quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Impotência


Oi Amigo, tudo bem?
Comigo não anda, mas obrigado por perguntar, mesmo assim.

Porque as coisas não vão bem?
Ah! Porque eu descobri que a pior coisa do mundo para mim, é me sentir impotente. E, nestes dias, eu ando frustrado em algumas coisas. E, é claro, a frustração só evidencia a minha impotência em realizar as coisas que eu quero.
Por exemplo: Eu estou escrevendo este texto aqui, quando deveria, na verdade, estar escrevendo o texto da retrospectiva 2012. Coitado do texto da retrospectiva... Por enquanto ele é um apanhado de frases de coisas que aconteceram...

Mas o pior não é a frustração com esse tipo de coisa. Eu terei tempo para sentar na frente do computador e forçar que o texto da retrospectiva saia.

O pior é quando a impotência se dá por saber que não depende de mim que as coisas sejam feitas. Aí, amigo... Quando a única coisa que eu posso fazer é sentar e chorar, é que eu realmente fico chateado.

Queres um exemplo? Ah! Eu tenho um! E dos bons!

Eu estava pensando no problema de empregar familiares em Cargos de Confiança. Sim, é o tipo de coisa que eu penso quando eu estou sozinho, em casa.
Pensei que, caso um dia viesse a ocupar um cargo público, precisaria empregar pessoas de confiança para me auxiliar em tarefas especiais. Tentei fazer uma lista, só pessoas essenciais, para funções reais, que efetivamente ajudariam na eficácia e eficiência do trabalho.
A lista fechou com oito pessoas. Mas, destas oito, eu relacionei quatro familiares. Tentei imaginar outras pessoas, mas, para as funções destes quatro, eu só confiaria em meus familiares, mesmo. A partir daí, existem três possibilidades:
1 – Empregar pessoas que eu não confio para funções vitais.
2 – Não empregar ninguém e perder o meu tempo com as tarefas.
3 – Infringir uma lei e garantir que pessoas da minha confiança realmente fizessem o trabalho do modo que eu confio que esteja correto.

Ok, me ajude a pensar um pouco nas três opções:

1 - De cara descarto a primeira alternativa. Certas funções dependem de um braço direito, para que você não fique preocupado com elas. Não há opção de contratar qualquer um para fazer certas funções.
2 – Se eu estava pensando em QUATRO pessoas para QUATRO funções vitais, é porque precisaria do TEMPO de QUATRO pessoas. Só por causa dessa matemática básica, já seria impossível que eu somasse às minhas atribuições mais quatro afazeres, ficando sobrecarregado com CINCO funções. Inviável.
3 – A única opção que me restou foi infringir uma lei. Mas porque mesmo eu estaria infringindo uma lei?

Então, amigo. Você sabe como eu sou, né? O “porque sim” não me satisfaz. Processos sem lógica devem ser substituídos pelos métodos ideais.

Fiquei imaginando porque chegamos na lei anti-nepotismo. Você me acompanha no meu devaneio?

O final todos conhecemos: políticos estavam empregando toda a família como funcionários em Cargos de Confiança fantasmas, em seus gabinetes. Maldita herança do sangue brasileiro essa, a de querer se dar bem em tudo. Analisando somente esse ponto, a lei anti-nepotismo é ótima! Impede que o dinheiro público seja gasto de modo impróprio.

Mas... E porque chegamos nesse ponto? Porque, mesmo, os políticos têm verbas de gabinete tão grande? Porque os políticos têm direito a contratar tantas pessoas como Cargos de Confiança? Onde está a origem disto tudo?

Ah, amigo! Não é difícil imaginar.
Em uma democracia, os políticos se elegem pela maioria dos votos. Em um mundo ideal, cada cidadão votaria no político por igualdade de valores defendidos: O cidadão que “acredita no vermelho” votaria no candidato que “defende o vermelho”. O candidato eleito serviria de porta-voz das ideias do cidadão. Bonito bagarai, né? Também acho.
Mas a prática brasileira desta mesma democracia é muito diferente. Aqui, as pessoas votam por carisma. Pelo rostinho bonito, por piada ou só por alguma vantagem pessoal (venda de voto), mesmo. A parcela que vota com ideologia é tão pequena, que eu me sinto único e sozinho nesse país. Desculpem.
Então, para garantir votos, um candidato acaba tendo que contar com inúmeros cabos eleitorais. Pessoas que “emprestam” a sua imagem, fama, tempo e disposição para o candidato. Batalham votos para eleger o candidato. E, é claro, depois que o candidato se elege, este fica com uma dívida de gratidão com os cabos eleitorais. “Uma mão lava a outra, sacumé”?

Eu acredito que devam, mesmo, existir Cargos de Confiança. Você também não iria colocar qualquer pessoa para trabalhar no seu gabinete, caso fosse um político eleito. Ainda mais no que tocar a questões financeiras, agendamentos e articulações do seu gabinete.
Mas o fato é que os políticos passaram a negociar, oferecendo os Cargos de Confiança aos seus cabos eleitorais, em troca do trabalho bem executado, durante as eleições.
Primeiramente, é claro, os políticos fizeram questão de se garantirem “recursos de gabinete” o suficiente, para poderem montar boas ofertas para seus cabos eleitorais. Cada político brasileiro tem verbas de gabinete desproporcionais, justamente para manterem seus cabos empregados como Cargos de Confiança.
Claro que muitos destes CC’s contratados sequer sabem efetuar os trabalhos para os quais foram designados. Assim, pessoas sem a menor capacidade de executar as tarefas necessárias acabam “sugando” dinheiro público. Dinheiro que deveria estar sendo aproveitado em obras, infra-estrutura, saúde, educação, segurança, etc... Mas está ali, sendo gasto com uma das muitas dívidas de campanha.

Óbvio que alguns políticos não utilizam esse processo. E é óbvio que alguns dos que não tinham o rabo preso com cabos eleitorais, acabaram usando o dinheiro excedente para criar o nepotismo, para o qual a lei impeditiva foi criada. Tanta verba ali, não é qualquer um que simplesmente abre mão dela.

E a minha impotência está em saber que isso acontece e nada do que eu faça poderá arrumar isso.

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