Se você não gosta de capitalismo, ou você é um inútil, ou você não entendeu como o capitalismo funciona.
Fim da frase contundente, criada para chamar a sua atenção, te deixar irado e continuar lendo o meu texto.
Mas sabe o que vai te deixar realmente irado?
Essa frase que eu escrevi é real.
Antes do dinheiro - capital - quando você queria algo, você precisava trabalhar e consumir o seu trabalho, quase que imediatamente.
Você precisava caçar para comer.
Você precisava construir sua casa com as suas mãos para morar.
Você precisava cerzir suas roupas para vestir.
E se você quisesse algo que você não consegue fazer, você dependia de algum tipo de troca para consumir essa coisa que você não consegue produzir. Mas a troca tem um problema: a outra pessoa precisa querer algo que você pode oferecer a ela. Eu, Arthur, não sou grande fã de melancias. Até como, mas de longe não é minha fruta predileta. E eu desenvolvo softwares. Se um produtor de melancia quiser um software que eu faço, ele terá que me oferecer muitas melancias pelo meu software. E como eu não me interesso tanto por melancias, eu não iria querer fazer a troca. Eu teria que dizer ao produtor de melancias que me interesso mais por gibis de super heróis. Aí o produtor de melancias tentaria trocar suas frutas por gibis para trocar os gibis pelo meu software. E se o artista de gibis não quisesse melancias, seria só mais um produto que o produtor de melancias teria que ir atrás para conseguir o que ele quer.
Perda de tempo. Em tempos antigos e medievais, anteriores ao capitalismo, era mais fácil recorrer à violência. O produtor de melancias se juntaria com outras pessoas e tomaria a minha cidade. Faria de mim um escravo e me obrigaria a escrever softwares que ele precisa.
Quando a nossa sociedade aboliu o escambo e criou a moeda, tudo mudou.
Porque a moeda é a invenção humana que conserva TRABALHO.
Eu trabalho para quem tem interesse no meu produto ou serviço. Essa pessoa me valoriza, me dando moeda. E eu posso guardar essa moeda o tempo que eu quiser, para usar esse trabalho no momento que eu precisar.
Eu tinha 5 reais na minha carteira.
Eu gostava muito desses meus 5 reais.
Foi difícil pra mim conquistar esses 5 reais.
Precisei estudar muito, precisei encontrar alguém que valorizasse o meu conhecimento, precisei aplicar meu conhecimento na forma de trabalho e precisei que alguém reconhecesse o resultado do meu trabalho na forma de dinheiro.
Mas hoje pela manhã, eu tinha a necessidade de uma xícara de café e um pão de queijo.
Eu fui até a cafeteria em frente ao meu prédio.
Lá, estava uma pessoa que eu não conheço. Nunca vi antes. Não sei o nome. Não sei da sua vida, dos seus sonhos, dos seus temores e de nenhum detalhe sobre essa pessoa. Mas essa pessoa acordou mais cedo do que eu. Foi até a cafeteria. Limpou e organizou o lugar. Fez café, fez pães de queijo. E quando eu cheguei, essa pessoa tinha tudo pronto para atender à minha necessidade.
Eu pedi um café e um pão de queijo. E essa pessoa pediu os meus 5 reais.
Nesse momento eu pude transformar o meu trabalho potencial em café o pão de queijo reais.
Nesse momento a pessoa pode transformar o trabalho de ter feito café e pão de queijo em uma moeda que conservou o trabalho dela para usar no que ela quisesse.
E nós dois ficamos mais felizes do que um segundo antes.
A pessoa me entregou o meu café e pão de queijo e eu disse um "obrigado" com um sorriso no rosto.
Eu entreguei minha nota de 5 reais para a pessoa e ela me disse um "obrigado" com um sorriso no rosto.
E é aqui que muita gente não entende o milagre do capitalismo. Porque capitalismo é isso aqui: uma corrente mundial de pessoas resolvendo os problemas umas das outras.
O café o pão de queijo não custaram 5 reais para serem feitos. Mesmo somando o tempo de trabalho da pessoa, os custos fixos da cafeteria com energia elétrica, aluguel, água, etc... o café e o pão de queijo custam menos do que os 5 reais. Mas eu dei valor para aquele café e aquele pão de queijo. Eu precisava tanto daquele café e daquele pão de queijo essa manhã, que eu não apenas paguei o custo de produção daquele café e daquele pão de queijo, como dei um valor a mais como agradecimento. Uma gorjeta. O lucro do local.
Essa gorjeta não existia no mercado, antes. E quando eu reconheci o trabalho dessa pessoa, o dinheiro passou a existir milagrosamente.
O "bolo" aumenta todos os dias, de agradecimento em agradecimento. De reconhecimento em reconhecimento. De lucro em lucro.
