Acabei de voltar da sessão de Robocop.
A primeira coisa que eu tenho para te dizer é: Você já viu Tropa de Elite? Então. Pegaram um super-herói que precisava de uma repaginada e largaram na mão do mesmo diretor. O Padilha seguiu a receita bem direitinho. Robocop é exatamente o que Tropa de Elite seria, se tivesse um orçamento decente.
E só por isso essa versão nova de Robocop já chuta a bunda do Robocop de 1987.
Em vez disso, Padilha usou da mesma habilidade que fez de Tropa de Elite um filme agressivo, mas não violento, para baixar a censura do novo Robocop para uns 12 anos. Sabe, tipo sessão da tarde?
O filme mexe muito no personagem. Mexe mais ainda na história dele. Cria um inimigo muito mais perigoso e elaborado do que o inimigo de 1987. E deixa no ar o gancho para a continuação. Excelente, excelente mesmo.
O elenco é um capítulo à parte. Eu não tinha procurado saber quem estava no filme antes de ir assisti-lo. Cada nova aparição foi uma boa surpresa. Quatro nomes sobressaem-se: Samuel L. Jackson, Jackie Earle Haley, Michael Keaton e Gary Oldman. Quase um remake de Batman, misturado com Vingadores e Watchman.
A partir daqui eu vou falar sobre o filme. Não leia se você não quer saber de detalhes antes de assisti-lo.
O filme começa exatamente do mesmo modo que Tropa de Elite 2: com o debate da opinião pública. Com aquilo que eu tenho falado MUITO em redes sociais, mas que NINGUÉM acredita que exista: a manipulação de massa. Em Tropa de Elite 2, o personagem de André Matos era um apresentador de TV que manipulava a massa para ganhar audiência e garantir o interesse das pessoas que o patrocinavam. Já em Robocop, o Personagem de Samuel L. Jackson é... um apresentador de TV que manipula a massa para ganhar audiência e garantir o interesse das pessoas que o patrocinam.
O filme se passa em um futuro próximo, aonde a empresa (OCP) de um empresário milionário visionário com lucros e um mundo mais seguro (Steve Jobs, digo... Batman, ops, digo... Michel Keaton) criou robôs funcionais para garantir a segurança e atuar em guerras.
Embora bem aceitos no mundo inteiro, os parlamentares norte-americanos criaram um lei que impede a utilização de robôs dentro do país. Embora não seja mostrado em nenhum momento do filme, fica claro que a OCP está patrocinando o programa de TV para manipular a opinião pública, a fim de derrubar tal lei.
Acontece que a opinião pública demonstra medo da frieza robótica. Eles acham que os robôs não saberia pesar as situações como os seres humanos.
O filme corta para te apresentar o novo Alex Murphy. Um policial determinado, aparentemente incorruptível, com uma família que o ama muito, um parceiro que é muito seu amigo e um trabalho ao qual é extremamente dedicado.
O filme não te explica direito o porquê, mas Alex e o seu parceiro acabam cruzando com um traficante poderoso, em suas investigações de tráficos de armas. Esse traficante poderoso é investigado a anos e não é preso porque... comprou vários policiais dentro da polícia de Detroit. Qualquer semelhança com Tropa de Elite não é nenhuma coincidência.
No confronto, o companheiro do Murphy é atingido. Os policiais corruptos dão endereço do hospital e do Alex para os bandidos, para que os dois policiais "que incomodam" fossem mortos.
Ao invés de colocaram um pelotão de fuzilamento para massacrar o Murphy, como no filme de 1987, Padilha fez uma singela explosão de carro destruir o corpo do herói do filme.
Detalhe: Um carro explode a uns dois metros da casa, e a casa nem chamuscada fica. O próprio Alex é arremessado uns três ou quatro metros, só. O suficiente para que ele perdesse um braço, um olho e queimasse 80% do corpo.
.jpg)
Nessa situação, Alex se mostrou ser o candidato ideal para o projeto de "humanização" dos robôs da OCP. Keaton chama Oldman e o Batman pede para o Comissário Gordon... Opa. Não. Filmes errados. Em Robocop, Oldman é um cientista especialista em próteses robóticas com interfaces nervosas. Só que o doutor é bonzinho. Ele não quer que suas pesquisas sejam utilizadas para guerras, violência, etc... Então o Steve Jobs, digo... O Keaton faz um discurso inspirador manipulatório qualquer e o Dr Frankeinstain, digo, Oldman cai no papo e aceita levar o projeto Robocop em frente.
