quinta-feira, 28 de março de 2013

Gargalos


Na administração existe um conceito chamado "gargalo".

Por definição, "gargalo" é um trecho de um caminho que fica estreito, rapidamente. Pense no gargalo de uma garrafa, por exemplo. O diâmetro do cilindro da garrafa é grande, até que afunila rapidamente, formando o gargalo.
O resultado de um gargalo é sempre o mesmo: há mais coisas querendo passar, do que espaço para que todos passem. Assim, o fluxo torna-se lento ou até mesmo pára.

Aplicando o "gargalo" à administração, o "caminho" seria a "sequência de ações que devem ser tomadas para a produção". Sabe a linha de produção fordista que, hoje, todas as empresas adotam? Então, esse é o "caminho".
Um "gargalo" administrativo é aquele ponto da linha de produção que demora, fazendo com que os pontos anteriores à ele tenham excesso de produção para entregar e os pontos posteriores fiquem parados, esperando pelo resultado da produção do gargalo.

Resumindo: o gargalo "entulha" o ponto anterior e "deixa esperando" o ponto posterior.

Logo, um gargalo é um problema gigantesco. Não só o trabalho que ele faz é prejudicado (pelo excesso de demanda e necessidade de entrega rápida), assim como ele prejudica os outros setores.
Isso causa prejuízos para a empresa. E é tarefa do administrador acabar com esse mal.

Eu, Arthur Tavares, sou um Profissional de TI. E se engana quem acha que Profissionais de TI são só especialistas em tecnologia. Quer dizer, somos especialistas em tecnologia, sim. Mas a tecnologia é uma ferramenta, não exatamente o nosso produto. Um Profissional de TI é, na verdade, um "identificador e exterminador de gargalos". Nossa principal função em uma empresa é conseguirmos mapear as suas operações, descobrirmos os pontos de gargalo e criarmos soluções para eliminarmos os gargalos. 
Isso é só reflexo da economia moderna. Quem tem menos custos na produção consegue vender com preços mais competitivos. 
Por acaso, os recursos mais modernos da computação ajudam aos profissionais de Sistemas de Informação a manipularem melhor os dados das empresas. Então, criamos sistemas para ajudar a destruir os "gargalos" que identificamos nas empresas.

Particularmente, eu acredito ser muito bom em identificar "gargalos".

Existem os gargalos de habilidade: O funcionário não é bom o suficiente e a sua falta de perícia faz com que todos se atrasem.
Existem os gargalos de quantidade: Só existe um setor, uma máquina ou um funcionário, capazes de efetuar o trabalho, quando deveriam haver muitos mais.
Existem os gargalos de acúmulo: Um setor, máquina ou funcionário tendo mais responsabilidades do que deveriam (ou suportariam).
Existem os gargalos de engano: Sem a informação correta, a empresa "corre para a direita", quando deveria "correr para a esquerda".

E existe o gargalo de inutilidade: Todos acham que determinada função é importante, mas ela não agrega nada à produção, empresa ou produto.

Esse último é conclusão minha. Novamente, outros já podem ter escrito sobre. Outros já podem até ter refutado essa ideia. Ou ela pode ser consenso no mundo inteiro, e só eu não sei dela. Mas, novamente, eu pensei nela sozinho, a partir de outras literaturas, fatos relatados, observação e conversas.

O gargalo de inutilidade começa quando algo passa a ser feito por imposição. Porque alguém conseguiu convencer a pessoa com poder de tomada de decisão, de que o gargalo é útil. Ou porque alguma lei, norma, regulamentação, etc... foi imposta.
O gargalo de inutilidade é algo que todos fazem, mas nem todos sabem exatamente porque ou como as tarefas executadas no setor do gargalo funcionam.

Exemplos?

Contabilidade em geral. O próprio setor de TI, quando o sistema é muito velho e não funciona bem. Quando contratam "xamãns", "padres", "pastores", "pais de santo", "motivadores", etc... para "auxiliar" a empresa. E, é claro, o motivo desse texto... Os psicólogos do recrutamento e do RH.

O Recrutamento e os Recursos Humanos de qualquer empresa são pontos cruciais. Escolher corretamente o novo funcionário, treiná-lo e garantir que ele tenha as suas necessidades atendidas, são medidas que toda empresa que busca excelência se empenha ao máximo em cumprir. Afinal de contas, não importa o ramo e a tecnologia, é a qualidade dos funcionários que determina a qualidade da empresa.

Então, não sei bem ao certo porque ou quando, alguém conseguiu convencer algum empresário de que um psicólogo conseguiria efetuar esse papel melhor do que um administrador.
Nesse momento, a palhaçada começou.

Exemplo?

Participei de um recrutamento, certa vez, onde uma dupla de psicólogas aplicou um teste nos cinco candidatos:
"Você está indo para a cidade no seu carro, durante uma tempestade horrível. Seu carro só tem dois lugares. Em uma parada de ônibus, você vê um médico, uma pessoa passando mal e o amor da sua vida. Quem você leva para a cidade?"
Pergunta capciosa (eufemismo para "idiota", mesmo). Essa pergunta te faz pensar que você irá dirigir o carro de qualquer forma. Te joga em três opções:
1 - Levar o Médico: Afinal, ele pode salvar muitas vidas ao chegar no hospital. 
2 - Levar a pessoa que está passando mal: Afinal, a urgência pode definir a vida ou a morte dessa pessoa.
3 - Levar o amor da sua vida: Afinal, é o amor da sua vida e você não vai deixá-la ali, na tempestade, né?

Se você respondeu "Levar o Médico", você é uma pessoa boa, que coloca o coletivo acima do individual e até de você mesmo. Mas você falhou no teste.
Se você respondeu "Levar a pessoa que está passando mal", você é uma pessoa boa, que ajuda os outros em momentos difíceis, com alguma necessidade de se sentir um herói. Mas você falhou no teste, também.
Se você respondeu "Levar o amor da sua vida", você é uma pessoa egoísta, centrada em si mesmo. Provavelmente isso te fará ser um bom funcionário, por querer ascensão rápida. Mas você falhou no teste, claro.

O que eu respondi? Que levaria o amor da minha vida. Em minha opinião, isso é óbvio. Isso é o menos hipócrita: QUALQUER UM faria isso.

A resposta "certa"?

Entregar o carro para o Médico, para que ele leve a pessoa que está passando mal para o hospital. E você fica na parada, como amor da sua vida, esperando um ônibus ou o médico voltar para buscar vocês.

Lindo, né? Hipoteticamente lindo! Pensamos em fazer isso. Até sabemos que essa é a melhor opção. Administrativamente mais adequada. Mas ninguém faz isso.

Claro que, por eu não ter aprovado no teste, aprendi que a minha resposta não era a certa.

Em uma outra entrevista, a mesma pergunta foi feita. E EU MENTI. Escrevi - rapidamente e sem pensar - exatamente o que eu sabia que eles queriam que eu dissesse.
Fui aprovado no teste e até me contrataram para trabalhar na empresa. Mas continuava agindo conforme eu pensava: eu sou uma pessoa que levo o amor da minha vida e ainda me sinto tranquilo, pois deixei a pessoa passando mal junto com um médico. Que outro que possa dê carona para os dois. Ninguém iria morrer dentro do meu carro (sujando tudo) e não iria bancar o chofer do médico que eu nem sei se está indo mesmo para algum hospital. Isso, é claro, imaginando que eu deixei a mulher que eu amo lá, na parada, no vento, no frio e na chuva, esperando! Você que namora ou é casado sabe como as mulheres sabem ser chatas com essa história de deixar esperando, né?

Viu como é inútil? É como o psicotécnico para tirar a carteira: TODOS NÓS sabemos que temos que desenhar o chão. Só a árvore, só a casa ou só a pessoa não bastam. Não importa o quão perfeitas estejam a árvore, a casa ou a pessoa. Você roda se não desenhar o chão. Tem gente que até já capricha mais no chão - colocando graminhas, bichinhos, paisagem, pedrinhas, etc... - e desenha um "palitoman" para representar a pessoa...

Mas não fica só nisso...

Talvez porque os psicólogos fiquem muito tempo criando essas perguntinhas cretinas capciosas, parece que eles não notam as variações no mercado...

Explico.

Em menos de vinte anos, o Brasil foi afetado pela onda de crescimento mundial. Collor fez - de modo errado - a retirada do dinheiro inflacionado (que não existia) da nossa economia (agradeça aos militares e ao PMDB por isso...). Itamar e Fernando Henrique criaram o Real, uma moeda de verdade para o nosso país. Lula e a Dilma conseguiram seguir as regras do mercado internacional direitinho (lê-se "sem cagar tudo"). E, com esse panorama, nosso país cresceu.
Se antes o Brasil tinha filas de desempregados lutando por uma vaga que pagava o salário mínimo, hoje sobram vagas de trabalho especializado. Em qualquer setor, aliás. Você faz uma faculdade, trabalha duro e tem uma vida confortável. Simples assim. Acessível por causa das Federais, Prouni, Fies, etc...

Em muitas áreas, inclusive, não se acham profissionais parados, no mercado. Não sei se você sabe, mas a Petrobrás contrata TODOS os geólogos que se INSCREVEM na faculdade. Sim, o mercado precisa tanto de Geólogos, que só o fato de você se INSCREVER na faculdade já é o suficiente para que empresas TE CONTRATEM. E contratem com salário bom.

Novamente, trabalho no setor de TI. E o meu setor é o que mais abre cursos no Brasil. E é o que mais precisa de profissionais.

O que acontece frequentemente é o assédio das empresas à funcionários de outras. E é aí que os "especialistas em RH" aparecem e me fazem rir. Quase compulsivamente.
Ano passado houve o caso de uma psicóloga que me mandou um e-mail:
"Arthur, um colega teu me passou o teu currículo e eu queria te apresentar uma oportunidade..."

Beleza, né? Como eu estou empregado, fui direto aos "finalmentes" em meu e-mail de resposta:
"...Como estou trabalhando, gostaria de saber qual é a proposta salarial que a empresa têm para fazer para mim..."

A especialista, entretanto, queria que eu fizesse um teste, antes de falarmos em valores.
Vamos exercitar a lógica, por um instante?
Você não sabe quanto é o meu salário. Dizes que tem uma proposta para mim. Eu te pergunto o valor da proposta para que eu perca o meu tempo, saia em meu horário de trabalho, vá até a sua empresa, deixe-me ser submetido a um teste... Sem que nenhum de nós dois saiba se os valores da oportunidade serão bons o suficiente para que eu troque de empresa?

