segunda-feira, 11 de abril de 2011

Filósofo de Plantão

Bem, lá vou eu "rezar um creio", aqui.

Na minha descrição neste Blog, me descrevo como "psiciano, visionário, músico, programador e filósofo nas horas vagas".

Mas, o que diabos isto quer dizer? Bem, estamos falando, primeiramente, em uma pessoa que acredita no místico, no inconsciente, em coisas que ainda não possuem explicação para existirem, mas existem. Aliás, como todo bom psciano, não só acredito como me sinto, sempre, estranhamente conectado e responsável por coisas que vejo que os demais sequer notam.

Eu creio que há muito mais entre nós do que a mera genética. Biologia, engenharias e pensamentos em comum não são ferramentas para nos exprimir e conectar na totalidade. Cada nova descoberta, cada nova ciência se aproxima mais e mais do âmago do ser humano, mas nenhum consegue dar uma resposta definitiva para o infinito que há em cada um de nós.
Creio que a nossa socialização é uma entidade a parte. Algo que é vivo, pulsante, urgente, mas que, por não ser compreendido, acaba por se tornar algo ruim, algo descontrolado. Daí vem a frase do filme MIB, que tanto gosto: "Uma pessoa é inteligente, o povo é burro".
Esse monstro nos devora. A socialização não pára para as pessoas que não conseguem acompanhá-la. E quanto mais pessoas "ficam para trás", pior é a defasagem. Como diz a frase "Nunca, na história da humanidade, estamos tão longe do que deveríamos ser". Certas vezes me pego com uma outra frase, do Renato Russo, na mente: "O futuro não é mais como era antigamente".

Então, chegamos na segunda definição. Sou um visionário. Minha mente se recusa a estar nessa época. Isso porquê eu exijo o ideal. E esse lixão onde vivemos não é - nem de longe - o ideal, muito embora outras épocas tenham se aproximado muito do ideal possível, para seus presentes.


Eu creio que o que não evolui ou chegou no estágio ideal, ou morre. Nossa sociedade não evoluí e não está estagnada. Na verdade, estamos regredindo à uma velocidade impressionante. Para cada nova ferramenta revolucionária criada, há um milhar de idiotas cometendo atrocidades pré-históricas pelas ruas. Nossa população foi arrebatada pelo fenômeno do consumismo, a droga da qual depende o capitalismo. Essa droga é a mais viciante de todas, porque é a evolução natural do que há de pior nos nossos instintos: Hoje, ter coisas melhores e em maior número significa ser mais e melhor. Sim, estou afirmando que, quantitativa e qualitativamente, o que há no seu bolso define a pessoa que você é e qual o seu lugar na sociedade. Os princípios de "igualdade, fraternidade e liberdade" são uma piada. Na verdade, estamos em um mar de "quem pode mais, chora menos" e de "Venha se dar bem você também".

Eu creio em uma sociedade ideal. Onde as pessoas estejam - igualmente - preparadas para serem livres.Ou seja, tenham o espírito fraterno, onde vejam que o problema de um é o problema de todos.

Há uma parábola que conta que o mestre manda o discípulo comprar sal no mercado do vilarejo. O Discípulo pergunta quanto deve pagar pelo sal. O Mestre diz para pagar exatamente o que custa o sal, nem a mais, nem a menos. Confuso, o discípulo pergunta porquê. Porquê não poderia exercer a caridade com o vendedor, dando-lhe uma gorjeta, ou porquê não poderia pechinchar o preço, poupando os poucos recursos do monastério. O mestre, então, explica: Se pagares a mais que o preço normal, a cobiça tomará conta do mercado. Os vendedores saberão que as pessoas têm mais dinheiro que o necessário para as compras, e irão querer vender seus produtos cada vez mais caro, até chegar ao ponto em que ninguém terá dinheiro para nada. Por outro lado, se pagarmos a menos, estaremos dando menos recursos do que o necessário para aquele vendedor possa viver e gerir seu negócio. Assim, com o tempo, ele comprará menos bens de outros vendedores, que terão menos dinheiro e recomeçarão o ciclo, até que o povoado inteiro entre em miséria. E qual é o valor correto, pergunta o discípulo. O Mestre responde: É o valor que está no coração e no suor das pessoas.

Bem... O que quero dizer com isso, é que está faltando - muito - o amor entre as pessoas, ao passo que o amor às coisas aumenta. Para cada nova igreja criada (e hoje são tantas...) há mais confusão sobre o que pregava Jesus, Maomé, Buda, Krishna, etc...

Não, minha visão não é a de um mundo regido por religião. Mesmo porquê isso é absurdo. Mas o que farão os humanos quando os robôs produzirem e consertarem os robôs? Não consigo tirar da cabeça a idéia do filme "Wall-E", onde uma última grande empresa (Buy in Large) dominou o mundo. Isso, somado à idéia do filme "Idiocracy", revela um Apocalipse muito pior do que qualquer coisa que a humanidade já tenha imaginado para 2012.

Como programador, sei que essas coisas podem acontecer, sim. Aliás, outro dia li em um e-mail que, se os programadores pararem, nossa civilização ocidental irá parar. Porra, na hora achei muito arrogante. Mas, parando para pensar um segundo, é óbvio. Telecomunicações, Internet, sistemas de controle de praticamente tudo (da planilha excel que toma conta da contabilidade e estoque do mercadinho da esquina, até o sistema on-line de controle de multi-nacionais), sistemas de trânsito, previdência, Imposto de renda, votos, bancos, etc, etc, etc... Um apagão (como a idéia do filme "Duro de Matar 4.0") tecnológico e o mundo realmente pára...

