terça-feira, 12 de setembro de 2023

Sobre filosofias, política e hipocrisias

 Sabe uma coisa que eu não entendo?

No espectro político, a filosofia da "esquerda" é chamada "progressismo".
Em teoria, a esquerda almeja o progresso. O desenvolvimento, o avanço científico, os testes, buscam o novo, querem desafiar o status quo e, assim, moverem a sociedade para um novo patamar.
Claro que essa filosofia, como tudo o mais, tem ônus: testes podem dar errado, desenvolvimento científico nem sempre nos leva para onde queríamos ir, o novo nem sempre é tudo aquilo que esperávamos e, com certeza, realizar as coisas exige GASTO DE DINHEIRO.

A "direita", por sua vez, tem como filosofia o "conservadorismo".
Em teoria, a direita quer manter o status quo. Garantir que as coisas continuem existindo conforme a tradição. A filosofia do conservador visa manter os usos e costumes, resgatar a história, garantir a continuidade das instituições, manter as coisas do modo como elas sempre foram e, assim, criar uma estabilidade social.
O ônus claro do conservadorismo é a estagnação. Economiza-se muito dinheiro quando não se faz nada de novo.


Em uma sociedade saudável, progressistas e conservadores sequer são levados a sério em uma discussão. São duas crianças birrentas, uma querendo o brinquedo da outra. No máximo a alterância entre as duas é algo viável: deixa um conservador economizar, coloca um progressista para gastar, traz outro conservador para economizar, coloca outro progressista pra gastar e por aí vai.

O ideal mesmo é deixar os liberais no poder. A gente fica no meio termo entre o gasto e a economia. Bom senso e equilíbrio, pesando cada decisão de acordo com a importância que ela merece.

Mas divago.

O que eu não entendo é: porque a esquerda abraça conservação ambiental tão desesperadamente? Porque se apega nos cursos de história? Porque a esquerda se importa com exoterismos e pseudo-ciências em geral?

Não faz o menor sentido pra mim: se você quer o PROGRESSO da sociedade, você inevitavelmente vai gastar recursos naturais. Desculpe, a realidade é dura. Você quer um prédio, precisa de cimento, tijolos, ferro, pedras, vidro, plástico, borracha, etc...
Você quer o progresso científico, você precisa de algumas cobaias. Alguns testes precisam ser feitos em ratos, cães, macacos, etc... Ou vai lá você se oferecer como cobaia. E muitas vezes a ciência exige que você quebre, desafie e contradiga paradigmas morais de diversas religiões. Muitas vezes, provando que a religião está errada no processo.

Não dá pra fazer uma omelete sem quebrar alguns ovos.
E os progressistas têm essa noção dentro da sua filosofia de vida.

Aí olhamos o cenário político brasileiro e vemos o Partido Verde, cuja bandeira é a CONSERVAÇÃO AMBIENTAL alinhado com os... progressistas?
Aí vemos a esquerda fazendo manifestações CONTRA A DIREITA por CONSERVAÇÃO e PROTEÇÃO de áreas, de monumentos, etc...

E não pense que eu estou batendo na esquerda aqui, não. Porque se a esquerda tá torrando o saco para conservar é porque os conservadores estão querendo mudar as coisas!

Você já tá notando o papo de louco, também?
É, pois é.

Eu sei que nesse momento você já tá pensando "mas Arthur, você é muito ingênuo, os políticos brasileiros não se orientam por filosofia, mas por poder!"
Sim, você está coberto de razão, amigo.

Mas o povo que está entrando nesse mundo político precisam pelo menos entender que a política vem da filosofia. E a filosofia tem sim implicações nas decisões políticas: se cada um de nós procurar políticos que realmente tenha atitudes baseadas em filosofia política, fica mais fácil decidirmos nossos votos. Somos nós quem colocamos os políticos no poder, nós podemos escolher melhor se soubermos as filosofias políticas melhor.

Mas isso é a minha filosofia de vida falando. Sabe como é, estóicos sempre buscam a própria responsabilidade nas coisas que acontecem no mundo.