Tipo assim, meu... Alôu????

Como a "especialista em RH" não me disse o valor da proposta, agradeci o contato e encerrei a conversa com ela. Sinceramente, com que tipo de "piá" ela acha que estava conversando? Trinta anos aqui, amigo. Mais de cinco anos de profissão. Só mudei de empresa para ir para uma com proposta melhor.

Desde então, eu tenho notado o modus-operandi destes "psicólogos especialistas em rh". LinkedIn, Facebook, mala direta... As empresas estão desesperadas e não sabem onde contratar talentos. Contratam, então, essas empresas de "especialistas em rh". Gastam dinheiro a toa com esse tipo de gente, esperando que milagres aconteçam. Mas as agências de RH sabem menos ainda do mercado do que as próprias empresas. Jogam anúncios de emprego de forma até ridícula no mercado. Algumas pedem conhecimentos além da capacidade humana, para contratarem ESTAGIÁRIOS!

Vocês lembram dessa pérola que foi mostrada ano passado, né?


Amigo, se EU (que me considero bom profissional) soubesse tudo aquilo ali, trabalharia no vale do silício. Como patrão...

E a história é pior quando psicólogos entram no RH. 
Amigo, administração é uma ciência exata. Números. Estatísticas. Preto-No-Branco. 
Vamos colocar assim: nenhum administrador irá investir em algo que não possuir um estudo de retorno. Se um administrador investir em algo que não dê lucro, é por força de lei ou aposta pessoal. Vamos colocar assim: VOCÊ não gasta R$1,00 com algo que não acha que vale pelo menos R$1,01. Imagine o dono de uma empresa. Mesmo porque, cada centavo que o empresário re-investe na empresa, é um centavo a menos de dinheiro que ele deixou de colocar no próprio bolso.

Então, por causa de certificações, ISO's e outras pressões, o empresário coloca um setor de RH. Um setor para cuidar do bem-estar dos funcionários. Empregados para cuidar de empregados. Meu amigo, eu luto para cuidar "do meu". Imagina trabalhar para cuidar o "dos outros".
Para um profissional de RH conquistar vantagens para os funcionários, ou conta com o bom-humor do patrão, ou com os números claros. Números que provem que um auxílio-creche aumenta a produtividade, ao proporcionar calma e menos faltas. Números que mostrem porque funcionário "A" ou "B" precisam de aumento. 

E, vamos combinar, a faculdade que ensina a pensar a empresa em números é a administração. Não á a psicologia.

Em minha experiência pessoal, em conversas com colegas e até em textos que já li, raros são os psicólogos que realmente fazem um bom trabalho no RH das empresas. Os que fazem algo de efetivo é porque se esforçam e aprendem a ter a visão empresarial da administração. Usam matemática.
O mais comum é o RH ficar gastando parcos recursos com ações inúteis para promover o "ambiente da empresa", cartõezinhos de páscoa, dia do trabalho, natal, dia da mulher, "conversas motivacionais" e outras coisas do tipo.

Sinceramente, não vejo ponto de gargalo maior nas empresas do que a contratação de psicólogos. Trabalho geralmente lúdico demais, quando não é totalmente inútil.
Em vez disso, as empresas poderiam simplesmente se preocupar com o que realmente interessa para os funcionários: salário maior. Nada motiva mais do que mais dinheiro no final do mês.

terça-feira, 26 de março de 2013

Universo-Bexiga


Sério. Vocês têm que ocupar a minha mente com alguma coisa, senão esse é teor de coisas que sai dela:

Depois de ler o trabalho de Einstein (ano passado) e, agora, terminar de ler o trabalho de Newton, fiquei imaginando qual seria o próximo passo para a compreensão do universo.
Tá, eu sei. Não sou físico nem astrônomo, formado. Aliás, talvez não sirva nem para amador. Inclusive, pode ser que apenas esteja repetindo algo que toda a comunidade cientifica já saiba. Talvez seja até algum trabalho famoso, que eu - desinformado - não sei que existe.

Mas, mesmo assim, pensei nisso aqui "sozinho". Vai que, né?

Bem, já sabemos que o Universo nasceu de uma expansão inicial. Uma expansão tão forte, que muitos denominam-a até mesmo de "explosão". Afinal de contas, uma explosão é só algo que ficou muito grande, muito rapidamente. E exatamente isso aconteceu com o Universo: em pouquíssimo tempo, o Universo ficou grande demais.

Sabemos que existem diversas forças naturais. Newton descreveu - com precisão ímpar - todas as consequências da gravidade, mas não a explicou. Einstein, por sua vez, conseguiu determinar que a massa excessiva dos corpos "deforma" o tecido da realidade (o "espaço" onde tudo existe), gerando a gravidade. Quase como uma bola de boliche "deforma" um colchão, onde tenha sido colocada. Aquele "vinco" que o peso da bola de boliche exerce sobre a superfície de duas dimensões do colchão é uma analogia ao "vinco" que os corpos exerce sobre a superfície de três dimensões do "espaço", onde estão depositados.
Esse vinco é o que faz as coisas "caírem" para o centro de objetos muito volumosos.
A Terra, por exemplo: segundo Newton, a Terra se move em linha reta. Outra força "entorta" a trajetória da Terra, forçando-a em uma elipse (uma oval deformada, um círculo bem mal desenhado). Essa força que "entorta" a trajetória da terra é o "vinco" que a massa do Sol faz no "espaço".

Ok.

Mas tem uma coisa que sempre me deixou confuso.
Pelo modelo de Einstein, colisões de matéria geram corpos com cada vez mais massa. Quando imaginamos objetos sólidos, apesar do "efeito bilhar", até conseguimos compreender que um planeta como Júpter atraia asteroides, meteoros e cometas. Conseguimos entender que grandes asteroides atraiam e incorporem pequenos meteoros.
Mas vamos pensar um pouco sobre estrelas. Estrelas não possuem massa sólida. Sua matéria são gases superaquecidos. Geralmente Hidrogênio e Hélio. Aquecidos ao ponto de plasma. Fluído. Fluídos não se atraem e colidem, como corpos sólidos. Fluídos tendem a tentar ocupar todo o espaço onde estão contidos.
Água em garrafas, por exemplo. Coisa elementar, sabe? Até em escolas brasileiras aprendemos as propriedades da água.
Já no espaço, na ausência de gravidade, a tensão superficial dos líquidos tendem a formar esferas. Mas, mesmo assim, o fluído continua querendo ocupar o máximo possível do espaço onde está contido. Assim, por causa da falta de pressão, líquidos evaporam. Literalmente as moléculas perdem a propriedade de líquido e se distanciam, adquirindo a propriedade de gases.
Ausência de Gravidade.
Falta de Pressão.

Porque as estrelas - que são gases - simplesmente não se dispersam pelo cosmo? Assim, de modo calmo, simples... Sem explosões. Simplesmente param de ficar juntas e se evadem, tentando preencher o máximo de espaço possível? Literalmente: porque as camadas superiores de uma estrela "caem" sobre as camadas inferiores, em vez de se lançarem para o nada?

Eu acredito que uma estrela precisa de um "ponto primordial de gravidade", para se formar. Uma espécie de "ralo cósmico", onde a primeira nuvem de gás "caia", formando a camada inferior - densa - de gás da estrela. Algo onde as demais camadas de gás possam "cair", também.

Mas, onde estão esses "pontos primordiais de gravidade"?

Bem, voltarei ao título do meu texto.

Estava pensando na formação e no formato do Universo. Já falaram que ele é uma bola, onde todo o interior é o que conhecemos. Já falaram que o Universo é uma rosquinha! Já disseram que o Universo é uma "membrana-cortina". Já falaram muita coisa sobre o Universo, e eu não me convenço com nenhuma dessas visões.

Depois de muito pensar, eu acredito que o Universo é um balão, e que a realidade em que vivemos e chamamos de Universo é a membrana exterior desse balão. Tal qual uma onda em no mar, a membrana exterior desse balão está em movimento, para fora.

Isso satisfaz a Teoria do Big Bang, que sabemos que aconteceu. Em um momento, o balão estava "murcho". Cada unidade de "espaço" estava tão pequena, oferecendo pouco lugar para a matéria (que ainda existe hoje!). Era por isso que o momento inicial tinha a característica de ter muita matéria condensada em "um único ponto": o "Universo-Balão" estava desinflado, agrupando a matéria em toda a sua pequena extensão. E, assim como um balão desinflado, é importante imaginar esse Universo-Balão inicial como sendo extremamente maleável e disforme. Aliás, essa é uma característica interessante: inicialmente o "Universo-Balão" era tão disforme quanto a concentração de matéria em seu "espaço" permitia que ele fosse. Mas, de qualquer forma, mesmo assim esse "Universo-Balão-Desinflado" ainda era mais maleável e disforme do que o "Universo-Balão-Inflado" de hoje.

Então, houve o evento-causador do nosso Universo. Aquele evento que partiu de fora do nosso Universo e que me faz não rir pelo chão de ideias religiosas sobre "seres supremos".

Esse evento-causador "inflou" o Universo-Balão. Entenda: A membrana do Universo-Balão são as retas "x", "y" e "z", que desenhamos nas aulas de matemática, para orientarmos o poliedro (geometria), funções (aritmética), vetores (física) ou gráficos (estatística). Esse espaço não pode ser visto, não pode ser tocado, mas existe e contém tudo.

Esse balão sendo inflado explica outro fenômeno que sempre me incomodou demais: o afastamento entre TODAS as galáxias. Vamos ver se eu consigo explicar. As galáxias estão se afastando umas das outras. A galáxia "A" está se afastando da galáxia "B". E as duas estão se afastando da galáxia "C", assim como a "C" está se afastando das outras duas. As galáxias que se atraem o fazem por causa de interações gravitacionais diversas. Mas, afora isso, TODAS estão se afastando uma das outras. Você consegue notar que isso é impossível em um Universo em expansão tridimensional, nos modelos que já foram descritos? Simplesmente, se fossem as galáxias que estivessem se movendo, uma ou outra deveria estar indo para a mesma direção, se ultrapassando, etc... Mas não. É o espaço entre elas que está aumentando. E o Universo-Balão, que cresce "do meio para fora" faz com que a membrana do balão cresça quase uniformemente. E, enquanto essa membrana cresce dessa forma, todos os pontos dela se afastam uns dos outros, ao se tornarem mais finos.
O "espaço" que era pequeno para conter toda a matéria, passou a ficar cada vez maior. Se "uma unidade de espaço para conter matéria" era de um centímetro cúbico, lá no primórdio, hoje deve ter bilhões de quilômetros. Mas a matéria que existe ainda é a mesma. O que, antes, ocupava um centímetro cúbico, hoje talvez ocupe milhões de quilômetros cúbicos.

