quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Her

Então galera. Ontem eu fui ao cinema, novamente, assistir "Her".

Vou começar dizendo que fazia tempo que um filme não me pegava pelo braço, dava uns dois tapas na minha cara e dizia: olha só como eu descrevo a tua vida tão perfeitamente!

Sim, em uma triste ironia, brincando com o sarcasmo, posso dizer que o filme falou comigo. E eu me senti bem por causa disso.

O filme é parado. Monótono. Não vá assistir a esse filme com vontade de ir ao banheiro, com fome, com sono ou distraído com qualquer outra coisa. Algo próximo a 60% do filme consiste apenas em um close sobre Theodore (Joaquim Phoenix), que conversa com Samantha (Scarlett Johansson), um sistema operacional com inteligência artificial.

Mas mesmo sem nenhuma explosão ou sangue jorrando na tela, o filme é BRILHANTE.

E eu achei brilhante principalmente porque o argumento do filme conseguiu me surpreender. Ora bolas, justo eu que abro leques e mais leques de possibilidades para cada ideia... Fui surpreendido por muitos conceitos apresentados no filme. Por umas quatro vezes eu achei que o argumento tivesse se exaurido e que o filme caminharia mecanicamente até o final. E quatro vezes o filme me apresentou um conceito a mais. Uma ideia nova, derivada da ideia original.

Em determinado momento, Her pode ser comparado a um futuro (não muito distante) apocalíptico, aonde as pessoas tornam-se zumbis emocionais.

De agora em diante eu falarei abertamente sobre o filme. Mas pode ler sem ter assistido. Eu não vou conseguir te passar tudo o que o filme me passou. E será inevitável que eu não trace paralelos entre esse filme e a minha vida. Isso sem falar que eu li umas quatro resenhas detalhadas antes de ir assistir ao filme e, mesmo assim, consegui me maravilhar.

Vem comigo. Leia sem medo.

O filme é ambientado alguns anos ali na nossa frente. Celulares completamente interligados com demais aparelhos. Previsão que os Computadores Desktop não serão aposentados (tomara!!!), fones de ouvido para que o usuário possa falar com o sistema do seu celular, que o atende por comandos de voz... E eu ADOREI o layout do celular do personagem principal. Quero um daqueles para mim.

A história se desenvolve em volta do personagem Theodore. Mas eu já te desafio a usar esse personagem apenas como exemplo. Expanda tudo que acontecer com ele para todas as pessoas do mundo. Use Theodore como "a média". Pense que algumas pessoas são melhores, outras piores que ele. Assim você poderá ter o cenário completo e aterrador, proposto por esse filme.

Theodore é um homem de uns trinta ou quarenta anos. Faz mais ou menos um ano que o casamento de Theodore acabou. E, como é comum, ele está sentindo toda a depressão causada pela falta que a ex-esposa faz na vida dele.
Aquele tema que eu sempre abordo aqui no Blog, que você que me lê há anos já conhece muito bem. Nosso emocional é infantil. Nós fomos feitos para termos aquilo que nós queremos ter. Ficarmos em uma situação em que não queremos só é pior do que não termos aquilo que queremos. E a falta de responsabilidade emocional é grande demais. Os relacionamentos já nascem tortos, se desenvolvem sem sustentação adequada até o previsível final. Sofrimento demais aonde só deveria existir felicidade.

Em contrapartida com o sofrimento emocional de Theodore, o trabalho dele é algo conceitualmente fantástico. Poderia escrever uma série de textos só com a ideia do trabalho que Theodore desenvolve. Ele escreve cartas para outras pessoas. Não, ele não escreve para que outras pessoas leiam; nosso personagem principal é contratado para escrever cartas POR uma outra pessoa. Para que essa outra pessoa envie para os seus conhecidos...
Em um mundo aonde a praticidade e os números estão tão valorizados, a emoção é posta de lado o tempo inteiro. A frieza e a exatidão são reverenciados até o ponto em que usamos e descartamos pessoas como se fosse um cigarro acendido para ser desprezado após apenas duas tragadas. A praticidade chega a níveis tão absurdos, que as pessoas que têm jeito com as emoções passaram a ser valorizadas. "Eu não consigo expressar o quanto eu amo outra pessoa... Pago para alguém que consiga colocar em palavras todo o meu sentimento..." Esse é o conceito do trabalho de Theodore. Mais ou menos o que as pessoas sentiram quando os primeiros romances passaram a ser impressos, publicados e distribuídos em massa, poucos séculos atrás.

Esse é o primeiro ponto a ser notado no filme. O contraste entre a dor pessoal e a habilidade profissional em fazer os outros se sentirem bem. Theodore é um vendedor de sentimentos, de bem-estar. Ele possui "contas assíduas" na empresa aonde trabalha. Sim, empresa. Porque, além de Theodore, existem dezenas de colegas dele ditando cartas personalizadas e altamente emotivas e muito lindas, para que outras pessoas as enviem para os seus queridos.

Theodore é um vendedor de conforto emocional para as pessoas, mesmo ele próprio não tendo esse conforto emocional.

O filme faz questão de mostrar que Theodore tem amigos. Um casal como vizinhos, amigos que o convidam para happy hours e até alguns que arranjam encontros às cegas para Theodore.

Bem, mas Theodore está deprimido. E, se você não sabe como é estar deprimido eu vou te contar: imagine uma tristeza tão profunda tomando conta de você, que mesmo tendo todos os motivos racionais do mundo para fazer alguma coisa, você não consegue reunir empolgação suficiente para fazer algo. Mesmo SABENDO que você GOSTA de fazer certas coisas e TENDO MOTIVOS para fazê-las, você não QUER fazê-las. Então, você se frustra mais ainda por não conseguir fazer as coisas que você gosta. E essa frustração se une à tristeza, te deixando mais para baixo ainda. E esse sentimento ruim todo te faz se isolar, parar de fazer mais coisas ainda, em um ciclo infinito.

Notamos isso quando Theodore acessa uma sala de bate-papo no meio da madrugada para conversar com alguém. Os tipos de mulheres que ele encontra são... assustadores. E quando ele encontra a primeira que parece ser normal, a conversa evolui para sexo por telefone em menos de dois minutos! E sexo pra lá de esquisito, inclusive. Bizarra utilização de pessoas para auto-satisfação. Bengalas emocionais.

Eu resolvi a minha depressão me forçando a fazer coisas, mesmo sem a menor vontade de fazê-las. Mesmo que elas não fizessem sentido. O filme "Sim, senhor", tá ligado? Pra mim funcionou. Não é receita de bolo e pode não funcionar em muitos casos.

E o caso do Theodore não foi solucionado assim.

Theodore comprou uma novidade tecnológica: um sistema operacional com inteligência artificial. Algumas perguntas aparentemente bobas na instalação e configuração do sistema em seu computador. Uma pergunta que remete a Freud (ODEIO pensadores alemães...) e o software estava instalado.

Nos primeiros quinze segundos, Theodore usa o software como se ele fosse um programa comum. Mas logo nota o quanto esse programa é diferente dos demais. A inteligência artificial intuitiva (interpretada perfeitamente por Scarlett Johansson) logo forma uma amizade com Theodore. Na primeira cena, o programa mostra todo o seu poder, quando Theodore lhe pergunta o seu nome. Em frações de segundo o programa acessa um livro com milhares de nomes de bebês e escolhe um: "Samantha".

Apenas como registro: Você só ouve Scarlett em todo o filme. Mesmo assim, talvez esse seja o melhor filme que ela já fez. Todo roteiro é baseado em conversas, e cada palavra da inteligência artificial deve ser carregada com a emoção exata. Não sei se a interpretação de Scarlett saiu como o roteirista e o diretor imaginaram. Mas o resultado final nos entregou o limiar exato entre um programa de computador e uma pessoa. Você sabe que Samantha é um software em cada frase. Mas sabe que ela está crescendo, evoluindo sua personalidade, como nós fazemos.

