sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Secretaria da Mídia Social - NY


Existem várias camadas de indústrias, no mundo.

Existem as indústrias de base, ou commodities. Essa indústria é responsável pela água que você bebe, pela comida que te mantém vivo, pela extração de minerais para as mais diversas finalidades, pelo petróleo, lã, etc... Bens básicos, removidos diretamente da natureza, tão importantes que, sem eles, o nosso estilo de vida não poderia ser mantido.
As indústrias de transformação, que pegam estes produtos de base e transformam-no em produtos intermediários (que ainda sofrerão outras transformações) ou em produtos finais (prontos para o consumo). Refinarias, beneficiadores, metalúrgicos e indústrias em geral.
Existe a indústria do transporte. Basicamente, que leva os produtos do local onde foi produzido, até onde será consumido, ou que transportam as pessoas para os seus destinos.

Por muito tempo, essas três indústrias bastaram para dar emprego e sustento a todos os seres humanos do planeta. Aliás, éramos tão poucos seres humanos alguns séculos atrás, que nosso número sequer era suficiente para suprir a demanda por empregados nestas três indústrias. Não raro, casais tinham 10 filhos. Não era por "amor" ou "falta de TV". Era para terem mão-de-obra barata. Trabalho infantil escravo, sabe como é? Sim, por muito tempo isso era considerado moralmente normal.

Só que o tempo passou e, é claro, com os seguidos "baby booms", a população mundial cresceu demais. Hoje, somos sete bilhões. Não o bastante, somos sete bilhões que inventamos tecnologias cada vez mais criativas e efetivas, que nos permitem alimentar cada vez ais pessoas com cada vez menos área. Transformar mais produtos básicos em produtos acabados, de forma eficaz e eficiente. Transportar cada vez mais carga e pessoas, com menos energia e mais rapidamente.

Tanto que a humanidade enfrenta um problema grandioso: o de criação de empregos. Muita gente, muita demanda sendo atendida de forma mais eficiente, resultam em um cenário onde faltam trabalhos básicos.
Nisso, passamos a criar outras indústrias, para absorver a massa que precisa de trabalho.

Criamos a indústria da burocracia, para regularmos cada vez mais pessoas, cada vez de forma mais eficiente.
Criamos a indústria da ciência e tecnologia, onde diversos feitos notáveis são efetuados em nome de descobertas que, futuramente, serão utilizados em alguma etapa do processo produtivo.
Criamos a indústria da informação, tentando obter sempre mais um pouco de dados para dar base para decisões. A internet, o ícone máximo dessa indústria, modificou o mundo para sempre.
Criamos a indústria do entretenimento. Porque "a gente não quer só comida", não é? Bares, Boates, shows, museus, mostras, teatro, cinemas, vídeos-locadoras, esportes, turismo, além de tudo o mais que eu não consegui lembrar aqui, agora. 

Cada indústria querendo absorver um pouco mais dos jovens que estão ávidos por seu lugar ao sol.

Confesso que acho que nós criamos a "necessidade" de muitas dessas indústrias, somente por convenção. Porque é necessário. Porque tem muita coisa que fazemos que, convenhamos, não precisaríamos para viver. Mas enfim...
Na última semana saiu uma notícia deveras interessante. New York possui placas especiais para indicar os locais que estão sendo utilizados para filmagens. A foto ali ao lado mostra uma dessas plaquinhas cor-de-rosa.
Enquanto a maioria das pessoas já imaginou algo como "que legal, poderemos ver artistas famosos", eu fico imaginando um pouco além. É evidente que, se o mundo fosse um país único, Nova Iorque seria eleita facilmente como nossa capital. É, talvez, a cidade mais importante do mundo, economicamente e culturalmente. Nessa cidade negocia-se de tudo, misturam-se diversas culturas e, é claro, ela é conhecida mundialmente.

Mas é conhecida por quê? Não creio que seja, apenas, por causa dos negócios e pessoas que ali estão, mas, também, por causa da mídia feita sobre a cidade. Inúmeros filmes se passam na Big Apple. Bilhões de pessoas no mundo, que sequer saíram de suas cidades, reconhecem o Central Park, a silhueta das torres gêmeas (que já não existem há mais de dez anos!), a ponte de Brooklin, O Empire State Building, os táxis amarelos, entre tantas outras referências...

Referências, referências, referências. Nova Iorque pode cuidar muito bem de tudo, como sua água, cortar os super-copos de refrigerante de suas lanchonetes, metros, etc, etc... Mas o mais interessante é como a cidade cuida bem de sua imagem.
Filmes são rodados diariamente, utilizando a cidade como locação. E a cidade não só permite como apóia e até incentiva! 

Fico imaginando, por um minuto, se a cidade é famosa por causa dos filmes, ou se faz filmes porque é famosa. No fim, creio que só é mais um círculo virtuoso: a cada novo filme a cidade ganha mais importância e, sendo mais importante, novas histórias são contadas sobre a cidade. Quando essas novas histórias são contadas, a cidade ganha novamente mais importância...

E isso, amigos, é algo que pode ser feito em qualquer lugar do mundo, sabe? Cada país, região e cidade possuem sua própria mitologia. Suas lendas urbanas. Seu grupo próprio de histórias, que podem (e devem!) ser contadas, publicadas e disseminadas!

Eu me lembro do RPG de "Vampiro, a Máscara", em que TODO o cenário nos forçava a utilizar a cidade de Nova Iorque. Porém, ao contrário, criamos "Sombrio City". Um cenário próprio, para vivermos nossas aventuras de modo livre, explorando a nossa criatividade e imaginação.

Quem sabe, um dia, a sua cidade também não tenha que criar uma secretaria e cartazes próprios, para regulamentar e avisar as pessoas que mais uma superprodução está sendo feita em suas ruas?


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