E os "ralos gravitacionais"?
Imaginar um balão sendo soprado te faz pensar que toda a membrana se expande uniformemente. Mas, como já comentei anteriormente, a membrana se expande quase uniformemente. A inflação do "Universo-Balão" se dá mais como "imensas hastes superfinas", que se projetam do ponto central de inflação, forçando a membrana com intensidades diferentes em pontos diferentes. Claro que estas "hastes" são somente uma metáfora. Tais estruturas não devem existir. Mas o resultado da energia que proporciona inflação sobre a membrana do "Universo-Balão", hoje, provoca as ondulações quânticas, que teorizamos. Quando um lugar não infla uniformemente com seus espaços vizinhos, provoca o "ralo gravitacional": Uma região do espaço que "gera" gravidade aparentemente "do nada", atraindo fluídos, para a formação de estrelas e buracos negros.
Essa "gravidade gerada aparentemente do nada" é manifestada através da "matéria escura". Há a curvatura do espaço, a lente gravitacional é reconhecida, porém nenhuma matéria é observada como origem causadora.
Os pontos mais inflados "esticam" a trama do "espaço", tornando-o menos maleável conforme passa o tempo e a onda do "Universo-Balão" se propaga.

Consequências de um Universo em estrutura de Balão:

1 - Vivemos na membrana externa.
Essa membrana cresce tridimensionalmente, tanto para os lados, quanto para fora.
Porém, em algum momento, assim como uma onda, o interior "deixa de existir". Literalmente o "espaço" "passa" pelo ponto e, depois que o "espaço" "passou" pelo ponto, não existe mais "espaço" ali. A "onda-espaço" carrega a matéria consigo, porque a matéria que existe no espaço está "surfando" a "onda-momentum-Universo".

2 - O Universo é Oco.
Assim como o lugar para onde a onda-Universo está expandindo existe e aguarda a chegada do "espaço", o lugar-interior do "Universo-Balão", por onde a membrana já passou, já não faz mais parte do nosso Universo-Balão. Mesmo que ainda enxerguemos a luz deste tempo viajando pela imensidão, ela não está mais lá. O "espaço" que contém a matéria e a própria matéria já estão em outro lugar. Entretanto, existe algo no centro desse "Universo-Balão", uma estrutura que é responsável pela expansão, causadora da chamada "energia escura".

3 - O Universo era Bi-dimensional.
Em seu primórdio, o espaço era tão comprimido que a tridimensionalidade era confundida com bi-dimensionalidade. Só a inflação desigual pode gerar "alturas" diferentes de espaço, gerando o aspecto tridimensional que conhecemos.

4 - Ponto de referência Universal.
O centro-gerador-de-inflação-Universal é o ponto de referência basal do nosso Universo. E a aceleração que a membrana apresenta, em relação a este ponto central, cria e determina a passagem da dimensão "tempo" no nosso Universo.

5 - Terceira e quarta dimensões relativizadas:
Para um momentum zero, altura padronizada em zero.

6 - Prisão na quarta dimensão.
Não há como voltar no tempo, porque jamais conseguiremos atingir, novamente, o mesmo local, no mesmo ponto, em que a matéria estava presente em determinado momentum. E, quanto mais antigo este momentum, maior a chance de sequer existir espaço no local em que houveram acontecimentos com a matéria.
Da mesma forma, não é possível mover-se para o futuro, pois talvez o local para onde esteja-se indo ainda não possua espaço para conter matéria.
O Alfa e o Ômega são variáveis e se deslocam de acordo com o avanço da "onda" do "Universo-Balão".

7 - Final do Universo-Balão
a) Explosão: Talvez a trama do "espaço" do Universo-Balão seja tão forçada a se esticar que, em determinado momentum, simplesmente se desfaça. Neste caso, a "energia escura" que infla a membrana do "Universo-Balão" "vazaria", fazendo com que a trama do "espaço" parasse de se expandir e passasse a se contrair. A liberação da energia pelo rasgo na trama, unida à energia de contração faria com que o rasgo inicial aumentasse e mais rasgos se formassem, destruindo o Universo, até que fragmentos de momentuns iniciais de Universos-Balões se formassem.
b) Equilíbrio: Talvez a trama suporte as forças da "energia escura" e, em determinado momentum, a aceleração imposta pelo centro do "Universo-Balão" seja contida. A energia que empurra do centro para a membrana se iguale à "energia elástica" da trama, cessando a aceleração do "espaço". Caso a energia se mantenha constante, o Universo cessaria e ficaria estável até que uma das forças cedesse.
c) Sístole-Diástole: Ainda no caso da trama do "espaço" ser mais resistente do que a força de aceleração da "energia escura", caso a causa da estabilidade seja a desaceleração da "energia escura", a "energia elástica" da trama do "espaço" passaria a contrair o espaço, fazendo a onda-momentum retroceder até o ponto de total desinflação. Entretanto, esse retrocesso seria somente a mudança de direção do vetor de movimento de expansão do "Universo-Balão", não se configurando em uma "viagem para o passado". Porém, a tendencia seria a de desmoronamento do tempo e, por consequência, da terceira dimensão, nesse processo.

Fim... por enquanto.

E acredite... Isso é só o resultado de uns dois dias pensando.
Aguardo ansiosamente as críticas, conversas, contribuições e o que mais oferecerem de bom, para essa ideia!

Tá ruim pra TODO MUNDO!


Das "expressões internéticas modernas", a que eu mais gosto é "Tá ruim pra todo mundo".

Eu gosto desse meme porque a ideia que ele traduz me parece ser a mais certa de toda a leva de "filosofia de botequim internético".
Essa frase resume o grau de dificuldade que a ferramenta consumismo, utilizada pelo capitalismo, impõe a todos nós.

(Parêntese obrigatório: O Capitalismo nos trouxe até aqui. Ele não é ideal, mas é o sistema "menos pior" que já inventamos.)

Se formos analisar, a situação "tá ruim para todo mundo" mesmo.
Está ruim para negros. E está ruim para brancos, também.
Está ruim para mulheres. E está ruim para homens, também.
Está ruim para homossexuais. E está ruim para heterossexuais, também.
Está ruim para indígenas. E está ruim para "civilizados", também.
Está ruim para animais irracionais. E está ruim para animais racionais, também.
Está ruim para quem não tem dinheiro. Mas está ruim para quem tem dinheiro, também.

Ninguém tem real educação: Segmentamos o conhecimento a tal ponto que "especialistas são aqueles que sabem tudo sobre nada".
Ninguém tem real segurança: Ou somos agentes da violência (no trânsito, na moral, na ética, intelectual, emocional ou no físico, mesmo), ou somos vítimas.
Ninguém tem real estabilidade financeira: É complicado para TODOS se qualificar, conquistar um trabalho, manter-se nele, crescer no mercado e se aposentar bem.
Ninguém tem real acesso à saúde: Nem os poderosos EUA têm um SUS. E, nos países que têm saúde gratuita, ou ela suga a maior parte dos recursos do Estado, ou não funciona. E a saúde privada é a mesma piada no mundo inteiro.

E o pior de tudo é a nossa miopia social: só enxergamos os problemas que nos tocam. No máximo, nos unimos com outras pessoas iguais a nós, para lutarmos contra o problema em comum que conseguimos identificar. E somos tão socialmente míopes, que vemos as pessoas com características diferentes às nossas como "inimigos da causa".

Aliás, essa miopia social não nos deixa ver que o que une de verdade os povos são os seus defeitos. As manias, como o famoso "jeitinho brasileiro". Encontramos outras pessoas que fazem as mesmas cagadas que nós fazemos, e, por isso, as toleramos perto de nós.

Simplesmente não conseguimos notar que "Está ruim pra todo mundo", não só para nós mesmos...

terça-feira, 12 de março de 2013

segunda-feira, 11 de março de 2013

Resposta


Eu não preciso.

Posso partir do princípio da liberdade de expressão: Eu falo o que quiser, na hora que eu quiser. Obviamente, responsabilizo-me pelas minhas opiniões por causa disso. Cada direito impõe ao menos um dever. Alguém sempre tem que pagar pelo privilégio de outro. "Não há almoço de graça". Vivemos em um regime capitalista, ele funciona muito bem e ele (sim, o sistema capitalista, e somente ele) nos trouxe até aqui.

Como eu disse, eu não preciso.

Se você gosta do que eu falo, leia e divirta-se. Se você não gosta, venha falar comigo, com educação. As ideias brigam, não as pessoas. É o meu esporte favorito. Lança-se um tema. Debate-se em alto nível, sobre ele. Acredito no atomismo. Em reduzir tudo à menor fração possível. Alcançar a regra elemental. Isso porque, se temos um único ponto de partida e o respeitamos em todas as circunstâncias, geramos um estado de constância, entre nós. E a constância gera a justiça.
Já falei, aqui, antes, sobre a importância da justiça constante e igualitária. Ninguém gostava de viver sob a justiça do rei. Onde o senso de um único indivíduo ditava a vida e a morte de todos os demais.
Desculpe, mas eu não quero viver em um lugar onde o humor de uma pessoa decide se eu serei libertado ou condenado à morte.

Como eu já falei, eu não preciso.

Porque, por muito tempo, eu menti. Na época eu não sabia o porquê. Mas, de qualquer forma, eu estava errado, mesmo achando que estava fazendo algo do modo certo. Eu mentia para agradar. Para ser conveniente. Falava inverdades para que os demais gostassem de mim. Eu não sabia, mas tinha medo de que a minha personalidade afastasse as pessoas de perto de mim. Então, me travestia do que cada um dizia que esperava do Arthur, para que as pessoas gostassem de mim. Para ser aceito.
Acho que nem preciso dizer que existe ou devo apontar o problema nisso, né?
Passou o tempo e eu notei que atraia pessoas que não gostavam de mim: as pessoas a minha volta gostavam da imagem que o Arthur vendia de si.
Quando essas pessoas conheciam o Arthur "de verdade" (não importa o quão bem se minta, isso sempre acontece), viravam as costas para mim, na hora. E com razão. A vida não funciona desse jeito. Pessoas se unem por afinidades. E, se uma pessoa mente que tem afinidades com outra, uma hora a farsa é descoberta. E, nesse momento, além de não ter afinidade nenhuma com o falsário, a outra pessoa descobre que foi enganada.
Demorei cerca de dez anos para identificar que eu me sentia só (por natureza) e que eu havia desenvolvido esse mecanismo idiota como compensação.

Como eu insisto em dizer, eu não preciso.

Porque eu sou assim. Eu descobri porque eu me sinto só.
Jogando as mentiras para bem longe (não é o que vocês todos querem? Que eu não minta mais?), eu me sinto só porque eu sofro de "falta de estática mental".
Explico.
Eu chamo de "falta de estática mental" a condição que não me permite "desligar" os pensamentos. Aliás, por três anos, eu tentei aprender a meditar, sem obter qualquer sucesso. E eu digo que "sofro" porque isso é uma doença. Quase uma maldição. Há vozes na minha cabeça. Como eu já falei aqui, milhões de "Arthures", cada qual defendendo uma ideia com a qual eu já tive contato, vivem dentro da minha cabeça. Todos analisando, interpretando, descrevendo, discutindo, aceitando, refutando, debatendo, criando e concluindo ideias, na minha cabeça. O tempo todo. Cada instante. Sobre tudo o que eu vejo.
Eu fui criado em uma família de classe baixa, e outra de classe média. Aprendi a ler cedo e os livros foram o método disponível para silenciar muito desta "falta estática mental". Pena que a "cura" só piorou o meu estado. Cada dia que eu calava a conversa na minha cabeça com livros, eu dava mais munição para a conversa dentro da minha cabeça. As perguntas surgiam. Eu acordava a noite e não conseguia voltar a dormir até reler dois trechos de livros, específicos. Até entender o que acontecia.
Lá pelos 13 anos, sempre depois de lavar a louça do almoço (minha avó Glaci não criou um "homem Arthur"; ela criou uma "pessoa Arthur"), eu ia para a garagem de casa, pegava um volume de enciclopédia ou algum livro, e lia até saciar a conversa interna. Quem me conhece sabe que, com 12 anos, eu citava Maquiavel, de forma eloquente. Aliás, quem lê os meus textos - e tem mais de dois neurônios - nota que eu cito desde os pensadores clássicos, passando pelos da idade média, renascentistas, italianos, franceses, ingleses  alemães, até os da nossa época. Aliás, quem tem capacidade de ler as minhas entrelinhas nota que eu cito pessoas que até não parecem pensadores, mas eu ressalto o que considero contribuição deles para o pensamento em geral.
E o resultado dessa conversa toda na minha cabeça é que eu discuti muito, chegando ao ponto de poder dizer que eu aprendi a discutir. Tenho as minhas conclusões, baseadas em argumentos que eu julgo serem os mais lógicos. E eu provoco a discussão com os outros. Faço isso justamente para por à prova minhas conclusões:
1 - Se meus argumentos resistirem a boas críticas, significa que eles ficam mais flexíveis e fortes, tal qual os bambus que enfrentam furações e mantém-se de pé. 
2 - Se meus argumentos não resistirem a boas críticas, significa que eu tenho que acatar os novos argumentos, reavaliar o panorama e ajustar a minha conclusão sobre o assunto. Aliás, é bom ressaltar que eu não só sou grato, como alço as pessoas que me trazem bons argumentos ao degrau de ídolos pessoais.
Isso é o método científico, sabe? Em face a um novo elemento a antiga ideia é refutada. Diferente do método religioso, onde os novos elementos são refutados para que a ideia antiga seja mantida.
E o problema nisso tudo é que, sim, esse processo me isola dos demais. Só um cego não nota que eu entrei em um processo de isolamento brutal, quando decidi seguir um método lógico, mesmo vivendo em um meio em que a lógica é desprezada. Mas eu não tenho como fugir dessa situação, visto que esse é o meu "real eu".
"Quando você diz algo sobre a natureza da realidade, automaticamente você cria milhões de inimigos que já disseram que a realidade é outra coisa..."

Estou até cansando de dizer, eu não preciso.

Óbvio que, com o passar do tempo, a situação financeira foi melhorando. Descobri canais de TV, vídeo-games e internet, que se mostraram úteis para me fazer parar de pensar tanto. Mas todas essas soluções também se mostraram serem meros paliativos. Assim como os livros, cada nova mídia agregava alguma coisa ou me fazia pensar algo, a partir de outras referências.
E, conforme o tempo foi passando, essa situação que eu escolhi para mim mesmo foi me isolando mais e mais.
Já disse aqui mesmo que eu aprendi a virar as costas para o que não me agrega nada. Já "eliminei" turmas inteiras da minha vida. Já virei as costas para pessoas que tinham um espaço enorme no meu tempo e dedicação. Tudo porque essas pessoas já não serviam mais (ou nunca serviram para algo).
E isso sou eu:
1 - Uma pessoa que pensa. Pensa demais. E quando eu digo "demais" significa "o tempo todo". Qualquer coisa que eu veja me faz relacionar com ideias, fatos e pessoas.
2 - Uma pessoa que já pensa muito longe. Eu vivo dizendo, aqui mesmo, sobre "as discussões". Sobre como podemos estar "na crista da discussão". Sobre como nós, brasileiros, não participamos de quase nenhuma discussão avançada. Como ficamos percorrendo caminhos que os outros já caminharam, diversas vezes. Andamos em círculos, correndo atrás do próprio rabo, enquanto outras civilizações criam maravilhas com o pensamento de ponta. A cultura inglesa tem uma expressão: "Place to be". Tentando traduzir, há "lugares no mundo" para se estar. Tanto literalmente, referindo-se a lugares onde as coisas acontecem pela primeira vez (como o vale do silício está, hoje, para a tecnologia mundial), como figurativamente, em termos de discussões de ideias, como Harvard, Stanford ou o MIT concentram as conversas mais importantes do nosso mundo atual. E, infelizmente, o Brasil não é um "place to be" em NENHUMA área.
Isso me deixa só, porque eu busco participar do mais avançado ponto de discussão nas áreas que eu tenho interesse. Ainda não estou lá em muitos. Mas continuo lendo, me informando, discutindo... 
Eu não minto mais que "eu sou como você". Não preciso da sua amizade para viver. Gostaria de tê-la. Sou um ser humano, poxa vida. Mas eu não dependo do "tapinha nas costas" de ninguém. Assim, estou livre para dizer: "Eu não pareço com você!". Se a consequência em pensar muito e não mentir mais é ser arrogante ou me faltar a humildade, isso é o ônus da minha personalidade, que eu tenho que aceitar. Já sou grandinho o suficiente para saber que ninguém agradará a todo mundo.

Mais uma vez, eu não preciso.

Portanto, vamos deixar claro: eu quero provocar. Já me disseram, aqui mesmo, que eu "não comecei nenhuma discussão". Realmente não comecei. Aliás, ultimamente, poucas pessoas realmente começaram algum discussão no mundo. Os poucos são endeusados, como Steve Jobs, por exemplo. E todos - apesar do reconhecimento público - são tidos como loucos, egocêntricos ou arrogantes.
"Toda revolução no pensamento humano primeiramente aparece como heresia, arrogância ou loucura."
Eu provoco para me apresentar para a discussão. Porque eu quero mais. Quero pessoas como o Marcel Dias falando comigo (mesmo que indiretamente), o PC Siqueira fazendo vídeos sobre temas que eu abordei primeiro no meu blog e o Carlos Cardoso me colocando na fogueira e reconhecendo que eu me saí bem.
E eu faço isso para encontrar os melhores. Quero me cercar de pessoas que ME julguem inferior. Que ME ensinem mais e mais. Que forcem os meus argumentos ao nível máximo. Que desafiem a minha lógica. Que ataquem meus motivos até que eu tenha o melhor conjunto de argumentos possível.
Eu acredito que sou as minhas ideias. Eu acredito que as pessoas devem procurar isso. E que a imortalidade passa pelo legado de conceitos deixados por alguém. E eu estou na discussão porque sei que, hoje, eu ainda não tenho uma obra para alcançar isso. Mas eu quero ter.
Recomendaram-me a leitura de Aristóteles. Eu prefiro Platão, sabe? Gosto do "Mito da Caverna". Ele já se comprovou ser uma boa analogia para os "descobrimentos" humanos, antes. Gosto de misturar esse mito com a expressão "sair da casinha". Quando alguém "sai da casinha" é porque parou de pensar como todos e é tido como louco. Mas, muitas vezes, essa mutação no pensamento (feita através de seleção natural na química do cérebro do indivíduo) se mostra mais eficiente do que o modo de pensar antigo. Então, o primeiro indivíduo - louco, arrogante e herege - sai da caverna e encontra o próximo estágio.
Não é a toa que os médico (de verdade, especialistas mesmo) acham que Newton e Eistein tinham algum nível da Síndrome de Asperger  Sim, uma mutação no funcionamento do cérebro destes gênios os alçaram a níveis de pensamento superiores.

Eu não vou cansar de dizer, eu não preciso.

Particularmente, eu vejo o mundo com o que o Paulo Coelho chama de "passo atrás". Sempre que possível, eu "saio" de mim e procuro ver o mundo "de fora". Analiso tudo o que acontece do modo mais imparcial possível. Entenda: eu ME coloco como só mais um fator na situação. Isso me ajuda a tirar as minhas deficiências,  traumas, preferências e opiniões do centro do cenário.
Aliás, eu ando tão bom nessa prática, que eu já dou "um passo atrás" em toda a minha época.
Com quinze anos (enquanto algumas pessoas estava apanhando do namorado) eu terminei de ler o primeiro livro da história da humanidade, com mais de mil páginas... Recomendo fortemente que todos leiam o máximo de livros de história possível, para entendermos e valorizarmos o mundo atual. Diversas vezes aqui, nesse blog, eu tentei passar coisas importantes que aprendi sobre o nosso mundo. Por exemplo, como o saneamento é importante e mudou a nossa civilização.
Bem, o importante é que eu faço uma coisa que, com certeza, menos de cem mil pessoas conseguem fazer no Brasil inteiro: eu descrevo, analiso e interpreto o panorama. Enquanto você se atém às pessoas ("BBB", a sua própria experiência de vida ou de alguém que você conhece) ou aos fatos (notícias do dia-a-dia), eu estou co-relacionando, contextualizando e conjecturando. Procurando padrões, exercitando a lógica para unir coisas que, aparentemente, não tem conexão.
"Cuidado com as suas ações: acender uma vela dissipa as trevas, mas crias milhares de sombras."

