sexta-feira, 31 de março de 2023

Sobre Desculpas, Mudanças e Mobilidade Social

Março passou e eu não escrevi um texto, nem fiz postagem alguma.
Agora eu estou aqui, roubando no meu compromisso pessoal de manter pelo menos uma postagem ao mês no blog.
Será que alguém ainda lê isso aqui?

Espero que você ainda leia, meu amigo.

Inclusive, acho que estou devendo algumas atualizações sobre a minha vida, como eu estou.

Em fevereiro eu decidi me mudar.
Saí do bairro Campinas, em São José, e me mudei para Jurerê Internacional, em Floripa.

É. Jurerê. A vida parecia bacana em fevereiro.
E não vou negar que anda, mesmo.
E que eu venho fazendo por merecer.

Caramba, é difícil pra mim compreender que eu mereço as coisas. Eu sou aquele tipo de pessoa que acha difícil aceitar elogios. Muitas pessoas dizem que eu exijo demais de mim mesmo e de todos à minha volta. E é verdade. Eu exijo o máximo, eu faço o máximo e eu quero o máximo. Só o cume interessa e se você não consegue me acompanhar, não perca tempo e desista logo.

Eu trabalho em um bancão. Sério. Top-10 no Brasil.
Sou gestor de TI, especializado em processos.
Nenhuma empresa necessita dos meus trabalhos para existir, mas as empresas que tomam meu trabalho são melhores que as suas concorrentes. Eu abro meu espaço, eu faço acontecer e meu trabalho se paga com juros, correção monetária e dividendos dentro da empresa.

Eu sou guiado por qualidade. Eu só tenho o melhor para oferecer. Capricho é característica interna, não existe desculpa para você não ser caprichoso nas coisas que você faz.

Nessa mudança, eu tive que lidar com muitas pessoas, tomar muitos serviços.

E, minha nossa senhora, eu venho encontrando uma pessoa menos caprichosa do que a outra pelo meu caminho.
Pessoas que não se importam em fazer o mínimo esforço para cumprirem os papeís com os quais se comprometeram.

Vou iniciar citando as duas síndicas, do prédio que saí e do prédio que entrei.
Caramba, uma demorou DUAS SEMANAS reclamando no whatsapp do condomínio que o elevador de serviço quebrou e seria caro para arrumar. Filha, teu trabalho é arrumar a porra do elevador, não reclamar. Arrume mais e reclame menos. Vá chorar na cama, que é lugar quente, na rua você faz acontecer.
Passou um mês fazendo reformas estéticas desncessárias nos elevadores, esqueceu da manutenção operacional preventiva. Quando o elevador quebra, diz que não tem dinheiro.
Mas isso não é pior do que a síndica do prédio que entrei. Uma simples instalação de fibra óptica, coisa que deveria tomar no máximo uma hora, levou 57 FUCKING DIAS.
Sendo que no primeiro dia a anta contratada para resolver os problemas dos condôminos teve a audácia de me dizer "não há como resolver teu problema, eu só lamento". Precisei colocar ADVOGADOS no processo, para garantir o serviço de internet que me habilita a trabalhar em home office.

É. Por conta da FALTA DE CAPACIDADE das pessoas, eu poderia ter perdido meu emprego.

No meu emprego passei por uma situação que não posso escrever em LinkedIn ou outras redes sociais.
Conto com a compreensão e discrição do amigo que lê esse texto. Eu sei que você me entende.

Mas eu fui um dos poucos que escapou do layoff no início do ano. 20% da empresa foi mandada embora. No meu setor - agilidade - 90% foram mandados embora.
Meu trabalho, meu capricho e a minha dedicação em entregar só o melhor para todos manteve a mim e meus colegas que estavam seguindo minhas instruções.

No início de abril, fizeram uma avaliação do trabalho dos 10% restantes na agilidade da empresa.
E o veredito da direção foi unânime: muitos times estão sem agilistas, não é justo que alguns times tenham agilistas e outros não.