E aqui está algo que muitas pessoas não entendem sobre o capitalismo: capitalismo não é sobre dinheiro. Capitalismo é sobre você atender às necessidades das pessoas à sua volta.
Quais necessidades? Não sei. Você precisa estudar a sociedade. Estar conectado com as demais pessoas para saber os problemas que elas têm. E você precisa desenvolver um grupo específico de habilidades para conseguir resolver de verdade os problemas das outras pessoas.
Porque, não sei se você concorda comigo, nada melhor do que você solicitar um serviço porque você tem um problemão e esse serviço não só resolver seu problema com qualidade como também te atender bem e te cobrar um preço razoável pela solução.
Não é?
Quando o restaurante te serve uma comida fantástica e te proporciona uma experiência maravilhosa, você não quer voltar e indicar o restaurante para todo mundo? Porque você faz isso? Simples, porque o restaurante resolveu um problema de alimentação, diversão, romântico e social, teu. O restaurante superou as tuas expectativas. Você passa a adorar o local!
E quando você tem um problema e a loja não te atende bem? Quando você precisa do produto pra hoje, a loja diz que tem "à pronta entrega" e te deixa uma semana esperando? Teu problema não é resolvido, mas teu dinheiro é tirado de ti. Você não gosta. Você se sente lesado, roubado, traído. Você quer dizer pra todo mundo que aquele lugar não é legal para fazer negócios. Ele não atende bem às necessidades do cliente.
E é isso que as pessoas não entendem sobre o capitalismo: você não é só consumidor. Antes de ser consumidor, você é um fornecedor. Para entrar na corrente mundial de seres humanos resolvendo os problemas uns dos outros, você precisa entregar uma solução. Depois você passa a ter acesso às soluções das outras pessoas.
Eu mesmo, agora, estou dando o meu melhor para escrever um texto que te entretenha e te agregue algo na tua vida. Estou usando anos de estudo de conteúdos e treinamento em escrita para tentar te prover conhecimento e entretenimento. Como você pode me retribuir? Compartilha o texto? Dá um like? Comenta algo com educação?
E eu escrevi isso tudo apenas para justificar essa hipótese que pensei nessa madrugada: O problema com as civilizações é que elas criam tantas soluções para problemas das pessoas, que trazem muito conforto e riqueza para as pessoas. Tanto conforto e riqueza fazem com que as pessoas possam manter os filhos por mais tempo. E assim, as novas gerações se acostumam a entrar no mercado primeiro como consumidores, usando o trabalho acumulado (dinheiro) dos seus pais. E como essas novas gerações não se acostumam a resolver os problemas uns dos outros, conforme os pais vão se aposentando e morrendo, os filhos não conseguem manter a civilização. Literalmente vão gastando o trabalho acumulado sem evoluir as soluções. Desaprendem a prover soluções. Lá pela geração dos netos ou bisnetos, coisas boas vão se tornando escassas.
Sorte da nossa civilização que nossas soluções conseguiram aumentar a quantidade de pessoas no mundo. Mais gente para manter as soluções. Mais tempo com luxos de alta tecnologia para nós!
Azar da Era Vitoriana, de Roma, Grécia, Mongóis, Egípcios, Babilônicos, etc...
E qual é a manifestação do mal desse pessoal mais novo que não entende o capitalismo?
Primeiro, tentar manipular o capitalismo. Criam o corporativismo. "Cercam" pessoas como gado. Criam "reservas de mercado", regiões onde só o produto do corporativista pode ser vendido para aquele povo. Viram parasitas do trabalho daquele povo, dando ilusão de escolha através de competição com barreiras econômicas. Todos os concorrentes são mais caros e o corporativista sempre é o mais barato. Escravidão 4.0, como eu chamo.
Segundo, os jovens mimados olham esse corporativismo e acham que isso é capitalismo. Afinal de contas, o povo está trocando dinheiro por produtos, na falta de experiência desse pessoal mais novo, isso só pode ser capitalismo. Então em vez de lutar por liberdade, esse pessoal mais novo mimado passa a querer mandar no sistema. Rejeitam que as próprias pessoas criem a demanda por soluções e querem planificar a economia, ditando as demandas e determinando as soluções. Literalmente querem jogar vídeo game na vida real. É claro, colocando as próprias soluções e de seus amigos como únicas para todas as pessoas. Voltamos ao corporativismo, só que com outro grupo de pessoas escravizando as demais.
Não sei se consegui explicar direito o Corporativismo. Quem sabe com uma tirinha o conceito fica mais claro. |
Eu acredito que precisamos urgentemente reconectar nosso sistema educacional com a realidade do mercado. Já que temos o privilégio de conseguir acumular conhecimento e podemos dedicar mais anos para a formação da próxima geração, que o conhecimento mais atual seja entregue para que a próxima geração consiga entender melhor os problemas atuais e consiga propor soluções para entrar mais rapidamente na corrente do mercado.
