quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Como Vocês Conseguem?


"One does not simply..."
- Boromir.

"Muitas coisas você foi, "David Jones". Mas você nunca foi cruel."
- Calipso.

Sabe, é por causa de textos como o de hoje, que eu estou parando de escrever diariamente, aqui no Ponto Final.

Eu estou muito mal e, embora não esteja publicando, estou escrevendo mais de um texto por dia. Todos altamente depressivos.
Na verdade, parece que eu estou escrevendo sempre o mesmo texto, melhorando meus lamentos a cada nova volta que dou com as mesmas ideias.

Simplesmente CHATO!

Tão chato que eu sei que você, amigo (do mundo inteiro!), não se interessará pelo meu choro.

Mesmo tendo claro que o choro é livre, eu tenho como mais certo ainda, que o lugar para me debulhar em lágrimas é na cama. Porque lá é lugar quente. Onde podemos esperar sem cansar. Esperar deitado, sabe?

E porque eu estou trazendo esse texto para você, agora?

Ah! Porque, depois de tanto reescrever sobre a mesma coisa, acho que consegui encontrar um aspecto interessante sobre mim. Talvez alguns se identifiquem, talvez outros tenham a resposta à minha pergunta (e vontade o suficiente para ir ali nos comentários dar essa força pra mim).

Depois de tanto tempo choramingando sozinho eu notei que, mesmo estando triste, eu não estou mentindo. E isso é bom. Curioso demais, mas bom.
Porque é curioso?

Porque, apesar de estar beirando os trinta anos, eu ainda sou uma criança, emocionalmente falando.
Sim, meu emocional é tão ridiculamente sub-desenvolvido, que eu tenho ciúmes até de alguns pequenos objetos pessoais. Aliás, ainda não me recuperei totalmente da mala que eu perdi no Trensurb! Dentro da mala havia roupas sociais (calça, camisa, sapato, meias), carregador do meu celular e alguns objetos pessoais. Mas eu dou de ombros para quase tudo que havia nela. Só não me perdoo por ter perdido o meu cortador de unhas.

Pode?

Um pedacinho de metal, feito na China, cuja perda me faz ficar chateado.
Claro, esse cortador eu ganhei da Vizinha, lá do Edifício Centauro, onde morei até meus oito anos. A Dona Delmira foi quem me deu. E eu guardava ele com um carinho todo especial, por causa disso. Já são dois anos sem o cortador de unhas, e eu sei que nunca vou me perdoar por ter perdido ele.
Sim, eu tenho uma habilidade única em transformar objetos bobos em coisas especiais.

Bem, essa história só serviu para mostrar o quanto meu emocional é pouco desenvolvido.

Como você já sabe, eu desenvolvi toda uma compulsão por mentiras, usando como alicerce a minha insegurança emocional.
E, hoje, perdi coisas muito mais importantes do que aquele cortador de unhas. Eu deveria estar descontrolado. Deveria estar mentindo pelos cotovelos, tentando me auto-afirmar, mendigando empatia de estranhos.

Porque, nesse momento, meu coração é o reflexo da minha casa. Desde que voltei de Criciúma, eu só mudei de lugar as coisas extremamente necessárias para sobreviver. Todo o resto está jogado pela casa. Estou deixando que acumule o pó nessa bagunça que a minha vida se transformou. Meu coração está vazio, mas não como antes.
Até o mês passado, o meu coração estava vazio de esperança, embora houvesse alguém ali. Alguém que não cuidava direito do lugar. Mas, mesmo assim, alguém estava ali.

Hoje, eu estou "all by myself". Imagine por um instante a merda: Uma criança morando sozinha em um coração, sem ninguém para fazer com que ela se comporte.

É. Esse é o meu maior problema. Eu perco completamente a minha motivação pessoal, quando o meu emocional não está legal. Fico olhando a pilha de trabalho que eu tenho que fazer, me perguntando "porque mesmo eu vou me esforçar?". As pilhas vão se acumulando. Roupa suja, papéis que eu deveria ter jogado fora, louça na pia e garrafas vazias pelo apartamento.

Piora: quando o coração fica assim, abandonado, a "Soninha" aparece.