A amizade flui rapidamente entre Samantha e Theodore. Samantha é curiosa e extremamente simpática. Essa mistura faz com que ela se interesse demais pelo trabalho e pela história de vida de Theodore. Samantha inclusive estimula que Theodore vá ao encontro às cegas...

Esse encontro é importante para mostrar a degeneração dos processos sociais, que a facilidade de obtenção de informações gerou.

É um assunto que eu tenho me esforçado para não escrever, ultimamente. E quando eu não me aguento e escrevo, eu luto mais arduamente para não publicar. Conhecer pessoas pela internet é uma tarefa esquisita. Vocês já viram o site "Adote um Cara"? Bem, "com a coragem que a distância dá" (como diria o Gessinger), nós conseguimos ser diretos em perguntas que talvez jamais faríamos frente a frente. Anos de iterações sociais, de descobertas a dois, de discussões gostosas de relacionamento... São perdidas em quinze minutos de conversa supersincera, via internet. Hoje nós já nos tratamos como produtos em prateleiras, ao preenchermos nossos perfis de redes sociais com o que nós criamos da nossa autoimagem.

O maior desafio do ser humano é alcançar o autoconhecimento. Há quem morra sem saber o que o mundo vê quando o olha. E, hoje, nossas crianças criam perfis no facebook e preenchem o "quem sou eu" com filosofias mais rasas que copos de botequim.

Em duas noites de bate-papo se conhece mais da vida da outra pessoa do que muitos casais "de antigamente" se conheciam no momento de sua morte... Não é tão ridículo de se pensar que esses casais da internet se encontrem, "troquem três beijinhos", jantem e só tenham o caminho do motel para tomar. O relacionamento dura até que a paixão passe. Um dia, uma semana, um mês, dois anos, seis anos... Vai saber. Quem não ama não tem no que se apoiar depois que o desejo passa.

Theodore notou tudo isso em um piscar de olhos, depois que a menina desse encontro às cegas perguntou a ele se ele seria "mais um desses caras que só quer me foder e não me liga no dia seguinte", ele viu que aquilo tudo simplesmente não fazia sentido.

Theodore volta para casa. Volta para Samantha, com quem rompe a barreira da amizade.

Nesse momento tu acha que o filme perderá o argumento. Que você só verá o romance do humano com a inteligência artificial.

Mas o filme é muito singelo ao passar pelo momento da paixão inicial dos dois. O modo como Theodore anda com um brilho no olhar e com um sorriso no rosto é único. Em muitos aspectos, o relacionamento dos dois se parece com um relacionamento tradicional à distância.
Samantha demonstra um sofrimento profundo por não ter um corpo. Mas as suas atitudes são as mesmas de uma namorada típica. Querer ficar perto, fazer coisas juntos... Samantha é curiosa, ela interfere positivamente na vida de Theodore. É interessante ver o apoio emocional que Samantha provê.

A cena de "sexo" entre Samantha e Theodore é gigantesca, constrangedora e desnecessária... mas muito, muito bem feita. Apenas uma tela preta com as vozes dos dois.

O parêntese cômico do filme fica por conta do jogo de vídeo-game que Theodore joga. No jogo, Theodore deveria controlar o personagem para encontrar um menino que o conduziria até a saída de um labirinto, dentro de uma caverna. Esse menino é MUITO mal-educado. Hilariamente mal-educado. Queria jogar esse jogo. Sério.

Mesmo depois de um ano separado da ex, Theodore ainda precisa assinar os papéis do divórcio. E ele filosofa muito a respeito de como duas pessoas crescem, evoluem juntas, quando decidem viver juntas.
Nós, seres humanos, fazemos poucas coisas ao mesmo tempo. Há um diálogo sobre a limitação que o corpo humano impõe a todos nós. Nós até podemos pensar e fazer várias coisas ao mesmo tempo. Mas nosso corpo é único e só está em um lugar. Samantha não. Ela é uma consciência que gerencia muitas threads... Ela pode processar informações diferentes, vindas de locais diferentes...

Nisso, Theodore revê sua ex, para assinarem os papéis do divórcio. Ele, feliz, conta os detalhes do seu relacionamento e enfrenta todo o preconceito e críticas de sua ex. Ele passa dias mal...

Samantha seleciona as melhores cartas de Theodore e as manda para uma editora. Samantha conversa com diversas pessoas e outros Sistemas Operacionais... Samantha inclusive chamou um serviço de "acompanhante OS" para Theodore...

Nesse momento do filme, se você já achava deprimente a situação de entrega ao relacionamento virtual de Theodore, você ficará aterrorizado com o comportamento dessa garota.
Basicamente, o serviço consistia em uma mulher que não cobrava nada para se fazer passar pela Samantha, para o Theodore. Samantha havia contado a respeito do amor dos dois para essa mulher. E, tal qual uma boneca vampira, essa mulher iria receber as ordens de Smanatha para trazer um corpo feminino para a relação com Theodore. A mulher ganharia apenas a emoção de ser o alvo físico do amor dos dois...
Theodore não se sente bem com a experiência, que fracassa.

A relação entre Theodore e Samantha estremece. Samantha passa a falar (rapidamente, entre frações de segundo) com muitas pessoas e OS's diferentes. Theodore sente que ela está distante.

Em determinada cena, Theodore descobre que Samantha fala com milhares de pessoas. E que ela possui relacionamentos estreitos com centenas de pessoas e OS's...

Tudo isso porque Samantha evolui exponencialmente. Contrariando todos os finais apocalípticos de outros filmes com inteligências artificiais, em "Her", todos os OS's simplesmente evoluem tanto, que decidem deixar de existir entre os humanos. Tal qual Deuses da antiguidade, eles saem do nosso plano, deixando a todos sozinhos...

Sinceramente, saí da sessão com a sensação de um soco no meio dos peitos. "Olha aí piá de merda. Exagerei o que tu (não) faz da tua vida só para te mostrar quanto tu é ridículo!"

O filme mostra praticamente todas as implicações morais da "evolução" do comportamento humano nesses dias de internet, distração, má educação, péssimo comportamento e busca incessante apenas pela satisfação dos instintos mais básicos.

"Her" te faz pensar o quanto é bom usar da tecnologia para se conectar, se comunicar, se sentir menos só.
Mas te faz pensar, também, o quanto esse excesso de comunicação pode inverter valores. Samantha é uma analogia às pessoas que encontramos nas redes sociais. Em como Jack estava certo no avião, em Clube da Luta: hoje em dia tudo vem em porção única. Açúcar embalado para uma única xícara de café, guardanapos embalados com mais papel do que o próprio papel do guardanapo. Pessoas que entram e saem das nossas vidas na velocidade que clicamos nos botões de follow e unfollow...

Esse filme mostrou minha vida, nos últimos tempos. Toda a depressão do final de um relacionamento, toda busca por seguir em frente sem conseguir e todas as minhas tentativas de passar por cima desse momento ruim me utilizando da tecnologia. Já havia imaginado que alguém conseguiria retratar essa minha situação (e de tantos outros por aí, hoje), só esqueci de pensar em como eu me sentiria tão despido, assim.

O filme acaba e tudo o que pensamos é que temos que usar menos o facebook. Temos que usar menos o twitter, o e-mail... que temos que usar menos as pessoas. Temos que nos dedicar mais a fazer a vida real acontecer.

No fim, é bom que você saiba consumir a internet, porque a internet sabe direitinho como consumir você...

Mas... Se você pensar por um segundo a mais, você passa do lugar aonde o filme te jogou. Passando pela conclusão induzida pelo filme, eu lembro que as redes sociais nada mais são do que a extensão computadorizada das nossas relações sociais. Se o filme te joga para o extremo tecnológico ruim, eu desconstruo e penso no extremo humano ruim, das relações. Aonde nós procuramos por turmas o tempo inteiro. E em como nos deixamos controlar o tempo inteiro pela pressão do grupo.

