segunda-feira, 26 de novembro de 2012

You Cannot Denied

Eu me esforço - em cada palavra minha - para manter a porcaria da hipocrisia bem longe de mim.

Talvez seja somente a minha luta particular contra a última barreira antes de me livrar completamente da compulsão pela mentira. Sim, depois de varrer as mentiras mais superficiais da minha vida, eu continuo cavando. Escarafunchando. Colocando a agulha mais e mais fundo. Removendo com uma pinça tudo o que pode ocultar o real Arthur de vocês. Sim, no processo eu retiro grandes partes boas. Mas, mesmo que a verdade seja horrível, purulenta e revoltante, é o que eu preciso oferecer.

O que mais me revolta nessa história toda é que muitas pessoas que me julgaram quando descobriram minhas mentiras, têm as suas próprias inverdade. Vivem vidas cujas verdades mais basais foram manipuladas. Gente que acredita cegamente em princípios falsos, mas que apontaram para mim, julgando as minhas fantasias.

Talvez venha daí a minha gigante objeção contra a religião, por exemplo.

Hoje eu quero mostrar para vocês como o Capitalismo está manipulando nossa cultura. Como essa manipulação é mentirosa e, no final das contas, como você acredita nisso e pauta toda a sua vida sobre mentiras.

Mentiras que eu estou apontando.

Ontem eu li um texto sobre o filme “500 dias com ela”. Esse Aqui.

Vamos falar de sentimentos e verdade, então.

Primeiro, o sentimento romântico não existe. Isso já foi uma imensa mentira. Foi feita uma grande  publicidade por séculos, sobre o amor romântico. Sobre como toda mulher quer um príncipe encantado. Os homens, por sua vez, correram para se tornarem esse príncipe.
Mas isso tudo só gera mais e mais desilusão.

Por quê??

Vou te pedir para olhar para dentro de si mesmo. Só um instante. Não dói. Te prometo.
Não importa se você é mulher ou homem: você não quer alguém para correr de mãos dadas em um campo de lírios. Você não estuda, trabalha, come, dorme, se arruma, compra coisas legais, lê livros, se aprimora como pessoa, etc, etc, etc... Para você mesmo.
Não sejamos falsos, ok? Ninguém sabe que você está lendo esse texto. E, enquanto essas ideias estiverem dentro da sua cabeça, ninguém também saberá que você concorda e pensa assim. Suas mentiras estão protegidas.

Tudo o que queremos do parceiro, em um primeiro momento, é sexo. Desejamos o corpo, o cheiro, o gosto, o toque na pele, o som da risada... Isso é o queremos. Que aquela pessoa que visamos provoque a liberação de hormônios de prazer, dentro de nós.

Porque a verdade é que somos viciados nesses compostos químicos. Quando alguém “mexe com você”, é no sentido de conseguir mexer com a sua química! Aquela pessoa fascinante, com pontos de interesse em comum, com um papo legal, com jeito, ações e toda sua circunstância fantásticas... Tudo isso não passa de alguém que conseguiu fazer com que seu corpo criasse alguns compostos químicos! Aliás, se você olhar bem, qualquer pessoa é fascinante, tem pontos de interesse em comum com você, tem um papo legal, etc... Mas você só nota isso quando essa outra pessoa mexe com a sua química!
Olha que poder legal que uma pessoa pode ter sobre a outra! Só a proximidade (ou a mera promessa que a proximidade acontecerá) faz com que células do seu corpo trabalhem de modo específico, combinando moléculas e formando justamente as drogas em que somos mais viciados!

E o ponto todo é, justamente, esse vício. Em algum momento do passado, sem a devida instrução, alguém uniu essas sensações que as drogas hormonais fazem com nosso corpo, com o ideal de "amor". Esse alguém determinou que o coração batendo mais forte, o frio na barriga, as mãos suando, a visão turva, etc... Eram causadas pelo "amor". Claro que o "amor" é algo mágico. Uma explicação inventada por alguém que não tinha como estudar o mecanismo verdadeiro. 

Aí, amigo, "fudeu tudo". Desculpe o palavrão. Mas essa é a única expressão que pode te chocar o quanto eu quero.

Quando duas pessoas se aproximam, o interesse inicial entrega altas doses dessa droga hormonal. Mas com o passar do tempo, o corpo se acostuma com as doses. Chega ao ponto de parecer que não tem mais nada ali. Que a pessoa que está do seu lado não estimula mais a criação da droga hormonal.
Mas isso é só costume, mesmo. A verdade é que a droga é injetada constantemente e devagar, de modo que nem notamos.

Quase como os sapos, que não notam enquanto a temperatura da água da panela vai subindo e acabam cozidos sem perceber, vamos nos acostumando com aquela quantidade de hormônios na corrente sanguínea, até acharmos que "a paixão passou".

Essa é a diferença física entre "paixão" e "amor". A "Paixão" é o início do relacionamento, quando a proximidade com a pessoa é novidade e o seu corpo produz muito mais droga. O "amor" é quando você se acostuma com a quantidade de droga que o outro te faz produzir.

E, amigo, os problemas amorosos acontecem porque uma pessoa é mais ou menos viciada nessa droga hormonal.

Sim. Novamente, um vício. Uma compulsão que deve ser tratada.

Relacionando com o comportamento atual:

Primeiro, que bom que existem pessoas menos viciadas na droga hormonal. Particularmente, eu imagino que elas sejam alguma espécie de mutação ou somente pessoas utilizando ardis mentirosos para defenderem o seu emocional.

Enfim. As possibilidades de parceiros aumentaram na mesma proporção que conseguimos nos comunicar e transportar com mais facilidade.
Antes, você tinha a sua pequena cidade como universo de escolha de parceiros. Quando uma pessoa "vinha de fora", despertava o interesse de todas as pessoas do sexo oposto.
Hoje, as cidades incharam. Esprememos milhões de pessoas onde - a menos de cem anos - sequer vivam dezenas de milhares. A facilidade de comunicação faz com que encontremos pessoas com afinidades em qualquer lugar no mundo. E a riqueza que o Capitalismo trouxe à nossa era faz com que possamos nos aventurar em viagens cada vez mais frequentes.

Novamente: o conjunto de pessoas com quem podemos nos relacionar aumentou muito. Existem - facilmente - milhares de pessoas "perfeitas para você", espalhadas pelo planeta.

Nesse novo mundo, não ser viciado na droga hormonal é realmente uma vantagem. Darwin explica porque pessoas com essa característica se multiplicam. Seguramente as pessoas que "pegam e não se apegam" têm mais filhos do que os "casados para sempre". Retrato fácil da nossa sociedade de separados com filhos do primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto... casamentos.

O ponto, aqui, é que ainda existem pessoas que são viciadas nos hormônios. E, desculpem as pessoas que conseguem "ser adultos" e "só curtirem uma noite": nós, os viciados, sofremos com a crise de abstinência dessa droga que só o parceiro pode produzir.
Nós precisamos do fornecimento regular da droga.

Precisamos tanto dessa droga hormonal, que acabamos querendo explorar todas as possibilidades que nosso parceiro pode nos oferecer.
E - é claro - a mera ausência já desencadeia uma crise de abstinência branda, a qual chamamos de "sentir falta".
O pensamento de que - talvez - a pessoa que te faz produzir a droga saia de perto de ti gera as piores crises de ciúmes.
Nem preciso falar que a crise de abstinência é infinitamente maior quando sabemos que não teremos mais aquela pessoa perto. Mesmo no caso de quem termina um relacionamento. Se o "rompedor" for um viciado, acaba tendo pensamentos como "o relacionamento não era tão ruim quanto eu pintei... Dá para voltar... Talvez se eu me esforçar mais... É a culpa foi minha!!" e coisas do tipo.
Mas pior ainda é quando a crise de abstinência é desencadeada pelo outro, que não é um viciado.

Sofrimento, depressão, sensação de que o chão sumiu, perda da vontade de viver... Quando um viciado em droga hormonal fica sem seu suprimento, vemos o pior da degeneração do ser humano.

Relacionando com o filme "500 dias com ela":

Amigo não-viciado: é necessário que você saiba identificar as pessoas que são viciadas.

"500 dias com ela" mostra toda a trajetória de um relacionamento. Do ponto em que o rapaz se apaixona perdidamente pela menina, até quando ele "desencana" dela. O rapaz é, visivelmente, uma pessoa viciada na droga hormonal. A menina, não. Ela quer se divertir, está ligada no aqui, no agora. Se a situação está boa, ela vive o momento. Se a relação não está boa, ela abandona o que quer que esteja fazendo, na hora.

Podemos julgar o filme de diversos modos. O romântico chamará a menina de vadia, sem pensar duas vezes. A menina "prafrentex", feministas e acéfalos modernos falarão que o cara não está com nada e o modo de vida da menina é o verdadeiro.

Eu já acho que os dois estão certos em quase tudo, só pecam em não conhecerem-se a si mesmos, desde o início.

Há duas responsabilidades, enquanto se trata de relacionamentos, que evitam tanta dor e desilusão:
1 - Quem é viciado deve se identificar assim e só procurar outros viciados para se relacionar. Quando os dois viciados se encontram, eles acabam trocando tempo de estimulação da produção da droga hormonal. Assim, ambos ficam satisfeitos. Ao não se relacionar com não-viciados, o viciado os poupa de todo desgaste emocional, pegação no pé, brigas desnecessárias, etc...

2 - Quem não é viciado, deve se identificar assim e só procurar outras pessoas que não sejam viciadas. Buscar relações com outros não-viciados ajudará no desapego fácil, vivência de aventuras e dará maior satisfação. Ao evitar os viciados, não ficará "partindo corações" por aí.

Assim, eu acho que o menino do filme está errado por ter insistido justamente com a menina não-viciada. Ela disse com todas as letras que não queria compromisso. Ele não deveria ter investido, mentido ou acreditado que conseguiria ficar com ela. Já ela deveria ter notado - apesar das mentiras dele - que o menino era um viciado. E não deveria ter chego perto dele.

Fico imaginando porque ninguém difunde estes pensamentos. Certamente não sou só eu quem chegou nestas conclusões. Mas, se isso não é algo difundido, só pode ser porque há interesses no meio.

Interesse que centenas de românticos-viciados continuem pensando de forma errada. Continuem gastando o que não têm para tentar conquistar a quem não conseguirão. Que o mundo gire de modo mais romântico. Mesmo porque, caso todos alcancem mais conhecimentos, passarão a pensar de modo mais racional. E, obviamente, atrapalhando grandes negócios.

Eu sou um completo viciado na droga hormonal que tive o incrível azar de só me relacionar com meninas que não eram viciadas. Cada qual mais preocupada com seu próprio bem-estar, planos, projetos, sonhos e vida. Agora que eu já compreendi estas características, só me permitirei relacionar com a menina que eu souber que é viciada. E que eu conseguir fazer com que ela produza o máximo de droga hormonal possível.

Menos que isso será só tortura desnecessária.

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