domingo, 4 de agosto de 2019

Querido diário: vontade de exterminar a raça humana

Ah, não fode.

Tô de saco cheio e não faz pouco tempo.

Duvido que alguém ainda acompanhe meus textos.
Mas, se ainda resta alguém por aí, eu mudei.

Mudei de Novo Hamburgo pra Floripa, pra Porto Alegre e, agora, para Blumenau.

Mas mais do que isso: eu aceitei quem eu sou e mudei o modo como eu me relaciono com o mundo.

Eu tentava ser uma boa pessoa. Eu me esforçava para agir direito. Eu queria ser melhor.

Mas eu não sou uma boa pessoa. Eu abracei o meu lado "Senhor do Mal" e que se foda o mundo.

Aborto? Foda-se. Faça um a cada semana. Tô nem aí. Aproveite e morra no processo.
Armas? Libera a porra toda, logo. Eu quero ver vocês se matando por conta de uma fechada em trânsito.
Poluição? Por mim podemos trocar todas as hidroelétricas por termoelétricas a carvão vegetal. Aproveita e derruba a porra da floresta amazônica inteira para fazer o carvão.

Tô pouco me fodendo.

O motivo?

Vocês.
Cada um de vocês.
Vocês são o inferno na Terra e merecem tudo de ruim que acontecer com vocês.

Exemplo?
Final do ano passado fui fazer compras no Giassi de Sombrio. Lugar onde minha avó religiosamente faz suas compras há 30 anos.
Peguei uma dúzia de caixas de leite. E, como sempre faço, levei um leite avulso para a operadora de caixa registrar. Como sempre, deixei o fardo com 12 caixas de leite no carrinho e entreguei a 13ª caixa avulsa para a operadora.

A filha da puta me obrigou a subir o fardo de leite para a esteira.

Reclamei com o frente de caixa. "É padrão, sempre foi assim", disse o moleque de 20 anos.

Entende?
Consegue perceber a falta de bom senso, de educação e até de vergonha na cara?

Eu tô cansado de gente sem bom senso em todos os lugares.

A Senior Sistemas, por exemplo. Ligaram pra mim em outra cidade, me convidando para trabalhar em Blumenau.
Tipo, puta que pariu, estou falando de uma mudança de cidade. Terminar um aluguel em um lugar, iniciar em outro. Nova vida.

Na entrevista com o gestor, falaram de tudo comigo. Desde desenvolvimento de software, testes, frontend, backend, microserviços, integrações... Aí falaram de gestão de processos. Scrum Master, Kanban, lean... Conversamos um pouco sobre regras de negócio, documentação e negociação de escopo e backlog com o cliente. Então falaram de gestão de pessoas, ferramentas de avaliação e condução de projetos, etc...

A entrevista foi tão ampla que eu não soube dizer pra que havia me entrevistado.
"Entraremos em contato para a próxima fase do projeto".
"Ok", pensei. Enviarão um teste e eu vou entender pra qual função estão me querendo!

Mas o contato seguinte já foi o email com uma proposta salarial para o cargo de "Analista de Sistemas".

Ok. Pode ser um programador, pode ser um documentador, um PO... há empresas que usam "analistas de sistemas" como Scrum Masters.

Quando respondi que aceitava, tentei ainda questionar sobre qual vaga se tratava.
Nada.

Cheguei no trabalho, o gestor que havia conversado comigo saiu e eu fui parar no projeto de outra gestora. "O que você faz, Arthur?" "O que for necessário, eu tô aqui pra ajudar!" "Então me ajuda programando JAVA aqui nessa equipe?" "Beleza!"

Por várias vezes tentei conversar sobre a minha situação. Nada.

Então vi as vagas internas. Diversas vagas abertas, com descrição bem exata e mais aderente do que a minha. Eu me candidatei a uma das vagas.

Alguns dias depois, a gestora me chamou. "Pegou mal você se inscrever para a vaga, Arthur." "Porque?" "Porque sim."

