quinta-feira, 30 de junho de 2016

São Joaquim: A cidade aonde só a Natureza cuida do Turista

Aqui na Região Sul do Brasil, inverno é tempo de subir a serra e ir curtir os prazeres do frio.

Mas olha eu aí!
Na frente da Igreja de São Joaquim!
No Rio Grande do Sul, pessoal sobe a serra e vai para Gramado, Canela, Garibaldi, Bento Gonçalves e cidades da região.
Em Santa Catarina, Lages, Urubici e, principalmente, São Joaquim são os lugares ideais para passar pelo menos um final de semana no inverno.

Esse texto terá foco em São Joaquim. Pequena cidade da serra de Santa Catarina.

Só para esclarecer: eu estou escrevendo esse texto por alguns motivos pessoais.
Primeiro: os textos sobre Florianópolis bombaram. Percebi que o pessoal procura informações sobre os lugares... e o que eu escrevo agrada a quem procura informações.
Segundo: eu não estou ganhando nenhum centavo dos lugares que eu cito no texto. Muito pelo contrário, ganho dinheiro com o acesso de vocês no site, através do AdSense do Google. Logo, o que eu estou escrevendo aqui é para servir às pessoas que estão buscando informações corretas sobre São Joaquim, não para agradar comerciantes locais. Esse texto é composto de opiniões pessoais, não de propagandas. Opiniões às quais são única e exclusivamente minhas. E justamente por ser a minha visão sobre a cidade, provavelmente as minhas opiniões expressas nesse texto não refletem com exatidão a realidade do local. Muito embora eu esteja tentando chegar o mais próximo disso.


Uma vez que isso ficou claro para todo mundo...


Se você vem do litoral só o caminho até São Joaquim já é fenomenal. A cidade fica a mais de mil e trezentos metros do nível do mar. Esse quase quilômetro e meio de subida pode ser feito por várias estradas. Todas elas encrustadas nas escarpas da serra. 

Talvez a via de acesso mais famosa (e linda) seja a Rodovia SC-438, a estrada da Serra do Rio do Rastro. Dependendo da temperatura do dia, as diversas quedas d'água (criadas pela escavação para a rodovia) congelam, criando cenários muito legais.
Mas... a falta de infraestrutura (você lerá muito sobre isso nesse texto...) faz com que a estrada tenha só uma pista para subir e uma pra descer. Os recuos para estacionar os carros aonde os turistas podem tirar fotos são muito pequenos. Mal planejados. Em alguns pontos, mal cabe um carro. E mesmo assim os turistas querem - TODOS - parar nos recuos para tirarem fotos com os paredões congelados. Muitos param na pista, mesmo. Criando congestionamentos gigantescos... por pura bobagem. 
Nessa época, é comum que você encare até 4 horas para fazer o trecho que, em condições normais, você leva no máximo 50 minutos.
Bem, você pode ser inteligente e tentar ir mais cedo, para desencontrar do pico de turistas que tentam acessar a cidade. Mas, nesse caso, cuidado redobrado com os CAMINHÕES e ÔNIBUS! As pistas são bem estreitas. As curvas são bem fechadas. Vá com calma para poder voltar. Atenção redobrada.

Já no planalto, até chegar à São Joaquim existem centenas de pequenos restaurantes, pousadas campestres, pesque-pagues e afins, na beira da estrada. Eu sei, você já passou por lá e não viu tantos assim. Eu sei, amigo. Mas confie em mim. Mesmo sem placas de sinalização, eu garanto que existem centenas de locais fantásticos, oferecendo toda sorte de atração e serviços. Sim, aquela estradinha de chão batido que sai diretamente da rodovia é a entrada de um hotel fazenda. Não, não é só uma propriedade privada. Vá por mim.

Se a maioria das atrações não possuem uma simples PLACA indicando que existem, IMAGINE esperar que existam SITES.
Bem, é muito complicado esperar SITES de estabelecimentos que estão em um lugar quase sem sinal de CELULAR. 4G? Pff... a falta de infraestrutura faz você ficar feliz quando acha um ponto que ofereça 3G...

Essa total falta de promoção das atrações da cidade faz com que ir à São Joaquim seja um passeio de ANOS. Sim. ANOS.
Um ano tu vais até lá e fica totalmente perdido...
No outro ano tu vais até lá e fica só meio perdido...
Lá pelo quinto ano que tu visitas a cidade é que tu começas a pegar as manhas do local.

