sexta-feira, 25 de julho de 2014

Planeta dos Macacos 2: O Confronto!

Planeta dos Macacos: O Confronto

É amigo... Ontem fui lá ver o Planeta dos Macacos: O Confronto.

Se 2012 foi o ano dos filmes anunciadamente excelentes, 2014 está sendo o ano dos filmes que superam as nossas expectativas.
E o Planeta dos Macacos foi um destes filmes que superou (e muito) as expectativas (que já eram altas).

Você acompanha meu blog há algum tempo sabe que quando eu falo de filmes dou muito spoiler. E esse texto não será diferente. Só que, nesse texto, eu não vou mandar você ir assistir o filme antes de terminar de ler. Porque? Porque você já sabe o final da história. Macacos inteligentes dominam o planeta e escravizam os poucos humanos que restaram. Porque você já sabe o início da história, contada no brilhante Planeta dos Macacos: A Origem. E só pelo nome deste filme (Planeta dos Macacos: o Confronto) você já sabe o que vai acontecer nessas quase duas horas de filme.

Não é necessária muita imaginação para saber o que acontecerá neste filme.

Em Planeta dos Macacos: A Origem, vemos Caesar nascendo de uma macaca que fora infectada com um vírus criado em laboratório. O vírus sintético estava sendo testado como cura para o Mal de Alzheimer. Há um problema no laboratório e a ordem para que todas as cobaias fossem exterminadas é dada. Um cientista fica com pena do Caesar e o leva para casa. Esse cientista administra o vírus sintético em seu pai, que demonstra súbita melhora no quadro de Alzheimer. Mas o vírus é agressivo e perde o efeito rapidamente. O cientista prossegue os estudo, criando cepas do vírus mais e mais fortes. E continua administrando os vírus em seu pai, secretamente. Enquanto isso vemos o drama do relacionamento entre o cientista e o Caesar. Mostra porque o Caesar decide ir pra longe dos humanos. Na TV, mostram que uma espaçonave norte-americana some... E, na terra, o vírus sintético começa a se espalhar e a matar.

Como sabemos que, no final da história, os humanos são exterminados e escravizados pelos Macacos, podemos imaginar esse vírus sintético agressivo se espalha pelo mundo, matando quase todos os humanos.

Quer saber como isso pode acontecer? Sugiro o filme "Os 12 Macacos".
Ou, ainda, procure o app "Plague Inc.". Um joguinho aonde você é um agente de doença (bactéria, vírus, fungo, parasita, prion, etc...) com o objetivo de erradicar a raça humana.

O fato é que a Terra é o planeta dos vírus e das bactérias. Estes seres estão em todos os lugares do mundo e são a base de toda a vida. Estão presentes no nosso corpo. E quando algum destes seres depende do nosso corpo para sobreviverem, o fazem com extrema eficiência.
Um agente desses que se espalhe pelo ar é um verdadeiro apocalipse para a raça humana e sua aparente ilimitada capacidade de transporte. Nossos aeroportos são um problema grave: em menos de 12 horas alguém contaminado pode estar do outro lado do mundo. Ter infectado outras pessoas em pelo menos dois aeroportos. Pessoas, essas, que terão destinos diferentes, infectando mais pessoas em mais aeroportos.

Como o vírus é muito contagioso e letal, em menos de dez anos desde o Planeta dos Macacos: a Origem, a humanidade seria resumida aos poucos indivíduos imunes e aqueles que moram realmente muito longe das grandes metrópoles.

Hippies e naturalistas gostam de enaltecer o quanto a sociedade das formigas é especializada, organizada e perfeita. Mas qualquer um com o mínimo de capacidade intelectual sabe o quanto a nossa sociedade é mais especializada, organizada e perfeita. Melhor do que qualquer outra jamais foi.
Mas... é bom lembrar que a especialização "é uma faca de dois legumes". Se por um lado a especialização faz com que alguns indivíduos consigam realizar verdadeiros milagres tecnológicos, por outro lado acabamos dependendo demais do pequeno grupo de pessoas para realizar esse mesmo milagre.

Dividindo o trabalho temos diversos especialistas em criar as melhores peças possíveis. Alguns especialistas só em montar as peças em um produto... Mas não temos ninguém que domine todo o processo de fabricação, desde a extração e preparação das matérias primas até a entrega do produto pronto para o consumidor.


Esse é o principal problema que a humanidade enfrenta em uma possível erradicação de seres humanos: os poucos que sobrarem não conseguirão retomar as atividades que fazem do nosso mundo o que é, hoje.

