A matemática é algo impressionante.
Quem me acompanha de perto sabe que eu coloquei embaixo do braço as estatísticas do COVID19 e tomo decisões baseado nos fatos, dados e números apresentados.
Porém...
Quem usa método científico não tem compromisso algum com nenhuma hipótese e o compromisso com qualquer teoria acaba na hora que ela se revela errada.
Esse vídeo de distribuição estatística acabou de abrir meus olhos sobre o cálculo do "pior caso possível". E da forma como foi apresentado, também me abriu os olhos sobre ROI de projetos de TI. Vê se pode!
Porque, veja bem, o pico da peste negra terminou há séculos, mas ainda temos casos de pessoas que contraem e morrem da doença. Tecnicamente, a doença não foi erradicada, como conseguimos com a varíola, por exemplo. Por causa do fator tempo, o "rabo" da curva da peste negra, mesmo com incidência próxima a zero, acaba acumulando casos suficientes para forçar a média para o início da curva da doença.
Em uma visão comercial, um produto que realmente atenda às necessidades dos clientes cria um "rabo" perene. Não me deixam mentir a Coca Cola, OMO e tantos outros produtos consagrados que atendem nossas necessidades há quase dois séculos.
As novas vendas no "rabo" da curva, por menor que sejam, empurram a média de receita daquele produto cada vez mais para o início da curva.
Pegando o exemplo histórico da Coca-Cola, se fossemos calcular o ROI dela HOJE, qualquer um iniciaria o projeto, mesmo com a previsão de vender apenas uma garrafa no primeiro mês. O ROI seria negativo, mas nós sabemos que com o tempo a receita explodiria e seria uma das empresas mais estáveis da história.
Porém, nesse primeiro mês, o pessoal lá no início da Coca-Cola não sabia sobre o futuro. Se você voltasse no tempo e mostrasse o cálculo de ROI apenas com os ganhos de uma garrafa vendida nesse primeiro mês, nenhum deles continuaria no negócio. O cálculo mostra claramente que não haveria como pagar os custos do primeiro mês do projeto de produção. O gestor tradicional não começaria o projeto Coca-Cola e o mundo seria totalmente diferente.
Portanto, quando começamos uma empreitada, o foco em um produto que seja estável no mercado durante o tempo é mais determinante para o sucesso do projeto do que a receita que supomos que o produto vai gerar.
E, agora falando de gestão ágil, o sucesso financeiro da empresa depende da capacidade em manter os custos abaixo da receita, e não da busca desenfreada por receita, como os unicórnios geradores de bilhões em "uma semana" e que - quando conseguem - desaparecem na semana seguinte.
Voltando para a visão da pandemia, o sucesso na batalha contra o COVID19 é erradicá-lo o mais rapidamente possível. Assim, cortamos o "rabo" da distribuição da doença.
Como? Diminuindo a contaminação ao máximo possível.
Use máscara.
Lave as mãos.
Saia de casa somente quando necessário.
Na rua, mantenha-se há um metro de todos à sua volta.
E, pelo amor de Deus, gestor tradicional, abandone tuas planilhas de Return of Investment. Elas são inúteis para produtos realmente bem construídos, porque você não vai conseguir prever todo o tempo que seus produtos estarão gerando receita. Logo, o fator decisivo para iniciar o teu projeto não é "se ele vai gerar receita logo" mas, sim, "se o produto realmente atende às necessidades do cliente através do tempo".
É por isso que ainda temos tantos sistemas feitos em COBOL, FORTRAN, etc... em áreas críticas da nossa economia. Esses sistemas foram bem feitos e atendem às necessidades dos clientes. Cliente satisfeito continua pagando. E esse "continua pagando" estende o "rabo da curva" da vendas, gerando uma receita que NENHUM estudo de ROI jamais conseguiu prever.
A dica de ouro é: passem a usar Lean e Kanban para cortar ao máximo os seus custos, mantendo qualidade. O sucesso da tua empresa não está em quanto o seu projeto vende, mas em garantir qualidade do produto mantendo os custos do projeto abaixo da receita da venda do produto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário