quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Às Frutas!


Há muito tempo tenho essa idéia na cabeça, mas não consigo expressá-la, sem me sentir ofensivo.
Até que me enviaram essa história, que me ajudou a ilustrar o que penso:
Não sei se é verdade. Não sei se é spam.

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Saiu numa edição do Financial Times .Uma jovem mulher enviou um e-mail para o jornal a pedir dicas sobre "como arranjar um marido rico". 
Contudo, mais inacreditável que o "pedido" da rapariga, foi a resposta do editor do jornal que, muito inspirado, respondeu à mensagem, de forma muito bem fundamentada. 


E-mail da rapariga: 
"Sou uma mulher linda (maravilhosamente linda) de 25 anos. 
Sou bem articulada e tenho classe. Quero casar-me com alguém que ganhe no mínimo meio milhão de dólares por ano. Há algum homem que ganhe 500mil ou mais neste jornal, ou alguma mulher casada com alguém que ganhe isso e que me possa dar algumas dicas? 
Já namorei homens que ganham por volta de 200 a 250 mil, mas não consigo passar disso. E 250 mil por ano não me vão permitir morar em Central Park West. 
Conheço uma mulher (do meu grupo de ioga) que se casou com um banqueiro e vive em Tribeca! E ela não é tão bonita como eu, nem é inteligente. 
Então, o que é que ela fez que eu não fiz? Qual a estratégia correcta? Como chego ao nível dela?" 
Raphaella S. ) 
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Resposta do editor do jornal: 
"Li a sua consulta com grande interesse, pensei cuidadosamente no seu caso e fiz uma análise da situação. 
Primeiro, eu ganho mais de 500 mil por ano. Portanto, não estou a tomar o seu tempo à toa... 
Posto isto, considero os factos da seguinte forma: Visto da perspectiva de um homem como eu (que tenho os requisitos que procura), o que oferece é simplesmente um péssimo negócio.
Eis o porquê: deixando o convencionalismo de lado, o que sugere é uma negociação simples, proposta clara, sem entrelinhas: Você entra com a beleza física e eu entro com o dinheiro. 
Mas há um problema. 
Com toda a certeza, com o tempo a sua beleza vai diminuir e um dia acabar, ao contrário do meu dinheiro que, com o tempo, continuará a aumentar. 
Assim, em termos económicos, você é um activo que sofre depreciação e eu sou um activo que rende dividendos. Você não somente sofre depreciação, mas sofre uma depreciação progressiva, ou seja, sempre a aumentar! 
Explicando, você tem 25 anos hoje e deve continuar linda pelos próximos 5 ou 10 anos, mas sempre um pouco menos a cada ano. E no futuro, quando se comparar com uma fotografia de hoje, verá que se transformou num caco. 
Isto é, hoje você está em "alta", na época ideal de ser vendida, mas não de ser comprada. 
Usando a terminologia de Wall Street, quem a tiver hoje deve mantê-lac omo "trading position" (posição para comercializar) e não como "buyand hold" (comprar e manter), que é para o que você se oferece... 
Portanto, ainda em termos comerciais, casar (que é um "buy and hold") consigo não é um bom negócio a médio/longo prazo! Mas alugá-la, sim! 
Assim, em termos sociais, um negócio razoável a ponderar é, namorar. 
Sem ponderar... Mas, já a ponderar e, para me certificar do quão "articulada, com classe e maravilhosamente linda" você é, eu, na condição de provável futuro locatário dessa "máquina", quero tão-somente fazer o que é de praxe: fazer um "test drive" antes de fechar onegócio... podemos marcar?" 
Philip Stephens, associate editor of the Financial Times - USA )
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Bem.
Como disse antes, já tenho uma idéia formada a respeito disso, faz tempo.
Aproveito-me das mulheres-frutas para a analogia, muito embora a mais correta seria, mesmo, chamá-las de mulheres-flores.
Mulheres são como frutas, mesmo.
Nascem verdes. Nem é necessário dizer que não são próprias para o consumo. Algumas até são venenosas nessa etapa.
Começam a amadurecer e já existem consumidores que as arrebatam nesse estágio.
Amadurecem e permanecem nesse estágio por algum tempo, lindas, vistosas.
Mas, como toda boa fruta, o estágio do amadurecimento passa. E elas começam a se deteriorar. Um roxinho, uma doença... Rugas...
E, assim como frutas, basta uma maçã podre no cesto, para acelerar o processo de todas as demais. Chama-se moda, sabe?
Passa-se mais algum tempo até que estejam em um ponto impraticável para consumo direto. Então, só com muitos artifícios (fazer geleias, sucos, passas, maquiagens, plásticas, etc...) para poder ser consumida.
Por fim, resta, apenas a podridão.

E este processo se equivale tanto porque as próprias mulheres se deixaram objetificar.
Entraram na roda-viva do capitalismo e notaram que os homens cobiçam algo que elas têm (como se elas próprias não cobiçassem o que os homens têm). Como todo bom produto, quanto maior a procura, maior o valor. Não é de se estranhar que a prostituição seja considerada a "profissão mais antiga do mundo" (muito embora não seja...).

Insisto na minha já marcada preocupação: estamos nos segmentando sistematicamente, ao invés de nos preocuparmos em sermos PESSOAS melhores, estamos nos preocupando em sermos homens, mulheres, heterossexuais, homossexuais, negros, brancos, índios, gaúchos, brasileiros, ricos, pobres, classe-média, profissionais, etc, etc, etc... melhores...
Com esse nível de competição entre nós, é impossível termos uma sociedade justa, como todos mentimos que queremos.

Fico triste em ver essa comercialização dos relacionamentos. O Romantismo se empenhou - por tanto tempo - em acabar com os casamentos arranjados, políticos, com o "dote" e outras besteiras instituídas por séculos, para nos dar a chance de nos relacionarmos pelo sentimento, pela compatibilidade, em busca de felicidade.

Mas, pelo visto, hoje em dia, felicidade é só ostentação.

A minha, bem madura, por favor. Gosto de frutas doces e macias.

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