terça-feira, 17 de agosto de 2010

Liderança

Deixe-me falar de liderança. Quero dar o devido enfoque sobre esse tema, relacionando-o com conhecimento (experiência/estudo acadêmico/estudo independente), com a religião, com a evolução, com as leis, com política, com capitalismo e com a habilidade inerente do ser humano em liderar.
Primeiramente, tem-se de dizer que há a necessidade plena da habilidade de liderança em nossa espécie.
Sendo seres sociais, temos acabamos por formar grupos. Como já dizia (muito bem por sinal) o filme "Homens de Preto": "Uma pessoa é inteligente, o povo é burro"

Muito bem, então as pessoas se unem naturalmente, pois, no mundo natural (ao qual eu chamo de "real") somos seres fracos, dependendo do coletivo para nos mantermos a salvo dos predadores. Essa união, porém, apesar de espontânea, não pode ser mantida de forma anárquica. Sim, isso é um insulto à adolescencia mundial, mas o anarquismo não consegue garantir a melhor forma de estabelecer a segurança individual. Quando o primeiro macaco/hominídeo deu a primeira ordem acatada, o primeiro líder nasceu.

Essa liderança inicial provavelmente apareceu com uma demonstração de força. Mas não serei absoluto nesta opinião. Vendo nossos instintos, o primeiro líder pode muito bem ter sido aclamado pela quantidade de fêmeas que admiravam um determinado indivíduo, ou pela simples necessidade de um patriarca ou de uma matriarca tentar manter o controle sobre a prole muito extensa.

Portanto, mesmo não tendo um porquê exato para determinar a escolha do primeiro líder, é certa a sua atribuição: determinar e organizar as ações dos indivíduos em prol do bem maior coletivo.

Bem, ai "fudeu tudo".

Digo isso com termos fortes justamente para marcar que "escolher qualquer um" para "determinar o que é o melhor para todos" é uma utopia digna de escritores da Grécia antiga ou de militantes de esquerda.

É bem bonito afirmar que "o mais popular", "o mais forte", "o mais querido", "gentil", "amável", "inteligente", "poderoso", etc... seja o líder. Mas nenhuma das características inerentes ao ser humano pode substituir a capacidade de liderar. Não importa se você é completo em todos os sentidos. Se você não sabe ter voz de comando sobre os seus liderados, não há como você liderar.
E há várias maneiras de ver alguém despreparado para o comando:
A primeira delas é o chefe absoluto. Aquele que sabe de tudo, que não abre nada e que toma a todos de surpresa com as decisões e comentários. Esse chefe, geralmente, é aquele que todos temem. Ninguém sabe de nada sobre o que se passa em sua cabeça. E, quando o sabem, geralmente, é por um comando curto e grosso. Esse tipo de chefe se dá muito bem quando está certo... e extremamente mal quando está errado. Por ganhar tudo no grito e na dominação, não é difícil presumir que chegou na posição de líder gritando, trapaceando, com mentiras, desrespeito, menosprezo aos demais e muita, muita força bruta.
Depois do absoluto, temos a outra ponta da característica, o chefe "hãããããããã" ou "o que tu acha". "Chefinho de merda". Perde facilmente o controle depois da primeira frase desferida. Esse chefinho quer ser meigo, amável, quer a participação dos seus comandados. Na verdade, ele não quer é compromisso com o que é decidido (mesmo que tudo caia no colo dele depois). Geralmente chega a liderança porquê possui pistolão, simpatia, até mesmo comprovação de mais conhecimento ou inteligência, apesar de não conseguir mandar um cachorro parar de latir. Esse chefe precisa sentir-se aceito pelos liderados (mesmo já estando em uma posição de aceitação Ò.õ) e tem que sentir que seus liderados gostam do que foi decidido! Então, esse chefinho fica perguntando várias vezes: "o que tu acha?", "vamos fazer assim?", "olha, temos opções...". Caramba... Esse chefe não se liga que está ali para mandar. Para decidir o que fazer.