Sim, depois de mais de dez anos conseguindo dormir direito, a "Soninha" voltou a entrar na minha vida, "pela porta que você deixou aberta ao sair". Quase todos os dias eu vou para a cama em vão. Fico me revirando até que a exaustão me faça desmaiar. Espero que a "Soninha" fique só alguns dias e, depois, tome o seu rumo. Embora saiba que isso não será tão simples assim...
O chato da "Soninha" é que ela me trás vontades de fazer coisas que eu não faço normalmente. Uma coisa é tomar uma dose de Whiskey para relaxar quando chego em casa, cansado do trabalho. Inclusive, depois da primeira dose, acho que até fico mais solto, divertido... Mais comunicativo no Twitter, Facebook... Acho até que meus textos ficam melhores quando eu estou "no brilho". Só que a "Soninha" me faz tomar a segunda dose. A terceira. A quarta... Quando eu vejo, estou falando com estranhos e prometendo coisas que eu sei que não quero fazer.

A "Soninha" é muito sorrateira e convincente. Ela sussurra vontades esquisitas na minha orelha. Vontades de viajar para fazer papelão, de ligar para quem eu destratei injustamente, de ir a shows que eu nem estou muito a fim, de pedir perdão para quem eu sei que me faz mal... A última dela é essa tal história da caixa de charutos. Imaginem só: eu, que mal experimentei cigarros (sendo completamente mal sucedido no processo), estou namorando uma caixa de charutos! Uma caixinha pequenina, de madeira fininha, com uma bela estampa...

Eu sei que nesse final de semana eu deveria sair. Conhecer gente nova. Jogar sinuca, poker, RPG, pedrinhas na água ou papo fora. Mas a única coisa que eu penso é em amaldiçoar a droga da sexta-feira útil, que está arruinando meu projeto de ficar bêbado de agora até segunda às oito da manhã.

Isto é o retrato do meu lado emocional. Meu lado racional olha pra essa bagunça toda e tem vontade de me surrar. "Levanta dessa poça de auto-lamentação e vá fazer alguma coisa pela tua vida, PORRA!" "Aproveita que não tens que gastar com namoros e otimiza as tuas finanças, compra o teu carro mais cedo, junta a grana para se mudar para a Inglaterra ou Canadá!"

Mas, PRAGA, o mais chato nessa história toda de "limpar o coração" é que não é qualquer pessoa que pode vir aqui arrumar. Meu racional sabe que é preciso seguir em frente. Encontrar outra pessoa (pode até ser eu mesmo!) que dê um jeito nessa bagunça toda que aconteceu. Mas o emocional se joga no chão, abre o berreiro, faz escândalo e exige que aquela pessoa especial venha correndo para, pelo menos, me dar motivações para deixar tudo perfeito novamente.

Resumindo, eu sou isso quando se trata do coração. 
Então, enfim, eu pergunto para vocês: 

Como vocês conseguiram crescer, emocionalmente falando?
O que eu preciso fazer para ser seguro como vocês?

Agradeço desde já as respostas que eu sei que virão em chats e mensagens pessoais. Embora eu não entenda porque vocês não escrevem ali, nos comentários...

Um comentário:

  1. A primeira coisa a fazer é encarar e parar de se esconder. Sim, é difícil, é complicado, a gente fica em dúvidas sobre tudo e sobre todos. Meu último relacionamento, que acabou há 1 ano, me deixou completamente desnorteada e eu me maltratava diariamente sem excluí-lo da minha vida, mesmo sendo via rede social, eu deixava ali, pra ver, pra sentir que ainda estava comigo de alguma forma e isso só me fazia sentir pior, mas mesmo assim, eu deixava e mais: eu olhava todo a hora pra me fazer ainda mais depressiva. O tempo foi passando e a coisa piorando, visto que ele conseguia seguir a vida normalmente e eu não. Isso doía de uma forma tão forte que partes do meu corpo que achei que jamais poderia sentir dor, doíam... Apesar de aquariana, muito sociável, cheia de amigos, não sabia expressar essa dor para colocá-la pra fora e finalmente retirar do meu coração. Meus dias eram longos e vazios, só a leitura, minha grande amiga, estava comigo e sabia o que se passava. Então, resolvi 'voltar a viver'.... comecei a tentar sair com outras pessoas, mas não para esquecer o 'ex', mas para apenas sair do potinho que eu havia me encerrado. Magoei muitas pessoas e nem ao menos desculpas pedi, foi horrível, ainda me sinto mal pelas pessoas que magoei injustamente. Agora estou aqui, agora estou do lado de cá, sendo a pessoa magoada, que engraçado, né? Seria castigo pelas pessoas que eu prometi algo e não dei por fraqueza e por medo de me relacionar de novo e sofrer? Pois é... um dia a gente sofre e no outro, a gente faz sofrer! Tudo é normal, é experiencia, é crescimento emocional, que nos faz ficar mais fortes e também mais inseguros, mas nunca nos deixará sem o desejo de amar de novo. Fala comigo, Arthur, tu sabe que te entendo perfeitamente... meu amigo!

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