sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Sobre 2021, não ter o que falar e 2022!

Sabe, eu acho que finalmente aconteceu.

Estou feliz.

Claro, poderia estar mais feliz. Estava em uma situação confortável em um trabalho com o cooperado, podendo assumir trabalhos paralelos como CLT. O que trazia resultados interessantíssimos no trabalho do dia a dia. Eu podia "sentar o pé" nos trabalhos CLT, cutucar feridas e não estava nem aí sobre as consequências. Impacto direto, mudanças revolucionárias. Agora não estou mais no trabalho cooperado. Pena.

Mas não tenho o que reclamar, de modo algum. Pela primeira vez em anos eu estou com a qualidade de vida que eu acredito que mereço. Estou fazendo as coisas que quero fazer. E tudo está se encaixando aos poucos.

Muito do segredo dessa felicidade é estar com a pessoa certa. Quando alguém com os mesmos valores que os teus decide ficar perto de ti, as coisas fluem. E pouco a pouco os planos vão se realizando. E planos realizados trazem felicidade.

Estou tão focado nos nossos planos e na felicidade que estou tendo que eu tô pouco me importando com o mundo à minha volta.

2022 terá eleições. Vocês deveriam focar em eleger deputados e senadores do NOVO. Se possível, governadores e até o presidente do NOVO seriam ótimos para colocar esse país nos eixos.

Mas vocês vão votar nas porcarias do Bolsonaro e do Lula. Vão colocar os mesmos caciques de sempre no congresso e no senado. Continuarão deixando nosso país escravo desses parasitas. Veja bem: o COLLOR está eleito. Não é que vocês não aprendem, é que vocês são burros, mesmo.

Eu? Eu encontrei uma solução que resolve problemas sérios de empresas que faturam milhões por ano. Eu faço essas empresas faturarem muito mais. E essas empresas me pagam bem por isso. Tá difícil ficar no Brasil, inclusive. Quem sabe 2022 não me leva para outro país, né?

Sei lá, eu gostaria de trabalhar lá com o pessoal do Marista. Eles estão me cozinhando há dois anos. Nesses dois anos já toquei 4 projetos. Estou no quinto. Serão 5 empresas organizadas e treinadas para melhoria contínua. E o Marista lá, patinando no projeto deles. A cada ano que passa, eu cobro mais caro.

Mas, como eu disse, eu tô feliz. As coisas que andam me incomodando: pessoas andando do lado esquerdo da rua, ciclistas andando em calçadas, motoristas que não seguem o fluxo do trânsito corretamente, atendentes e vendedores de lojas que não sabem atender os clientes.

Só white people problems.

Pra 2022 eu já tenho show do Green Day pra ir. Tudo pronto, basta chegar o dia.

Vou precisar de muito trabalho para fazer 2022 tão bom quanto 2021. Tenho uma esposa linda para manter feliz, um trabalho desafiador para fazer e muitos projetos pessoais para tocar.

Mas, no geral, o mundo está se encaixando. Tanto, que passou dezembro inteiro e eu não tive nada para postar aqui no Ponto Final!. Veja você, que coisa, não? O cara que já teve 6 textos por dia, hoje passa um mês sem nenhuma postagem.

O que eu posso dizer, né?

Tudo muda e talvez essa fase também passe um dia.

Mas enquanto essa fase maravilhosa está por aqui, vamos aproveitá-la!

Vejo todos vocês em 2022.

Sejam pessoas melhores, para que eu não precise vir aqui mostrar as falhas que vocês cometem!

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Sobre práticas nazistas, pombos enxadristas e responsabilidade dos tolerantes

Práticas nazistas que você utiliza no dia a dia e nem sabe:

"Os incomodados que se mudem!"

Sim. Exatamente.
Primeiro que esse tipo de pensamento é contra a lei instituída no nosso país. Ninguém tem o direito de chegar em algum lugar "bagunçando o coreto" e "botando pra quebrar". Tão pouco, essa pessoa tem o direito de expulsar os demais da área. Muito pelo contrário, todas as cidades têm leis CONTRA o disturbio da paz, os estados têm polícias prontas para fazer a lei ser cumprida e o aparato judicial federal tem todas as leis e precedentes necessários para condenar quem atenta contra o bom convívio.