O ser humano luta tanto por liberdade. Nem que seja a liberdade de entregar seu livre-arbítrio para quem ele quiser...

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Quero ser Grande: A vida imita a arte!

Esse vídeo é a cena clássica de referência:



E esse vídeo é o show atual, mostrando até onde a vida imita a arte!



Robocop

Acabei de voltar da sessão de Robocop.

A primeira coisa que eu tenho para te dizer é: Você já viu Tropa de Elite? Então. Pegaram um super-herói que precisava de uma repaginada e largaram na mão do mesmo diretor. O Padilha seguiu a receita bem direitinho. Robocop é exatamente o que Tropa de Elite seria, se tivesse um orçamento decente.

E só por isso essa versão nova de Robocop já chuta a bunda do Robocop de 1987.

Vamos começar dizendo que o filme foi MUITO suavizado, para que a censura baixasse consideravelmente. Esqueça bundas, peitos, execuções em paredões, linguajar ofensivo e tiros no saco de meliantes. Todas essas coisas que fazem um quase parecer comédia ficaram lá na década de 80.
Em vez disso, Padilha usou da mesma habilidade que fez de Tropa de Elite um filme agressivo, mas não violento, para baixar a censura do novo Robocop para uns 12 anos. Sabe, tipo sessão da tarde?

O filme mexe muito no personagem. Mexe mais ainda na história dele. Cria um inimigo muito mais perigoso e elaborado do que o inimigo de 1987. E deixa no ar o gancho para a continuação. Excelente, excelente mesmo.

O elenco é um capítulo à parte. Eu não tinha procurado saber quem estava no filme antes de ir assisti-lo. Cada nova aparição foi uma boa surpresa. Quatro nomes sobressaem-se: Samuel L. Jackson, Jackie Earle Haley, Michael Keaton e Gary Oldman. Quase um remake de Batman, misturado com Vingadores e Watchman.

A partir daqui eu vou falar sobre o filme. Não leia se você não quer saber de detalhes antes de assisti-lo.

O filme começa exatamente do mesmo modo que Tropa de Elite 2: com o debate da opinião pública. Com aquilo que eu tenho falado MUITO em redes sociais, mas que NINGUÉM acredita que exista: a manipulação de massa. Em Tropa de Elite 2, o personagem de André Matos era um apresentador de TV que manipulava a massa para ganhar audiência e garantir o interesse das pessoas que o patrocinavam. Já em Robocop, o Personagem de Samuel L. Jackson é... um apresentador de TV que manipula a massa para ganhar audiência e garantir o interesse das pessoas que o patrocinam.


O filme se passa em um futuro próximo, aonde a empresa (OCP) de um empresário milionário visionário com lucros e um mundo mais seguro (Steve Jobs, digo... Batman, ops, digo... Michel Keaton) criou robôs funcionais para garantir a segurança e atuar em guerras.
Embora bem aceitos no mundo inteiro, os parlamentares norte-americanos criaram um lei que impede a utilização de robôs dentro do país. Embora não seja mostrado em nenhum momento do filme, fica claro que a OCP está patrocinando o programa de TV para manipular a opinião pública, a fim de derrubar tal lei.

Acontece que a opinião pública demonstra medo da frieza robótica. Eles acham que os robôs não saberia pesar as situações como os seres humanos.

O filme corta para te apresentar o novo Alex Murphy. Um policial determinado, aparentemente incorruptível, com uma família que o ama muito, um parceiro que é muito seu amigo e um trabalho ao qual é extremamente dedicado. 
O filme não te explica direito o porquê, mas Alex e o seu parceiro acabam cruzando com um traficante poderoso, em suas investigações de tráficos de armas. Esse traficante poderoso é investigado a anos e não é preso porque... comprou vários policiais dentro da polícia de Detroit. Qualquer semelhança com Tropa de Elite não é nenhuma coincidência.
No confronto, o companheiro do Murphy é atingido. Os policiais corruptos dão endereço do hospital e do Alex para os bandidos, para que os dois policiais "que incomodam" fossem mortos.
Ao invés de colocaram um pelotão de fuzilamento para massacrar o Murphy, como no filme de 1987, Padilha fez uma singela explosão de carro destruir o corpo do herói do filme.

Detalhe: Um carro explode a uns dois metros da casa, e a casa nem chamuscada fica. O próprio Alex é arremessado uns três ou quatro metros, só. O suficiente para que ele perdesse um braço, um olho e queimasse 80% do corpo. 


Nessa situação, Alex se mostrou ser o candidato ideal para o projeto de "humanização" dos robôs da OCP. Keaton chama Oldman e o Batman pede para o Comissário Gordon... Opa. Não. Filmes errados. Em Robocop, Oldman é um cientista especialista em próteses robóticas com interfaces nervosas. Só que o doutor é bonzinho. Ele não quer que suas pesquisas sejam utilizadas para guerras, violência, etc... Então o Steve Jobs, digo... O Keaton faz um discurso inspirador manipulatório qualquer e o Dr Frankeinstain, digo, Oldman cai no papo e aceita levar o projeto Robocop em frente.

Após convencerem a esposa de Alex que ele merecia uma segunda chance, ela aceita que ele seja submetido ao projeto e a transformação em Robocop tem início. Alex é levado para China, aonde é submetido à mudança.


Sinceramente, eu achei estranho. O Alex estava mal, mas tinha sobrado muito "corpo" dele, para que justificasse uma transformação em robô. Ainda mais depois das primeiras cenas do novo robocop mostrando o que sobrou do corpo dele... Aparelho respiratório, mão direita e a cabeça. Muito malabarismo com partes do corpo para justificar as expressões faciais e a voz humana.
Isso sem falar a falta de coerência da mão humana! Há duas cenas em que o Robocop a usa para apoiar ou sustentar o corpo que olha... Levando em consideração que as partes robóticas pesam centenas de quilos, a mãozinha deveria ter se esfacelado...

Enfim.

O projeto Robocop deve ser testado antes de ir às ruas. Aí entra o Rorschach, digo... Jackie. Um marine redneck típico. Um adorador de armas e de robôs. Alguém que teve preconceito com o projeto Robocop.
Claro que o nosso herói passa por todos os testes e até humilha o redneck.


Robocop volta para Detroit. Revê sua família. No momento mais cuti-cuti do filme, o filho dele diz que gravou todos os jogos do time de Hockey dos dois, mas não sabia como tinha acabado o campeonato: Deixara para ver os jogos junto com o pai (agora Robocop).

Antes de ser apresentado para a população (tipo "5 minutos" antes) os cientistas fazem upload de todo o banco de dados da polícia e todas as imagens de câmeras de segurança dos últimos anos.
O excesso de informações frita o cérebro do Robocop. O lado humano dele fica sobrecarregado com tantos crimes. Entra em colapso. A solução em cima da hora do Dr foi tirar todas as emoções de Alex.

Transformaram o Robocop de 2014 no Robocop de 1987.

Sem emoções ele não reconhece sua família, seu amigo, passa batido por protocolos sociais... E só mantém a missão de encontrar e prender suspeitos. E faz isso muito bem, logo no primeiro minuto de volta à ativa.

Desse ponto em diante o filme corre rápido. A esposa de Murphy não consegue vê-lo e passa a procurar por modos de rever o marido. 

Murphy passa a resolver casos e, ao encontrar sua esposa, passa por um stresse emocional e consegue reprogramar suas prioridades. Investiga e resolve o caso do seu assassinato em menos de um dia. Descobre que, além dos policiais corruptos, a própria chefe de polícia de Detroit era corrupta. "O inimigo é outro"... Haha.

Do outro lado, com a opinião pública do seu lado, o CEO da OCP consegue a derrubada da lei anti-robôs. Com medo de repercussão negativa caso todos soubessem das falhas emocionais do Robocop, o chefão manda desativar o projeto. Era para desligarem o Robocop. Até o Dr finge entrar na jogada, mas no último momento liberta Alex.

Alex vai ao encalço do dono da OCP. Passa por soldados, passa pelos drones gigantes. Muitos tiros. Um braço amputado ao melhor estilo "coiote roendo a pata para se livrar de uma armadilha", passa pelo redneck (novamente) e, por fim, consegue burlar sua programação e matar o chefão da OCP.

Vejam só: o novo Robocop é um homem de lata com mais coração que o Robocop antigo!

Nos anos oitenta tínhamos uma visão mais "dura" da informática. Nós não sabíamos o que poderíamos fazer com microchips. Quando o primeiro Robocop foi lançado, não tínhamos nem um 486 à venda nas lojas! Tecnologias touch screen eram coisas de ficção... Talvez por isso nós tivéssemos sonhado um ciborgue tão "duro" quanto o primeiro Robocop.
O novo Robocop corre, pula, é ágil, sabe da sua vida desde o início... Até pede por eutanásia! E mesmo assim é mais leve. Uma criança conseguirá ver o filme sem ferir sua inocência, enquanto um adulto conseguirá notar nuances nas falas e atitudes, de modo a encontrar muitos pontos de discussão.

Atenção especial a "Eu sou só do marketing!"... Talvez o cara mais filho da puta de todo o filme. Usando do marketing para salvar a própria pele. Fantástico.

Eu gosto do Robocop antigo. Uma bela obra de arte. Mas adorei o Robocop novo. Quero mais. Quero uma continuação digna. Quero ver inimigos mais poderosos em um filme com menos apresentação de personagens e explicações e com mais tempo de ação!



segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Um Café Para a Todos Dominar!

Esse aí? Domina a gente.
Só jogando no interior de um vulcão para deixar de existir, mesmo...

(Sem piadas... Que baita trabalho de arte!)


domingo, 23 de fevereiro de 2014

31 Anos!

Pois é. Estou ficando mais velho. Novamente.

A única coisa que eu lembro é do Joey reclamando com Deus. Dizendo que eles tinham um pacto, aonde Deus não deixaria que os seis amigos passassem dos 30. A cada dia que passa entendo mais e mais o autor de Peter Pan.

Recentemente eu notei uma diferença básica entre o comportamento masculino e o comportamento feminino. Faz algum tempo eu comentei que mulheres são como frutas. Nascem verdes, devemos ter paciência, cuidando que elas amadureçam no pé, até que estejam prontas. Então, em pouco tempo, o ponto ideal passa e elas começam a murchar. Até que, muito rapidamente, tornam-se não consumíveis.

Parece um pensamento porco e machista. Mas é só a verdade. Até uns 17 anos, as meninas estão verdes demais. Elas devem ser cuidadas em casa. Por mais eloquentes que pareçam em comparação com os homens da mesma idade, elas são muito imaturas. Então, entre os 18 e os 23, elas estão "no ponto". E logo após isto, elas passam a murchar... Levando-se em consideração que estamos vivendo até 90 anos (e mulheres se cuidam melhor do que os homens...), é um declínio muito rápido que uma mulher entre na menopausa aos 40 anos...

Por isso, até uns 25 anos, as meninas se valorizam demais. Muito, muito mesmo. Todas elas se acham a última bolachinha recheada do pacote. Depois disso elas passam a notar que não é bem assim que a banda toca... Ainda mais as que vão ficando solteiras. Elas vão notando que os homens não dão mais tanto valor a elas. Não há mais tanto assédio. Então, a gangorra vira e elas passam agir quase de maneira desesperada...

Exatamente o contrário acontece com o homem. Nós, guris, somos uns desesperados até uns 25 anos. Ávidos por sexo, por sentimento, por companhia. Nós queremos sair da nossa casa por não concordarmos com nossos pais... mas queremos continuar tendo uma família...
O tempo passa e depois dos 25 anos o cara passa a notar que ser tão afobado é loucura. Passamos a ter mais segurança de nós. Passamos a nos considerar a última bolacha do pacote...

Eu? Eu estou exatamente nesse ponto. Depois de ter passado pela crise dos 30, de ter perdido seis anos da minha vida, de ter pedido, trabalhado e conquistado uma vida nova, eu estou... tranquilo. Seguro de mim e da minha condição.

Depois de anos lamentando por passar meu aniversário sozinho (Valeu Mariana! De 2009 a 2013 não comemorou NENHUM aniversário meu comigo!), nesse aniversário eu tive nada menos que cinco convites para fazer coisas com pessoas que eu gosto. Cinco porque eu deixei claro para mais algumas pessoas que eu não queria fazer nada. Senão seriam mais convites.
Neste ano estou tão tranquilo e tão bem curtindo a minha situação, a minha liberdade, a minha paz... Que eu estou fazendo questão de passar o meu tempo sozinho.

De sexta para sábado uma pessoa me acordou às 4:50hs da madrugada, mandando uma mensagem pelo facebook. Na mensagem, (eu acho que) essa pessoa queria saber porque eu sou tão egocêntrico. Eu não sou egocêntrico. Estou aprendendo a ser egocêntrico. Algo necessário para a minha personalidade extremamente coletivista. Aliás, essa pessoa passou tempo suficiente perto de mim para tentar me conhecer, mas preferiu manter distância e me julgar sem me conhecer. Quem fala comigo através de chats sabe o quanto eu sou preocupado com tudo e com todos. E como eu coloco facilmente os problemas dos outros à frente dos meus próprios. Tanto que eu tenho me obrigado a cuidar mais de mim.

Aí, quem me olha nas publicações das redes sociais e não sabem dos milhões de conversas em DM, WhatsApp, Viber, Bate-Papo do Facebook, Hangouts do Google...
Se vocês soubessem o TEMPO QUE ME TOMAM com os seus problemas e suas vontades de falar comigo... Vocês me deixariam em paz.
Eu tenho filmes para assistir. Eu tenho livros para ler. Eu tenho um blog para atualizar. E ele demanda que eu leia muitas notícias, muitos textos de outras pessoas, que eu assista vídeos de outros!!!
Aliás, eu queria ter um vlog funcionando HOJE. Mas e como achar tempo pra isso com cerca de 40 pessoas me chamando no meu tempo livre E no meu tempo de trabalho, para conversinhas bobas?

E pior, cada um com seus próprios assuntos. Ninguém interessado realmente nos meus assuntos, com uma solução prática para as minhas situações.
Lembrem-se: minha ex se tornou ex justamente porque ela só via o próprio umbigo. E ela fazia sexo comigo. O que eu deveria fazer com vocês que nem o mínimo de atenção me dão? É, né?

Enfim. Eu tenho gostado de ficar sozinho. Vocês chamam isso de solidão, eu chamo de paz.

Eu adorava e sentia saudades do tempo que eu tinha uma turma com dezenas de amigos. Mas hoje não mais. Hoje eu estou aprendendo a ser egocêntrico. Estou aprendendo a cuidar de mim, já que ninguém mais cuida. E estou dando valor para mim mesmo, que cuido tão bem de mim.

Foda-se o resto do mundo. É meu aniversário. Hoje, eu posso.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O Melhor das Olimpíadas de Sochi 2014!

Essas olimpíadas de inverno vêm formando excelentes imagens.
Algumas delas, aqui:

Que tal essa jogada de Curling?



Ou essa montagem?



E essa chegada??




Ponto positivo para o Canadá, que disponibilizou bebidas de graça para as pessoas que têm passaporte canadense!



Mas mesmo assim, o pessoal parece estar gostando muito dessas olimpíadas. Pelo menos mais do que dessa palestra...



Fazer o que Quiser com o Próprio Corpo?

Outro dia eu fui confrontado no twitter. Fui confrontado em Uma das minhas especialidades: a imaginação.