Eu acredito profundamente que nossos professores estão defasados. Não importa o quanto nós coloquemos dinheiro no sistema atual de educação, a linha de produção de professores está operando com ideias arcaicas. E esses professores formados hoje com ideias de 70 ou 100 anos atrás estão formando nossa próxima geração não para contribuir com a sociedade, mas para destruir a sociedade como conhecemos.
E essa é a segunda hipótese que me ocorreu nessa madrugada: muitos de nós - sim, "nós", eu incluso, porque por muito tempo também fiz isso - caímos na vala comum de dizer que a solução para todos os problemas do mundo recaem sobre a educação. E ano após anos nós despejamos um caminhão de tempo, trabalho e dinheiro em um sem número de cursos. E ano após anos os resultados no máximo continuam tão medíocres quanto eram nos anos anteriores - no melhor dos casos, porque geralmente os resultados da educação só pioram!
E isso leva ao terceiro modo como o pessoal mais novo manipula o capitalismo: da união de ser mimado e não saber como o capitalismo funciona, nascem o que os norte-americanos chamam de "white people problems"... e toda a estrutura para atender esses "problemas".
Louis CK explicou com maestria o que são os "problemas de pessoas brancas": sabe quando sua vida é maravilhosa? Tão maravilhosa que você precisa escavar profundamente para encontrar algo que mal te deixa desconfortável? E como você não tem nenhum problema real, problema da base da Pirâmide de Maslow, você se apega nesse desconforto e começa uma cruzada para mostrar ao mundo o quanto esse TEU problema é relevante e PRECISA ser solucionado?
Então. Esses são os "problemas de pessoas brancas".
"Pessoas em outros países têm problemas de verdade. Como -- "Oh, droga. Eles estão cortando nossas cabeças hoje!" -- Coisas como essa." |
Veja bem, esse pessoal não entra no mercado para solucionar problema dos OUTROS (o que requer empatia e vontade real de querer fazer o melhor para O OUTRO), mas, sim, entram no mercado para forçar os outros a resolverem um problema PARTICULAR deles.
Aí vem a onda da ~problematização~. Como esse pessoal não têm empatia com os outros, olham para si mesmos, descobrem um "problema" particular e fazem de tudo para vender esse "problema" como sendo de todo mundo.
Aí vem a onda de ~aceitação social~. Onde forçam os demais a terem empatia sobre a causa e obrigam moralmente a todo mundo ajudar a "Associação Internacional de proteção às borboletas do Afeganistão".
Aí, quando o mundo real diz que o problema até existe, mas há coisas mais urgentes para se resolver, esse pessoal se fecha no próprio grupinho de mimados e passa a querer agredir aos demais. O xingamento do momento é "fascistas".
O que esse pessoal não entende é que as causas deles têm problemas porque não se inserem na corrente de resolução de problemas. Desculpe se parece frio dizer isso, mas quem é pobre só tem pouco dinheiro porque não resolve problemas das outras pessoas. Ou resolve problemas muito superficiais, não importantes, não urgentes e de pouquíssimas pessoas.
Quando alguém é tão ineficaz e ineficiente assim, os outros não procuram essa pessoa para resolver os seus problemas. Os outros não dão valor ao trabalho de alguém que atende mal, que não resolve o problema e quer cobrar caro por isso.
E não me entenda mal, mas não existe maior injustiça social do que você obrigar as pessoas úteis a pagarem pesados impostos para subsidiar a vida das pessoas inúteis. Pra você pode parecer egoismo meu dizer isso, mas eu tenho os meus problemas e eu preciso do meu dinheiro para pagar pelo trabalho das pessoas que são úteis pra mim e resolvem os meus problemas.
Ao tirar de mim o meu trabalho que eu guardei como dinheiro, você está tirando a minha liberdade de escolher e beneficiar as pessoas que são melhores em resolver os meus problemas. Ao usar o meu trabalho escolhendo e beneficiando pessoas que não resolvem os meus problemas, você está usando o meu trabalho sem me dar algo em troca. E a definição de explorar o trabalho dos outros em benefício próprio se chama "escravidão". Bem, até os escravos recebiam casa e comida dos seus donos. No sistema atual, as soluções que vocês criam passam pelo governo tomar o dinheiro das pessoas e não dar nada em troca. E ainda cobrar um percentual pela administração. Ou seja: é pior do que escravidão...
Com sorte, a vida real atinge alguns desses mimados e eles são obrigados a crescer. Conheço alguns que depois de entender como o mundo funciona, têm vergonha do próprio passado.
Outros vivem uma vida inteira de ~revolução~. Apenas gastaram tempo e trabalho da sociedade e em nada contribuíram para ninguém. Mesmo querendo fazer uma ~revolução~ com a melhora das intenções para contribuir com a sociedade...
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