Eu não precisava ter dito nada disso. Mas senti que devia.

No último dia da mulher, uma menina veio me atacar. Ataque travestido de "vou te dar um conselho". Sabe como é o inferno, né? Cheio de almas bem intencionadas...

Basicamente, ela veio falar comigo porque eu acho que, olhando o panorama geral, a luta pela igualdade de gênero já acabou. Acredito não haver sentido no "Dia da Mulher".

Aliás, nunca houve "batalha de gênero". Só quem nunca pensou a respeito ou completos acéfalos acham que AS MULHERES lutaram pelos seus direitos. Porque, analisando friamente a história da civilização, as mulheres só passaram a ter os "mesmos direitos" (que, na verdade, é a "mesma posição") dos homens, por causa do Capitalismo. Assim como foi o Capitalismo o responsável pelo final da escravidão, foi ele quem tirou as mulheres do lar e as trouxe para o mercado de trabalho, acabando com o pensamento machista preponderante.
Pense no exemplo das mulheres dirigindo carros. Seria óbvio que, mais dia ou menos dia, as mulheres passassem a ser um tipo de público-alvo para as montadoras. Quando os homens, sozinhos, não conseguiram mais ser todo o público-alvo que as montadoras precisassem para comprar-lhes seus carros, elas duplicaram o público-alvo, apoiando que as mulheres dirigissem, também. Assim como libertaram os escravos para que eles entrassem no mercado, também as mulheres passaram a ter uma importância monstruosa para o Capitalismo, principalmente durante e depois da Segunda Guerra Mundial.
Vai dizer que você já tinha pensado nisso? Hitler, indiretamente, talvez tenha sido o maior motivo das mulheres terem "conquistado" seu lugar na sociedade atual...
Com os homens na guerra, alguém tinha que ir para as indústrias. Quem mais iria, senão as mulheres? Os homens morriam na guerra e a pensão do exército não era suficiente para sustentar às viúvas e seus filhos...  Esses homens que não voltavam para casa deixavam as vagas de trabalho para as mulheres, que já estavam treinadas no ofício... Era óbvio que as mulheres passariam a não só ter controle sobre o dinheiro, como também seu próprio trabalho. E, quando as meninas crescem vendo as mães trabalhando, já imaginam sua própria vida com o trabalho como fator principal. E os meninos já notam, desde cedo que, se não ajudarem com os afazeres da casa, algumas coisas não serão feitas e/ou faltarão. Ou a família se acostuma com a casa desarrumada, ou a família toda arruma a casa. Isso é o reflexo dos nossos dias, ou eu estou louco e mentindo?
As mulheres fazem o que podem e esperam pela ajuda do marido e dos filhos. Quando ninguém mais faz nada, ou se contratam empregadas ou a casa fica desarrumada ou parcialmente desarrumada mesmo. Sem dó nem piedade.

O processo não só começou, como ele se espalha, via cultura. Vemos escravos libertos e mulheres independentes em livros, filmes, músicas, etc... A cultura influência as leis. E as leis são construídas sem distinção de cor ou sexo.
Evidentemente que isso não é um processo homogêneo ou rápido. Assim como ainda existem escravos em alguns lugares (inclusive aqui, no Brasil), existem homens e mulheres machistas, vivendo ainda no processo antigo de "homem manda, mulher obedece". Mas, convenhamos, são bolsões isolados (geralmente nas áreas mais carentes e menos educadas...).
Mas, se formos pensar de modo histórico, a próxima geração já está mais "contaminada" com a ideia. E a geração a seguir estará "mais contaminada" ainda.

Estendo o que disse o PC Siqueira em seu vídeo sobre homossexuais:
Está próximo o tempo em que a humanidade olhará para o seu passado e pensará: "como que nós tratávamos homens de mulheres de modo diferente???", assim como nós olhamos para o Império Romano e pensamos "como eles se divertiam com lutas até a morte em arenas???".

Nesse panorama, minhas conclusões sobre o dia da mulher são:
1 - Ingenuidade de quem acha que as mulheres conquistaram algo. Era um processo natural que o Capitalismo iria infringir à sociedade.
2 - É um processo gradativo e de evolução desigual, que se estende através das gerações e, por já ter sido disparado, não pode mais ser revertido.
3 - Em percentual de abrangência, a igualdade de tratamento entre homens e mulheres é quase completo. E, se as mulheres forem espertas, podem se aproveitar de brechas para terem tratamento até privilegiado.

Explico o ponto três.

Para a dona Maria, idosa, sem o primário, que criou 15 filhos do seu José, que viveu sempre em um ambiente machista, é necessário que haja uma lei que permita os vizinhos denunciarem o seu José, quando ele espanca sua esposa depois de voltar bêbado do bar.
Mas para a piriguete Josicleusa, que é apaixonada pelo traficante Edenevilson, essa mesma lei pode ser usada para ela chantageá-lo: "Ou tu me dá o que eu quero, ou eu dou parte na polícia!"

E vamos combinar: todos nós possuímos em nosso DNA o famoso "jeitinho brasileiro". Uma falta de caráter ímpar em fazer tudo de modo improvisado, em procurarmos um modo de "nos darmos bem em tudo" e que acarreta nessa bagunça generalizada em que vivemos. Uma brecha dessas na lei será (sim, estou taxando aqui: SERÁ) utilizada do modo errado por muitas mulheres, no futuro.
E isso prova a falha no sistema todo. Primeiramente, falta educação. Saímos das escolas sem saber as leis básicas do nosso país. E só um completo energúmeno desacredita as leis. Elas ditam o nosso modo de vida. Meninos e Meninas TÊM que chegar aos 18 anos completamente conscientes de leis como a que diz que uma pessoa não pode bater em outra pessoa. Lesão corporal é crime. O agressor deve pagar multas, serviço comunitário, receber medida cautelar de distanciamento mínimo e até pode ser preso. Dependendo da agressão, a lesão corporal pode se transformar em tentativa de assassinato. O que aumenta a pena. Digo que 100% dos casos de violência doméstica cairiam nestas leis. Mas as pessoas chegam aos 18 anos sem saber como se dá parte de algo na polícia! Nós nem sabemos como, quando e porquê podemos chamar qual polícia!
Aí, as mulheres dizem ter vergonha de fazer exame de corpo delito. Amigo, nós homens temos vergonha disso, também. Mas todos devemos passar pelo exame, para que sejam atestados os danos. O teu roxo no olho provavelmente vai curar até a audiência com o juiz. E essa audiência demora para todo mundo.
Bem, nesse caso, as mulheres ganharam a Lei Maria da Penha. Basicamente, esse conjunto de leis deixa mais fácil o acesso das mulheres à polícia, elimina necessidade de burocracias na acusação, exames e na abertura de processos. Pior: as punições de casos de agressão de homens contra as mulheres ficam mais severos do que na lei anterior.
Ótimo para a dona Maria, citada antes, que não tem a menor ideia que seu marido não pode bater nela.
Péssimo para o resto inteiro da sociedade.

O Feminismo nasceu na "luta pela igualdade". (Tá certo, eu digo que os poderosos do Capitalismo "deixaram o feminismo nascer".) Só que eu pergunto: que merda de igualdade é essa onde, se uma mulher bate em um homem, a burocracia, o acesso, abertura de processo são mais lentos e as penas são menores, do que se um homem bate em uma mulher?
Hoje, por causa da Dona Maria (que precisa), a Josicleusa goza de vantagem jurídica, sobre os homens. Não estou falando que a Josicleusa VÁ utilizar essa vantagem. Mas ela PODE. E isso é desigualdade.

Logo, o Feminismo clássico já morreu.

E, particularmente, eu acho que o Feminismo clássico é uma burrice. Vou citar mais um pensador, através de uma letra de música. Que significa mais um livro que li e mais uma música que escutei: "Igualdade aos desiguais?"

Como assim, amigo? Como, em sã consciência, alguém quer tratar mulheres e homens de modo igual, sendo que as diferenças físicas, mentais, emocionais, etc... são evidentes? Vocês estão mentindo uns para os outros por prazer ou ingenuidade? Não me contaram a piada da situação e eu estou por fora?

Só eu que justificaria a falta de uma mulher no trabalho por "sintomas agudos de TPM"? Porque isso acontece. Já tive namoradas que literalmente agonizavam em casa, na TPM. E dá-lhe bolsa de água quente no ventre e dezenas de comprimidos para a dor. Claro que, analisando friamente a produtividade dessa minha ex-namorada, ela produzia menos no trabalho do que um colega homem, que fizesse o mesmo serviço. Menos produtividade, menos salário. Caso óbvio dos frios números da administração.
Aliás, eu A-DO-RA-RIA ver a produtividade comparada entre duas mulheres, no mesmo ofício, quando uma toma aquelas injeções para não menstruar por meses, e a outra não. Aposto que a mulher que não apresenta os mesmos sintomas fortes de TPM (dores, alteração de humor, etc...) fica com a produtividade dentro do desvio padrão da empresa, enquanto a outra fica abaixo.

E no parágrafo anterior eu tive a coragem de abordar um aspecto ÓBVIO de diferença entre homens e mulheres. Existem outros mais sutis como, por exemplo, o instinto materno. Mulheres se preocupam (EM MÉDIA, Ô ANANÁ) mais com os filhos do que com os homens. Deixei claro que é EM MÉDIA, porque na mesa ao lado da minha trabalha um homem que se preocupa mais com os filhos do que muita mãe exemplar, por aí. Sem falar nos casos clássicos de mães desnaturadas que aparecem por aí. Bem, acho que quem tem mais que dois neurônios sabem que os prováveis e possíveis outlines (ó um livro de estatística, aí) acontecem, e que as leis devem ser construídas sobre a média, moda e mediana... Enfim, EM MÉDIA, mulheres tendem a dispersarem a concentração do trabalho para os seus filhos, com mais facilidade, o que deve, também, aparecer na produtividade. Nesse caso, não é nenhuma loucura uma DIFERENCIAÇÃO na LEI trabalhista, obrigando empresas a darem auxílio-creche às mães. Como "não há almoço de graça" no Capitalismo, é claro que isso será abatido do salário de alguém...

