sábado, 28 de janeiro de 2012

Eu não sou Público-Alvo da Panvel.

Panvel é uma rede de farmácias grande, aqui no Rio Grande do Sul.
Digo grande, porque, além dos remédios tradicionais, perfumaria e maquiagens que toda farmácia vende, a Panvel já tem uma linha de produtos com a sua marca, por esta já estar consolidada no mercado.


Bem, como empresa grande que é, acredito que ela não se dê por satisfeita com baixa qualidade. Isso, em todos os aspectos. Já ouvi falar que o processo seletivo para trabalhar nas lojas é acirrado e difícil. Só os melhores entram e, mesmo assim, devem continuar se aprimorando, continuamente. Falando à boca miúda, reza a lenda que até as remunerações são boas.

O que me estranha, entretanto, são as propagandas de rádio que a Panvel tem publicado.

Sim, propagandas de Rádio. Ouço a Gaúcha, de manhã, enquanto me arrumo, da hora que acordo até chegar no trabalho. Tento escutar o Pretinho Básico, na Atlântida, às 13hs. Sempre escuto o das 18hs.

Enfim.

A Panvel tinha uma propaganda em que queria difundir as compras pelo seu site e a tele-entrega.
Assim, indicavam situações em que a pessoa precisava de algo da farmácia, mas seria mais prático entrar na internet, pedir o item e esperar que ele chegue em casa.


Para exemplificar, a propaganda começa com um cara, com voz fanha e fraca, notoriamente doente: "To gripadaço e não quero sair de casa!".
Sem problemas. Quando estamos realmente gripados (não resfriados, ok?), não queremos mesmo sair da cama... quiçá de casa! Para isso, o serviço é uma mão na roda: Tu já sabes o que deve tomar, encomenda o medicamento e recebe em casa. Fácil, rápido e cômodo.


Na sequência, uma voz de mulher madura, confiante e exultante, exclama: "Notei que tem dinheiro na conta e to a fim de um 'make up' novo!"
Olha... Eu preferiria ir à farmácia testar e escolher, em vez de chamar pelo telefone ou internet. Um produto estético deve ser mais bem escolhido, em minha opinião. Mas, cada um com suas preferências, né?

Mas é o terceiro exemplo que me deixa desgostoso dessa propaganda. Visivelmente uma mulher jovem... Vou dizer que ela deve ter 18 ou 19 anos por boa-vontade de ser politicamente correto. Mas a voz é de adolescente. 15 anos, no máximo.
A menina, toda faceira, exclama: "Estou com o meu namorado no meu quarto e não quero sair de casa!"
Olha, amigo. Se não tá doente, remédio não precisa. No exemplo, a menina está com o namorado, no quarto. O que ela precisaria, vindo de uma farmácia?

"Pelo menos ela quer se prevenir, Arthur!" - Você diria.
Eu já acho uma pouca vergonha. Uma cusparada na moral das pessoas de bem. Uma menina encomendado camisinha, porque está com o namorado no quarto e não quer sair de casa. Tivesse a voz de uma mulher madura na propaganda, ao menos...
Bem. essa propaganda passou por quase 5 meses, sem que eu me motivasse a escrever estas linhas. 



Porém, agora, no verão, a Panvel foi mais longe.
Assim como os protetores solares Sundown, a Panvel tenta vender a ideia que "Verão faz bem" e que temos que "aproveitar a vida", "saindo mais de casa".
(Isso, saiam de casa! Mas, para não pegar câncer de pele no "maravilhoso verão que faz bem", não esqueçam de passar na Panvel e comprar um protetor solar da SunDown, ok???)




Concordo em partes. Justamente na parte em que todos somos livres para decidir qual é o melhor momento para tomar cada decisão. Se acho que, hoje, tenho que sair, ir à praia, tomar um banho de mar, etc... então tudo bem.
Agora, ser incentivado a sair de casa, porque a farmácia quer vender mais produtos... Ou, simplesmente, porque o protetor solar viu suas vendas despencarem na exata proporção em que as pessoas ficam na internet?





Desculpem, mas a função da propaganda não é mudar o comportamento das pessoas. Uma propaganda não pode querer moldar as pessoas, fazendo lavagem cerebral, entortando as ideias alheias, para que, então, seu produto venda mais.
Uma propaganda deve aprimorar a marca. Mostrar que a marca é digna da atenção e fidelização das pessoas. Exibir os diferenciais e auxiliar o consumidor na tomada de decisão.
Propagandas de verdade, mostram o quanto a marca é diferente das demais:

Rede de fast food Norte-Americana, que mostra que todas as pessoas têm o direito de escolher, sem a ajuda de ninguém, o seu lanche. Inclusão social em uma propaganda que não precisou apelar, nem por um segundo, para ser boa.

Sério. Sempre que assisto a este comercial, fico com vontade de fazer todos os seguros da Sul-Americana. Simplesmente porque a empresa passa a mensagem, sem precisar apelar: Eles te atendem e resolvem o teu problema, sempre que você precisa!

Sério mundo, to precisando de férias de você.

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