Comecemos pelos hotéis.

Nem vá para São Joaquim sem uma RESERVA de um quarto de hotel.
Sério. É garantia de passar uma noite do cão dormindo no carro.
Para o tamanho da cidade, São Joaquim tem hotéis demais. E para um local aonde as pessoas vão para vivenciar o FRIO, são pouquíssimos os hotéis de São Joaquim que estão PREPARADOS para oferecer uma boa experiência aos turistas.

Sim, a maioria conta com ar condicionado quente e lareira. Mas, não sei se você sabe, o ar condicionado quente só funciona até certa temperatura... abaixo dela, o ar condicionado não esquenta mais.
E São Joaquim faz frio. Muito frio. Frio pra caramba. Jamais subestime o frio de São Joaquim.
Tanto que lareiras não são luxo. Não vá pensando que acender a lareira e tomar vinho com aquela companhia agradável será algo romântico. Acender e manter o fogo da lareira aceso são uma tarefa necessária para manter o ambiente quente. E essa necessidade faz a lareira ser um trabalho, não uma diversão.
E, mais uma vez, a falta de infraestrutura se faz notar. A maioria dos hotéis fornecem pouca lenha. Ops... lenha? Em alguns hotéis que fiquei ofereceram tábuas de obra serradas... E pouca!
E não adianta ir nos mercados de São Joaquim. Lenha? Toras? Nó de pinho? Pff... Esqueça.

Inclusive, fica a dica: compre um aquecedor elétrico portátil. Desses pequenos, que vendem a cem pilas em qualquer mercado. Leve-o para que a sua noite não seja tão fria.

Porque, falando sério: dependendo do lugar aonde você for passar a noite, talvez você não queira nem tomar banho antes de dormir. Talvez até cogite dormir com a roupa que passou o dia. Só pra não tirar a roupa quentinha e colocar o pijama congelado.

Particularmente, eu recomendo fortemente o Chalé Alto da Serra. É mais caro do que outras opções da cidade, mas pelo menos te dá tudo o que tu precisas para passar a noite quentinho.
Na contramão, eu estive no Branca de Neve e olha... se a infraestrutura deles fosse metade da simpatia do pessoal que nos atendeu, seria o melhor hotel do mundo. Pena que a infraestrutura e organização não eram isso tudo e a experiência não foi das mais agradáveis.

Galera, é sério. O inverno em São Joaquim é MUITO frio. Dependendo do dia, ao meio dia você pegará 2 ou 3 graus. O vento no local derruba mais ainda a sensação térmica. Vá bem preparado. Touca e luvas não são opcionais: são pré-requisito para subir a serra.


Certo. Você já chegou à cidade. Está vestido de acordo com a temperatura local. E até está em um bom hotel, preparado para a falta de infraestrutura dos locais.

Agora você quer fazer algo legal na cidade!

Vamos aos roteiros!

Em São Joaquim você encontra diversas VINÍCOLAS. Eu sugiro que você faça os passeios. Leve uns R$500,00 a R$1.000,00 extras só para completar sua adega. Vinhos finíssimos, direto dos produtores. Garrafas de alta qualidade, que os mercados sequer adquirem para te oferecer, vendidos por R$80,00, R$150,00, R$250,00, etc... Sabe aquela garrafa que você guarda pra abrir em ocasiões especiais? Para dar de presente para aquele parente que mora longe? Então, é aqui mesmo que você encontra.

Recomendo o passeio da Villa Francioni. E indico o vinho Colheita Tardia deles. Licoroso e doce, não fica devendo nada para os mais saborosos Vinhos do Porto.

Existem muitas outras vinícolas menores próximas de São Joaquim. E pelo menos nisso o pessoal de lá te ajuda. Se não existem quase sites indicando um bom roteiro do local, promovendo a região, o boca-a-boca deles é muito bom. É uma cidade pequena e parece que todos os locais são muito amigos. Não se importam em dar indicações de onde fica o concorrente direto, locais para passar o tempo, etc...
Portanto, uma vez hospedado em algum hotel, você pode pegar os endereços das vinícolas da região e passar ótimos momentos de lazer.

Mas eu deixo aqui as recomendações à Vinícola Sanjo e à Vinícola Leone di Venezia. Boas degustações!