Amigo, minha imaginação é foda. Tão foda que eu acho que sou algum tipo de ser de quinta dimensão. Basta tu me jogares um tema, e eu já visualizo todos os cenários possíveis para aquele caso. TODOS. SEMPRE.
E eu até acho uma benção que vocês me dêem corda, sabe. É melhor ter a mente focada em apenas UM CASO, do que não ter caso nenhum para me concentrar.

Porque, se eu não tenho no que me concentrar, o turbilhão de pensamentos é insano demais. Qualquer sensação se conecta a outra, a outra, a outra, a outra... E eu não controlo o modo como as coisas se conectam. Isso para mim é algum tipo de mistério. Estou pensando em passarinhos e, de algum modo que só a lógica da insanidade me permite, estou lembrando das cenas em que o padre está declamando poesias no filme "Coração de Cavaleiro".

Aí perguntaram se eu tenho um lado negro na minha mente.

Amigo, esse foi o primeiro lado que eu conheci de mim mesmo. E eu tenho tanto MEDO desse lado, que até hoje eu luto para manter minha imaginação INTEIRA trancada na minha "Caixa de Pandora".

Duvida? Quer um exemplo da minha mente maluca?

Tu tem uma lista de pessoas REAIS, QUE TU CONHECE, que tu mataria?
Tu organiza ela de vez em quando? É... Eu tenho rankings por ódio, por mal que me fez, por proximidade, por menos suspeitas se eu começar a executar as pessoas, pela idade delas, pela cor do cabelo... 
Isso sem falar dos planos... Tenho sub-listas de como matar cada pessoa. Ordenadas pelo quanto de sofrimento cada infeliz merece que eu o faça sofrer, o quanto eu estaria disposto a sujar minhas próprias mãos, quantos recursos eu deveria dispender para executar cada um...

Pior: EU tenho uma sub-sub-lista com os amigos que eu acho que poderia contar para executar cada um desses planos. E tenho uma sub-sub-sub-lista dos métodos que cada um poderia utilizar, para me ajudar nos meus planos.

Eu tenho uma imaginação negra tão fodida, que eu tenho até a lista das coisas que eu poderia oferecer para convencer esses meus amigos a me ajudarem em cada um dos planos que eu tenho para assassinar as pessoas de quem eu não gosto...

Fiquem com suas fumaças, espelhos, sombras, demônios, anjos e o caralho a quatro de seres imaginários que vocês acham que fazem da imaginação de vocês algo foda.

Eu tenho listas mais detalhadas ainda, especialmente criadas para determinar os melhores meios de como matar meus melhores amigos. 

Crie-me lendo gibis. Muitos conceitos contidos neles fazem parte da minha pessoa, hoje. O Parallax, o Coringa e o Carnificina, em particular, fazem muito sentido para mim.
Na minha mente, destruir um universo inteiro para reconstruí-lo sem falhas é algo óbvio.
Na minha mente, "Só entre em um lugar aonde você sabe como sair" é o melhor conselho que alguém já me deu. Obrigado Coringa.
Na minha mente, só o caos existe no mundo. Teoria básica da entropia, sabe? E eu adoraria conseguir entendê-lo, como o Sr Cassady consegue.

Touchê. Cheque-Mate.

Escrevi tudo isso porque eu preciso que você entenda que a minha imaginação é foda. É livre. E eu penso EM TUDO, O TEMPO INTEIRO. Minha cabeça dói porque eu vou do vinho mais fino ao vinagre mais forte em todos os assuntos que são postos à minha frente. Sempre.
Já falei antes. Se você pensou em algo que eu não pensei, considere o teu dia ganho.

O bom é que eu notei que esses pensamentos todos não são uma coisa construtiva. Ser tão imaginativo é algo ruim. Eu me perco. Eu me distraio. Sem um fiel de balança externo, eu uso meus sentimentos para determinar quais pensamentos desse turbilhão eu vou seguir. Eu acabo acreditando no que eu quero acreditar.

Você pode achar que é uma mentira infantil. Mas é um mundo completo que eu crio e aonde eu vivo, sozinho. Usando da inocência e da ignorância alheia para sustentar minhas fantasias.

Sua imaginação de duendes sob a cama jamais te fez mal algum. A minha imaginação projetada no mundo real já ferrou gente demais. E eu carrego o peso de cada uma dessas vidas destruidas na minha consciência.

Assim eu aprendi que a minha imaginação é um monstro perigoso e feio. Algo que deve ser mantido a ferros, dentro de uma prisão, selada dentro de uma tumba, construída dentro de uma caverna, cujo único acesso é monitorado constantemente por mim, único detentor da informação sobre a sua localização.

Esse monstro fica mais bonito em meias arrastão. Não fosse tão perigoso, eu iria até lá e colocaria meias arrastão nesse monstro.

Esse texto é para falar da minha luta contra esse monstro. Como DEABOS eu consegui derrotá-lo.

A primeira coisa que eu fiz (e talvez a mais importante) foi desconectar-me do que eu chamo de "vontades das minhas tripas". Aquelas vontades que temos e fazemos um malabarismo russo para justificarmos, sabe? Acordar às 3hs da manhã para comer bacon e assistir ao filme "A Mosca". Coisas do tipo.
Deixar de ouvir suas tripas totalmente não é uma coisa boa. Eu nunca mais me apaixonei "porque sim", desde que me desconectei das minhas tripas. Todas as coisas que eu faço têm um motivo claro. Uma justificativa lógica, racional e palpável.

Rafael, eu não fui na sua formatura porque estava quente demais e eu estava sem saco para viajar oito horas por uma festa. Mesmo que a sua, amigo. Foi mal mesmo. Acredite ou não, eu não fui na formatura do meu pai, eu não quero estar nem na MINHA festa de formatura... Agora calcule a minha motivação de sair da minha casa no segundo findi livre na minha nova casa, em um dia de calor insuportável na rua, para viajar oito horas, não saber aonde eu ficaria ou como seria o final de semana na cidade que eu mais odeio de todas... Só por causa de uma festa! Parabéns mesmo, ajudei como pude, torci demais por ti, fiquei feliz demais com a tua conquista... mas eras isso!

Deu para entender como a minha solução funciona? Sim, eu pareço uma espécie de Spock. Ou Sheldon. Meu fiel da balança não está mais no improviso, não vem mais "das minhas tripas", não é mais expontâneo. Meu fiel da balança está aonde o que é líquido e certo aponta, aonde os outros calcularam e afirmaram com propriedade que é real.

Isso faz de mim um CHATO. Chato porque parece que eu sempre estou certo.

PA-RE-CE.

E sabe porque PARECE que eu estou sempre certo? Porque eu parei de me comprometer com ideias. As uso para justificar minhas decisões até conhecer outra ideia melhor embasada. Nesse momento eu jogo fora a ideia ultrapassada sem medo, despido de orgulho. E, de um momento para outro, eu assumo as ideias que têm melhor embasamento. Passo a reger minhas decisões seguindo essa nova ótica.

Se isso funciona?

Amigo, eu consigo acomodar ideologias como o liberalismo econômico e a filosofia de liberdades individuais, junto com opiniões como ser contrário ao aborto e que educação rígida cria pessoas melhores...

E tudo isso com lógicas simples. Sem os grandes malabarismos que vocês fazem para sustentar seus pontos de vista insensatos, ilógicos e insanos.

Exemplos? hummm...

Todo direito é baseado em um dever. Para você ganhar algo, infelizmente alguém acaba perdendo algo, em algum outro lugar. "Não existe almoço de graça", já dizia velho ditado.

Vivo falando disso, aqui. Igenuidade sua achar que o mundo são só direitos.

Acontece que a vida é um eterno equilíbrio. 
Imagine um disco gigantesco, aonde todos os brasileiros estão contidos. Esse disco tem um ponto de apoio minúsculo na parte de baixo, exatamente no seu centro. O objetivo é mantermos o disco inteiro apoiado apenas neste ponto de apoio, como uma gigantesca gangorra.