"Mas porque é uma prática Nazista, Arthur?"

Tudo começa com as práticas liberais de tolerância. Foi a Revolução Francesa que instituiu Liberdade, Igualdade e Fraternidade como pilares para o bom convívio. E esses três valores sustentam que nós tenhamos um comportamento de aceitação ao divergente. A Revolução Francesa separou Estado e Igreja justamente pelo entendimento que cada pessoa pode ter sua opinião sobre qual religião seguir. E o mesmo se dá com seu time de futebol, vertente filosófica, etc, etc, etc... e no expectro político.
Assim, a Civilização Ocidental cresceu a partir da ótica que todos têm direito de se expressar como quiserem.

INCLUSIVE OS AUTORITÁRIOS.

E autoritários são, por definição, intolerantes. Eles querem o poder para eles ditarem como todos devem pensar, agir e se comportar. Seja vindos da esquerda, seja vindos da direita, autoritários querem uma legião de súditos para os servirem. E querem que esses súditos estejam institucionalizados o suficiente para servirem calados.

Aí entra Goebbels. O marketeiro nazista.
Esse cara foi terrivelmente genial.
Ele pensou "porque apenas querer servos calados se eu posso ter servos felizes em me servir e dizendo aos quatro ventos o quanto é bom ser meu servo?"
E o Goebbels criou toda uma máquina de propaganda que ainda deixa os melhores publicitários atuais parecendo amadores.
Veja bem: Goebbels conseguiu convencer não apenas os alemães, mas vários povos vizinhos que o nazismo era algo justificado!
Goebbels era um filho da puta. Mas um filho da puta muito inteligente.

E uma das estratégias dele era justamente a de se aproveitar da atmosfera de tolerância.

Funciona assim:
Você e um amigo pegam suas opiniões bosta e vão para um lugar público. Então, vocês dois passam a conversar sua opinião bosta o mais alto possível. De um modo que qualquer um no local consiga escutar perfeitamente bem as suas opiniões bosta. De preferência, sempre ridicularizando e fazendo pouco das opiniões divergentes e de quem as defende. Nunca, JAMAIS, direcione a palavra para alguma pessoa específica ou cite algum nome. Não. Mantenha a sua conversa sobre ideias bosta totalmente no plano das ideias (bostas).

Aqui, pode acontecer duas coisas.
  1. Os tolerantes não reagem. Todos à sua volta ficam quietos. Ponto para sua ideia bosta. Dezenas de pessoas escutaram suas ideias. Como ninguém reagiu à ideia bosta, o efeito de manada entra em cena e algumas pessoas passam a entender que a ideia bosta não é tão bosta assim. O pessoal mais fraco das ideias passa até a apoiar as ideias bosta.
  2. Os tolerantes reagem. Entram na discussão. E discutir com um autoritário é jogar xadrez com um pombo. O autoritário sabe que a ideia dele é bosta. O autoritário sabe que não vai vencer o tolerante com argumentação racional. Então começam as piadinhas, os ataques diretos, a ridicularização, comparações esdrúxulas, rimas infantis... Sabe como é: o pombo chuta as peças, caga no tabuleiro e ainda sai berrando que ganhou a partida. Tudo o que o autoritário quer é tirar o tolerante do sério. Por que o autoritário vence a tolerância quando o tolerante perde a cabeça. Quando o tolerante aumenta o tom de voz, o autoritário pode dizer que tolerância não existe. Que é uma mentira. Que é perigosa. Mas tem mais: o autoritário continua irritando o tolerante. Tudo o que o autoritário mais quer é que o tolerante vá para as "vias de fato". Quando o tolerante acerta um murro no autoritário, é a chance do autoritário utilizar todo o aparato criado pelo Estado para garantir a tolerância... CONTRA A TOLERÂNCIA!
Aí temos o autoritário onde ele queria estar: sendo vítima do sistema tolerante.
Autoritários AMAM criar um Mártir. Tá aí Mariele, Lula, Bolsonaro, etc, etc, etc...