Bem, então, temos os dois extremos da má liderança: os que querem mandar por prazer e os que "caem de para-quédas" no poder. Importante frisar que, por mais que pareça que ambos estão por acidente, eles, como todos nós, almejam o poder de fazer as coisas acontecerem. Só não estão preparados para tanto.

O líder ideal está exatamente no meio termo entre os dois extremos.
Primeiramente, o líder ideal sabe, exatamente, qual é a sua área de atuação. O líder Ideal não manda a menos, nem a mais do que lhe é cabido.
O líder ideal sabe escutar os liderados, mas a decisão final é sua. Ou seja, o líder ideal tem que saber vislumbrar os números, as informações, os relatos dos subordinados, tem que ter base na maior parte de dados que puder para, então, disferir as ações a serem tomadas. (Importante: "escutar os liderados" não é só ouvir o que eles dizem... geralmente as pessoas mentem, ainda mais em público.)
O líder ideal sabe a hora certa. Não há pressa nem morosidade infundadas. Se é hora de correr, o líder corre, se é hora de esperar, o líder espera. Qualquer ação deslocada do tempo ideal custa à toda a estrutura. Um sentinela que dorme no posto e que não é trocado, pode custar a aproximação exagerada de um grande felino, o que iria custar vidas ao bando... por exemplo. Os dados estão prontos. O tratamento dos dados transforma-se em informação. E esta informação é base para que o líder tome as atitudes no tempo certo.
O líder ideal transforma seus comandados. Ações acertadas consecutivas elevam a moral do grupo. Os indivíduos passam a se acostumar com o bom julgamento do líder, o que faz com que, nas próximas ordens, seja, necessárias menos explicações. Assim, as ordens se fazem cumprir mais rapidamente, com mais sucesso. Exemplifico com treinadores de Futebol. Quando chega um "Felipão" da vida em um clube, mesmo com um grupo de jogadores medíocre, se esperam bons resultados. Pois o retrospecto dos bons treinadores mostra que eles conseguem ler as capacidades dos jogadores e, assim, conseguem ajustar o time para defender as características ruins e maximizar as boas características. Depois de algumas vitórias, os próprios jogadores passam a notar que são melhores do que até imaginavam. Importante frisar, aqui, que o líder administra, inclusive, os conflitos internos. Aliás, isso é uma das responsabilidades inerentes à liderança. O líder não pode deixar, nunca, o seu grupo se desunir. Cada ação do grupo é reflexo imediato às suas decisões.
O líder ideal se cerca das pessoas corretas. Há "líderes" que não possuem nenhuma outra característica de líder que não seja essa. Então, contrata líderes mais completos para exercer o comando. Aliás, isso é comum na política e em grandes empresas: as pessoas que possuem predominância (dinheiro, influencia, contatos, etc...) apoiam ou são apoiados por líderes naturais, a fim de ganhar mais liderados.
Por fim, o líder ideal não se deslumbra com isso tudo. O líder ideal sabe qual é o seu trabalho e sabe que está na posição mais complicada de todas: a de administrar recursos humanos... pessoas... a fim de combater problemas externos. O líder ideal não deve deixar vitórias e sucessos subirem à sua cabeça, tão pouco deve esmaecer em momentos ruins. Sabe que todo o rumo e resultado da organização que lidera é efeito direto do seu trabalho. Por isso , cabe somente a ele tomar as ações corretas para que tudo continue andando nos trilhos corretamente.

Como chego a estas conclusões?

