quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Brave New World

Aldous Huxley é o cara. Admirável Mundo Novo é uma das maiores obras escritas, de todos os tempos. Se você não leu, ainda, não passas de um Ípsilon semi-aleijão, para mim. Depois que leres o livro, talvez possas ser um Beta. Talvez.

Aliás, depois de tanto tempo que eu li este livro, a cada dia que passa eu aprendo algo novo e inusitado com ele.

Por anos a fio, eu acreditei no ideal romântico. Acreditei em todas as literaturas e histórias que contam que "o melhor vence" e que "a competência é premiada". O problema é que o ideal romântico não existe. Esse mundo romântico, de contos de fadas, com mulheres perfeitas, empregos perfeitos, tudo acontecendo conforme os sonhos de cada um... Isso é bobagem implantada em nossas mentes.

O que existe é o mundo natural. O real.

Esse mundo real, aí fora, é composto por animais que sabem quem são. Sim, racionais. Mas, sobretudo, animais.
Nossa vida é regida pelos mesmos comportamentos sociais que existem em outras espécies sociáveis.
Simplesmente somos animais sociais porque vivemos em grupos. E os grupos precisam se coordenar.
Assim como as outras espécies sociais, o homem também organiza o seu grupo.
Em um grupo, temos um líder, o Alpha. O indivíduo que decide os caminhos e mantém a ordem do seu bando.
O Alpha prova o seu domínio e, logo, forma-se a casta dos Betas. Os Betas geralmente são os indivíduos úteis demais pra serem dispensados, mas que não conseguiram ser Alphas. Após os Betas, aparecem os Gamas, úteis, porém dispensáveis, não possuem capacidade para liderar nada. Os Deltas aparecem somente como mão de obra. Meros peões. Ser um Ípsilon significa ser um simples servo subserviente na estrutura do grupo.

E esse mundo foi mostrado por Huxley. Em sua utopia fordista, Huxley descreveu uma sociedade onde todos sabiam de antemão qual a sua posição na sociedade. Aliás, a sociedade inteira era utópica, justamente por ter as castas organizadas, de acordo com as capacidades de cada um.

O ponto é que, lendo esta utopia, vemos o quanto esse é o ideal que existe. Porém, com o ideal romântico e a utopia capitalista de que as pessoas podem mudar sua classe social, as castas vivem misturadas. A lavagem cerebral faz com que Alphas passem uma vida inteira como Ípsilons e qualquer um consiga ascender a Alpha, mesmo sem a devida capacidade para sustentar a posição.

Lindo, pelo lado de quem está em uma posição maior do que a devida, horrível quando alguém está em uma posição inferior do que a que consegue exercer.
Porém, na visão geral das coisas, essa mistura é o que degenera nossa sociedade. No macro aspecto. Isso porque acabamos tendo milhares de micro-grupos, liderados por inaptos e/ou despreparados para essa função. Os momentos de crise não são satisfatoriamente resolvidos, justamente porque as pessoas incumbidas de ditarem as decisões críticas não conseguem fazê-lo.

Depois de 29 anos de vida, descobri a diferença básica entre o romantismo e a vida real.
Basicamente, o romantismo não existe. A vida real exige que você saiba qual é a sua posição nas castas sociais.

E subir as castas exige muito estudo e esforço. Seja de quem pertence a uma casta mais baixa, naturalmente, seja de quem é de uma casta alta, mas está em uma mais baixa. Ascender é um trabalho árduo.

Saber e aceitar sua casta é humildade. Justamente saber exatamente quem você é. A ambição de querer ser mais não é ruim, Aliás, incentivo! Mas, se queres ser Alpha, aprenda a ser o melhor. Porque o nosso mundo está precisando de Alphas. Pessoas capazes de liderar e levarem os grupos para um futuro melhor.



Um comentário:

  1. Ando me esforçando pra ser um Beta. Sei que Alfa seria perfeito, mas ser Alfa é pra quem ter estrutura e dom para liderar. Eu não tenho! rs

    Adorei o texto ;)

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