E isso propaga através do efeito de manada entre os idiotas úteis.

Ontem e hoje tive esse exemplo na academia.
Dois idosos falando alto sobre "as novidades no grupo do whatsapp".
Aos berros, esses idosos veiculavam toda sorte de ideia bosta vinda de autoritários conservadores para a academia inteira ouvir.
No meio das frases bostas, provocações contra liberais e progressistas. Frases anti-ciência. Frases pró-religião e pró-monarquia. ambos torcendo para alguém ir lá e discutir com eles.
Exercício? Esteira ligada e os pés na lateral, descansando. Meia hora, só falando besteira.

"Mas Arthur! Como se vence esse pessoal?"

JAMAIS entre em embate direto com um autoritário.
SE você for envolvido, aja como se não reconhecesse a grosseria dos autoritários. Muito pelo contrário, deixe claro que você "desculpa o péssimo comportamento das pessoas não civilizadas", tendo SEMPRE uma postura superior, deixando clara a reprovação, e ao mesmo tempo com tolerância e compreensão. Sendo bem direto: aja como se o autoritário fosse uma criança que está jogando um jogo simples, que você já conhece e você não tem interesse em participar.

Saiba quando é necessário chamar a polícia.
Faça um termo circunstancial sobre a perturbação da paz.
Faça o boletim de ocorrência.
Pegue testemunhas, represente judicialmente contra a pessoa.

Use nosso aparato tolerante CONTRA o autoritário.
JAMAIS transforme o autoritário em uma vítima, um mártir.

Os incomodados não devem se mudar.
Os incomodados devem fazer prevalecer a lei instituída e garantir a ordem.
Os incomodados utilizam dos meios legais para garantir que a paz seja mantida.
Os incomodados devem lutar para que todos tenham seus direitos de ir e vir e de usufruir da paz em ambientes públicos garantidos.

No nosso país, tivemos autoritários de direita e esquerda no poder.
E eles fizeram questão de destruir a educação brasileira, não deixando esse tipo de conhecimento chegar em você.
E eles aparelharam nossa instituição que deveria ser tolerante.
Criaram regras e leis absurdas que privilegia autoritários e oprime os tolerantes.
É NOSSA responsabilidade tomar o país de volta deles.

É sempre bom lembrar que o primeiro país que os Nazistas tomaram foi a própria Alemanha.
Não deixe que os autoritários tomem o Brasil para eles.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Sobre eu não aguentar mais o mundo, serviços e férias

Eu preciso de um feedback de vocês.

Uma resposta honesta de vocês sobre mim.
Não quer falar aqui em público, me chama no chat.

Primeiro o caso do bar.

Esse bar inaugurou no dia 12/11, na esquina daqui de casa.
Desde o primeiro dia, teve música ao vivo alta, até a meia noite.
Foram 10 dias não conseguindo ir dormir antes da meia noite, dia de semana ou final de semana.

Entrei em contato com o bar já no primeiro dia.
Primeiro de modo educado, avisando que eles estavam incomodando os vizinhos e lembrando que eles devem ter isolamento acústico para fazer shows.
Responderam que "levariam em consideração os vizinhos", mas continuaram com o volume alto.
Em um segundo contato, mandei o link da lei de distúrbio da paz da cidade. Comentei que a situação não estava legal e que o bar deveria fazer algo a respeito.
Passaram a me zoar. "Se você não pode vencer seus inimigos, junte-se a eles", me afrontaram. O que eles esperam? Que eu frequentasse o bar todos os dias até a meia noite?

Na terceira vez eu chamei a polícia.
A PM esteve no local. Baixaram a música.
Tão logo a PM virou a esquina, o bar levantou a música, novamente.
E ainda vieram me afrontar "chame a polícia quantas vezes você quiser, nós continuaremos com o nosso show."