Tentei falar com o RH. Nada
Tentei falar com diretor. Nada.

Quando venceu meu contrato de experiência, a empresa resolveu não me contratar.
Mesmo eu entregando tudo como desenvolvedor.
Mesmo eu ajudando todo o projeto com metodologia ágil.
Mesmo eu estando enturmado com todos.

Ridículo. Infantil. Amador.

Pessoas. Pessoas fazendo o que fazem de melhor: serem retardados mentais inconsequentes.

Hoje eu fui até o Giassi aqui de Blumenau.
Tá frio. Queria comprar as coisas para fazer uma sopinha.
Manteiga, alho poró, ervilhas, bacon, torradinhas... umas coisinhas para fazer um caldinho bem gostoso.

Ao chegar no caixa, esperei as compras do cliente da frente passarem para colocar as minhas na esteira. Questão de educação, sabe? Esperar em fila. Entender o sistema, dar espaço pra pessoa da frente.
Ainda estava colocando as minhas coisas na esteira quando uma senhora grudou o carrinho dela atrás do meu. Tive que pedir licença para manobrar o carrinho da ponta da esteira para o corredor do caixa.
Quando tirei o meu carrinho da ponta da esteira, a senhora se meteu na ponta da esteira, puxou uma cestinha que estava na parte de baixo do caixa, passou suas compras para a cestinha e colocou a cestinha quase sobre as minhas compras, na ponta da esteira.

O cliente à minha frente ainda estava pagando e a senhora estava tentando colocar as coisas dela junto das minhas na esteira.

Olhei para o caixa, sinalizei o que estava ocorrendo. Ele me sorriu e fingiu que o problema não era com ele.

Em tom de piada, perguntei a ela se ela estava com pressa.
Ela estava agitada, deu uma risada.

Eu pedi que ela passasse as coisas dela antes de mim. Já que ela já estava me atropelando, talvez estivesse mesmo com pressa, poderia ir pra puta que pariu, só SAI DE CIMA DE MIM E PARE DE SER MAL EDUCADA, FILHA DUMA PUTA.

Sorri. Deixei ela passar.

Ela comentou que estava se sentindo constrangida por eu ter mandado ela passar a frente.

Aí o sangue ferveu. Vá zoar a senhora sua mãe, filha duma puta.

"Gente sem educação se constrange sozinha" - eu deixei escapar toda minha raiva em uma frase bonita.

A senhora virou o bicho. Chorou. Mandou eu ir tomar no cu. Disse que EU não tinha educação. Em vez de passar logo as compras e sumir da minha vida, essa desgraçada resolveu armar barraco. Filhote de demônio.

Com os gritos da histérica, seguranças chegaram. E só porque ela estava fazendo cena, passaram a olhar torto pra mim!

Fiquei chocado. Não ia bater boca com a infeliz, tão pouco com os boçais. Larguei minhas compras e que se foda o Giassi.

Não piso mais lá. Bando de energúmenos.

Entende?

São coisas simples do dia a dia.

Sabe, eu reclamo muito (com motivo e razão) da minha mãe. Mas ela me ensinou as regras básicas do bom senso.

Espere as pessoas saírem antes de entrar.
Transite pela direita.
Espere a sua vez.

Sabe, coisas simples que fazem o dia a dia funcionar.

Eu fico pensando O QUE DIABOS vocês andam ensinando para seus filhos.
Porque, olha, nem a lógica básica vocês conseguem repassar.

Eu me transformei em um Senhor do Mal, sim.
E vou te dizer: eu desejo a extinção da raça humana.
Queria muito, inclusive. Tenho até um plano e tô trabalhando nele. Quem sabe, né?

Até lá, se for cruzar comigo na rua, por favor finja ser civilizado. Porque, olha, eu tô a um passo de me tornar o Michael Douglas em Um Dia de Fúria e sair por aí fazendo todo mundo ter um pouco de bom senso, nem que seja na base do chumbo grosso.

Porque, veja bem, puta que me pariu cada um de vocês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário