Meu pai conta uma história. Pesada para os padrões de postagens que eu faço, mas a história é dele.
Conta o Sr Meu Pai que até a adolescência ele ficava maravilhado com a "aura" que as grávidas emanavam. Assim como toda a sociedade, Sr Meu Pai via as grávidas como pessoas abençoadas, quase mágicas. Cercadas de uma mística profunda, oriunda "dos mistérios da vida".
Então o Sr Meu Pai descobriu que, para engravidar, uma mulher precisa fazer sexo. E não qualquer sexo; existem mulheres que precisam tentar várias técnicas, trepam por meses a fio, até que conseguem "embuchar".
Sr Meu Pai diz que, desde esse momento, ele olha grávidas e só consegue pensar "ah safada!"
Pois bem.
ANTES da minha opinião, que fique claro que eu tenho professoreS na minha família. Na minha casa. Não uma, não duas, mas VÁRIAS. E não são parentes longínquas, não. Minha avó, com quem morei por muitos anos, não só foi professora como seguiu carreira até chegar à secretaria da educação do RS. Tá pensando que é pouca merda?
Eu mesmo já pisei em sala de aula para passar conteúdo para outras pessoas.
Portanto, não pense que a opinião que eu vou expressar carece de fundamento. Eu sei muito bem aonde eu tô pisando.
Posto isso tudo... A sociedade insiste em criar uma "aura" de "amado mestre" para todo professor. Desde que eu me conheço por gente, "professor" é algo tido como sagrado. Alçado a "educador", essas pessoas que se prestam a repassar conteúdo são quase deuses.
Mas eu cresci. Passei a olhar o mundo com mais cuidado. A ler um pouco mais sobre outras culturas, a entender como se formam esses mitos.
E olha: essa "aura" de que "todo professor é especial e merece o máximo" é um MITO. Dos brabos. Dos fedidos. Daqueles que tu derruba com meio minuto de pensamento lógico.
EVIDENTE QUE, assim como todo desvio padrão, existem os prováveis e os possíveis outlines, criando professores-monstros do lado ruim do sino e professores-perfeitos nos desvios positivos.
Mas o sino em si? Pff... Moda, média e mediana estão (e sempre estiveram) muito abaixo da satisfação mínima.
Por muito tempo eu acreditei que esse fenômeno era causado pelos baixos salários e incentivos aos professores da rede pública. Se você é um excelente professor e pode ganhar "R$1000" para dar aulas ou "R$5000" para aplicar seu conhecimento em uma empresa, aonde você gastará seu tempo?
É, né? Eu também aplicaria meu tempo e conhecimento na empresa.
Com a vaga de professor desvalorizada, os melhores professores ficam longe das salas. E a vaga fica disponível para "professores nota 9". Se esses não assumem a vaga, a vaga fica com os "professores nota 8". "7". "6". "5". "4"...
Eu jurava que era isso que acontecia. Mas isso não é lá muito verdade, não.
No Brasil, segundo o governo do PT, se cada pessoa da sua casa tem sozinha para gastar R$1500/mês, sua família já é de classe alta. Uma casa com 3 pessoas (pai, mãe e filho) que tenha uma receita combinada de R$4500 já podem ser considerada de "uma família de classe alta".
No mesmo Brasil, segundo um levantamento junto aos governos estaduais, a média salarial de um professor que trabalha 40hs/semana fica entre R$3.802,09 (MT) e R$1.917,78 (SC).
Se esse "professor médio" mora sozinho, já pode ser considerado "classe alta". Se esse mesmo "professor médio" tem um "por fora" (quem não tem, hoje?) talvez possa ser um pai/mãe solteiro e, ainda assim, ter uma família considerada "classe alta". Se esse mesmo "professor médio" tem um cônjuge que recebe igual ou mais, provavelmente essa família pode estar dentro do grupo dos 10% mais ricos do Brasil.
Realmente o mercado paga mais do que o valor médio pago para professores na rede pública. Mas o valor pago a estes funcionários públicos não é desprezível. Há vários mitos atrás da choradeira dos professores. "Salário de fome" não é bem assim. "Jornada castigante" também não é inteiramente verdade. "45 dias de férias não são tudo isso!" - mas são 15 dias a mais do que TODOS os CLT.
E eu vou contar que todos esses benefícios estariam plenamente justificáveis CASO o rendimento desses professores fosse alto.
Mas o RESULTADO MÉDIO do trabalho dos professores brasileiros é... constrangedor. (Sim, eu usei eufemismo.)
Em 2012, segundo uma famosa pesquisa da Universidade Católica de Brasília, 54% dos universitários das 800 maiores universidades do Brasil eram ANALFABETOS FUNCIONAIS.
Pessoas que leem, escrevem... mas são incapazes de interpretar o que está sendo dito. Para essas pessoas, esse textão inteiro não quer dizer absolutamente nada.
Bem... dê uma olhada na qualidade das letras da música pop brasileira desde o meio da década de 90 pra cá. Ali tu vai notar o resultado da educação no brasileiro. Em cada um. Tanto no infeliz que escreve o funk da moda... quanto na legião que escuta essas porcarias monossilábicas e acha o máximo.
Mas então aparece o ~argumento~ do sucateamento das escolas. Falta de material didático. Falta de incentivo e aprimoramento para os professores.
EU SÓ ACHO ENGRAÇADO QUE... na já tradicional greve anual dos professores, a reivindicação sempre é apenas por mais salário. Não vemos faixas de professores em greve exigindo laboratório de química, física e biologia. Não há piquetes protestando por falta de apoio e organização de olimpíadas de matemática, por verbas para atividades extra-curriculares de artes, esportes e disciplinas técnicas. NENHUM sindicalista usa o microfone para pedir por melhorias NAS instituições.
Não.
Muito pelo contrário, toda semana temos exemplos de professores usando seu tempo de aula para dar palestras sobre seus conteúdos preferidos, em vez de apresentar as matérias e deixar que os alunos pensem sobre elas.
Chega ao cúmulo de vermos casos de professores OBRIGANDO alunos a se juntarem às manifestações que defendem, sob pena de não ganharem nota e ficarem de recuperação.
Chega ao cúmulo de vermos casos de professores OBRIGANDO alunos a se juntarem às manifestações que defendem, sob pena de não ganharem nota e ficarem de recuperação.
Bem, tem uns três anos que eu discuti com um professor aqui no facebook. Eu dizendo que o papel do professor - nesse mundo moderno de conteúdo instantâneo no google - é instigar a curiosidade do aluno para que ele pesquise sobre o assunto... E o professor dizendo que não; o papel do professor é o de mostrar "o que é certo e o que é errado".
Ou seja: eu defendendo a disseminação da vontade de aprender... e o infeliz que tá em sala de aula com o seu filho, defendendo doutrinação.
Hoje mesmo eu vi uma hashtag aqui no Facebook. Docentes do IFSC dizendo com todas as letras que a PEC 241 vai destruir a educação no Brasil. Que estipular um teto para os gastos fará com que nenhum dinheiro vá para educação, deixando o povo burro.
Bem, mais burro do que essa ~informação~ ninguém pode ser. Então, talvez até mesmo esse futuro balizado em mentiras seja melhor do que a realidade de hoje.
Não, amigos. Eu consegui me libertar do mito da "aura do professor-mestre".
Não existe. Nunca existiu.
Agora eu olho para professores e apenas vejo pessoas falhas, como qualquer um de nós. São pessoas com agendas de ideais. Para os quais demos TEMPO e NOSSAS CRIANÇAS como platéia.
"Profissionais" que estudaram a vida inteira para sair da sala de aula e entrar na sala de aula. Geralmente sem O MENOR conhecimento do mundo real, do mercado e da mecânica sobre "como as coisas funcionam".
(Eu mesmo: era o melhor aluno em Engenharia de Software. Só tenho 10 naquela porra. Saí da faculdade enchendo a boca pra falar que eu era bom em engenharia de software. No PRIMEIRO caso concreto que eu precisei desenhar um "esquemograma", demorei horas, não saiu NADA de produtivo e eu precisei pedir ajuda pro cara mais velho da empresa...)
Parabéns para professor?
Posso dar parabéns, sim. Frio, distante, por mera formalidade.
Assim como damos parabéns para os profissionais de saúde no dia deles, para secretárias, para qualquer outro. "Parabéns aí por existir".
Mas esse parabéns em devoção que vocês prestam todos os anos?
Para esse povinho medíocre que está fazendo um trabalho risível e entregando um resultado prejudicial para o país?
Bem, seus professores podem não ter ensinado vocês a pensar e refletir sobre as coisas. Mas eu convido vocês a pesarem os prós e contras antes de sair falando qualquer asneira.
Ps: Sim, eu adoro muitos dos meus professores. Professora Madalena de Matemática, lá do Heriberto Hülse, por exemplo. Mas eu cresci, sabe? Agora eu sei separar o emocional do racional.
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