Era para eu ter sido demitido na segunda-feira.

Minha gestão e coordenação disseram "NÃO" para a direção.
"O Arthur FICA."
Abriram mão de 3 vagas técnicas em aberto.
Meus colegas foram demitidos.
Herdei todo o escopo de trabalho deles.

E agora eu sou o ÚNICO agilista em toda a organização.
O motivo? Eu não apenas entrego. Eu entrego muito. Eu entrego bem. O resultado do meu trabalho melhora a vida e as entregas de todos que trabalham comigo.

Aliás, esse é um feedback informal que eu não dava muita atenção antes, mas agora eu passei a notar: as pessoas ficam mais tranquilas com a minha ajuda com processos.

Um filho de um ex-colega me disse algo como "meu papai agora tá a noite inteira em casa e só fala de ti, tio Arthur", em um churrasco da empresa.

Uma esposa de outro ex-colega falou para a minha esposa durante um show de humor que fomos: "o <ex-colega> tá muito mais tranquilo e bem humorado depois que o Arthur passou a trabalhar na empresa".

E a gestora que fez de tudo para me segurar no bancão falou pra mim na reunião me avisando dos cortes: "O <coordenador> disse que a qualidade de vida dele aumentou desde que tu entrou, a minha melhorou muito, também. Agora queremos que você replique isso em todos os times!"

E eu só consigo pensar que esse é o resultado de eu ter cuidado em fazer todos os meus atos com carinho e amor. Atenção nos detalhes, pensando em como o meu cliente gostaria de receber o serviço. Em ser criativo, estar sempre preparado para entender o problema dos outros e trazer as soluções que são efetivas para os problemas do time.

E ao mesmo tempo eu olho para as pessoas à minha volta. Quando eu me torno o cliente e peço um serviço, como esse serviço SEMPRE é mal feito, feito de má vontade, atendido em meio a caras e bocas, quando é atendido.
Como eu fico sem explicações, sem definições, sem aquilo que de fato eu preciso.

E eu só consigo imaginar que é por isso que essas pessoas ganham mal.
É por isso que essas pessoas têm empregos bostas.
Por isso que essas pessoas não são lembradas para as boas oportunidades.

E, principalmente, como essas pessoas olham pra mim e acham injusto que eu tenha sucesso, enquanto elas vivem vidas bostas.

No fim, "mobilidade social" é algo que acontece durante o dia.
"Mobilidade social" faz de cada um de nós um servo em um momento e um rei em outro momento.
Quando eu bato o meu ponto oito horas da manhã, eu sou o servo Arthur, que entrego humildemente e diligentemente agilidade para a empresa onde eu trabalho.
Ao meio dia, quando eu saio para o almoço, eu viro o rei Arthur indo me baquetear no restaurante perto do trabalho. Eu quero ser servido de acordo.
Às 13h, eu bato o ponto novamente e o rei dá lugar ao servo, novamente. E eu tenho que trabalhar com o máximo de zelo e qualidade, para o meu senhor não me chicotear.
Lá às 18h eu bato o ponto final do dia e volto a ser o senhor feudal Arthur, dono do meu recanto, tomando o serviço de vários servos que me entretém (internet, jogos, filmes, músicas, etc...), alimentam (supermercados, restaurantes, etc...), vestem, aquecem, etc, etc, etc...

Se você não faz bem a sua parte para a cadeia de trabalho, como você espera que os outros façam bem a parte deles?

Se há uma desigualdade social injusta nesse mundo é que o meu dinheiro, recebido por servir bem de verdade, valha o mesmo que o dinheiro que as síndicas ou o Elton, técnico BOSTA da VIVO, ganham.

Sobre a minha vida, hoje é o terceiro dia em que tudo está arrumado.
A fibra foi instalada, a mudança foi feita, o trabalho está árduo mas ótimo.

Continuo "servindo bem para servir sempre".

O resto, é só esperar que a qualidade deles deem aquilo que eles mereçam.

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