Nas diversas vezes que fui para o local, jamais notei pardais ou operações da polícia. Sequer agentes de trânsito. Esse blog não incentiva que você beba e dirija. Aliás, muito pelo contrário, peço para que você não faça isso. Não seja cuzão. 
MAS... Acredito que a cidade pegue leve com os turistas que vão e vêm das vinícolas. Aproveite essa liberdade com responsabilidade. Não vá você se envolver em algum acidente.

Se for para citar outro local, diria que o Snow Valley é um lugar aonde vale a pena visitar. Especialmente se você levou família e crianças. Há muitas atividades para fazer no local. Mas sei lá. Pro meu gosto, as atividades propostas não combinam com inverno e frio.
Mas deixo a dica.

De qualquer modo, no centro da cidade existe um grande posto de informações turísticas. Fecha cedo, mas existe. O pessoal é bem solícito e atencioso.

Existem hotéis-fazenda com passeios a cavalo, trilhas, pescaria e outras atividades. Basta se informar.

Bem, no frio você quer aquecer o coração com alguém que você gosta... e o estômago com uma comidinha bem feita, né?

Vamos aos restaurantes!

Para o seu tamanho, São Joaquim tem muitos e ótimos restaurantes.
Para a quantidade de turistas que os hotéis recebem, São Joaquim não tem restaurante nenhum.

Sério. É de chorar.

Facilmente a população da cidade cresce 50% nos finais de semana de dias frios. E a lotação máxima do maior restaurante da cidade deve ser de 50 ou 60 pessoas (10 ou 12 mesas, +ou-).

O melhor e o pior, com certeza, é o Pequeno Bosque.
A sequência de fondue deles é a melhor que já comi. E Ponto Final!
O menu deles, como um todo, é muito bom, farto e muito bem preparado.
A carta de vinhos poderia ser melhor, dada a quantidade de vinícolas da região. Mas é boa.
O atendimento dos garçons é perfeito, por falta de definição melhor.


Isso tudo se tu pegas o restaurante em um dia de baixo movimento.
Se tu tens o azar de pegar o restaurante em um dia de alta procura (e lembre-se: você está indo quando todo mundo tá indo, no forte do frio do inverno...), o pessoal do restaurante bate cabeça, se atrapalha, não sabem lidar com a situação e acabam te tratando como LIXO.

Na última vez que estive lá, aconteceu algo péssimo.
Cheguei e havia mais gente ESPERANDO por uma mesa, do que sentados jantando.
A "maitre" disse que o restaurante não fazia reservas. Então colocou meu nome em uma lista e mandou esperar na salinha aonde já haviam pessoas de pé. Perguntei quanto tempo estava demorando para as pessoas serem chamadas. "Uma hora", respondeu a "maitre". Caramba, UMA HORA esperando de pé? Então perguntei a ela se poderia esperar esse tempo no carro, aonde pelo menos eu esperaria sentado. Ela disse que não havia problemas.
Fui para o carro, no estacionamento do restaurante. E lá fiquei detonando a bateria do carro com o aquecimento e a bateria do meu celular com joguinhos.
Cerca de cinquenta minutos depois eu fui para o restaurante. "Espero 10 minutinhos por ser chamado, não tem problema", pensei eu.
Entro no restaurante, pergunto para a "maitre" quanto tempo ainda demoraria para eu ser chamado. 

"Tu já fostes chamado" - diz a "maitre".

"Então eu sou o próximo?" - perguntei.
Então entra na conversa a dona do lugar...
"Nós não reservamos lugar para ninguém. Tu foi chamado e não estava, perdeu teu lugar!" - disse a desagradável proprietária do lugar.
"Mas eu estava ali do outro lado da parede" - apontando para o meu carro, no estacionamento - "esperando no carro, porque vocês não me deram um lugar decente para esperar pela minha vez..." - tentei argumentar com razão...
"Perdestes o lugar. Se quiser, coloque o nome novamente na fila!" - insistiu a dona do lugar.

O quê podemos esperar de um restaurante que escreve 'a "La Cart"' em seu site?

Pode escrever "a lá carte", é francês mas o mundo inteiro utiliza...
Significa "de acordo com o menu". Não precisa inventar nem ter medo de usar!