No filme, as poucas colônias de sobreviventes contam com poucas centenas. Sem energia elétrica. Combustíveis fósseis acabando rapidamente. Como bem disse George Carlim, se tu tirar a energia elétrica nossa sociedade volta à barbárie em menos de dois anos.
Isso é brilhantemente enfocado no filme. O Comissário Gordon, digo, o líder da colônia de São Francisco fala que, sem energia elétrica, todo o combustível seria usado em geradores e acabaria em pouco tempo. "Nem o megafone poderia ser utilizado para acalmar a multidão..."

O filme "começa" mostrando a sociedade dos Macacos. Em como eles somente notaram que a quantidade de humanos... diminuiu até desaparecerem.
Os Macacos já têm uma sociedade organizada. Muito similar às "culturas do paleolítico". Eles reconhecem a liderança do mais forte (adivinha quem? Sim! Caesar!), ensaiam alguma crença no sobrenatural, seguem um conjunto rudimentar de leis (submissão, hierarquia e o "macaco não mata macaco") e até repassam seus conhecimentos e cultura em "escolas", com direito a palavras escritas em pedra.

Acontece que a tribo de Caesar vive próxima a uma hidroelétrica. E os sobreviventes de São Francisco têm o plano de colocá-la para funcionar. Sem saber que os Macacos estavam naquela floresta, os humanos os encontram.
Como SEMPRE há um humano babaca com uma arma. Alguém que se apavora com qualquer merda. Que puxa o gatinho antes que o impulso elétrico do pensamento racional consiga sair do primeiro neurônio.
Um incidente diplomático que a trama utiliza para mostrar tantas... mas tantas características de preconceito, ilusão de superioridade, capacidade de pensamento superior... E nos dois lados!
O modo como Caesar valoriza a vida de cada indivíduo da sua tribo. E de como Caesar sabe que, se não for razoável com os humanos, eles usarão suas armas para matar muitos macacos...
O modo como os humanos pensam que "são só macacos, vamos lá matar todos eles e tomar a hidroelétrica".
O modo como alguns macacos simplesmente acham melhor atacar preventivamente os humanos - "enquanto eles ainda estão fracos"...

Caesar, tentado apaziguar os ânimos, faz uma demonstração de força. Vai até a porta da colônia de sobreviventes humanos. Deixa claro que os Macacos não querem guerra. E deixa mais claro ainda que não quer que os humanos vão até a sua tribo. 

Os humanos sabem que precisam da energia elétrica. E o Comissário Gordon, digo, o líder da colônia arquiteta um plano de extermínio imediato dos macacos.

Mas... Como sempre, há pessoas com sensatez. Um humano pede três dias para tentar falar com os Macacos. E a trama do filme lhe dá os três dias.

Com uma equipe pequena este humano vai até a tribo dos macacos. Disposto somente a falar a verdade, o humano é atendido por Caesar. O humano mostra a hidroelétrica e diz que os humanos precisam de luz. Caesar dá os três dias para que a pequena equipe ponha a hidroelétrica para funcionar. Só havia uma condição: SEM ARMAS.
Há um acidente enquanto os humanos tentam desobstruir um cano com explosivos. Escombros caem, o mesmo babaca que atirou no macaco (ele era o único que sabia mexer com algo na hidroelétrica) fica ferido. Os macacos resgatam os humanos.
Esse é o primeiro momento de iteração real entre as duas espécies. E é bem comovente ver o macaquinho (filho de Caesar) brincando e mexendo nas coisas dos humanos.
Até que o macaquinho chega perto do humano babaca. Ele se desespera e joga o macaquinho, que cai em uma de suas malas de equipamentos. E o que tem na mala? Sim! Uma arma!

Eu sei que esse tipo de coisa é necessária em uma trama, mesmo que improvável. Mas pqp... O que um cara desses pensa?

Caesar ordena que todos vão embora. Mas o cara legal volta à tribo e insiste em falar com o Caesar. E, nisso, nota que a esposa do Caesar está doente. A médica do grupo pede para que Caesar a deixe ajudar. Caesar dá mais um dia para que os humanos ponham a hidroelétrica para funcionar. 

Nesse meio tempo, Koba (aquele macaco velho e cheio de cicatrizes do primeiro filme... Que fora cobaia por toda a sua vida) vai até a colônia e vê os preparativos dos humanos para invadir a floresta.
Koba é um macaco traumatizado pelo tratamento que os humanos lhe deram. "Ele só conheceu o lado ruim dos humanos" diz Caesar sobre Koba, em determinado momento do filme.

Koba acha que os Macacos não devem ajudar os humanos. Com desejo nítido de vingança, Koba desafia Caesar. Mas Caesar mantém sua liderança e termina de ajudar os humanos a colocarem a hidroelétrica a funcionar.