Assim, eu acredito que a igualdade entre os gêneros já existe, é um processo que tende a ser espalhando para o todo e que as exceções (Dona Maria) devem ser atendida de de acordo com o que são: exceções. "Muita mulher por aí ainda apanha". Sim. Mas são uma parcela mínima, perto de todas as mulheres que já conquistaram seu espaço e estão melhores do que muito homem por aí.

Mesmo porque o Capitalismo sobrevive da vaidade. Vaidade em querer ter e ser mais. Mais do que os outros. E nós, homens, só temos vaidade sobre o que nos importa: o sexo. Nosso pênis tem que ser maior, nossa mulher tem que ser mais gostosa e nós temos que ser mais poderosos para atrairmos mais mulheres. Homens são simples, lembram do meu texto? Todo o resto nos é irrelevante e, depois de adquirido o status, é comum que o homem "deixe de se cuidar". As mulheres, por outro lado, são movidas por vaidades diversas. Elas ficam bonitas para o sexo, sim; mas para competir entre si e para si próprias, também. Complexo de princesa puro, sabe? Elas QUEREM ser o máximo bonitas, perfeitas, angelicais. Elas introjetam e mantém o Capitalismo melhor do que os homens. Culturalmente falando, mais duas gerações e nós, homens, seremos meros reprodutores.
Isso, é claro, se elas não gastarem trilhões para descobrirem como gerar um filho a partir de dois óvulos (acho até que já tem estudos sobre isso...). Aí, amigo... Bem, é bom que tu, homem, seja uma PESSOA de verdade. Porque ser HOMEM não terá a menor importância no mundo...

E porque eu me sinto um solitário?
Porque parece que, aqui no Brasil, só eu vejo esse tipo de coisa. E porque eu faço questão de me isolar de pessoas que não compreendem (ou não querem compreender) os panoramas que eu compreendo.
Sim, eu sou arrogante por causa disso. Esse é o Arthur, e ele não precisa de gente que não o entenda e não goste dele como ele é, por perto.
O Arthur quer e precisa de gente que REALMENTE o entende, quer conversar com ele ou gosta de sua companhia. Qualquer uma das três, isoladas ou combinadas.

Alguém que me entenda e:
1 - Saiba que sabe menos e queira que eu passe o que eu já sei. Sou um cara legal e didático. Ajudo bagarai mesmo, com tudo o que eu puder, na boa.
2 - Saiba que sabe o mesmo e queira discutir. Nós não vamos andar muito, mas será legal. Coloco as ideias para brigar assim como o Ash coloca os pokemóns.
3 - Saiba que sabe mais do que eu e queira me ensinar o que sabe! Por favor! Chega mais! Sou um Ó-TI-MO aluno. Você fala, eu relaciono, pergunto, converso e aprendo! 
4 - Não saiba nada disso, mas queira conversar direito.

Só não aceito falta de educação. Dona Glaci, Dona Catarina, Dona Valéria e o Cel Ary não criaram um mal-educado. Aprendi que tenho que ser firme, muitas vezes. Aprendi que tenho que ser verdadeiro doa a quem doer, mas eu "endureço sem perder a ternura, jamais". Aparecer no meu chat, blog, e-mail ou qualquer outro meio, e vir me dar pedradas porque não concorda com o que eu escrevi, só demonstra que andou faltando leitura ou entendimento dos escritores franceses, como Voltaire ou Varleine.

Uma pena, pois eu adoraria ver argumentos de verdade, que colocassem à prova mais uma vez os meus. Em lugar disso, o que mais aparece são agressões pessoais, proferidas por pessoas com claros envolvimentos emocionais (geralmente traumáticos) nos casos polêmicos que eu abordo. Pobres diabos que mergulham na própria circunstância, cegam a visão para os demais aspectos do caso e, por fim, puxam toda a brasa para a sua própria sardinha, como se fossem os únicos donos da verdade.

Mesmo porque, no caso do Feminismo, quem olha o meu comportamento geral até acha que EU sou um feminista! Moro sozinho, não preciso de ajuda para fazer todas as tarefas de casa, trato bem às pessoas que merecem (independente de sexo, opção sexual, cor, credo, etc...), etc...

PS1 - Estou afastado da internet desde Janeiro. Sequer tenho acesso em casa. Cortei a NET sem dó e não voltarei a ter internet em casa. Esse é um ano do físico (já perdi 6kg em dois meses!) e da leitura (4 livros: Crash, Biografia do Steve Jobs, Histórias Inacabadas e Princípia Mathemática).
PS2 - Final do ano passado eu tive um problema afetivo, sim. Deprimi, como naturalmente qualquer pessoa ficaria deprimida. Mas, em menos de três meses, coloquei a minha cabeça e o meu coração no lugar e o lado afetivo já está resolvido, novamente. "Solitário" é uma palavra de contexto relativo, na minha vida.
PS3 - Minha Humildade tem o "H Maiúsculo e Dourado!". Dane-se se você não concorda, eu sou uma pessoa "média 9", lutando para chegar no "média 10". Reconheço que há mentes mais brilhantes que a minha mas, no que eu me proponho a pensar, eu sei que sou mais aguçado que muita gente por aí. E isso é só a verdade. Verdade que você, que não me conhece, não tem elementos para refutar. Mas pode vir conhecê-los, em vez de me atacar.

terça-feira, 5 de março de 2013

Como Matar a Sede na Idade Média?

Para você que não sabe, até 1800 (mais ou menos) a água não era tratada.

Assim, quando alguém saciava a sua sede com água, por mais límpida e cristalina que parecesse, ela estava (sim) repleta de micróbios e bactérias - letais para a medicina da época.

Qual era a solução?

Tomar sucos puros e bebidas fermentadas!

Bebidas fermentadas geram álcool... que mata as bactérias! Assim, vinho e cerveja matavam a sede sem te matar!
E qual era a alternativa?
Misturar vinagre na água (PUTA COISA NOJENTA DO CARALHO), espremer frutas (que não estavam disponíveis todo o ano e fazer o suco na época dava mais sede do que o suco matava) e ferver/filtrar a água (coisa que não era disseminada em todos os lugares).

Assim, essa imagem:

"No Vinho há sabedoria, na Cerveja há liberdade, na água há bactérias.
- Benjamin Franklin."

Embora tenha sido criada para fazer rir, tentando dizer que pessoas importantes da antiguidade defendiam a beberagem, faz menção à uma frase brilhante para a época.

Pessoal, rir com conhecimento é mais divertido do que rir por causa da ignorância...

Argumentação e Lógica


Texto fantástico. Aproveitem!


O AMOR É UMA FALÁCIA
“Max Shulman”