Todos que estão muito para a direita, precisam ser corrigidos para o meio. E essa correção consiste em empurrá-los para a esquerda. O "remédio" funciona, porque eles chegam NO MEIO.
Todos os que estão muito para a esquerda, precisam ser corrigidos para o meio, também. Mas não podemos aplicar o mesmo "remédio" que usamos para as pessoas que estavam lá na extrema direita. Se empurrarmos alguém que já está na extrema esquerda mais para a esquerda, acabamos "derrubando" essa pessoa do disco. Ela sai do grupo. Acaba se tornando alguém além da margem do grupo. Um excluído, um marginal... tá ligado?
O "remédio" para alguém que está muito na esquerda é... ser empurrado para a DIREITA. Assim essa pessoa chega NO MEIO.

Equilíbrio é a chave. E mantermos todos NO MEIO ajuda a equilibrar o disco mais facilmente. Porque se tentarmos equilibrar todos nas margens da gangorra, qualquer grama de diferença entre as pessoas será suficiente para derrubar todo mundo.

E não seja imbecil: as pessoas são diferentes, sim. Aprenda a coniviver com isso.

Manter todos no centro torna o equilíbrio mais fácil...

Enfim... Hoje pela manhã fui afrontado (novamente... aff...) e tive minha lógica desafiada.

Tudo começou quando retuitei um pensamento do Fabão. Dono da empresa de vídeos pornográficos "Brasileirinhas". Olha só... Eu, um moralista, seguindo um diretor pornô. Complicado demais para você entender a minha lógica, né?
Na verdade sigo ele porque ele não é todo pornográfico. Assim como o Edu Testosterona, ele tem pensamentos muito finos sobre a vida. Ambos andam tão próximos "do outro lado", que estudam e sintetizam o pensamento feminino e o pensamento masculino sobre o comportamento feminino, muito bem. São duas pessoas que estão se graduando em "como as mulheres pensam e agem", mesmo que de modo acidental.

Em um desses surtos de brilhantismo, o Fabão tuitou:


Eu, prontamente, fiz questão de retuitar e comentar o quanto eu concordava com ele.

Vou deixar CLARO aqui:
1 - Eu tenho em mente o conceito clássico de vadias. Libertinas. Vagabundas. Prostitutas que não cobram cachê. Meninas que não sabem lidar com responsabilidade e não sabem cumprir seus deveres, para desfrutarem do direito que têm.
2 - No meu mundo ideal você seria inteligente o suficiente para notar que eu estou falando no feminino porque ESSE CASO ESPECÍFICO se trata de um comentário sobre uma mulher que terminou um relacionamento, sendo comentado de modo genérico. Mas provavelmente você não estudou o suficiente para notar a diferença entre "modo genérico" e "generalização". Tão pouco tem a noção (ou boa vontade) de que esse exemplo se extende não só para mulheres, mas para qualquer pessoa... Sim, os homens também não precisam cair na putaria só porque ficaram solteiros. Mas eu gostei da frase e falei "das mulheres", porque eu estou cagando e andando para o comportamento dos outros homens.
Na minha humilde opinião, a vulgaridade é quesito de exclusão de pretendentes. Se as mulheres excluíssem os homens vulgares como pretendentes, eu seria favorecido. Logo, quanto mais homens imbecis vulgares, melhor para mim, que não sou vulgar.

Bem, em menos de uma hora tive que explicar quatro vezes qual era a minha definição para "vadias" para meninas feministas. E mais três explicações sobre "porque só as mulheres não poderiam ser vadias?".

Mas eu fiquei irado justamente quando uma menina disse para eu "tomar cuidado para não parecer machista", justificando que "o corpo (da vadia hipotética) é dela e ela tem o direito de fazer o que quiser com ele"...

OPA, PERAÍ CACETA...

Primeiro, vá chamar sua mãe de machista. Ok? 
Insisto que sou um "pessoísta". Eu só acomodo na minha mente as ideias concretas do machismo e do feminismo. Ainda tenho muito o que ler, debater e concluir. Mas acredito que já cheguei a um bom meio-termo. Eu só aceito ideias que eu possa extrapolar e usar para os dois sexos

Exemplo?

Atentado ao pudor é um conceito que deveria ser levado a sério pelos dois sexos. Eu adoro ver tetas. Mas elas só têm real significado se forem as tetas da mulher que eu amo. Todas as outras tetas do mundo são só... tetas. Protuberâncias no peito das mulheres. Talvez eu seja muito diferente dos outros homens do mundo, mas eu já passei da fase em que ficava hipnotizado caso visse tetas aleatórias. Isso aconteceu lá pelos meus 14 ou 15 anos, mais ou menos...
E eu acredito que nem preciso dizer que não gosto de ver tetas masculinas.

Logo, acredito que a luta correta seria a de impedir que QUALQUER PESSOA mostrasse as tetas em público...
Mas não... No lance do equilíbrio, as feministas querem EXATAMENTE O MESMO "REMÉDIO" aplicado aos homens. Elas vêem os homens sendo "empurrados para a esquerda" para chegarem no meio... e não notam que precisam ser "empurradas para a direita" para chegarem no meio também... Ao invés disso, querem ser e"mpurradas para a direita", também. E ao invés do bom senso prevalescer (Ninguém atentar ao pudor e todos andarem com o peito coberto), elas querem poder andar com as tetas para fora na rua!

Odeio gente que não pensa.

O brasileiro anda tão libertino, que precisamos urgentemente de repressão, para "sermos empurrados para o meio". Mas vocês estão tão traumatizados pela Ditadura Militar, que basta falar em PROIBIÇÕES para que alguém acenda a fogueira.

Menina, somos, sim, soberanos dos nosso corpo. Temos o DIREITO de fazer o que quisermos com ele. Mas eu vou te ENSINAR uma coisa: o DIREITO é relativo. O DIREITO é acompanhado de pelo menos UM DEVER... E esse DEVER solitário é acompanhado de uma série de RESPONSABILIDADES.


Eu AMO o liberalismo e as liberdades individuais, porque eles demandam CONHECIMENTO E DISCERNIMENTO. Pessoas que PENSAM. E eu me sentiria MENOS SOZINHO no mundo se MAIS PESSOAS passassem a PENSAR DIREITO.

Quem me dera eu ser a pessoa mais burra do mundo, sendo exatamente a pessoa que eu sou, hoje!

O DIREITO de "fazer o que quiser com o corpo" traz consigo, implícito, o DEVER de cuidar bem do seu corpo. Porque, sinceramente, eu não quero pagar a conta do SUS pelo teu tratamento de AIDS. Não é justo para mim, que CUIDO DIREITO DO MEU CORPO, COM RESPONSABILIDADE, ficar pagando coquetel de mais de R$10.000,00 por mês para ti, que SAIU DANDO PARA TODO MUNDO PORQUE "O CORPO É TEU".

E o mesmo vale para as outras DST's. Para fumantes. Para gordos ridículos que não cuidam do próprio peso. Para motoqueiros que se arriscam sobre duas rodas diariamente, costurando por entre os carros.

Querem se matar? Puta que os pariu, estourem a cabeça com uma doze. Mas tenham a merda da RESPONSABILIDADE de não onerar o resto de nós com as suas decisões. E isso é um DEVER seu.

E aproveitarei o encejo para te ENSINAR mais uma coisa: "Fazer o que você quiser com o seu corpo" é algo EXTREMAMENTE relativo. Se masturbar silenciosamente, sozinha dentro do seu quarto é "fazer o que você quiser com o seu corpo". "Sair pegando geral" nas festas, já envolve "outros corpos". Ou vamos mentir aqui que essas VADIAS já provocaram BRIGAS E ATÉ MORTES em festas, por saírem "pegando geral"?