Na quarta vez eu chamei a PM para a minha casa.
Pedi que eles constatassem o delito em um termo circunstanciado.
Mostrei as conversas com o bar e o PM ficou putasso.
Foi até o bar e fechou o local.
Voltou até mim e fez o termo circunstanciado já com a opção de representação ativa. Sequer perguntou se eu queria representar contra o bar, ele já fez o trâmite para o proprietário do bar ir falar com o juiz.

Agora, o caso do baú box.

Dia 12/11 fiz a compra.
Pediram duas semanas para fazer a entrega.
Ok. De boas. Sério.
Dei os dados, tudo certo.

Dia 23/11, a "responsável pela entrega" ligou pra mim.
Pediu para confirmar todos os dados.
Ok. De boas. Sério.
Dei os dados. Novamente. Tudo certo.

Dia 24/11, o entregador me liga.
"Me adiciona no whatsapp e me manda a tua localização."
Achei estranho. Mas, né? Bóra adicionar e mandar localização.
Mandei a localização e, por causa da margem de erro do GPS, ela mandou o ponto uns 50 metros mais para frente.
O entregador me ligou novamente, irritado.
"Eu tô aqui, não tô vendo o teu prédio. Você me mandou o endereço errado! Vou deixar aqui na frente."

Liguei para a loja, para pedir outro entregador.
Eu não queria esse entregador irritado dentro da minha casa.
O vendedor não me deixou explicar a situação.
O vendedor me interrompeu, disse que eu "me ofendo com facilidade" e que a solução para a situação seria eu "parar de reclamar e receber a entrega".

Desliguei o telefone.

Não recebi a entrega.

Entrei em contato com o SAC nacional da loja.
Pedi o cancelamento da compra.

E agora eu preciso do ponto de vista de vocês.
Será que eu realmente estou me ofendendo com facilidade com qualquer coisa?
Será que eu reclamo demais, mesmo?
Será que eu ando falhando em fazer a minha parte nas conversações?
Será que eu tô precisando de férias?

Sério. Tá foda.

Eu não tô conseguindo interagir com as pessoas à minha volta.
Do meu ponto de vista, é só um bando de retardados mentais, agindo sempre da pior forma possível o tempo inteiro.

Manda pra mim o que você acha.

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Arte digital com Pokemons!

O artista Kiza Kura criou essa arte digital de Pokemons!

Eu sou meio suspeito para falar, mas o Eevee e o Flareon foram meus favoritos!

O Totodile ficou SINISTRO!




Tipos de Grifons!

O Iguana Mouth criou vários tipos diferentes de Grifons!

Não sei você, mas eu fiquei com medo do Avestruz/Tigre!



quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Sobre Ficção, Dinheiro e Conseguir acessar as pessoas

O Yuval Noah Harari traçou brilhantemente como a humanidade chegou a ser o que é hoje.

Eu tenho uma relação de amor e ódio com essa ideia.

Ódio, porque ela destrói tudo o que eu mais prezo.

Amor porque a cada conceito que ela destrói, ela abre um Universo de novos conceitos para mim.

Basicamente, humanos se distinguem dos outros seres vivos porque nós conseguimos cooperar flexivelmente em grandes números.

Parece bobo, mas cada segundo que você der para essa ideia você vai se surpreender com as conclusões que aparecerão.

E como nós conseguimos alcançar essa cooperação flexível em grandes números?

Através de ficção.

Seres humanos são capazes de criar uma segunda realidade, uma realidade fictícia acima da realidade factual.

Nós contamos histórias para nós mesmos e acreditamos em conceitos que não existem na realidade factual.

E esses conceitos trazem consigo regras. Regras que, quando seguidas, têm o poder de mudar a realidade factual.

Países não existem. São linhas imaginárias criadas pelos homens.

Religiões não existem. São exercício de pura vontade de acreditar em algo que não se pode ver.

Direitos Humanos, leis, autoridades, propriedades, cultura, línguas, amor romântico, família, arte, esportes, empresas... a relação de "papos pra boi dormir" que criamos para sustentar essa "realidade fictícia" é imensa.