Eu era frio e lógico. Sutil, calculista, perspicaz, arguto e astuto — era tudo isso. Tinha o cérebro poderoso como um dínamo, preciso como uma balança de farmácia, penetrante como um bisturi. E tinha — imaginem — só 18 anos.
Não é comum ver alguém tão jovem com um intelecto tão gigantesco. Tomem, por exemplo, o caso do meu companheiro de quarto na universidade, Escobar. Mesma idade, mesma formação, mas burro como uma vaca. Um bom sujeito, compreendam, mas sem nada lá em cima. Do tipo emocional. Instável, impressionável. Pior que tudo, dado a manias. Eu afirmo que a mania é a própria negação da razão. Deixar-se levar por qualquer nova moda que apareça, entregar-se a alguma idiotice só porque os outros a seguem, isso, para mim, é o cúmulo da insensatez. Escobar, no entanto, não pensava assim.
Certa tarde, encontrei-o deitado na cama com tal expressão de sofrimento no rosto que o meu diagnóstico foi imediato: Apendicite!
— Não se mexa. Não tome laxativos. Vou chamar o médico.
— Marmota... – balbuciou ele.
— Marmota? – disse eu interrompendo minha leitura.
— Quero um casaco de pele de marmota – gemeu ele.
Percebi que o seu problema não era físico, mas mental.
— Por que você quer um casaco de pele de marmota?
— Eu devia ter adivinhado – gritou ele, dando tapas nas próprias têmporas. — Devia ter adivinhado que eles voltariam com o a moda boca-de-sino.
— Como um idiota, gastei todo o meu dinheiro em livros para as aulas e agora não posso comprar um casaco de pele de marmota!
— Quer dizer – perguntei incrédulo – que estão mesmo usando casacos de pele de marmota outra vez?
— Todas as pessoas importantes da Universidade estão. Aonde você tem andado?
— Na biblioteca – respondi, citando um lugar não freqüentado pelas pessoas importantes da Universidade.
Ele saltou da cama e pôs-se a andar de um lado para o outro do quarto.
— Preciso conseguir um casaco de pele de marmota. — Preciso!
— Por quê, Escobar? Veja a coisa racionalmente. Casacos de pele de marmota são anti-higiênicos. Soltam pelos. Cheiram mal. São pesados, são feios, são...
— Você não compreende – interrompeu ele com impaciência. — É o que todos estão usando. Você não quer andar na moda?
— Não – respondi sinceramente.
— Pois eu, sim! – declarou ele. — Daria tudo para ter um casaco de pele de marmota. Tudo!
Aquele instrumento de precisão, meu cérebro, começou a funcionar a todo vapor.
— Tudo? – perguntei, examinando seu rosto com os olhos semicerrados.
— Tudo! – confirmou ele, em tom dramático.
Alisei o queixo, pensativo. Eu, por acaso, sabia onde encontrar um casaco de pele de marmota. Meu pai usara um nos seus tempos de estudante; estava agora dentro de um baú, no sótão de nossa casa. E, também, por acaso, Escobar tinha algo que eu queria. Não era dele, exatamente, mas pelo menos ele tinha alguns direitos sobre ela. Refiro-me à sua garota, Capitu.
Eu há muito desejava Capitu. Apresso-me a esclarecer que o meu desejo não era de natureza emotiva. A moça, não há dúvidas, despertava emoções, mas eu não era daqueles que se deixam dominar pelo coração. Desejava Capitu para fins engenhosamente calculados e inteiramente cerebrais.
Cursava eu o primeiro ano de Direito. Dali a algum tempo estaria me iniciando na profissão. Sabia muito bem do papel da esposa na vida e na carreira de um advogado. Os advogados de sucesso, segundo minhas observações, eram quase sempre casados com mulheres bonitas, graciosas e inteligentes. Com uma única exceção, Capitu preenchia perfeitamente a todos esses requisitos.
Era bonita. Suas proporções ainda não eram clássicas, mas eu tinha certeza de que o tempo se encarregaria de fornecer o que faltava. A estrutura básica estava lá. Graciosa também era. Por graciosa, quero dizer, cheia de graças sociais. Tinha o porte ereto, a naturalidade no andar e a
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elegância que deixavam transparecer a melhor das linhagens. À mesa, suas maneiras eram finíssimas. Eu já vira Capitu na cantina da Faculdade comendo a especialidade da casa – um sanduíche que continha pedaços de carne assada, óleo, castanhas e repolho – sem nem sequer umedecer os dedos.
Inteligente ela não era. Na verdade, tendia para o lado oposto. Mas eu confiava em que, sob minha tutela, haveria de tornar-se brilhante. Pelo menos, valia a pena tentar. Afinal de contas, é mais fácil fazer uma moça bonita e burra ficar inteligente do que uma moça feia e inteligente ficar bonita.
— Escobar – perguntei — Você ama Capitu?
— Acho-a uma boa garota – respondeu – mas não sei se chamaria isso de amor. — Por quê?
— Você – continuei – tem alguma espécie de arranjo formal com ela?
— Quero dizer, vocês saem exclusivamente um com o outro?
— Não. Nos vemos seguidamente, mas saímos os dois com outros também. — Por quê?
— Existe alguém – perguntei – algum outro homem de quem ela goste de maneira especial?
— Que eu saiba não. — Por quê?
Fiz que sim, com a cabeça, satisfeito.
— Em outras palavras, a não ser por você, o campo está livre, é isso?
— Acho que sim, bolas. — Aonde quer chegar?
— Nada, nada. – respondi com inocência, tirando minha mala de dentro do armário.
— Onde é que você vai? – quis saber Escobar.
— Passar o fim de semana em casa.
Atirei algumas roupas dentro da mala.
— Escute. – disse Escobar, apegando-se com força ao meu braço – em casa, será que você poderia pedir dinheiro ao seu pai e me emprestar para comprar um casaco de pele de marmota?
— Posso até fazer mais do que isso. – respondi, piscando o olho misteriosamente. Fechei a mala e saí.
— Olhe – disse a Escobar, ao voltar na segunda-feira de manhã. Abri a mala e mostrei o enorme objeto cabeludo e fedorento que meu pai usara ao volante do seu Maverick em 1975.
— Santo Pai! –exclamou Escobar, com reverência. Mergulhou as mãos no pêlo do casaco, e depois o rosto.
— Santo Pai! – repetiu umas quinze ou vinte vezes.
— Você gostaria de ficar com ele? – perguntei.
— Sim! – gritou ele, apertando a coisa sebosa contra o peito. Em seguida, seus olhos tomaram um ar precavido. — O que você quer em troca?
— A sua garota – disse eu, não desperdiçando as palavras.
— Capitu? – sussurrou Escobar, horrorizado. — Você quer a Capitu?
— Isso mesmo... Ele jogou o casaco para longe. — Nunca! – declarou resoluto.
Dei de ombros. — OK. Se você não quer andar na moda, o problema é seu...
Sentei numa cadeira e fingi que lia um livro, mas continuei espiando Escobar, com o rabo dos olhos. Era um homem partido em dois. Primeiro olhava para o casaco, com a expressão de uma criança desamparada à vitrine de uma confeitaria. Depois dava-lhe as costas e cerrava os dentes, altivo. Depois, voltava a olhar para o casaco, com uma expressão ainda maior de desejo no rosto. Depois, virava-se outra vez, mas agora sem tanta resolução. Sua cabeça ia e vinha, o desejo ascendendo, a resolução descendendo. Finalmente não se virou mais; ficou olhando para o casaco com pura lascívia.
— Não é como se eu estivesse apaixonado por Capitu – balbuciou. – ou mesmo a namorando, ou coisa parecida.
— Isso mesmo – murmurei.
— Afinal, Capitu significa o que para mim, ou eu para ela?
— Nada. – respondi.
— Foi uma coisa banal. Nos divertimos um pouco, só isso...
— Experimente o casaco – disse eu.
Ele obedeceu. O casaco cobria as orelhas e caía até os sapatos. Ele parecia um monte de marmotas mortas.
— Serve perfeitamente. – disse ele contente.
3
Levantei da cadeira e perguntei, estendendo a mão: — Negócio feito?
— Feito. – disse ele engolindo em seco e apertando a minha mão.
Saí com Capitu pela primeira vez na noite seguinte. O primeiro programa teria o caráter de uma pesquisa preparatória. Eu desejava saber o trabalho que me esperava para elevar a sua mente ao nível desejado. Levei-a para jantar.
— Puxa, que jantar bacana! – disse ela, quando saímos do restaurante.
Fomos ao cinema.
— Puxa, que filme bacana! – disse ela, quando saímos do cinema.
Levei-a para casa.
— Puxa, foi um programa bacana. – disse ela ao me desejar boa noite.
Voltei para o quarto com o coração pesado. Eu subestimara gravemente as proporções da minha tarefa. A ignorância daquela moça parecia aterradora. E não seria o bastante apenas instruí-la. Era preciso, antes de tudo, ensiná-la a pensar. O empreendimento se me afigurava gigantesco, e a princípio me vi inclinado a devolvê-la a Escobar. Mas aí comecei a pensar nos seus dotes físicos generosos e na maneira como entrava numa sala ou segurava uma faca e um garfo e decidi tentar novamente.
Procedi, como sempre, sistematicamente. Dei-lhe um curso de Lógica. Acontece que, como estudante de Direito, eu freqüentava na ocasião aulas de Lógica, e portanto, tinha tudo na ponta da língua.
Capitu – disse eu, quando a fui buscar em nosso segundo programa. — Esta noite vamos até o parque conversar.
— Oh, que bacana! – respondeu ela.
Uma coisa deveria ser dita em favor da moça: Seria difícil encontrar alguém tão bem disposta para tudo.
Fomos até o parque, o local de encontros da Universidade, nos sentamos debaixo de um velho carvalho, e ela me olhou cheia de expectativa. — Sobre o que vamos conversar? – perguntou.
— Sobre Lógica.
— Ela pensou durante alguns segundos e depois sentenciou: — Bacana!
— A Lógica – comecei, limpando a garganta – é a ciência do pensamento. Se quisermos pensar corretamente, é preciso antes saber identificar as falácias mais comuns da Lógica. É o que vamos abordar hoje.
— Bacana! – exclamou ela, batendo as palmas de alegria, coma mesma expressão de perspicácia que se esperaria da foca diante de um peixe. Fiz uma careta de desânimo, mas segui em frente, com coragem.
— Vamos primeiro examinar uma falácia chamada Dicto Simpliciter.
— Vamos. – animou-se ela, piscando os olhos com animação.
— Dicto Simpliciter quer dizer um argumento baseado numa generalização não qualificada. Por exemplo: o exercício é bom, portanto todos devem se exercitar.
— Eu estou de acordo – disse Capitu, fervorosamente. — Quer dizer, o exercício é maravilhoso. Isto é, desenvolve o corpo e tudo.
Capitu – disse eu, com ternura – o argumento é uma falácia. Dizer que o exercício é bom é uma generalização não qualificada. Por exemplo: para quem sofre do coração, o exercício é ruim. Muitas pessoas recebem ordens de seus médicos para não se exercitarem. É preciso qualificar a generalização. Deve-se dizer: o exercício é geralmente bom, ou é bom para a maioria das pessoas. Senão, está-se cometendo um Dicto Simpliciter. Compreendeu?
— Não. – confessou ela. — Mas isto é bacana. Quero mais. Quero mais!
— Será melhor se você parar de puxar a manga do meu casaco. – disse eu e, quando ela parou, continuei: — Em seguida, abordaremos uma falácia chamada Generalização Apressada. Ouça com atenção: você não sabe falar francês, eu não sei falar francês, Escobar não sabe falar francês. Devo portanto concluir que ninguém na Universidade sabe falar francês.
— É mesmo? – espantou-se Capitu. — Ninguém? – reprimi a minha impaciência..
—`É uma falácia, Capitu. A generalização é feita apressadamente. Não há exemplos suficientes para justificar a conclusão. Ela sorriu encantadora e retardamente.
— Você conhece outras falácias? – perguntou ela, animada. — Isso é até melhor do que dançar!