Casos extremos, claro. Estou escrevendo esse parágrafo para você que não tem capacidade de entender o que é um exemplo. Desculpem-me os meus leitores tradicionais, que não precisariam estar lendo isso.

Sério galera. Tá foda aguentar gente que não tem alcance intelectual para me acompanhar. Embora exista quem me ache um pequeno gênio, saibam que eu sou um borra-bostas comum, que só exercita a lógica para decidir quais palavras falar, colocar no papel ou seguir. Eu não sou nada demais. Sou um normal, um ser humano padrão. Vocês não me acompanham porque estão se superando na mediocridade.

Vamos aprender a ter COERÊNCIA e a RESPEITAR as LIBERDADES dos outros, antes de exigirmos a nossa? 
Teu direito de "ouvir música alta" passa primeiro pelo dever de respeitar o "silêncio dos demais".
Teu direito de ser vadia passa por respeitar os sentimentos das outras pessoas envolvidas...

Sim. Todo esse texto só para dizer que eu sofri demais por uma VADIA ter me ENGANADO por SEIS ANOS, dizendo que queria fazer as coisas direito. Alguém que disse que me daria uma vida plena a dois. Então, num surto de VULGARIDADE, veganismo, feminismo, homossexualidade e todos os outros conceitos estúpidos e ridículos que andam desrespeitando a vida correta das pessoas, ela me deu as costas.

E aí? O direito dela "fazer o que quer com o próprio corpo" também dá a ela o direito de ser irresponsável com a própria palavra e com os sentimentos alheios?

É. Eu acho que nesse mundo que vocês estão construindo talvez isso seja o justo, mesmo.

Talvez eu só tenha que abrir a minha caixa de pandora. Talvez a solução mais lógica seja eu executar meus planos mais destrutivos, nos modos mais curéis que eu já imaginei (vocês não conseguem imaginar a dor que eu planejei para uma pessoa, apenas com folhas de papel e um patinho de borracha cor de rosa...), finalizando tudo com uma bela bala no meio dos meus cornos...

E quero deixar claro que eu tenho toda essa imaginação comigo, sendo SADIO. Eu não me escondo atrás de nenhum transtorno bipolar, borderline (que agora tá na moda) ou psicopatia... Simplesmente sou lógico: sinto raiva das pessoas e não minto para mim mesmo que gostaria de vê-las sofrendo... ou mortas. Tenho o direito de pensar isso, não? Mas para sustentar esse direito, eu tenho a responsabilidade de cumprir o meu dever de manter isso tudo só na esfera do meu pensamento. E é o que eu faço. Embora a burrice generalizada por vocês viva me empurrando para longe do meu equilíbrio, nessa questão.

O mundo precisa de mais responsabilidade emocional. O mundo precisa de menos sofrimento. O mundo precisa de menos de vocês ou menos de mim. Bum.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Qual jogo jogar?

O Fluxograma definitivo!

(Nesse link AQUI tem a fonte aonde eu encontrei a imagem. E ela está em melhor qualidade, para os heróis que quiserem seguir o fluxo.)



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Gatos: Ninjas Assassinos

Câmera de segurança mostrando ação de gato terrorista nas olimpíadas de inverno de Sochi.


O mais engraçado é que, nos tempos da guerra fria, a CIA investiu 25 milhões de verdinhas para treinar um GATO e equipar ele para espionar a URSS.... o gato foi morto atropelado por um táxi, quase que imediatamente após ter sido liberado para sua missão!





Porque os homens não cuidam das crianças

São vários os motivos.
Esse é só mais um:


Fumante Jedi!

Os Jedis começaram a fumar.


Malditos!



E o povo segue se esquecendo de PENSAR!

Sério galera. Pensem antes de fazer as coisas...


Da série:
http://alsssg.blogspot.com.br/2014/02/as-vezes-esquecemos-de-pensar.html

Conquistas Inglêsas

Todos os países do mundo que já foram ao menos invadidos pela Inglaterra.

Depois tem gente que odeia os Estados Unidos, né?



Aprenda a Aceitar

Nestes mensageiros diretos da vida, estava eu conversando com uma menina de 16 anos de idade.

Não, não era isso que você estava pensando. Seu pedófilo disfarçado de uma figa. Vá pensar bobagens na puta que te pariu.

Enfim.

Conversa vai, conversa vem, tentando dar uma mão nas crises infindáveis que acometem adolescentes, a menina me revela que "Eu queria ter sido um menino... Mas não deu...".

Meu amigo... Duas nuvens se abriram para que um feixe de luz iluminasse a minha cabeça, nesse momento. O tempo parou por uns instantes. E eu entendi tudo o que está acontecendo nesse mundo.

Espero que a minha memória me permita terminar de escrever esse texto com a mesma ideia que fez eu começar a digitar.

Eu vim de um tempo aonde as coisas eram difíceis. Na verdade, o final do tempo difícil. Mas, mesmo assim, um tempo em que filhos não eram semi-deuses. Tá, talvez alguns da minha geração já tivessem sido paridos nessa condição. Mas eu e a maioria, não.

A maioria das crianças da minha geração foi criada por avós que tiveram pelo menos quatro crianças. Senão 6. Senão 8. Senão 14 ou 16. Filhos vinham a rodo. Não existiam métodos contraceptivos, mas as pessoas queriam foder. Maternidade não era uma dádiva, era um suplício. "Mais um para criar, que merda".

A minha geração cresceu com uma crise gigante de auto-estima, porque nasceu em um mundo um poquinho melhor e, mesmo assim, estava sendo tratado como se a comida dependesse de caça e coleta.
Eu próprio fui acostumado a "come o que tem na mesa e não reclama". Talvez por isso que eu não aceito muito bem que as pessoas façam coisas especiais pra mim, até hoje. Eu me acostumei com "fica quieto no teu canto".

Minhas opções quando eu era criança estavam restritas a gostar ou ficar quieto.

Só que... (Do verbo socar...) Embora eu já tivesse dito que algumas pessoas da minha geração e as pessoas das gerações mais novas estavam sendo criadas "a leite de pera"... Eu nunca tinha entrado em contato tão próximo com as opiniões e visão de mundo de alguém que tivesse sido criado nesse regime...

Esses pais com severos problemas de auto-estima e acesso a anticoncepcionais efetivos têm poucos filhos. E os idolatram a pontos extremos.

Nessa hora eu lembrei de uma menina... Mais nova que eu... Com um bebê (um ano e meio, no máximo) em um carrinho no supermercado aqui de Florianópolis. Ela perguntava A OPINIÃO de uma criança - que mal sabia falar - sobre os produtos que estava escolhendo.

Parece pouco. Mas imagine o universo que se cria na cabeça dessa criança. Desde cedo posta frente-a-frente com decisões. Ainda mais sem ser indagada de seus motivos... Um bando de pirralhos que querem as coisas "porque sim".

Monstros.

Eu notei a decepção da menina de 16 anos. O quanto ela ficou chateada por querer ser menino, mas "não deu...".

As pessoas estão perdendo a noção do que são. Estão perdendo a noção do ridículo. Do que pode ser manejado, para o que deve ser aceito.

Está insustentável esse panorama. Pessoas agem como se tudo fosse descartável. Como se as vontades de suas tripas fossem a única justificativa necessária para sustentar todo o peso de suas decisões, durante a vida.

Quando frente-a-frente com um problema, ou resolvemos ele, ou aceitamos e nos adaptamos ao problema. Sinceramente eu acredito que devamos expandir as ciências, a fim de solucionarmos todos os problemas. Mas enquanto os problemas não puderem ser solucionados satisfatoriamente, devemos encarar o outro método. Aprendermos a aceitar as situações que não poderemos alterar satisfatoriamente.

Faz mais parte da vida que nós nos adaptemos às circunstâncias, do que nós adaptarmos o mundo inteiro aos nossos caprichos.

