domingo, 18 de setembro de 2011

17/09/2011

Bem, as pessoas não querem conversar.
Ou, simplesmente, acham que "conversar" possa ser:
1 - Gritar.
2 - Fantasiar sobre a realidade, ignorando os fatos e argumentos de outrém (NOVELA).

Conversar nada mais é do que manter a calma e raciocinar a respeito da situação, ouvindo e falando de acordo com que as partes mencionam.

Aqui, quero deixar claro os meus motivos, coisa que não consigo fazer em frente à Luciane, pois esta interrompe e, simplesmente, não escuta o que lhe é dito. Prefere sua visão pessoal do assunto (seus "achismos") do que ouvir as razões que estão lhe colocando. Pessoas chatas essas que sempre acham que "tem algo por detrás de tudo". Quanto ao Osmar, "ser homem" é conversar. Saber se controlar. PENSAR PRIMEIRO e FALAR depois. Desculpe, mas a ceninha feita, ontem, é coisa de piá. Piá de favela.

Bem. Meus motivos para ter brigado com a Mariana na última semana:

Não estava me sentindo bem faz tempo. Com meu primeiro salário, já conseguíamos nos mexer. Com meu segundo salário, em POA, já conseguia investir, guardar, pagar contas. Com meu terceiro salário, já aqui em NH, minha meta era audaciosa. Ganhando mais, poderia, enfim, constituir o meu patrimônio, coisa que sinto falta, faz tempo.
Seis meses se passaram e NADA, do que EU queria, consegui. Sinceramente, a minha situação somente estava ficando mais e mais apertada! Caramba! Ganhando mais e me enterrando? COMO?
O problema é simples. Infelizmente, a Mariana não tem estrutura para ter um relacionamento sério, estável. Ainda hoje, ela coloca os seus desejos em nível de necessidade, sempre acima de todos os demais. E não adianta dar dicas, não adianta falar abertamente, não adianta discutir, não adianta brigar. O que ela quer é o que deve ser feito e ponto final! Fruto de uma "educação" dada à ela, onde ela pode tudo o tempo todo.
Eu já estava - a tempos - pedindo para ela "cuidar" mais. Não só de mim, pois eu noto o quanto ela sacrifica a todos em sua volta. Faz gato e sapato de sua mãe e, juntas, "engambelam" seu pai.
Por muito tempo, desculpei esse comportamento e tentei incutir valores melhores. Valores de conversa para tomada de decisões, de preocupação, de cuidados, de coletivismo. Em vão. Não fui bom o suficiente para isso. Também pudera, complicado pedir o correto e difícil se, a dois cômodos de distância, há a oportunidade de continuar no errado e fácil. Se eu digo um "não" a um capricho dela, ela vira as costas e pega do seu pai. Muitas vezes com conivência de sua mãe.
Muito embora eu precise de óculos novos (o meu está guenzo desde um tapa levado da Mariana ainda lá na praia, com receita de 2005, e já muito arranhado, o que compromete diretamente a minha capacidade de enxergar as coisas e, inclusive, trabalhar), de um tratamento odontológico (nem me recordo mais quando foi que eu fui a última vez no dentista) e de outras coisas básicas, como sapatos, vestuário, etc... , eu passava por cima destas coisas para dar à Mariana os seus caprichos. Porém, nunca era retribuído.

Aliás, o meu descontentamento na última semana se deu porque eu percebi que o problema não era só quando se tratava de dinheiro. A Mariana não fala comigo. Nunca falou. Pergunto à ela, todos os dias, "como você está?" e recebo respostas como se tivesse cumprimentado um estranho na rua: "tudo bem!". Sempre!

Para ela, é muito mais fácil ir conversar com sua mãe, do que se abrir comigo. Essa situação causa um desconforto muito grande em mim, que nunca sei o que ela está fazendo, está pensando, está projetando... Acabo ficando sem saber o que acontece no seu mundo. E isso causa silêncios constrangedores entre nós dois. Nossa relação estava "evoluindo" para uma situação onde só éramos parceiros para sexo e para que eu pagasse as contas dela. Só.
Quando ela se sentia mal com algo, não me falava, fingia que estava tudo bem e corria para sua mãe. Conversavam, tinham suas idéias e eu era, somente, comunicado do que aconteceria. Como na semana anterior à da briga, em que eu fui avisado, pela Luciane, que "a Mariana quer galetos nos Domingos". Não participei de conversa nenhuma. Não dei minha opinião. Não fui levado em consideração. Mas a Mariana decidiu que eu passaria a comprar galetos para os Domingos. Sinceramente, não falei nada na hora porque a idéia é - realmente - boa. Só não entendo a minha exclusão do processo. De todos eles, para dizer a verdade. Chamei o cara para ver as telinhas no meio da semana sem avisar ninguém, e notei a estranhesa na cara de todo mundo. Porque não acham que o contrário não ocorre? Afinal, são tão bons em supor as coisas, o óbvio não passa pela cabeça?

Bem, eu sou um homem. 28 anos, atrazados por estar em um fim de mundo, com pai e vó cujas boas-intenções levam-nos a crer que o melhor para mim é ficar confinado em uma bolha, para me protegerem do mundo.
Quando notei que estava rumando para este mesmo ponto, me apavorei. 12 horas trabalhando, 4 horas em casa, largado de lado (eu não vou para o computador por vício, vou por não ter mais nada o que fazer... Não gosto de novelas, TV em geral e nunca tive muito o que conversar com a Mariana... Que tinha um treco caso eu disse que queria sair sozinho nos finais de semana, mas que só saía comigo depois de muita briga, ou por interesse dela!)...

Eu sou uma pessoa que precisa de certa coisas, que a Mariana deveria prover, mas que não faz.
E, por amor a ela, eu passei por sobre essas várias coisas, dia após dia.

Tenho minhas manias, tenho minhas necessidades. Todos têm e isso não é crime para os outros.
Nunca gostei que se esparramassem na minha cama. Renato, lá de Criciúma, sabe bem disso.
Eu demoro no banho. Mas ía o mais rápido possível para não demorar. Coisa que já tinham me dito que o Osmar não gosta. Ficava constrangido quando tinha que fazer a barba, porque demorava. Cansei de fazer a barba na pia, para não ficar em baixo do chuveiro.
Eu gosto de tocar violão. Nunca sei se estou incomodando ou não.
Gosto dos meus objetos pessoais. Chame de egoísmo, do que quiser, mas eu gosto de mantê-los perto de mim, uso exclusivo. Mania boba, idiotice? Talvez. Mas é uma coisa minha.
Isso entre tantos outros pontos que vivia me controlando, vigiando, relevando... E isso valia a pena enquanto eu acreditava que a Mariana iria - um dia - olhar para mim. Me respeitar, como eu sempre respeitei ela.

Quando ela foi, sozinha, mudar os planos que tínhamos já feito, fiquei chateado. Demais. Ela preferiu - novamente - fazer planos com sua mãe do que comigo. Custou muito à ela, subir as escadas e falar duas palavras comigo. E isso... bem, maxucou demais. Eu ia relevar. Ia deixar para lá. Mas fui golpeado por 4 vezes. Após, sua mãe sobe e, totalmente DE METIDA passa a falar BARBARIDADES, sem pensar e sem saber o que estava acontecendo. Como perfeita "maroca", meteu-se em assunto de "marido e mulher". Não o bastante, ainda tive que escutar gritos do pai dela. Fosse eu um descontrolado tal qual ele, teria feito uma carga e jogado-o escadaria abaixo. Sorte que EU tenho controle o suficiente para escutar desaforos e, mesmo assim, manter-me na razão. Mas eu sei como é difícil para alguém que escuta rádio o dia inteiro e se acostumou a pensar pelas palavras de jornalistas. Quando seu raciocínio é exigido, não há uma vozinha para auxiliá-lo. Aí, passam-se MESES para que possa tomar uma decisão, e acaba precisando que outra pessoa viaje meio mundo para disferir meia dúzia de palavras. Dados são diferentes de informações e, ambos, são diferentes de conclusões. 15 segundos de internet e qualquer dado pode ser alcançado.

Então, saí de "casa". Confesso que era mais cômodo. Mas, para mim, era a comodidade de uma prisão. Comida, roupa lavada, cama, banho... Tudo institucionalizado. Desculpe, já saí da casa da minha avó por não aceitar isso. Aceitei por muito tempo porque acreditei na Mariana. Mas, depois de tudo, não valia mais.

Agora, não tenho mais um milhão de idiotices para pagar. Posso guardar dinheiro.
E vamos combinar: eu sei lidar com as minhas finanças, quando estou sozinho. Sempre soube. Diferente de outras pessoas, que estão levando à falência um negócio que criou e sustentou uma família com mais de 10 pessoas. Que não imaginam o que seja "tendências de mercado", "previsão de estoque fututo", "fluxo de caixa" ou, simplesmente, contabilidade básica. Pior, sabem que há uma pessoa ali, parada, que pode arrumar os números do barraco, mas só pedem ajuda a ela para ensacara lenha ou para ficar de vendedor. Tsc, tsc...

Quando saí de "casa", disse que não queria mais a Mariana. E, sinceramente, ainda é verdade. Do modo que está, não quero. Não quero ter minha casa e levar para lá um monstrinho egoísta, que vai exaurir minhas forças, sonhos, planos e projetos.
Só que eu já senti isso na pele. Quando a Amanda de deixou, sofri muito. Esse sofrimento me ajudou a abrir os olhos e a mudar muita coisa em mim mesmo. Mudei para melhor, me tornei a pessoa que ela disse que eu não era. E não tive chance de mostrar isso. Achei muito injusto. E estou dando essa chance à Mariana. Infelizmente, embora ela me queira perto, ela não demonstrou mudanças nessa semana. Fico com medo de representar apenas mais um capricho dela. Algo pelo que ela bata o pé e, depois de birra, tenha. Mesmo que seja para jogar fora, depois de tudo.

E é essa a situação que estou vendo. Posso estar errado em tudo. Mas é o que eu estou sentindo.
Na minha razão, prefiro jogar fora estes anos passados, para que cada novo segundo não seja disperdiçado no mesmo erro.
Vou juntar meu dinheiro, buscar minha casa, ter minhas vida. Ser um homem.
Se ela estará ao meu lado ou não, isso só ela própria poderá garantir, mudando o comportamento dela e vindo a ser uma adulta de verdade, não essa eterna adolescente.

Um comentário:

  1. Cara, não sei se isso foi um desabafo ou um texto inventado, mas ficou muito bom... "Mudei para melhor, me tornei a pessoa que ela disse que eu não era!". Legal demais...

    ResponderExcluir