Bem, amigos. Eu esperei TRÊS SEMANAS para escrever esse texto, só para baixar a raiva dessa infeliz e tentar ser imparcial. Se eu não fosse um cara centrado, isso teria terminado com meu final de semana.
Querem visitar o Pequeno Bosque? Vão. A comida é ótima e os garçons são excelentes. O lugar cobra bem para lhes entregar essa experiência. Um jantar a dois estará entre R$100,00 e R$300,00.
Faço votos de que vocês peguem o lugar em um dia calmo e que a proprietárias não esteja no modo "guampas viradas", bradando suas regras insanas, sem se preocupar com seus clientes.

Se o lugar estiver cheio... ou se vocês forem bacanas comigo e quiserem dar o devido boicote ao Pequeno Bosque...

O restaurante Vento Minuano é muito bom, também. Cria toda aquele clima romântico... se estiver aberto!
Esse restaurante aceita reservas para eventos. E olha só que dia ótimo eles aceitaram fechar para uma festa privada: o dia dos namorados!
Amigo, eu espero que eles tenham cobrado bem pelo evento fechado. Porque um dos poucos restaurantes da cidade fechar para o público bem no final de semana de maior visitação da temporada? No dia em que teriam fila de espera de "dobrar o quarteirão"? Corajosos.

A minha recomendação é o Restaurante Rosário.
Restaurante típico português. Pequeno, aconchegante, com uma comida deliciosa e com a melhor carta de vinhos que eu vi na região. O atendimento é bem cativante. Os garçons são muito bem treinados e sabem ser carismáticos na medida ideal. 
Sabe o restaurante que o pessoal do local vai jantar? 
Aquela pérola preciosa que tu encontra, aonde o pessoal não "faz tipo pra entreter turista"?
Então. É o Restaurante Rosário. A escolha certa para comer em São Joaquim.

Falta a São Joaquim, como um todo, uma associação comercial forte. Alguém que coordene as ações de marketing, turismo e eventos. Que faça uma "Rota da Serra Catarinense". Que crie uma "festa de São Joãoquim" (desculpe, não sou bom em criar nomes, mas você entendeu a ideia...) durante todos os finais de semana da temporada de inverno. Que use a praça da cidade para fazer uma fogueira bonita, com barraquinhas de pinhão, chocolate quente, quentão, cachorro quente, pipoca, etc... Com atrações, shows... sei lá. Algo que movimente a cidade. Algo que faça o turista não ir pra São Joaquim só por causa do frio e da esperança de ver neve.


Filet Mignon com pinhões!
Delícia do Restaurante Rosário!
São Joaquim precisa desenvolver o tino comercial que outras cidades de serra usam e abusam para chamar o turista de inverno.
Imagine que um sábado de inverno as lojas locais fecham antes do pôr do sol. Na primeira vez que fui, comecei a sentir o frio da serra lá pelas 20hs de sábado. Notei a necessidade de comprar luvas e um gorro. Sabe quando eu consegui encontrar uma loja aberta para fazer a compra? Só às 10hs de domingo. Como eu já estava indo embora, alguém na cidade ficou sem vender um par de luvas, um gorro e talvez mais um cachecol, quem sabe meias, quem sabe um blusão... sei lá. A loja estava fechada, não deu pra saber o que eles tinham pra me oferecer.

Em uma das vezes que fui à São Joaquim, o carro alugado não deu a partida domingo pela manhã. Esperei por HORAS até que o guincho chegasse de Criciúma. Eu perdi uma manhã de passeios. O comércio perdeu o dinheiro que eu estava disposto a gastar. A locadora teve um puta prejuízo por não oferecer serviço em uma cidade turística... 

Enfim. São Joaquim não é para os fracos.

Mas mesmo assim, se algum dia eu tiver dinheiro para investir em uma fazenda, certamente comprarei nos arredores de São Joaquim. Só para plantar árvores para vender como lenha. Tenho certeza absoluta que as vendas dos três meses de inverno me farão um homem podre de rico.
Ou para plantar videiras e fazer meu próprio vinho. Certeza que ficarei igualmente podre de rico.

No mais... vão preparados para a falta total de infraestrutura. 
Para beberem muito vinho. 
Desejo sorte para que vocês vejam neve. 
Levem roupas para passar frio (sério, levem bastante agasalho!). 
E aproveitem parco roteiro turístico que a cidade oferece.

É pouco, é simples... mas você sentirá que é de coração e, por isso, vale a pena.

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