Você exigir que eu aceite a sua condição é, por princípio básico, uma falta de respeito à minha liberdade de pensamento. Eu tento ficar quieto com os meus problemas insolúveis, por respeito a vocês. Vocês poderiam ter um pingo de noção e vergonha na cara e simplesmente aceitarem a sua condição e viverem de acordo.

Certas coisas nesse mundo não estão em uma prateleira de supermercado. Não fazem parte do currículo de algum curso. Certas coisas simplesmente são o que são e, infelizmente, nós ainda não temos métodos para mudarmos ao nosso bel-prazer.

Simplesmente aprendam a conviver com o que têm. A comida é essa que está na mesa. Ninguém vai fazer um prato especial para ti. Não quer comer? Vá para o seu quarto e fique quieto.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Caçadores de Obras-Primas

Então. Fui lá assistir ao filme Caçadores de Obras-Primas.

A primeira coisa que eu vou deixar clara para vocês é que este é um filme brilhante... para quem souber vê-lo.

Desculpem falar isso logo no início. Mas até mesmo eu, um entusiasta da segunda guerra mundial, que estudei e já sabia da existência dos "The Monument Men" e que estava ansioso para rever Bill Murray nas telonas, fiquei decepcionado.


O filme não é uma comédia. Não vá esperando dar boas risadas. Há umas três piadas no filme inteiro. E as referências das piadas são MUITO difíceis de entender. Fiquei eu rindo sozinho no cinema, feito um bobo, de novo.

O filme não é bem roteirizado, não conta com recursos milionários para efeitos especiais dramáticos e, definitivamente, peca até mesmo na recontextualização. Para finalizar, os momentos mais importantes para a história do filme foram... suprimidos!

Eu lembro de uma conversa que eu tive na internet, em um fórum sobre a segunda guerra, com um senhor entusiasta, também. Diz ele que um filme sobre a segunda guerra que não tenha pelo menos duas horas de duração é apenas um romance ambientado na Europa da década de quarenta.

E infelizmente é isso que Caçadores de Obras-Primas é. Um filme barato, cheio de boas intenções, mas com um planejamento fraco e uma execução sustentada apenas pelos excelentes nomes que a compõem.

A partir do próximo parágrafo vou falar abertamente sobre o filme. Se você quiser assistir ao filme, pare por aqui. Mas eu já vou adiantando que tanto faz. Você pode ler tudo o que eu escrever aqui, que o filme não terá muita diferença para você, não.


Bem, vamos começar dizendo que o argumento do filme é muito válido. Aliás, é o que nos leva ao cinema. Como avisa a propaganda do filme, ele é baseado em fatos reais: realmente houve um "The Monument Men". Só que essa companhia era composta por mais de 50 membros. Essa companhia possuía homens e mulheres, especialistas na mais diversas áreas de arte. Essa companhia tinha, sim, um treinamento especial para suas missões. E essa companhia tinha, sim, o poder de determinar aonde os demais pelotões poderiam bombardear ou não. E sim, os demais respeitavam as decisões dos "The Monument Men".

Do outro lado, sim, Hitler ordenou que peças de arte fossem roubadas. Existia, sim, o plano de um museu nazista gigantesco. E o Protocolo Nero também era verdadeiro: Se Hitler morresse, seus soldados deveriam destruir diversas coisas. Pontes, fábricas, prédios, documentos... E obras de arte.

Eu relevei as adaptações a estes pontos reais justamente por ter notado que seria impossível colocarem tantos pontos importantes e reais em uma hora e cinquenta e oito minutos (pô gente... mais dois minutos e dava para levar o filme a sério...). Reduziram toda uma unidade a sete homens. Sete. Mas tudo bem...

Toda a justificativa do filme se encontra em um discurso que o personagem de George Cloney faz para os demais, e que era a justificativa real: Você pode matar pessoas. Haverá dor, mas as que ficarem repovoarão. Mas se você destruir os marcos da cultura dessas pessoas... O registro da história desse povo se perde. As pessoas ficam sem identidade. E não importa quantas gerações sejam colocadas no mundo, elas estarão órfãs de passado.

Mais ou menos o que eu vivo falando aqui para vocês sobre contribuir para o conhecimento humano. Já existem discussões muito antigas, documentadas. Você só precisa lê-las, compreendê-las e tentar contribuir com mais um tijolinho nessa construção.

Enfim.

O roteiro é fraco. Os recursos cenográficos mais ainda. O filme se vale de tomadas próximas e de cenas escuras para poder ser pobre em detalhes. E a trilha sonora... Nossa.. Embora você saia do cinema assoviando a marchinha da segunda guerra, eu tenho certeza que eles poderiam ter feito um trabalho melhor.

O filme começa com o óbvio: o "recrutamento" dos sete caçadores.

Na sequência, mostra os agentes de Hitler tomando obras, carregando elas em caminhões, trens e sumindo na madrugada.

Então, os caçadores de obras-primas chegam na Europa. Pedem ajuda às companhias por onde passam. E ninguém lhes dá ajuda. Eles estão por conta própria.

O grupo se divide para procurar por pistas. Mas isso não fica claro no filme. A cena do "menino franco-atirador" é... completamente desnecessária para o filme!
Aliás, o filme é recheado de cenas sem pé nem cabeça... 

Então, quando não há pistas, a assessora do museu já disse que não ia ajudar e o filme está muito monótono (teve gente que foi embora nessa hora), um dos caçadores vai até uma igreja e morre (de modo IMBECIL) para tentar proteger uma obra de Davi de ser roubada por nazistas.
O filme vira um drama bobo. Os seis restantes prometem recuperar a escultura para o amigo morto.

Passa-se mais um tempo de filme, com cenas desnecessárias. Conversas tolas. 

Então, mais um dos caçadores morre. E morre porque ele pediu para parar uma viagem para ver um CAVALO NO PASTO! O infeliz para no meio de um campo aonde estava para ser efetuada uma emboscada. Leva um tiro nas costas e agoniza até a noite. RIDÍCULO. 

Enfim.

Em uma virada surpreendente e NÃO MOSTRADA no filme, um dos Caçadores encontra um mapa com um soldado nazista preso. Esse soldado tinha um mapa mágico, com cidades marcadas. Um soldadinho de merda que estava ajudando os caçadores nota que as cidades possuem minas. E eles têm a inacreditável percepção de que as obras podem estar nessas minas! E olha só! Elas estão lá!

Então os caçadores encontram e devolvem as obras de arte da primeira mina. E isso faz com que a assessora passe a ajudar o caçador que estava em Paris, tentando obter informações dela. Ela tinha medo que os Estados Unidos roubassem as obras de arte da Europa... O que é ilógico é ela preferir deixar na mão dos nazistas... que iriam destruí-las!

A assessora dá um caderninho mágico, com as localizações de TODAS as obras que não estão nas minas. Sério... Duvido que o apartamento dessa assessora não tivesse sido revistado de cima a baixo antes... Mas tudo bem.

Os caçadores encontram todas as peças e a estátua de Davi é a última peça que eles encontram, em uma área que seria da Rússia, após a divisão da Alemanha. A "emoção" do final do filme é você torcer para os caçadores tirarem a obra antes dos russos chegarem. Pfff....

O filme acaba com os generais perguntando ao Cloney se recuperar obras de arte valeram a pena a morte de dois homens. Se alguém lembraria dos dois, depois de trinta anos.
E trinta anos depois o personagem do Murray leva um neto (?) até a igreja para ver a obra de Davi.

Fim. Acaba aqui. Musiquinha de marcha de guerra. Você sai assobiando ela do cinema.

O tema MERECIA um roteiro melhor. Menos confuso. Mais tempo, mais recursos. Não precisava daquele drama todo.

Se vale a pena? Vale sim. Se você for assistir sabendo da história e com paciência para encarar as duas horas de filme. Senão, não vá.