quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Portugueses não entendem, mesmo?

Você não sabe mas, pelo mundo a fora, é ponto comum que uma civilização faça chacota quanto à inteligência de outra civilização. Ainda mais quando os que chacotam já tenham sido explorados pelos alvos das piadas.

Aqui no Brasil, costumamos fazer "piadas de português", como se os amigos lusitanos fossem privados de inteligência. O que certamente é uma mentira tola.

Porém, na última semana, assisti por algum tempo a um canal português, onde a noticia repercutida era a de uma medida de austeridade para tentar melhorar a economia do país.

Se você não notou, a Europa inteira está com problemas, ainda, derivados da crise. Basicamente, depois do Euro perder o lastro do petróleo (tomado à guerra pelos EUA), o banco central da União Européia passou a calçar sua moeda em títulos de previdência norte-americanos. Os mesmos que iniciaram a crise de 2008. Um golpe duro para toda a União Européia. Agora, os países com a economia mais frágil estão a perigo. Grécia, Portugal, Itália, Espanha, entre outros, estão tendo que rever suas metas de produção, bases e tetos de pagamentos a pensionistas, aposentados e servidores públicos, valores de impostos, etc...

Nós, brasileiros, não notamos tais coisas porque nós já pagamos muitos impostos e recebemos muito pouco pelo nosso trabalho. O nosso padrão de vida é a austeridade. Para nós, as medidas que os europeus consideram ~abusivas~, são normais.


Mas os amigos lusitanos tomaram uma medida que, ao meu ver foi a mais brilhante, trabalhada e simples, para desenvolverem um pouco mais a economia e, assim, aumentar os empregos.
Para conter o rombo na seguridade social e, assim, garantir que todos os beneficiários fosse pagos, Portugal aumentou a contribuição de cada trabalhador de 11% para 18%. É, 7% tomados, assim, do salário, são significativos. Mas, convenhamos, é melhor do que uma grande parcela do país simplesmente parar de ter dinheiro e, assim, estagnar totalmente a economia.
Mas isso não foi tudo. 
Antes, esses 11% eram pagos na proporção de 23,75% para os empregadores e 76,25% pelos funcionários.  
Agora, os 18% serão pagos na proporção de 18% para os empregadores e 82% pelos empregados.
A população, como era presumível, está revoltada.
Mas, se fores notar a medida, notará que, realmente, o trabalhador é o mais prejudicado. Bem, alguém tem que trabalhar para que o país saia da crise. Alguém tem que pagar a conta que não está fechando.

E, aqui, está o porque eu não concordo com os partidos trabalhistas. Esses partidos querem estrangular as empresas. Exigem que as empresas paguem mais impostos, como se a origem do dinheiro de uma pessoa jurídica fosse inesgotável.
Só que parece que ninguém entende que, se você estrangular a empresa, ela irá morrer. Cedo ou tarde, não compensará para os seus donos mantê-la. A empresa é espremida por impostos até que a galinha dos ovos de ouro morra. E, quando a empresa morre, todos os funcionários ficam desempregados. E, então, menos dinheiros gira na região. Empregos secundários vão perdendo clientes, até que venha à falência, também. O ciclo se perpetua até que ninguém mais tenha dinheiro - e comodidades - para nada!

A solução portuguesa faz com que o trabalhador pague a conta. E não onera muito mais às empresa. As empresas, então, têm espaço para crescer. Para contratarem mais funcionários. E, com mais dinheiro garantido no mercado (por conta das pensões e aposentadores devidamente financiadas pelo aumento da contribuição E dos novos empregados) a economia tende a uma curva de ascensão.

Desculpem os imediatistas "defensores dos trabalhadores". Mas estamos falando, aqui, de uma medida de médio e longo prazo. De reconstrução da economia. De garantias para os direitos adquiridos.


E não pense que esse problema está lá do outro lado do oceano e nunca atingirá as terras tupiniquins. Desde 2002 Ciro Gomes já vem alertando que a previdência brasileira está em colapso. Lá no distante 2002, Ciro Gomes estipulou 2017 como o ano da quebra da nossa previdência. O ano em que a receita das contribuições mais o saldo do mês anterior seriam inferiores a todas as aposentadorias e pensões que o Brasil deve pagar.


Apesar do governo brasileiro tentar tomar alguma atitude para se prevenir do rombo na previdência (como o fundo para os servidores públicos, anunciado semana passada), caminhamos a passos largos para a desgraça. Mas, conhecendo bem o Brasil, o futuro governo em gestão (qualquer que seja) irá, somente, aumentar a margem de contribuição. Nossos trabalhadores irão chorar por uns dois meses, depois se acostumarão, irão se calar e voltar ao trabalho.

Quanto aos amigos portugueses, vejam com bons olhos as medidas que estão sendo tomadas para reconstruir a economia do seu país. Poderia ser pior, para vocês. Vocês poderiam estar aqui, no Brasil...

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