Esforcei-me por conter toda a onda de desespero que ameaçava me invadir. Não estava conseguindo nada com aquela moça, absolutamente nada! Mas não sou outra coisa senão persistente. Continuei...
4
— A seguir, vem o Post-Hoc. Ouça: Não levemos o Tiririca conosco ao piquenique. Toda vez que ele vai junto começa a chover.
— Eu conheço uma pessoa exatamente assim. – exclamou Capitu — Uma moça da minha cidade: Carla Perez. Nunca falha. Toda vez que ela vai junto a um piquenique...
— Capitu – interrompi com energia. — É uma falácia. Não é Carla Perez que causa a chuva. Ela não tem nenhuma relação com a chuva. Você está incorrendo em Post-Hoc se puser a culpa na Carla Perez.
— Nunca mais farei isso – prometeu ela contrita. — Você está bravo comigo?
Não Capitu – suspirei – não estou bravo.
— Então conte outra falácia.
— Muito bem. Vamos experimentar as Premissas Contraditórias. Se Deus pode fazer tudo, pode fazer uma pedra tão pesada que Ele mesmo não conseguirá levantar?
— É claro – respondeu ela imediatamente.
— Mas se Ele pode fazer tudo, pode levantar a pedra.
— É mesmo – disse ela pensativa. — Bem, então, acho que Ele não pode fazer a tal pedra.
— Mas ele pode fazer tudo – lembrei-lhe.
Ela coçou a sua cabeça linda e vazia.
— Estou confusa – admitiu.
— É claro que está. Quando as premissas de um argumento se contradizem, não pode haver argumento. Se existe uma força irresistível, não pode existir um objeto irremovível. Compreendeu?
— Conte outra destas histórias bacanas – disse Capitu entusiasmada.
Consultei o relógio.
— Acho melhor pararmos por aqui. Levarei você para casa, e lá pensará no que aprendeu hoje. Teremos outra sessão amanhã à noite. Depositei-a no dormitório das moças, onde ela me assegurou que a noitada fora realmente bacana, e voltei desanimadamente para meu quarto. Escobar roncava sobre sua cama com o casaco de pele de marmota encolhido a seus pés como um enorme animal cabeludo. Por alguns segundos brinquei com a idéia de acordá-lo e dizer que podia ter a sua garota de volta. Era evidente que meu projeto estava condenado ao fracasso. A moça tinha simplesmente uma cabeça à prova de lógica.
Mas logo reconsiderei. Perdera uma noite, por que não perder outra? Quem sabe se em alguma parte daquela cratera de vulcão adormecido que era a mente de Capitu algumas brasas ainda estivessem vivas? Talvez, de alguma maneira, eu ainda conseguisse abaná-las até que flamejassem... As perspectivas não eram das mais animadoras, mas decidi tentar outra vez.
Sentado sob o carvalho, na noite seguinte disse:
— Nossa primeira falácia dessa noite se chama Ad Misericordiam.
Ela estremeceu de emoção.
— Ouça com atenção – comecei. — Um homem vai pedir emprego. Quando o patrão pergunta quais as suas qualificações, o homem responde que tem uma mulher e seis filhos em casa, que a mulher é aleijada, que as crianças não têm o que comer, não tem o que vestir e nem o que calçar, que a casa não tem camas, que não há carvão no porão e que o inverno se aproxima.
Uma lágrima desceu por cada uma das faces rosadas de Capitu.
— Isso é horrível, horrível! – soluçou.
— É horrível – concordei – mas não é argumento. O homem não respondeu à pergunta do patrão sobre as suas qualificações. Em vez disso, tentou despertar a sua compaixão. Cometeu a falácia do Ad Misericordiam. Compreendeu?
— Você tem um lenço? – pediu ela, entre soluços.
Dei-lhe o lenço e fiz o possível para não gritar, enquanto ela enxugava os olhos.
— A seguir – disse controlando o tom da voz – discutiremos a Falsa Analogia. Eis um exemplo: Deviam permitir aos estudantes consultarem seus livros durante os exames. Afinal, os cirurgiões levam radiografias para se guiarem durante uma operação, os advogados consultam seus papéis durante um julgamento, os construtores têm plantas que os orientam na construção de uma casa. Por quê, então, não deixar que os alunos recorram aos seus livros durante uma prova?
— Pois olhe – disse ela entusiasmada – essa é a idéia mais bacana que já ouvi por muito tempo!
5
— Capitu – disse eu com impaciência – O argumento é falacioso. Os cirurgiões, os advogados e os construtores não estão fazendo testes para verem o que aprenderam, e os estudantes sim. As situações são completamente diferentes e não se pode fazer analogia entre elas.
— Continuo achando a idéia bacana – disse Capitu.
— Bolas! – murmurei. E prossegui, persistente (fazendo meia careta). — A seguir tentaremos a falácia Hipótese Contrária ao Fato.
— Essa parece ser boa – foi a reação de Capitu.
— Ouça: Se Madame Curie não deixasse, por acaso, uma chapa fotográfica numa gaveta junto com uma pitada de pechblenda, nós hoje não saberíamos da existência do composto químico que é o Rádio (Ra).
— É mesmo, é mesmo – concordou Capitu, sacudindo vigorosamente a cabeça. — Você viu o filme? Eu fiquei louca pelo filme. Aquele Walter Pidgeon é tão bacana! — Ele me fez vibrar!
— Se conseguir esquecer o Sr. Pidegeon por alguns minutos – disse eu friamente – gostaria de lembrar que o que eu disse é uma falácia. Madame Curie poderia ter descoberto o Rádio de alguma outra maneira. Talvez outra pessoa o descobrisse. Muita coisa poderia acontecer. Não se pode partir de uma hipótese que não é verdadeira e tirar dela qualquer conclusão defensável.
— Eles deveriam botar o Walter Pidgeon em mais filmes – disse Capitu. — Eu quase não o vejo no cinema.
— Mais uma tentativa, decidi. Mas só mais uma. Há um limite ao que o homem pode suportar.
— A próxima falácia é chamada Envenenar o Poço.
— Que bonitinho! Deliciou-se Capitu.
— Dois homens vão começar um debate. O primeiro de levanta e diz: “meu oponente é um mentiroso conhecido. Não é possível acreditar numa só palavra do que ele disser.” Agora, Capitu, pense bem. O que está errado?
Vi-a enrugar a sua testa cremosa, concentrando-se. De repente, um brilho de inteligência – o primeiro que eu vira – surgiu em seus olhos.
— Não é justo! Disse ela com indignação — Não é nada justo. Que chance tem o segundo homem se o primeiro diz que é um mentiroso, antes mesmo dele começar a falar?
— Exato! – gritei exultante – Cem por cento exato! Não é justo. O primeiro homem envenenou o poço antes que os outros pudessem beber dele. Atou as mãos do adversário antes da luta começar. Capitu, estou orgulhoso de você.
— Ora – murmurou ela, ruborizando de prazer.
— Como vê, minha querida, não é tão difícil. Só requer concentração. É só pensar, examinar, avaliar. Venha, vamos repassar tudo que aprendemos até agora.
— Vamos lá – disse ela, com um abano distraído de mão.
Animado com a descoberta de que Capitu não era uma cretina total, comecei uma longa e paciente revisão de tudo o que dissera até ali. Sem parar, citei exemplos, apontei falhas, martelei sem dar tréguas. Era como cavar um túnel. A princípio, trabalho, suor e escuridão. Não tinha idéia de quando veria a luz, ou mesmo se a veria. Mas insisti. Dei duro, perfurei até com as unhas, e finalmente fui recompensado. Descobri uma fresta de luz. E a fresta foi se alargando até que o sol jorrou para dentro do túnel, clareando tudo.
Levara cinco noites de trabalho forçado, mas valera a pena. Eu transformara Capitu em uma lógica, e a ensinara a pensar. Minha tarefa chegara a bom termo. Fizera dela uma mulher digna de mim. Estava apta a ser minha esposa, uma anfitriã perfeita para as minhas muitas mansões, uma mãe adequada para meus filhos privilegiados.
Não se deve deduzir que eu não sentisse amor pela moça. Muito pelo contrário. Assim como Pigmalião amara a mulher perfeita que moldara para si, eu amava a minha. Decidi comunicar-lhe dos meus sentimentos no nosso encontro seguinte. Chegara a hora de mudar nossas relações, de acadêmicas para românticas.
— Capitu – disse eu – hoje não falaremos de falácias.
— Puxa! – disse ela, desapontada.
— Minha querida – prossegui, favorecendo-a com um sorriso – hoje é a sexta noite em que estamos juntos. Nos demos esplendidamente bem. Não há dúvidas de que formamos um bom par.
— Generalização Apressada – exclamou alegremente.
— Perdão – disse eu.
— Generalização Apressada – repetiu ela – Como é que você pode dizer que formamos um bom par baseado em apenas cinco encontros?
6
Dei uma risada, divertido. Aquela criança adorável aprendera bem suas lições.
— Minha querida – disse eu, dando um tapinha tolerante na sua mão – cinco encontros são o bastante. Afinal, não é preciso comer um bolo inteiro para saber se ele é bom ou não.
— Falsa Analogia – disse Capitu prontamente. — Eu não sou um bolo, sou uma pessoa.
Dei outra risada, já não tão divertido. A criança adorável talvez tivesse aprendido sua lição bem demais.
Resolvi mudar de tática. Obviamente, o indicado era uma declaração de amor simples, direta e convincente. Fiz uma pausa, enquanto meu potente cérebro selecionava as palavras adequadas. Depois comecei:
— Capitu eu a amo. Você é tudo no mundo para mim, é a lua e as estrelas e as constelações no firmamento. Por favor, minha querida, diga que será minha namorada, senão minha vida não terá mais sentido. Enfraquecerei, recusarei a comida, vagarei pelo mundo aos tropeções, um fantasma de olhos vazios... Pronto, pensei, está liquidado o assunto.
— Ad Misericordiam – disse Capitu.
Cerrei os dentes. Eu não era o Pigmalião: era o Frankestein, e o meu monstro me tinha pela garganta. Lutei desesperadamente contra o pânico que ameaçava me invadir. Era preciso manter a calma a qualquer preço.
— Bem, Capitu – disse eu, forçando um sorriso. – não há dúvidas de que você aprendeu bem as falácias.
— Aprendi mesmo – respondeu ela, inclinando a cabeça com vigor.
— E quem foi que as ensinou a você, Capitu?
— Foi você.
— Isso mesmo. E portanto você me deve alguma coisa, não é mesmo, minha querida? Se não fosse por mim, você nunca saberia o que é uma falácia....
— Hipótese Contrária ao Fato – disse ela sem pestanejar.
Enxuguei o suor do rosto, já lívido.
— Capitu – insisti, com voz rouca – você não deve levar tudo ao pé da letra. Essas coisas só têm valor acadêmico. Você sabe muito bem que o que aprendemos na escola nada tem a ver com a vida.
— Dicto Simpliciter – brincou ela, sacudindo o dedo em minha direção.
Foi o bastante. Levantei-me num salto, berrando como um touro.
— Você vai ou não vai me namorar? – trovejei.
— Não, eu não vou – respondeu ela.
— Por que não? – exigi.
— Porque hoje à tarde eu prometi ao Escobar que seria a namorada dele.
Quase caí para trás, fulminando por tamanha infâmia. Depois de prometer, depois de fecharmos negócio, depois de apertar a minha mão!
— Aquele rato! – gritei chutando a grama. – Você não pode sair com ele, Capitu. É um mentiroso. Um traidor. Um rato.
— Envenenar o Poço – disse Capitu. — E pare de gritar. Acho que gritar também deve ser uma falácia.
Com uma admirável demonstração de força de vontade, modulei minha voz:
— Muito bem – disse. — Você é uma lógica. Vamos olhar as coisas logicamente. Como pode preferir Escobar? Olhe para mim: um aluno brilhante, um intelectual formidável, um homem com o futuro assegurado. E veja Escobar: um maluco, um boa-vida, um sujeito que nunca saberá se vai comer ou não no dia seguinte. — Você pode me dar uma única razão lógica para namorar o Escobar?
— Posso, sim – declarou Capitu. — Ele tem um casaco de pele de marmota.