quinta-feira, 1 de junho de 2017

Mulher Maravilha

Pouco mais de um ano atrás Batman Vs Superman estreava. O filme tentou dar prosseguimento na história de Superman, mas mostrou um roteiro confuso e com algumas forçadas de barra difíceis de engolir. Mas daquele filme surgiu um raio de esperança: a Mulher Maravilha.

Absolutamente todas as pessoas com quem conversei após Batman Vs Superman se disseram ansiosos pelo filme solo de Diana. Eu próprio ignorei o Batman de Frank Miller e o arco da Morte do Superman nas telonas. Tudo o que me restou de Batman Vs Superman foi a vontade de ver mais tempo de Mulher Maravilha na telona.

E a espera de 15 meses foi cruel. Cheia de dúvidas e incertezas. “Será que o roteiro será bom?” “Será que a DC fará mais um filme sem cor?” “Será que mexerão muito nos personagens?”
E as notícias e especulações não ajudaram em nada nesse tempo todo. Tudo que rodeava o filme era questionado e visto como um possível desastre.

“Primeira protagonista mulher em filmes de heróis? Tudo pra dar errado.”
“Primeira diretora de filme de heróis? Desastre certo.”
“Zack Snyder se envolveu no filme? Tá uma porcaria e estão tentando consertar.”
Bobagens, bobagens, bobagens...

Falar mal dá clique. Gera visita. Armadilha para fãs incautos passarem dias defendendo seus heróis de veículos de mídia que só querem gerar comentários, likes e compartilhamentos.

Acontece que eu saí agora mesmo da primeira sessão de Mulher Maravilha.

Acontece que Mulher Maravilha é um dos filmes de super heróis mais bonitos que eu já assisti.

Acontece que Gal Gadot encarnou Diana de Temiscira irretocavelmente. Assim como Hipólita moldou sua filha do barro e Zeus soprou-lhe a vida, Gal Gadot É a Mulher Maravilha sem a menor sombra de dúvidas.

Robin Wright transformou Antíope – tia da Mulher Maravilha – de uma personagem secundária dos gibis em um verdadeiro ícone para Diana e para todos nós, fãs da Mulher Maravilha e da DC. E amigos... que presença de tela tem Robin.


Mulher Maravilha repete a receita que deu certo em Deadpool: a história é adaptada respeitando a personagem. Todos nós estamos vendo a Mulher Maravilha dos gibis materializada na telona. Diana é uma guerreira amazona. Diana mata se necessário. Mas ao mesmo tempo Diana busca sempre a verdade e a justiça.

E uma das coisas mais fantásticas do filme: não dá para saber ainda se a Mulher Maravilha voa ou só dá pulos realmente muito altos. Em nenhum momento isso fica claro.
Evidente que o roteiro tem seus clichês, vícios e adaptações. Mas todos os principais elementos da história da Princesa Amazona estão lá. Ela nasce, cresce e treina em Temiscira, Steve Trevor continua caindo de avião na ilha, ele é curado pelas “águas brilhantes”, Diana fica sabendo da primeira guerra mundial e foge com Trevor para “enfrentar Ares”.

O interessante do roteiro é que a história da origem de Diana não é o foco principal. Muito mais do que isso, vemos a evolução da personalidade de Diana desde sua infância (a linda Lilly Aspell rouba as cenas em que participa!!!), passando pela sua juventude (eu queria ter visto a Emily Carey mais tempo na tela!), o momento que decide ir para o “mundo dos homens”, a fase de adaptação, quando ela conhece a guerra e as nuances dos relacionamentos longe da Ilha do Paraíso.
É, sobretudo, uma jornada sobre a perda da inocência através da descoberta de tudo que há de ruim e, principalmente, de bom na humanidade.

É, sim, um filme sobre amor.

Patty Jenkins soube dar ao filme um ritmo delicado e sutil. Outro diretor talvez focasse a história nos poderes da Mulher Maravilha, nos horrores da guerra ou até mesmo na construção de vilões ameaçadores. Mas Jenkins conseguiu desenvolver toda a história focando a evolução da Mulher Maravilha de um modo primoroso.

A trilha sonora não surpreende, mas também não é ruim.

A fotografia alterna paisagens lindas da Ilha do Paraíso, com uma Londres cinza, com as trincheiras de batalha escuras e a luta final durante a noite. Tenho certeza que muitos reclamarão da tendência da DC em manter a escuridão predominante nos seus filmes. Mas o fato é que não havia como enfrentar alemães em trincheiras na primeira guerra mundial esperando um cenário de teletubbies. Os cenários ficaram bem fiéis ao que se espera do ambiente. E no final temos um belo nascer do sol para coroar o filme!

Mulher Maravilha é uma bela obra de arte.

O filme não possui cena pós-créditos. Terminou o filme, subiu o letreiro, pode ir embora.
Não sei vocês, mas o filme terminou e eu quero ver mais Gal Gadot distribuindo JUSTIÇA™ e VERDADE™ nas telonas. Mal posso esperar para assistir a estréia de Liga da Justiça.


A partir de agora eu vou comentar o filme.