Bah, um dos maiores erros da minha vida foi, aos 14 anos de idade, me candidatar à presidência do grupo de jovens que eu fazia parte. Acabei ganhando (tsc, tsc...). Imaturo, ingênuo e totalmente despreparado, achava que o grupo "andava sozinho", rs... que bastava alguém para definir as coisas que cada um tinha que fazer... aushausahsuhasuhaushaushausuah
Até que não fiz tão feio assim... Só depois de muito refletir eu vi que o grupo, apesar de ser de jovens, estava velho. De um ano para outro, dois terços de membros saíram do grupo por terem mais de 24 anos... Muitos casaram, foram para o movimento de adultos, mudaram de cidade para trabalhar, etc... E eu acabei ficando com os mais jovens. Não fizemos tão feio, mas não fomos sequer sombra do grupo anterior. Paciencia.

Após isso, acabei por me avaliar como líder e passei a estudar o que fazia das outras pessoas líderes. Acabei por ver que sei administrar adversidades muito bem, apesar de novo. Sei lidar com as pessoas e com o moral delas.
Além disso, tive alguns líderes muito bons, como o Otávio e o Alex, outros muito ruins, como o Ângelo e o Rogério.

Nas empresas por onde passei, acho interessante frizar que, ao que me parece, nenhum dono sabe, realmente, para onde está indo. Acabam tão imersos ou em devaneios de grandeza ou em problemas do dia-a-dia que, no final, esquecem (ou, como parece, sequer aprenderam) as teorias para montar e liderar equipes...

Basicamente, toda equipe deve ter 4 níveis:

Estratégico - Esse é o lugar do dono. Note que usei "dono", não "líder". Isso porque só esse nível permite-se sonhar. Imaginar onde quer estar e dar a ordem insenssata, infundada muitas vezes.
Tático - Esse é o Gerente, o lugar do "líder". O líder pega a meta instituída pelo estratégico e define o plano de ação para que a organização a atinja.
Técnico - Posição que dá apoio aos demais níveis. Esse nível oportuniza os meios técnicos para que o Estratégico possa definir as metas (sem maquinário não há como crescer, por exemplo), para que o nível tático faça o plano de ação (quantas máquinas estão/estarão disponíveis) e para que o operacional possa funcionar (sem máquina funcionando = sem produção).
Operacional - Massa de liderados, os operadores, agentes do plano de ação.

Já vi donos querendo ser líderes (sem ter a menor capacidade para tanto), assim como já vi donos operando sistema. Já vi operadores com mais capacidade de liderança que qualquer outro na empresa. Já vi Técnicos mandando e desmandando, criando metas... Enquanto os "Táticos" tomavam café a tarde toda, em reuniões infindáveis, improdutivas e insanas...

O que se faz ridículo no Brasil, é a capacidade de subjulgamento dos liderados e da capacidade dos líderes inflarem seus egos indefinidamente. Faz parecer que os líderes são Deuses em forma humana, prontos para desferir pragas sobres as equipes... ou totalmente o contrário. Somadas à nossa história de escravagismo, nossa "revolução trabalhista" e nossa cultura por "criar emprego" (ao invés de estimular a criação de negócios) faz com que os liderados temam e se distanciem dos líderes, procurando a senzala afoitamente para obter abrigo.
Então, desse distanciamento, chegamos ao campo da política devidamente, onde - tenho certeza - 50% das pessoas sequer sabe para que serve um Senador...

Grandes empresas com interesses gigantescos patrocinam candidatos - que deveriam ser líderes - para que estes se tomem o poder. Capacidade em mãos quase sempre despreparadas, como podemos ver pelas últimas administrações Norte-Americanas, por exemplo. Bush e Obama são meros bonecos, prontos para serem manipulados pelos interesses de quem os colocou lá em cima.
Nesse ambiente de corrupção é que vivemos, crescemos e esperamos prosperar e morrer "felizes"...

No fim, fez certo Jesus mesmo, que deixou-se martirizar, deixou vários exemplos para que os seus "relações públicas" divulgassem e, até, hoje, exerce a sua liderança sobre os demais.

Faltam-nos bons líderes, assim como falta-nos bons liderados, cada um devidamente colocado na sua posição.

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