segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Furacão Matthew no Haiti

Vamos pensar só um pouquinho?

Olhe essa imagem e me diga o que tem de errado com ela.


A péssima construção gramatical das frases? Hum. Incomoda um pouco, mas não é isso.

A hipocrisia das pessoas? Talvez. Mas mesmo assim mal arranha o problema real.

Vai parecer maluco o que eu vou falar, mas... 

Experimentem TIRAR a "ajuda humanitária" permanente do Haiti. Só assim vocês verão gradualmente aquele lugar começa a andar nos eixos, novamente. 

Ficar mandando coisas "de graça" para qualquer país quebra a cadeia econômica do local. Acontece na África, na Ásia, no Haiti e em qualquer lugar aonde exista ajuda permanente: pra que as pessoas se esforçarão para trabalhar, ter dinheiro e comprar bens e serviços, se existe distribuição de alimentos/remédios e tropas do exterior provendo desde os serviços mais básicos até os que não são tão necessários? 

Na Etiópia, por exemplo, o milho europeu (que governos europeus subsidiam e compram o excesso de produção...) é distribuído para a "população carente". A população não precisa comprar milho em mercado. Sem compradores, os poucos fazendeiros etíopes vão à falência. Esses poucos fazendeiros acabam endividados, forçados a vender suas terras para pagar o que devem. No fim esses fazendeiros etíopes tornam-se, eles próprios, em necessitados que recebem milho, também. 

Eu sou muito a favor da ajuda em momento de calamidade. Eu sou mau, mas não tanto assim.
Poxa, aconteceu uma merda qualquer, é HUMANO que você leve o mínimo de conforto e dignidade para quem foi afetado pela má sorte.
Mas transformar o "apoio em momento difícil" em "ajuda permanente" mantém a população permanentemente na pobreza, dependendo da ajuda exterior. É o caso clássico de "morrer da cura". Literalmente estão "afogando a pessoa que estava morrendo de sede".

Fazer um plano para cortar doações é cruel em curto prazo, sim.
Mas fomentar o mercado interno é a única solução para tirar países da pobreza a longo prazo.

Ainda mais no Haiti, um país que se encontra no CARIBE, poxa vida. Com o mínimo de esforço o povo de lá pode transformar a metade da ilha deles em um paraíso turístico na Terra. Mas sabe como é... "ajuda humanitária" é uma indústria que movimenta milhões todos os anos... E essa indústria só consegue se manter funcionando se existirem miseráveis para "serem ajudados" às custas da exploração do sentimento de culpa de quem batalhou e conquistou um pouco de conforto para a sua vida.

E tem um jeito de você notar essa exploração.
Tão vendo que eles só estão falando dos mortos no Haiti?
Então. O Haiti DIVIDE uma ilha com a República Dominicana. República Dominicana que, inclusive, está na parte da ilha que ficou "mais próxima" ao olho do furacão Matthew. Ou seja: um lugar que TAMBÉM foi severamente atingido.

Pessoas também morreram na República Dominicana. Prédios foram destruídos, o mar avançou sobre cidades costeiras... O furacão assolou a República Dominicana assim como atingiu o Haiti.
Porque ninguém fala nada sobre a destruição na República Dominicana? 
Ah! Claro! Porque ali tem um mercado definido, exploração comercial do turismo, as pessoas têm renda, têm mais dinheiro, têm melhor infra-estrutura, as casas sendo melhores não desabaram sobre a cabeça das pessoas, menos gente morreu etc, etc, etc...
Mas, principalmente: porque a República Dominicana não possui a indústria da ajuda humanitária.

Assim, não há porquê jogar imagens da destruição das cidades dominicanas na nossa cara. Não há necessidade de criar comoção, mesmo porque não existe uma estrutura para receber e usar o possível dinheiro doado nesse país.

Sempre... Sempre que você ver uma imagem com pessoas necessitadas sendo ajudadas por algum grupo que te pede dinheiro... SEMPRE veja a pessoa que está "ajudando" como um duplo explorador. Essa pessoa está explorando a miséria alheia para te fazer sentir mal e explorar o teu sentimento de culpa para conseguir a tua doação. E esse dinheiro que você doar servirá para manter A ORGANIZAÇÃO que está prestando a ajuda humanitária, não AS PESSOAS QUE PRECISAM.

Caramba, desde que eu me conheço por gente tem ajuda humanitária na Etiópia e na Somália. São mais de 30 anos de organizações e países provendo toda sorte de "ajuda" para esses países. Que eu lembre, o Haiti recebe "ajuda humanitária" do Brasil desde meados dos anos 90. Lá se vão 20 anos que o Brasil está "ajudando" aquele país.
Você jamais se perguntou se uma ou duas gerações não são tempo suficiente para reconstruir um país? Já correu mais tempo do que o necessário para garantir alimentação de todo um grupo de crianças até que eles se formem em colégios e possam, eles próprios, prestarem os serviços e produzirem os produtos que o país deles necessita. Porque DEABOS esses países parecem MAIS POBRES agora do que quando os grupos de "ajuda humanitária" chegaram neles?

Novamente: eu acho importante doar no momento de calamidade. HOJE o povo do Haiti está precisando reconstruir o país deles e precisa de água, comida, etc... HOJE. Eu não vou deixar links aqui para você clicar e doar. Entre no Google, digite "doar para ajudar o Haiti" e faça sua doação para o grupo que você achar melhor. HOJE. Mas, por favor, não doe ingenuamente, achando que seus 10 pilas resolverão todos os problemas da metade daquela ilha. Pense na causa e na consequência dos seus atos. Pense a longo prazo.

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