sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Um Dia Sem Crimes!

Eu sempre tive uma máxima na minha vida: Estar "sempre aberta".
Quem me conhece desde pequeno sabe do que eu estou falando.

Eu sempre mantenho minha mente aberta para as novas ideias. Mantenho sempre o coração aberto para novas pessoas. Meu sorriso aberto para cada situação.

Esta máxima provavelmente é resultado direto da minha curiosidade e talvez tenha sido o que me levou ao fascínio pelo método científico.

Uma das consequências mais interessantes a que esta máxima me levou foi a de não guardar ou transferir medos, rancores, traumas ou sequer impressões.

Não é porque uma vez uma situação me fez mal, que eu vou achar que todas as vezes que ela se apresentar, novamente, o resultado será o mesmo.
Quer um exemplo? É, talvez fique mais claro com um exemplo, mesmo.
Meu tio Cláudio, irmão do meu pai, faleceu por causa de um acidente de trânsito estúpido, há mais de dez anos.
Segundo testemunhas, o sinal ficou verde para ele e, então, ele atravessou o cruzamento. Um ônibus furou o sinal vermelho e simplesmente passou por cima do carro do meu tio.

Trágico, traumático, triste até hoje.
Aliás, desde então minha avó culpa o carro e o trânsito pela perda de seu filho. Mais do que isso, ela se recusa terminantemente a ter um veículo. E arma a maior confusão todas as vezes que qualquer parente seu expressa o desejo de ter um carro.

Não vou mentir, dizendo que entendo a dor de uma mãe que perdeu seu filho.

Entenda: eu tenho certeza que brasileiro não sabe dirigir, que nossos veículos são carroças motorizadas da pior espécie, que nossas estradas e ruas são completamente negligenciadas por nossos governantes e até que nossa organização de trânsito poderia ser melhor do que é. Sim, "Terra Arrasada" mesmo. Mas eu não consigo concordar com quem extrapola e exponencializa sua experiência traumática pessoal e simplesmente julga todos os demais de acordo com uma única amostra trágica (que, infelizmente, aconteceu com essa pessoa).

Não, amigo. O que aconteceu de bom ou ruim, aconteceu naquela vez. Ou vezes. Aprendo com o passado, mas não ouso tratar uma situação de certo modo por causa da experiência com uma situação anterior similar.

Pessoas são diferentes, situações são diferentes. Para resultados diferentes, trato cada situação como única.
Assim, quando eu encontro alguma situação nova, eu tenho como ficar completamente limpo, para poder enfrentá-la com a justiça e sinceridade que ela merece.

Falei tudo isso porque eu noto uma grande injustiça que o nosso país realiza, todos os dias. Sim, o Brasil é um país traumatizado.

Passamos por algumas décadas de supressão de direitos civis. Concordo que foi um tempo injusto, sim. Não poder publicar coisas como "Não concordo com as ações do Governo", não poder fazer atos como passeatas, manifestações ou greves, sem temer diretamente por sua vida. Coisa complicada de se lidar.

Mas o problema é que, depois de termos conquistado novamente nossos direitos civis, passamos a nos comportar como crianças birrentas.
Se, antes, não tínhamos direito de falar, hoje falamos pelos cotovelos, sem a devida responsabilidade em medir as palavras disparadas.
Se, antes, não tínhamos o direito a manifestações, hoje fazemos manifestações só por bobagens.
Se, antes, a polícia tinha direito a tudo, hoje a polícia não tem direito a nada.

E aí está o motivador deste texto inteiro.

Até o início da década de oitenta, Nova Iorque era uma cidade violenta demais. Máfias, roubos, assassinatos, guerras entre gangues, etc... Tudo o que você pode imaginar de ilegal era trivial na cidade.

Então, houve o choque contra a violência.

Sim, no país mais livre do mundo, os policiais ganharam o DEVER de parar qualquer cidadão, a qualquer momento, sem precisar dar nenhuma explicação, para uma revista.

Entenda bem: as PESSOAS DE BEM decidiram que queriam que a polícia revistasse pessoas, aleatoriamente  a qualquer momento do dia.

Como pequenas formigas, os policiais foram removendo de circulação armas, drogas e outros itens ilegais.

O trabalho culminou em uma marca histórica, na última segunda-feira: Em todo o dia 26 de novembro de 2012, Nova iorque não registrou NENHUMA ocorrência de crime violênto.
Nenhum veículo roubado. Nenhuma lesão corporal. Nenhum assalto. Nenhum sequestro. Nenhuma troca de tiros, latrocínio ou assassinato.

Nada. Nadica. "Néca de pitibiriba".

Enquanto brasileiro e cidadão de bem, eu gostaria MUITO que a nossa polícia pudesse (e soubesse) fazer esse trabalho mais ostensivo. Parar pessoas, com educação, aleatóriamente na rua. Solicitar documentos. Pedir para ver o conteúdo dos bolsos. Dar aquela passada de mão rápida pela região da cintura, procurando por armas.

Não é um "talvez". Não é um dos meus sonhos mirabolantes, que eu tenho que justificar com parágrafos gigantes, cheios de argumentos. É um processo que funciona. Comprovado.

Mas, infelizmente, mesmo o Brasil tendo violência em TODAS as suas cidades, esse tipo de solução (simples) não será implantada aqui.
Não. Somos traumatizados demais para que aceitemos que um policial peça nossos documentos na rua, nos pergunte o que estamos fazendo ou para onde estamos indo e - imaginem! - até para uma revista.

Bem, não precisamos imaginar...
Não foi aqui no Brasil que, outro dia, uma menina foi parada para uma revista e começou a torrar o saco do policial, até levar uns cascudos?

Quem não deve não teme. Para, mostra documentos, esvazia bolsos, diz o que estava fazendo e se deixa revistar. Nada encontrado, a vida segue, mais segura para todos.

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