Não entenda mal. Isso tudo é fantástico. Cada um desses conceitos nos tirou do mundo natural e criou o nosso mundo moderno. Cada uma dessas realidades fictícias cria regras e comportamentos que facilitam nossas vidas factuais. Que aumentaram a expectativa de vida do humano médio de 30 para 80 anos. Que nos trouxe refinamento do trabalho. Maior produtividade que acarreta em menos tempo para conseguir o básico para sobreviver e mais tempo para usufruirmos em momentos agradáveis.

Olhe por exemplo a maior ficção que a humanidade já criou: O dinheiro.

O dinheiro é a invenção que permite você guardar trabalho. Você trabalha mais do que precisa para viver. O excedente de produção você troca pelo excedente do seu vizinho. Porém, se você troca produto/serviço por produto/serviço, você fica preso no consumo imediato. Você precisa trocar o que produziu em excesso antes que estrague. E você precisa consumir o que recebeu na troca antes que esse produto também estrague. Você precisa continuar trabalhando o tempo inteiro para garantir que terá produto/serviço o tempo inteiro.

Então contamos a historinha do dinheiro. Algo sem valor objetivo, pelo qual podemos trocar itens que tem valor objetivo. Como exemplifica bem Harari, um macaco jamais vai trocar uma deliciosa banana madura que ele tem por um pedaço de papel colorido que o humano tem. Mas nós humanos trocamos. Nós humanos damos algo de real valor e recebemos com prazer esse pedaço de papel. Por quê? Porque nós contamos a historinha fictícia que esse papel poderá ser trocado novamente por algo de valor que nos agrade, no momento que nós precisarmos.

Dinheiro é algo idiota se você pensar sob a ótica da realidade factual. Mas essa realidade fictícia nos habilitou a "guardar o trabalho excedente". Transformando em dinheiro as bananas que eu trabalhei para produzir, eu posso manter esse trabalho guardado comigo por muito mais tempo do que a penca de bananas suportaria ser guardada em condições de consumo. E eu não preciso fazer trocas sucessivas para transformar o trabalho que eu tive em produzir essa penca de bananas em uma camisa, por exemplo. Eu ofereço bananas em um mercado para quem está interessado em comprá-las de mim. Então uso o dinheiro que recebi pelo trabalho excedente de produzir bananas para trocar pelo trabalho excedente do alfaiate de fazer uma camisa.

Essa realidade fictícia habilitou a humanidade a guardar o trabalho excedente. Empilhamos em números o esforço do dia a dia. Ao solucionarmos um problema, pudemos partir para outro problema. E a cada novo problema solucionado, pudemos seguir para problemas menores, mais específicos. Hoje, nos damos ao luxo de refinarmos os trabalhos a partes completamente específicas do conhecimento. Podemos nos aprofundar como nunca fizemos em soluções cada vez mais refinadas.

Mas mesmo assim, dinheiro é uma realidade fictícia.

E eu venho tentando unir esse conceito de realidade fictícia com a minha área específica de estudo e trabalho.

Eu lido com pessoas.

E pessoas são o inferno.

Eu lido com a cultura das pessoas.

E todos os dias eu saio da cama para enfrentar o desafio de mudar a visão de mundo de outras pessoas, para torna-las mais produtivas.

E o meu maior problema é que cada pessoa é diferente.

Agilista de palco adora reunir um grande grupo em uma sala, colocar na tela um power point lindão, fazer um standup cheio de humor e concluir com um conceito que deixe a todos catatônicos.

Pretensiosos.

A realidade factual é que cada pessoa nesse mundo possui seu próprio conjunto de realidades fictícias. Ok, dentro de uma mesma cultura provavelmente as pessoas terão um alto percentual de realidades fictícias muito similares. Eu arrisco que cerca de 80% das realidades fictícias de cada pessoa sejam iguais às das demais pessoas que vivem na mesma cidade.

Mas o fato é que nenhum de nós vive as mesmas realidades fictícias dos demais.

