Seguidamente expresso no twitter
a minha preocupação com saúde.
Vamos ver se eu consigo estender
o assunto, deixando a minha preocupação mais clara, aqui.
Eu não tenho uma crença em
pós-vida. E, mesmo que tivesse, tenho um apreço todo especial pela minha vida.
Pelo aqui, pelo agora. Aliás, eu gosto tanto, mas tanto, do meu “agora”, que eu
quero que ele se prolongue pelo máximo tempo que eu consiga conquistar. Quanto
ao meu “aqui”, eu gosto dele porque ele é o resultado direto de todas as minhas
decisões, ações, conquistas e derrotas. O meu “aqui” é feito de todas as coisas
e, principalmente, pessoas que eu atraí. E, embora eu viva lutando para estar
em um “aqui” melhor, tem coisas e pessoas no meu “aqui” atual, que eu preciso
que estejam no meu “aqui” futuro. Assim como eu trouxe coisas e pessoas do meu “aqui”
passado, para o meu “aqui” presente.
Vamos deixar claro: embora
tenhamos o conceito de passado e futuro em nossas mentes, estamos presos no
agora. O agora é conseqüência do passado e causa do futuro.
E, na nossa linha de vida, o “agora”
é tão relativo quanto tempo e espaço. Nascemos de células insignificantes em
tamanho. Passamos cerca de 25 anos nos desenvolvendo, crescendo. Nossa saúde é
quase como uma volta de montanha-russa, em nossos anos iniciais são como o
carrinho sendo puxado até o topo da primeira montanha: a mais alta.

Parêntese: Claro que eu estou
falando de uma vida padrão, normal. Evidente que existem milhões de anomalias,
acidentes e fatalidades que podem e interferem nesse andamento natural, desde
os primeiros segundos de vida. Contudo, quero me ater ao mediano e modal.

Creio que esse desejo seja intrínseco
ao ser humano. Tanto que curandeiros sempre foram respeitados em todas as
culturas. Tanto que religiões inteiras foram fundamentadas sobre “milagres” que
envolviam curas. Tanto que criamos um ramo de ciência inteira, só para cuidar
da saúde das pessoas. Um esforço gigantesco que, hoje, justifica o movimento de
trilhões de dólares por ano.
Medicina é, talvez, a ciência
mais séria que existe. Séria porque, sem ela, nossa expectativa de vida média
seria de um terço ou um quarto da que temos hoje. Sem ela, pessoas morreriam
antes de terem dado toda a sua contribuição para a humanidade. Sem a cura de
doenças e males, sem tratamentos para acidentes e sem acompanhamento de casos
crônicos, não somente nós teríamos nossa vida abreviada, como as pessoas que
são caras para nós. Teríamos pessoas caras em nossas vidas surrupiadas do nosso
convívio, deixando um vácuo impreenchível por qualquer outra.

O problema, a meu ver, é quando o
capitalismo é incutido dentro da saúde. Quando administradores passam a
analisar mais os números, do que as vidas. Quando a quantidade de lucro é posta
à frente da qualidade de vida.
Na aflição e no desespero de um
mal, ninguém quer ver equipamentos, recursos e esforços sendo poupados. Todos
querem ver “tudo que pode ser feito” para que qualquer vida seja salva.
Qualquer coisa feita que seja menos do que o máximo possível, gera indignação
obvia. Se havia algo que pudesse ser feito, deveria ter sido tentado. Tudo para
salvar uma vida.
Eu sei que erros acontecem.
Pessoas são falíveis e erram em situações triviais. Imaginem em situações de stress, em meio a sangue, gritos, nervosismo e exigência de repetidas decisões
acertadas em milésimos de segundo. E, talvez por saber disso, sinto raiva
quando os erros médicos acontecem. Se já sabemos que um médico pode falhar,
porque não existem dois disponíveis? Se já sabemos que dois podem falhar,
porque não temos uma junta à disposição?
Não, amigos. Administradores não
pensam dessa forma. Administradores que insistem em se meter nos assuntos de
saúde geram médias insanas, contratam apenas os médicos para atender à demanda
de seus cálculos, entregam meia dúzia de fichas para atendimento (como se a
população ficasse doente de forma igual, conforme as estações passam), racionam
medicamentos, materiais e equipamentos (como se os males obedecessem à alguma
lógica) e ignoram o fator psicológico de todo o sistema.
Assim, o povo desconfia, tem medo
e não acredita na saúde. Também pudera: desde atendentes, passando por
enfermeiras até os médicos são mal pagos, obrigados a enfrentar rotinas
extenuantes e a trabalharem – muitas vezes – sem as condições mínimas de
atendimento.
Assim, acontecem erros de
avaliação, muitas vezes por falta de exames de melhor qualidade. Acontecem os
erros de execução, quase sempre por burocracia, estafa ou simples imperícia.
Acontecem falhas em atendimento pós-atendimento, devido ao montante enorme de
pessoas para serem atendidas em relação às pessoas presentes para atender.
E, é claro, cada erro desses custa.
Custam novos procedimentos para reparar. Custa uma sequela Custa uma vida
arrasada. Quando fatalmente não cobra o custo máximo: a vida do paciente e as
diversas vidas de seus próximos, arrasadas.
Isso, amigo, é o retrato que eu
tiro, vendo a Saúde no Brasil. E não me refiro apenas à rede pública. Saímos do SUS, onde a má administração governamental mata pessoas, mas caímos nos planos de saúde, onde a iniciativa privada visa apenas o lucro. Quem tem o mínimo de condições paga por médicos particulares, mesmo.
Médicos como os de tempos passados, que te visitavam em casa. Aqueles que sabiam o seu nome, tomavam café na sua casa e te tratava como gente. Aqueles que sabiam de cor todo o histórico de cada paciente.
Porque de todo esse texto? Porque na última semana uma menina entrou em um hospital para uma cirurgia simples. E morreu. O Hospital sequer emitiu laudo, ainda.
Em contrapartida, uma mulher que teve o crânio separado da espinha - o que normalmente é morte instantânea - fora tratada e, hoje, já está em fase de fisioterapia, quase com uma vida normal.
De um lado, a prova que a medicina bem operada é capaz de milagres reais.
Do outro, o meu maior temor: a medicina mal aplicada que mata.
Resta saber quando as pessoas passarão a ser mais importantes que os números.
Links.
Médicos como os de tempos passados, que te visitavam em casa. Aqueles que sabiam o seu nome, tomavam café na sua casa e te tratava como gente. Aqueles que sabiam de cor todo o histórico de cada paciente.
Porque de todo esse texto? Porque na última semana uma menina entrou em um hospital para uma cirurgia simples. E morreu. O Hospital sequer emitiu laudo, ainda.
Em contrapartida, uma mulher que teve o crânio separado da espinha - o que normalmente é morte instantânea - fora tratada e, hoje, já está em fase de fisioterapia, quase com uma vida normal.
De um lado, a prova que a medicina bem operada é capaz de milagres reais.
Do outro, o meu maior temor: a medicina mal aplicada que mata.
Resta saber quando as pessoas passarão a ser mais importantes que os números.
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