As luzes são restabelecidas. Da floresta Caesar e os humanos vêem São Francisco iluminada, no início da noite. Tudo se encaminhava para um desfecho feliz. Humanos e macacos coexistindo pacificamente.

Mas a história não termina assim.
Koba rouba armas dos humanos. Planeja e executa um atentado contra Caesar. Tal qual o tiro misterioso que acertou Kennedy, toda a tribo de macacos vê Caesar ser atingido por um tiro. Koba ainda colocou fogo nas casas da tribo. E jogou toda a culpa nos humanos. Para a tribo, Caesar havia sido assassinado por humanos.

A tribo em frenesi ataca a colônia humana.

Os humanos que estavam na tribo dos macacos conseguem escapar. Encontram Caesar, que ainda está vivo. A médica do grupo precisava de instrumentos, que estavam na colônia. Eles, então, voltam para São Francisco.

Na colônia houve "o Confronto". Macacos montados em cavalos empunhando fuzis. Efeitos especiais, explosões, sangue por todos os lados.

Caesar conduz os humanos até a sua casa. A casa aonde o cientista o criou, lá no primeiro filme. O cara legal vai escondido até a colônia, que já está tomada por macacos. Os humanos que não morreram estavam presos, assim como os macacos leais a Caesar. Na saída, o cara legal encontra o filho mais velho de Caesar. O cara legal leva o filho mais velho de Caesar até a casa aonde o pai passará por uma cirurgia para extrair a bala.

O filho de Caesar volta para a colônia humana e liberta os macacos fiéis a Caesar.

E, no final do terceiro dia, Caesar-Cristo aparece ressuscitado para todos os Macacos.

Caesar confronta e mata Kobo.

No fim, a colônia havia utilizado suas poucas horas com energia elétrica para contactar via rádio outros humanos. E conseguiram falar com uma base militar. Os militares foram avisados do ataque dos macacos à colônia de São Francisco e estavam enviando reforços.

O cara legal e Caesar conversam na última cena. "Fuja, se esconda", diz o cara legal. Mas Caesar mostra toda a sua inteligência. Inteligência maior do que a de muitos humanos. Caesar diz que "foram os macacos quem começaram a guerra... e os humanos não vão perdoar..."

Quando eu via os filmes e os seriados antigos, eu não entendia toda a fascinação dos macacos por Caesar. Quer dizer... Eu sabia que os macacos tinham respeito por Caesar ter sido o primeiro de todos. Aquele que disseminou o vírus que deixa os macacos inteligentes. Aquele que começou a civilização dos macacos. Mas eu não entendia o porquê da veneração quase religiosa que Caesar recebia.

Agora eu fico imaginando o "macaco-comum". Aquele que foi testemunha do que todos viram. Caesar não só deixou os macacos inteligentes. Não só organizou sua tribo, dando bases para a sociedade dos macacos. Caesar é um personagem muito sensato. Muito bom. Inteligente demais. Diferentemente daquela vez em que Caesar atacou o vizinho do cientista sem pensar muito, agora Caesar aprendeu e evoluiu. Caesar consegue captar as intenções dos outros e planejar a longo prazo. Mas, mesmo assim, Caesar reconheceu que "acreditava demais nos macacos". Uma lição de moral, aonde vemos que o mundo não é dividido apenas em preto-e-branco. Há coisas boas aonde só vemos o mal e há coisas ruins aonde pensamos que o bem impera. 
Por fim... Poxa vida! Caesar "morreu" para todos os macacos da tribo! Eles não viram Caesar ser encontrado, operado e tratado por humanos. Só viram que, "depois de três dias" Caesar voltou e destituiu a liderança de Kobo.
Vemos, inclusive, que Caesar e mais alguns macacos são bem inteligentes e sensatos. Mas a maioria não é tanto. "Macaco só busca o galho mais forte..." disse Caesar. Eles seguem os indivíduos mais fortes... Assim como nós, humanos.


O filme acaba com Caesar certo de que os humanos virão caçar os macacos. 

Um aviso: Não há cena extra, pós-crédito, no Planeta dos Macacos 2: o Confronto.
Acenderam as luzes, pode ir embora.

O próximo filme?

Espero um "Planeta dos Macacos: a Guerra". Ou algo do tipo. Caesar como líder experiente da tribo, tentando salvar os macacos do extermínio. E, como já sabemos o final da história... Vencendo.

Mesmo com todos esses spoilers eu te digo: não falei um terço do filme. As emoções. Os macacos se esforçando para falar a língua dos humanos. As nuances de interpretação entre os sobreviventes, entre os macacos e entre as espécies.
É um filme majestoso. Uma contribuição muito bem feita a este universo ficcional.

Com certeza está no top-3 deste ano, junto com "Her" e com "Capitão América: o Soldado Invernal".

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