Se por um lado essa dependência da tecnologia nos facilita a vida, por outro nos destrói. Para cada comodidade já implementada, podes somar 100.000 toneladas ao peso e diminuir uns 200 princípios altruístas à humanidade.
Nós, seres humanos, acreditamos na primeira versão falada. Ela é a real. Porém, se a primeira versão nos é transmitida por outro meio que não seja uma conversa com outra pessoa, essa versão é uma verdade imutável. Se tu ler no jornal, na internet, ouvir no rádio, ver na TV, etc... o esforço para que tu acredite em outra versão será muito maior. E gerar impessoalidade é o principal benefício dos sistemas tecnológicos. Estamos acreditando no que os robôs foram programados para nos dizerem. Nosso acesso à uma "pessoa responsável" está cada vez menor. E o cenário só tende a piorar.

Vamos chegar em um ponto em que os sistemas ficarão perfeitos. Não ocorrendo mais erros, não precisaremos mais de atendentes humanos... sequer de programador para corrigirem erros, já que estes não existirão mais. Então, completa-se a previsão de que, com o tempo, teremos máquinas fazendo cada pequeno serviço possível, dispensando sumaria e totalmente os seres humanos.

É quase como a crise energética: sabemos que as fontes fósseis são ruins, mas os detentores delas não largam o osso. Mais algumas centenas de anos e o capitalismo não irá mais se sustentar. Não haverá uma fábrica com robôs para cada cidadão no mundo. Nem todos terão dinheiro. Mas os detentores das fábricas não irão querer largar o osso.

Como músico, acredito no potencial humano. Ou, pelo menos, fecho meus olhos para toda a insanidade à minha volta e me engano que somos e podemos ser melhores do que isso. Quero me enganar que acredito que exitam pessoas que concordem comigo, e lutem a cada dia por um mundo melhor, mais fraterno.

Porém, vendo a atual conjectura da sociedade, a fraternidade que espero não pode ser a de paz. Em muitos lugares o acerto fraternal já deveria ter sido feito, em outros, é iminente. A fraternidade deve ser de pessoas revoltadas com o atual modelo. Pessoas sapientes de que falta muito para a maioria, enquanto uma minoria exarceba e chafurda em desnecessidades absurdas. Infelizmente, a fraternidade, o potencial humano necessário, é o da revolta. Do protesto. De chegar ao extremo necessário para que cada pessoa possa ter seu quinhão de felicidade, sem precisar subtrair o pouco que seus iguais possuem.

Só provendo o mínimo aceitável para uma vida confortável à todas as pessoas, é que poderemos voltar ao caminho da evolução. E esse mínimo não é um mínimo socialista-idiota, de miséria. Falo de um mínimo de felicidade, não de dignidade. Porquê dignidade não se barganha. Todos devem ter por igual. Falo em mínimo de felicidade, um patamar muito mais acima do que o de dignidade. Não basta comida na mesa, teto e trabalho. As pessoas precisam de saúde, segurança, cultura, diversão... As pessoas precisam se sentir parte de algo. Precisam se sentir realmente importantes com alguma coisa. Todos precisamos ter alguém para amar, que esse amor seja correspondido e que possamos vivê-lo plenamente.
Pois são várias as área da vida do ser humano. Se uma dessas áreas não está satisfeita, as outras caem, assim como um tripé precisa das suas três pernas fixadas para ficar ereto.

Como filósofo, reúno todos esses pensamentos e teorizo que o mundo precisa de uma guinada.
Para começar, postulo que "o mal se manifesta onde o bem não está presente".
O assaltante só rouba onde não há polícia.
Os alunos colam onde o professor não ensina, ou não está vendo.

Lembrando que a primeira coisa dita é a verdade, então concluo que é necessário que todas as pessoas tenham bons exemplos e conselhos fornecidos de maneira ininterrupta. Só com a firmação do bom modo de vida, os meios errados irão desaparecer.
Mas, em um meio totalmente degredado, onde achar virtudes?
Bem, pode parecer abjeta a idéia, mas mesmo as mais lindas plantas podem florescer em meio ao estrume. A idéia da Rosa de Hiroshima que, mesmo em meio a um lugar desolado, mostrou como as coisas boas podem prevalecer.
Mesmo que seja só para dar exemplo, mesmo as pessoas más devem pregar o bem. Mesmo que isso signifique o descarte das gerações podres, ao mesmo tempo estamos lutando pelo ressurgimento de uma geração que pratique o bem. Não paro de pensar na minha mãe que, mesmo não praticando a maior parte dos conselhos que ela me deu, exigiu sempre o máximo de virtudes da minha pessoa.

Assim, creio eu, teremos uma grande responsabilidade, perenemente, para com as próximas gerações: Fazê-las mais virtuosas que a nossa.
Só isso poderá criar políticos mais comprometidos, empresários engajados, população pacífica e que se sente parte do todo. Um mundo cada vez mais e mais ideal.

Porque todo o resto, para mim, não importa. Se a solução não é perfeita, é só mais um arremedo esperando o reparo definitivo.

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