quarta-feira, 21 de maio de 2014

Greve dos Policiais: Oportunismo

Todo grande povo teve, em algum momento da sua história, que sangrar por sua dignidade. Por sua honra. Por seus parentes. Por seus pais, por suas mulheres, por seus homens, por suas crianças.
Em algum dia, todas as pessoas de um povo realmente grandioso tiveram que se encarar com a certeza de que deveriam enfrentar o inimigo. Houve um momento em que as pessoas de cada povo notável se entreolharam, sabendo que entrariam em um campo de batalha. E que, desde aquele olhar cruzado, todos já estariam mortos. Essas pessoas pegaram em armas sabendo que o natural seria com que eles não estivessem respirando no final do dia. Com alguma sorte durariam algumas auroras a mais, para continuar lutando.
Conseguir se manter vivo depois de encarar o inimigo era o equivalente moderno a ganhar na Mega Sena. Três vezes seguidas. Sozinho.

No ano passado, quando vocês saíram às ruas, por um momento eu confesso que me emocionei. Havia tanto tempo que eu dizia que a solução para o Brasil repousava na mobilização das pessoas de bem... Que quando eu vi vocês fazendo exatamente aquilo com que eu sonhava, eu chorei de alegria.

O gigante acordou. Levantou. Blá-blá-blá... Deu uma espreguiçada. Colocou o despertador no soneca. E como o despertador nunca mais tocou... Blá-blá-blá... Bolsa-família, é ano de copa do mundo, #mimimi... Êpa! Começou o BBB! Shiu! Cala a boca que eu tenho que escutar as lésbicas se pegando no horário nobre! Tá na moda! Vou lá fazer igual, senão as minhas amigas não vão mais falar comigo.

Toda a minha esperança de viver em um país com pessoas decentes e orgulhosas de sua terra-mãe foi por água abaixo.
Tão rapidamente quanto nos insurgimos, voltamos ao expediente normal de procrastinação, vistas grossas, de empurrar as responsabilidades com a barriga, de estacionar na faixa de pedestre ou de jogar papel de bala no chão.

E o expediente normal do brasileiro comum passa, é claro, por olhar só para o próprio umbigo.

Claro, né? Afinal de contas, vale é a Lei de Gerson: "Venha levar vantagem você também!"


Eu estou escrevendo esse texto para comentar sobre a greve dos policiais, que está acontecendo hoje em vários estados do Brasil.

Eu não sou contra o direito de greve. Eu não sou contra a insurgência. Eu não sou contra a reivindicação de direitos. Aliás, quem me segue sabe o quanto eu já defendi que professores, médicos e policiais fossem mais valorizados do que são hoje em dia.

No meu mundo ideal, essas três profissões seriam tão valorizadas, que deveria existir provas de seleção com linha de corte altíssima para os candidatos.

Mas eu tenho que parar tudo o que eu estou falando e vir aqui berrar o óbvio, novamente. Aquele pensamento tão óbvio que ninguém fala: Os policiais estão sendo oportunistas.

Aliás, a Copa do Mundo está chegando e o que mais veremos serão grupos fazendo manifestações, greves e todo tipo de barulho... E o que mais me dói é que cada um que sair às ruas para reivindicar algo de hoje até o final da Copa do Mundo estará fazendo em defesa de algo para si próprio.

Cada manifestante estará falando um "foda-se Brasil, eu quero mamar na teta!"

Semana passada eu já disse o que eu acho sobre a greve da Polícia Militar. Deserção é crime militar. Que em muitas sociedades é punida com a morte. Entrou para o exército? Esperamos que você seja leal ao poder instituído. Antigamente ao Rei. Hoje em dia à Democracia.

Já quanto as Polícias Civil, Rodoviária e Federal... Bem amigo... Eu acho engraçado que o problema que está gerando a greve desses funcionários públicos é o mesmo que gerou todas as manifestações de 2013. E é o mesmo motivo pelo qual eu estou há tanto tempo repetindo o óbvio, aqui nesse blog.

Tem muita coisa errada no Brasil. Podridão que começa nas pequenas corrupções e vontade de se dar bem em tudo, de cada cidadão comum... E chega até a necessidade da presidente em se manter no poder a qualquer custo.
Os policiais poderiam ter se juntado à multidão, no ano passado. Quando todos estávamos de peito aberto, querendo o melhor para o Brasil inteiro. Quando estávamos dispostos a iniciar algo grande. Quando as nossas reivindicações nas ruas poderiam se tornar uma revolta. Uma generalização da insatisfação, para que o país inteiro mudasse. Quem sabe uma pequena guerra civil entre todos nós que estamos sendo explorados, dia após dia, por este sistema socialista-coitadista. Esse sistema que mantém os pobres burros, para que se mantenham pobres e manipuláveis. E que suga até a última gota de sangue daqueles poucos que conseguem alguma coisa a mais da vida do que apenas subsistir.

E eu fico irado porque as pessoas nas ruas estavam lá gritando que queriam mais educação, mais saúde e mais segurança. Esses "mais" são, justamente, mais dinheiro, mais infra-estrutura e mais equipamentos para professores, médicos e policiais! AONDE ESTAVAM VOCÊS, POLICIAIS?
Alguns de nós gastaram sola de sapato e a voz enquanto puderam. Outros sangraram. Alguns até morreram pedindo para que vocês pudessem ter mais condições para fazerem o seu trabalho. Porque não nos ajudaram? Porque obedeceram os políticos naquela hora? Porque ficaram "do lado de lá"?

E, hoje, os policiais farão uma parada. Uma parada anunciada há dias. Uma parada em vários lugares grandes, ao mesmo tempo. Uma parada que os ladrões organizados tiveram tempo para planejar grandes feitos.

Novamente esses profissionais estão jogando contra o povo. O povo a quem juraram defender.

Amigo, como eu disse: eu apoio todo ou qualquer tipo de manifestação. Eu apoio a greve. Eu apoio que os direitos sejam reivindicados. Mas essa greve é uma greve oportunista. Só está acontecendo porque estamos há menos de um mês da Copa do Mundo. Estão pressionando o Governo somente para obterem ganhos pessoais, não para evoluírem o sistema de segurança, como um todo. É um lixo, um desrespeito.

Eu só fico FELIZ que essa greve não dará em nada, também. Esse Governo jogará algumas migalhas e esses PULIÇAS (otoridades máuximas) vão se contentar com qualquer reajuste ínfimo que receberem. E se não aceitarem, logo logo os policiais de Cuba estarão chegando por aqui.

Quanto a vocês, amigos, sugiro que peçam para fazer home office, hoje. Se não for possível, deixem o celular em casa. Escolham uma roupinha menos chamativa. Andem em grandes grupos. Evitem lugares muito movimentados, com muitas pessoas. Tranquem-se em casa. Tomem cuidado.

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