quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Green Day


Faz muito tempo que eu queria falar a respeito da minha banda favorita.
Porém, como em tudo o mais na minha vida, eu precisei de muito tempo para pensar, ponderar, até chegar a um pensamento que me parecesse definitvo.

Como diz o Flash em uma revista que tenho, "...eu raramente discuto se estou certo ou não; tenho auto-crítica e desapego suficientes às opiniões para reconsiderá-las a qualquer momento. Avalio todos os pontos de vista que me são expostos e peso o mais lógico, o melhor para todos, até que uma opinião melhor..."

Assim, falar de Green Day é uma coisa complicada.
Isso porquê o Green Day mudou. E mudou muito.

O primeiro CD (que conheço) deles é o 1,039/Smoothed Out Slappy Hours
É um álbum ruim. Particularmente, salvo 3 músicas. É um álbum totalmente punk. Parece quase uma mistura de Ramones com Gun's, revoltados com os pais e as namoradas.

O Segundo CD é o Kerplunk. Ótimo CD. Todas as faixas são viciantes. A música que mais gosto pertence a este álbum: Christie Road. Best Think in tonw, Dominated Love Slave, 2000 light years away, etc... Aqui o Green Day tomou corpo e jeito de banda grande. Teve identidade própria e deslanchou.

O terceiro CD é o Dookie. É, com certeza, um dos 10 melhores álbuns da história do Rock. Músicas fortes, marcantes. Há, pelo menos, 4 hinos do rock neste álbum. Longview (que veio do Kerplunk), When I come Around, She e o carro-chefe: Basket Case. Eu sou viciado em faixas "lado B", mas não tenho como não gostar dessas 4 "músicas modinha de rádio".


O quarto CD mostra um Green Day mais maduro. Em Imnsoniac, deixamos de ver os adolescentes revoltados com os pais e com a sociedade, e passamos a ver a história do início da sua maioridade. Esposas, filhos, início das preocupações com o mundo... Problemas para dormir. É um álbum ímpar.


O Quinto CD é o Nimrod. Não sei se o Imnsoniac desagradou tanto, mas o Nimrod parece ter sido feito com a receita do Dookie, porém, sem a revolta do Kerplunk. Homens mais velhos falando a jovens revoltados. Mesmo assim, é um excelente álbum. Nice Guy's Finish Last, Hitchin a Ride, Time of Your Life, entre outras, são músicas fantásticas.


O Sexto CD, Warning, mostra o passo a seguir do Imnsoniac. Adultos maduros, com preocupações com a sociedade. Querendo mostrar um caminho a ser trilhado. Em minha opinião, ficou levemente Pop.


Há um sétimo CD em que a banda parece ter "raspado o tacho" das letras do tempo de Adolescentes Rebeldes. Em Shenanigangs, o Green Day está mais pesado, mais divertido, mais "reclamão". Parece que este CD é a continuação do Dookie. Ha Ha You Dead é uma música injustiçada pelo pouco tempo de exposição. Seria hit fácil nas rádios. Infelizmente, Shenanigangs não foi trabalhado. Não houve turnê.


O oitavo CD saiu muito rápido, depois do sétimo. American Idiot é o fim da era de revoltas adolescentes do Green Day e o início das revoltas adultas. Há muitas boas músicas nesse CD, mas é o primeiro depois do Kerplunk em que há lixo também. As músicas parecem ter sido feitas "on-demand", por encomenda. Fecharam o álbum e correram para publicar. Muitas críticas à política norte-americana e às pessoas que apoiam ou são indiferentes.


21st Century Breakdown, o oitavo CD, não me convenceu. Sinceramente, não há uma faixa nova que me faça querer gastar com o álbum. É a dita "fase EMO" do Green Day. Maquiagens, discursos... "não é mais a mesma banda".

Bem, eu estava parado nesse pensamento por muito tempo. Desde American Idiot, eu não sabia o que pensar de Green Day. A banda que era a minha favorita estava - até hoje - descaracterizada. Não consegui abstrair uma explicação para continuar com uma banda que não era mais a mesma.

Bem, hoje eu li um comentário no YouTube que me fez pensar muito:

"To all the haters that are saying shit, like "they're not punk anymore" or sayings like that well I have a message:
PUNK is doing whatever the fuck you want. It's not going along the same narrow old path that has been set for you.
It's punk. You try new stuff, and experiment. You don't give a fuck what people think."

Traduzindo livremente, esse comentário diz:

"Para todos os odiadores que estão dizendo merda, como "eles (Green Day) não são Punk mais" ou coisas parecidas, eu tenho uma mensagem:
PUNK é fazer o qualquer merda que você quiser. Não está indo pelo velho mesmo caminho estreito que foi definido para você.
Isso é punk. Você tenta coisas novas, e experimenta. Você não dá a mínima para o que os outros pensam."

Bem. Quem me conhece sabe a minha ideologia e sabe que eu me considero um punk. Isso porque eu não sigo nada, não sigo ninguém. Sigo, apenas, o que está na minha cabeça. Eu mesmo crio os meus conceitos, eu mesmo crio o meu mundo e minha forma de ver as coisas. E não dou a mínima se "quem-quer-que-seja" não gosta ou tem algo contra.
Da mesma forma, não dou a mínima para o que as outras pessoas fazem ou deixam de fazer. Desde que não perturbem ou atrapalhem a liberdade dos demais, defendo que cada um possa fazer o que bem entender de sua vida.

Ideais de liberdade... Liberalismo.

"Posso não concordar com uma palavra do que você está dizendo, mas defendo até a minha morte o teu direito de dizê-las."

E é isso que o Green Day está fazendo. Eu havia perdido a admiração que tinha pelo Green Day porque achava que eles havia traído os seus próprios ideais, que haviam virado Pop. Porém, percebi que o que eles fizeram foi simplesmente mudar o foco, tentaram coisas novas. Nisso, mudaram de um foco que me agradava totalmente e passaram a outro foco em que muito mais pessoas gostam. Assim, para mim, acabou parecendo que o Green Day virou Pop, Mas na verdade, o Green Day apenas seguiu a diretriz Punk: Fizeram o que acharam melhor e não deram a mínima para o que as pessoas achavam disso.

É muito boom trocar idéias e fazê-las debaterem-se. Às vezes, só precisamos de uma "idéia-conectora", para chegarmos a conclusões e melhorarmos tudo.

Até hoje, me sentia órfão de "banda favorita".
Felizmente, uma frase me fez voltar a ter uma banda favorita.

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