  • Primeiro porque temos muitas realidades fictícias opcionais no nosso mundo. No mundo, hoje, são adorados mais de seis mil deuses diferentes. E em um país laico você pode escolher qualquer um deles, todos, nenhum ou o grupo de deuses que você quiser. E religiões são grandes influenciadores do comportamento humano. E são apenas uma das realidades fictícias que podemos contar para nós mesmos.
  • Segundo porque realidades fictícias precisam ser entendidas pelas pessoas. E cada pessoa pode compreender de uma forma diferente. Só dentro do liberalismo clássico existem dezenas de vertentes diferentes e eu não concordo com diversos entendimentos dos demais liberais.
  • Terceiro porque mesmo se duas pessoas escolherem a mesma realidade fictícia e entenderem ela do mesmo modo, com certeza outras realidades fictícias vão influenciar o comportamento da pessoa. Uma grande amiga liberal é cristã fervorosa. Eu concordo com tudo o que ela fala quando isola política e religião. Mas vez ou outra ela usa de conceitos religiosos para falar de política. E isso me deixa furioso de um modo que vocês não imaginam.

Assim sendo, é uma tarefa hercúlea ter como foco de trabalho a criação de times de alta performance. Você precisa entender cada pessoa do time, individualmente. Precisa se conectar com o conjunto de realidades fictícias que essa pessoa possui. Precisa entender onde essa pessoa se desvia do ideal do time de alta performance. Precisa compreender as motivações dessa pessoa, descobrir se ela aceita argumentos lógicos ou se essa pessoa precisa de argumentos emotivos. E não apenas isso: em se tratando de cultura, você precisa ter o coração aberto e demonstrar real engajamento para conquistar a confiança do outro. E somente com confiança é que as barreiras baixam e você consegue influenciar a mudança de cultura.

Eu disse que amava o trabalho do Harari, né?

Ele abre os olhos para conceitos surpreendentes.

Eu disse que odiava o trabalho do Harari, né?

O meu trabalho parecia tão fácil alguns dias atrás.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Sobre agilidade, colegas cuzões e puta que me pariu, que raiva do mundo

"Agilidade tá na moda!"

"Vida de agilista é fácil!"

"Quero ser agilista, também!"


Pra você que tá pensando em encarar o ramo de agilidade, deixa eu te contar as partes sórdidas, que ninguém posta:


1) Gestor te contrata por modinha.

Sim. Agilidade tá na moda e a empresa quer parecer legal no mercado. Aí enche a estrutura tradicional de agilistas, sem empoderar nenhum deles. Você vê um mundo de coisas erradas, tem as ferramentas para melhorar o dia a dia e não tem poder para instituir nenhuma delas.


2) Você é contratado para dizer onde teu patrão tá errando.

Tanto o patrão "dono da empresa" quanto o patrão "teu cliente interno, o time". E não, eles nunca têm maturidade para te escutar. E mesmo você já sabendo no primeiro dia o que deve ser feito com certeza absoluta, o caminho SEMPRE é direcionar o time e os gestores para que eles aprendam com os próprios erros. Se você for bom, eles aprenderão. Mas não reconhecerão que foi por sua causa.


3) Incompreensão.

Não, ninguém vai entender o que você está fazendo. Nunca.

Agilidade é contra-intuitiva e sempre existirá o sabe-tudo da empresa para aparecer dizendo que agilidade não funciona. Mesmo você provando que a ação vai beneficiá-lo, o sabe-tudo continuará a campanha contra o que você está fazendo.


4) Ingratidão.

Você vai trabalhar feito um condenado para garantir o bom fluxo de trabalho do time. Vai colocar o seu na reta para bancar ferramentas e práticas necessárias para o bom andamento do projeto.

E o time vai entregar com louvor.

E na hora do agradecimento, NINGUÉM citará seu nome.

"Agilidade nunca entrega nada" - já me disseram.

Parabéns ao time, ao PO, ao coordenador, ao gestor, ao diretor, ao cliente, ao RH, à tia do cafezinho e ao bom tempo que nos ajudou. Todo mundo ganha tapinha nas costas, menos o agilista.


Se vale a pena?

Vale.

Sim, vale.

Mesmo contra tudo e contra todos, o seu agilista continua fazendo todo o necessário para garantir o bom andamento dos projetos.