segunda-feira, 27 de setembro de 2021

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Sobre agilidade, colegas cuzões e puta que me pariu, que raiva do mundo

"Agilidade tá na moda!"

"Vida de agilista é fácil!"

"Quero ser agilista, também!"


Pra você que tá pensando em encarar o ramo de agilidade, deixa eu te contar as partes sórdidas, que ninguém posta:


1) Gestor te contrata por modinha.

Sim. Agilidade tá na moda e a empresa quer parecer legal no mercado. Aí enche a estrutura tradicional de agilistas, sem empoderar nenhum deles. Você vê um mundo de coisas erradas, tem as ferramentas para melhorar o dia a dia e não tem poder para instituir nenhuma delas.


2) Você é contratado para dizer onde teu patrão tá errando.

Tanto o patrão "dono da empresa" quanto o patrão "teu cliente interno, o time". E não, eles nunca têm maturidade para te escutar. E mesmo você já sabendo no primeiro dia o que deve ser feito com certeza absoluta, o caminho SEMPRE é direcionar o time e os gestores para que eles aprendam com os próprios erros. Se você for bom, eles aprenderão. Mas não reconhecerão que foi por sua causa.


3) Incompreensão.

Não, ninguém vai entender o que você está fazendo. Nunca.

Agilidade é contra-intuitiva e sempre existirá o sabe-tudo da empresa para aparecer dizendo que agilidade não funciona. Mesmo você provando que a ação vai beneficiá-lo, o sabe-tudo continuará a campanha contra o que você está fazendo.


4) Ingratidão.

Você vai trabalhar feito um condenado para garantir o bom fluxo de trabalho do time. Vai colocar o seu na reta para bancar ferramentas e práticas necessárias para o bom andamento do projeto.

E o time vai entregar com louvor.

E na hora do agradecimento, NINGUÉM citará seu nome.

"Agilidade nunca entrega nada" - já me disseram.

Parabéns ao time, ao PO, ao coordenador, ao gestor, ao diretor, ao cliente, ao RH, à tia do cafezinho e ao bom tempo que nos ajudou. Todo mundo ganha tapinha nas costas, menos o agilista.


Se vale a pena?

Vale.

Sim, vale.

Mesmo contra tudo e contra todos, o seu agilista continua fazendo todo o necessário para garantir o bom andamento dos projetos.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Sobre (falha de) comunicação

Estou começando a achar que eu tenho problemas de comunicação.

Na minha cabeça, eu faço perguntas diretas, binárias, daquelas de resposta "sim" ou "não".
Mas quando eu recebo a resposta, aparece algo muito diferente do que eu perguntei, que pouco se encaixa no diálogo.

Exemplo?

Há 5 minutos.
Estava na cozinha, fazendo um pão com geleia.
Gritei para minha namorada:
"Amor! Quer um pão com geleia?"
E ela prontamente respondeu:
"Já tô indo aí!"

O apartamento está quieto.
Eu falei alto, tenho certeza absoluta que ela me ouviu.
Mas eu não entendi a resposta.
Com um pão fechado na mão e a faca na outra, eu não tinha a menor ideia se deveria ou não abrir o pão e passar um pouco de geleia dentro dele.

Uns 30 minutos atrás, em call do trabalho.
Eu tenho certeza que pedi para o time informações diretas.
"Em qual desses key results vocês podem ajudar?"
"Qual objetivo do time?"
"Qual o processo de uma POC?"
"Qual número vamos observar para sabermos se estamos no caminho certo?"

E recebi respostas um tanto desconcertantes...

"Abre o cartão da POC que lá tem tudo o que eu fiz nela."
"Acho que o objetivo do time é criar um horário para oferecer cursos para os outros times."
"Nós temos um endpoint que queríamos que estivesse no Customer X."

Eu estou um pouco triste, um pouco feliz.
Sempre achei que tivesse uma boa capacidade de comunicação.
Mas o feedback que estou recebendo é justamente que minha comunicação não é tão efetiva quanto eu imaginava.

Como dizem por aí, 50% da responsabilidade da comunicação é de quem fala, 50% é de quem ouve.

Agora é o momento de resignação.
Aceitar a realidade dos fatos.
E trabalhar forte para melhorar os meus 50% de responsabilidade de comunicação.