Após convencerem a esposa de Alex que ele merecia uma segunda chance, ela aceita que ele seja submetido ao projeto e a transformação em Robocop tem início. Alex é levado para China, aonde é submetido à mudança.
.jpg)
Sinceramente, eu achei estranho. O Alex estava mal, mas tinha sobrado muito "corpo" dele, para que justificasse uma transformação em robô. Ainda mais depois das primeiras cenas do novo robocop mostrando o que sobrou do corpo dele... Aparelho respiratório, mão direita e a cabeça. Muito malabarismo com partes do corpo para justificar as expressões faciais e a voz humana.
Isso sem falar a falta de coerência da mão humana! Há duas cenas em que o Robocop a usa para apoiar ou sustentar o corpo que olha... Levando em consideração que as partes robóticas pesam centenas de quilos, a mãozinha deveria ter se esfacelado...
Enfim.
O projeto Robocop deve ser testado antes de ir às ruas. Aí entra o Rorschach, digo... Jackie. Um marine redneck típico. Um adorador de armas e de robôs. Alguém que teve preconceito com o projeto Robocop.
Claro que o nosso herói passa por todos os testes e até humilha o redneck.

Robocop volta para Detroit. Revê sua família. No momento mais cuti-cuti do filme, o filho dele diz que gravou todos os jogos do time de Hockey dos dois, mas não sabia como tinha acabado o campeonato: Deixara para ver os jogos junto com o pai (agora Robocop).
Antes de ser apresentado para a população (tipo "5 minutos" antes) os cientistas fazem upload de todo o banco de dados da polícia e todas as imagens de câmeras de segurança dos últimos anos.
O excesso de informações frita o cérebro do Robocop. O lado humano dele fica sobrecarregado com tantos crimes. Entra em colapso. A solução em cima da hora do Dr foi tirar todas as emoções de Alex.
Transformaram o Robocop de 2014 no Robocop de 1987.
Sem emoções ele não reconhece sua família, seu amigo, passa batido por protocolos sociais... E só mantém a missão de encontrar e prender suspeitos. E faz isso muito bem, logo no primeiro minuto de volta à ativa.
Desse ponto em diante o filme corre rápido. A esposa de Murphy não consegue vê-lo e passa a procurar por modos de rever o marido.
Murphy passa a resolver casos e, ao encontrar sua esposa, passa por um stresse emocional e consegue reprogramar suas prioridades. Investiga e resolve o caso do seu assassinato em menos de um dia. Descobre que, além dos policiais corruptos, a própria chefe de polícia de Detroit era corrupta. "O inimigo é outro"... Haha.
Do outro lado, com a opinião pública do seu lado, o CEO da OCP consegue a derrubada da lei anti-robôs. Com medo de repercussão negativa caso todos soubessem das falhas emocionais do Robocop, o chefão manda desativar o projeto. Era para desligarem o Robocop. Até o Dr finge entrar na jogada, mas no último momento liberta Alex.
Vejam só: o novo Robocop é um homem de lata com mais coração que o Robocop antigo!
Nos anos oitenta tínhamos uma visão mais "dura" da informática. Nós não sabíamos o que poderíamos fazer com microchips. Quando o primeiro Robocop foi lançado, não tínhamos nem um 486 à venda nas lojas! Tecnologias touch screen eram coisas de ficção... Talvez por isso nós tivéssemos sonhado um ciborgue tão "duro" quanto o primeiro Robocop.
O novo Robocop corre, pula, é ágil, sabe da sua vida desde o início... Até pede por eutanásia! E mesmo assim é mais leve. Uma criança conseguirá ver o filme sem ferir sua inocência, enquanto um adulto conseguirá notar nuances nas falas e atitudes, de modo a encontrar muitos pontos de discussão.
Atenção especial a "Eu sou só do marketing!"... Talvez o cara mais filho da puta de todo o filme. Usando do marketing para salvar a própria pele. Fantástico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário