quinta-feira, 3 de março de 2022

Sobre guerra na Ucrânia, viagens da minha cabeça e medo

Toda a tônica da guerra fria se criou sobre a falta de informação.

Desinformação, propaganda de guerra, espionagem e contra-espionagem.
Ninguém sabia ao certo o que "o outro lado" estava fazendo.
Ninguém sabia o real poder da URSS, tão pouco dos EUA.

Os EUA laçaram-se em guerra após guerra, abertamente, desde a segunda guerra mundial.
Coréia, Vietnam, Iraque, Iran, Afeganistão e eu tenho certeza que deixei de citar várias, aqui.
Bem ou mal, vimos demonstrações do poder norte-americano.

Não que a URSS não tenha participado de suas guerras, também.
Porém a URSS sempre atuou mais à distância, na cadeia de suprimentos e em operações pontuais, estratégicas.

De demonstração em demonstração dos dois lados, o fato é que as dúvidas do mundo apenas cresciam: qual é o real poder dos dois blocos?

A URSS se dissolveu, a Rússia "tomou conta" do poderio do bloco.
E apesar da guerra fria ter oficialmente terminado, todos nós ainda tememos aquelas velhas ogivas atômicas.

A Guerra na Ucrânia talvez seja o primeiro confronto aberto que a Rússia está engajando.
E, novamente, não sabemos se a Rússia está pegando leve, ou se é apenas incompetente.



E, nossa, não me entendam mal, eu juro que explico, mas eu tô torcendo para que a Rússia esteja apenas pegando leve.
A evidência que tenho disso? Os vídeos de soldados russos capturados na Ucrânia. Os ucranianos colocam os soldados em contato com suas famílias. E mais de um soldado já disse coisas como "não era só um exercício" para suas mães. Sim, dando a endender que nem os soldados russos estão cientes de que estão em uma guerra. Essa hipótese talvez até explique porque muitos soldados russos simplesmente abandonam seus blindados dentro da Ucrânia, não atiram em transeuntes ucranianos que os afrontam, etc...

Já da hipótese de incompetência, eu tenho como evidência a quantidade enorme de pataquadas russas até o momento. Poxa, entregaram rações de guerra para os soldados russos na Ucrânia com data de validade de 2015. Registrado em vídeo. Nem no mais leve exercício de guerra algo tão absurdo assim aconteceria. Bem, sejamos francos, um país com o poderio de guerra da Rússia jamais deveria deixar tantos dos seus veículos no front sem combustível ou simplesmente com manutenção fora de ordem.
E é aqui que mora o meu medo: o da Rússia mostrar para o mundo inteiro que é incompetente em guerras.

Sabe aquela história?
"Se você não falar nada, vão te achar idiota."
"Se eu falar, vão ter certeza."

Então. Enquanto a Rússia estava quieta, com operações pontuais, a falta de informação ainda se mantinha. E o medo do mundo aos dois blocos continuava existindo. Tínhamos certeza que se os EUA saíssem da linha, a Rússia interviria. E se a Rússia saísse da linha, os EUA interviriam.

Bem. A Rússia saiu da linha. E ao que parece, ogivas nucleares postas de lado, se os EUA se juntarem à Ucrânia a Rússia perde a guerra no mesmo dia.

Pode parecer maluco, mas não me agrada um futuro onde temos a certeza que o mundo não tem mais duas potências bélicas se vigiando.
E eu temo mais ainda um futuro onde o mundo passaria a pressionar a Rússia para retirar o poderio atômico, sob pretexto que a Rússia não possui condições de administrar tal arsenal.
E o vácuo de poder causado pela saída da Rússia da posição de superpotência me tira o sono, pois esse vácuo atrai outros players a se armarem para preencher a posição de antagônicos aos EUA.
Mas o que me dá pesadelos é pensar que ninguém entre nesse vácuo. Porque, se é péssimo ter duas superpotências em constante estado de ameaça de guerra nuclear, ter só uma potência nuclear no mundo é o caminho aberto para uma ditadura global.

Bem. Eu falei lá em cima que isso tudo é viagem da minha cabeça.
Um monte de abobrinhas em exercício de futorologia.
Tô eu, aqui, gastando todo o meu poder de adivinhação na geopolítica global, em vez de adivinhar os números da Mega-Sena.

Veja bem o quê o medo faz conosco, né?

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