontrar rapidamente a informação necessária. Eu me achava O CARA por saber criar sites e indexar as palavras-chave corretamente para aumentar as chances do site ser encontrado em buscas... mas isso lá no distante 2003. "SEO" não era algo sequer sonhado!
Os conceitos que eu tenho de internet passam por estudo sério, trabalho árduo, tentativa e erro e, enfim, progresso a custo de muito esforço.
Aí, hoje, eu sou jogado em organizações junto com pessoas de 20 anos que usam as mesmas ferramentas intuitivamente. Pessoas que cresceram com os conceitos que eu ajudei a criar, usando as ferramentas como se fossem as coisas mais simples do mundo.
Eu sei. Eu fiz o mesmo. O vídeo cassete da minha casa nunca ficou piscando "12:00": eu sempre deixei tudo perfeitamente configurado. Mas vai esperar o mesmo dos meus pais e avós?
Céus. Vídeo cassetes nem existem mais...
O que eu quero dizer é que o tempo passa.
E passa para todo mundo.
E nós, enquanto criaturas finitas, temos o tempo contado.
E se nós não tomarmos a responsabilidade da passagem do tempo nas nossas mãos, o tempo vai passar. E vai nos deixar pra trás. E tudo o que poderemos fazer é reclamar que o tempo passou e não fizemos nada.
Quando eu tinha 17 eu gritei bem alto em um círculo de pessoas, no meio de uma dinâmica, que minha principal característica era "mutação". Claro, eu queria ter dito "adaptabilidade". Eu mudo de acordo com a circunstância. E faço de tudo para a circunstância mudar de acordo com o que eu acredito.
No fim, são as duas faces do espectro político "progressismo" versus "conservadorismo".
Uma depende da outra, uma influencia a outra e nenhuma das duas está certa ou errada.
Parece a Dilma falando, eu sei. Mas se você prestou a atenção no texto viu que fez sentido.
Hoje é aniversário do meu pai.
Eu já não convivo com a minha mãe desde 2003.
Nesse mês de março decidi parar de conviver com meu pai, também.
Eu não aguento mais pessoas que não tomam em suas mãos as rédeas de suas vidas, não fazem seus sonhos acontecer, culpam o mundo inteiro por seus fracassos pessoais e passam a viver nas sombras do que poderia ter sido.
E, infelizmente, cada dia que passa eu só vejo mais e mais gente assim.
O tempo passa, as pessoas acham que tudo caiu do céu, não se esforçam para fazer acontecer e reclamam daquilo que resultou a sua falta de ação.
Frustrante.
E cansativo. Porque somos tão poucos que corremos atrás das realizações. Que fazemos acontecer. Aí a democracia faz com que a maioria vagabunda tome decisões que tiram dos poucos que fazem e dão para os muitos que só reclamam.
Certa vez eu falei que ia morrer sozinho, e tudo bem.
Eu nunca me senti tão sozinho como me sinto hoje.