domingo, 22 de janeiro de 2012

Bancos


Há algo errado com o Capitalismo.
Não, este texto não irá levantar uma bandeira vermelha, com uma Foice e um Martelo, porque este regime está mais errado, ainda, do que o Capitalismo.
Mas, não há como negar: Há algo errado com o Capitalismo.

Há algo de errado porque, para que a fórmula do Capitalismo dê certo, todas as pessoas têm que começar do mesmo ponto.

O Capitalismo surgiu porque haviam pessoas que possuíam mais dinheiro que os reis, mas não possuíam voz nem vez no cenário político. E, amigos, desde sempre o dinheiro fala mais alto. Antes do Capitalismo, o dinheiro em excesso financiava grandes exércitos. Estes exércitos garantiam o domínio de uma pessoa sobre as outras. Quase como as milícias no Rio de Janeiro, os Reis formavam exércitos gigantescos e cobrava de seus súditos os tributos, em troca de proteção. Claro que, muitas vezes, essa proteção oferecida era exatamente do próprio exército. Então, tal qual uma máfia, as pessoas eram reféns do exército de seu Rei: ou pagavam tributos, ou eram mortos. E, a cada tributo pago, o exército ficava mais forte.

Enfim. Burgueses conseguiram mais dinheiro que os reis. A revolução industrial mexeu demais com a balança de poder e, para finalizar, duas grandes guerras terminaram de tirar o poder de ditadores e passaram-no aos cidadãos.

Neste momento, o Capitalismo errou. Porque, para que o Capitalismo seja perfeito, ele precisa que todas as pessoas, no momento do início de suas vidas produtivas, estejam rigorosamente iguais. Porque, só partindo de um ponto em comum, é que pode-se dizer que a posição social onde a pessoa está é fruto, unicamente, de seu esforço próprio.

Embora a grande maioria dos governos tente dar educação universal e de qualidade, o que já ajuda muito para que as pessoas comecem do mesmo ponto, alguns mecanismos do capitalismo, como a herança, por exemplo, deturpam essa igualdade inicial.

E, talvez, o que mais me incomode seja a falta de regras claras para a abertura de capital de empresas.
Porque, enquanto a empresa mantém seu capital fechado, sabemos quem são os donos, e podemos cobrar deles a responsabilidade social. Porém, quando a empresa lança ações em bolsas de valores, seus donos deixam de ser rastreáveis, e as suas definições de missão, visão e valores deixam de ser o objetivo da empresa para que ela se torne um monstro que só visa lucros.


Hoje, quero me ater aos bancos.

Não importa qual seja o banco, estatal, privado ou cooperativa, todos chegaram à um nível tal de desespero por lucro, que sua saúde financeira já é indicador para a região onde atua. Se o banco vai bem em certa região, é porque ela é próspera.

Mas, vendo a quantidade de taxas que os Bancos cobram, em comparação com os serviços que prestam, há algo errado. E, quando há algo errado, há algo que precisa ser melhorado.

Vamos ver a mecânica dos cartões de crédito, por exemplo.

Hoje, os cartões de crédito trabalham com limites fixos de gastos. Ou seja, avaliam o cliente e lhe dão um limite de gastos. Vamos usar um exemplo redondo de R$1.000,00.

Com este limite, o usuário pode fazer compras à vista ou a prazo.

O problema aqui, é que o usuário tem o máximo de R$1.000,00 para gastar. Ele não pode comprar algo que custe R$1.001,00 só com o seu cartão. E, como o cartão de crédito geralmente vira niqueleira, é comum a utilização do cartão para comprar tudo "à vista", para pagar na fatura. Mais simples, mais cômodo, pagar todas as despesas do mês em uma mesma data.

Porém, a avaliação dos bancos nem sempre é exata, e estes acabam dando limites para pessoas cujos salários não acomodam o limite máximo. Assim, essas pessoas não podem comprar tudo o que querem à prazo, tão pouco conseguem pagar a fatura completa, caso cheguem muito próximos ao limite máximo de crédito.

Aí, passam a fazer o "pagamento mínimo", o que faz com que muitos juros sejam incididos e, na prática, nada da dívida tenha sido pago. Quem não sabe usar cartão de crédito, normalmente entra em dívidas astronômicas, por pura ignorância da mecânica do produto.

Para arrumar esse problema, fico pensando que o principal é que a empresa bancária tenha - mesmo com capital aberto - que ter consciência social. Nem que seja à força de lei. O cartão de crédito existe para que o usuário possa realizar seus sonhos com crédito facilitado. E o usuário paga por isso, nas anuidades muito caras. Porém, na prática, o cartão de crédito existe para que o usuário não pague o total da fatura e faça o banco lucrar, sem que o usuário tenha um limite que faça ele realizar seus sonhos.

Para mim, o cartão de crédito consciente tem outra mecânica. Ele continua tendo um limite, mas esse limite é calculado de acordo com a possibilidade de pagamento mensal que cada pessoa tem. Assim, se o cidadão possui um salário que comporta que ele pague R$1.000,00 por mês, esse é o limite máximo da parcela do cartão de crédito. Não o limite total do cartão. Dessa forma, poderíamos utilizar os cartões para comprar praticamente tudo, desde que a parcela coubesse em nosso limite de pagamento mensal do cartão de crédito.

"Ah Arthur! mas os bancos não teriam tanto dinheiro, assim, para financiar a todas estas aquisições!"
Não concordo. Nenhum banco é, hoje, restrito à uma área. Todos são instituições financeiras multinacionais. E, no Brasil e em diversos outros países do mundo, banco mostram resultados anuais com cifras trilionárias de lucro. E as cifras só aumentam! E, em crises econômicas, como as recentes nos EUA e na Europa, as primeiras instituições a receberem dinheiro do governo (NOSSO dinheiro, fruto de impostos!) são os bancos!

Ou seja: Os bancos nos roubam com taxas e mais taxas; Os serviços prestados nem sempre nos ajudam em nossas metas pessoais; E, quando os bacos fazem merda e fodem com toda a economia, são rapidamente amparados com nosso dinheiro, novamente.


Viu como existe um ramo de atividade que é fácil enriquecer sem responsabilidade?

Acho que o mundo todo seria melhor, caso começássemos uma reforma na estrutura em nosso regime de vida, justamente pela indústria financeira. Ela é um câncer e está errada. O lucro não pode ser seu ideal mas, sim, o desejo de que cada pessoa no mundo alcance seus objetivos pessoais. Claro que, no processo, os bancos deverão ganhar algo; são negócios e só são mantidos caso apresentem lucratividade.

Porque, enfim, ganhar o bônus sem sofrer o ônus, não é certo.

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