Começo
criticando a não transmissão desse evento importante, em TV aberta brasileira.
“Ah
Arthur! Mas para que eu vou perder meu tempo com política Norte-Americana?”
A
resposta é simples: o que os norte-americanos decidem lá na terra deles, cedo
ou tarde afeta a vida no mundo inteiro. Se eles decidem “ligar a máquina de
impressão de dólares”, o mundo é inundado com recursos. Se eles decidem “parar
as prensas”, o mundo entra em recessão. (As últimas frases foram uma analogia.)
A
eleição norte-americana afeta tanto o mundo inteiro, que acredito já ser antidemocrático
que os cidadãos de outros países não possam participar do processo.
Mas,
mesmo você não participando, ver um debate norte-americano é uma aula. Uma
verdadeira demonstração prática de como a democracia funciona. De como todos os
países do mundo deveriam tratar seu processo político. De como você e eu
deveríamos praticar a política.
O
debate durou mais de uma hora. Não houve intervalo comercial. Afinal de contas,
o evento é importante demais para ser interrompido. O debate possuía regras de
horários e minutos. Mas como TODOS estavam REALMENTE interessados no que os
candidatos tinham para dizer, o mediador se limitava a não deixar o tema ser
desvirtuado. Entenda por um instante: até cada rival estava interessado no que
o candidato estava falando. Quando Obama falava, Romney escutava atento não só
para poder responder e manter a conversa, mas para, sim, entender o ponto de
vista do seu oponente. E quando Romney falava Obama igualmente prestava a
atenção. Ambos queriam que o outro terminasse seu raciocínio. Quando um
candidato precisava interromper a fala do outro, era porque se fazia realmente
necessário. E o interrompido cedia a fala sem nenhum maior problema.
Um
verdadeiro show de educação, para o cargo mais importante do planeta.
Bonito ver como ambos os candidatos discordaram e concordaram em ideias, sem
parecerem fracos, sem vangloriarem-se sobre o outro e, principalmente, sem, em
nenhum momento, iniciarem algum tipo de briga.
Os
candidatos colocaram suas ideias para brigar. E, apesar de toda a condição
humana, aposto que os dois poderiam sair dali, irem para um bar e continuarem
discutindo a noite inteira, no mesmo nível.
Então
chegou a quinta. Debate dos candidatos à prefeitura de Porto Alegre. Enlatado
com perguntas prontas. Candidatos querendo o fígado uns dos outros. Mais
preocupados em desmoralizar uns aos outros do que, propriamente, em mostrarem seus
projetos.
Nessas
eleições eu tentei cunhar uma expressão para as eleições de Balneário Gaivota.
Mas, olhando melhor a política brasileira, em comparação com a norte-americana,
a expressão pode ser usada em qualquer lugar dessa terra “abençoada por Deus”: Grenalizaram
a política.
“GreNal”
é o maior clássico Gaúcho. Aqui no RS, o filhote não tem outra escolha. Ou é torcedor
do Internacional, ou é torcedor do Grêmio. Não existe meio-termo. Não há
abstenção. Babacas Pessoas que dizem não torcer por nenhum dos dois são torturadas
até que cedam para algum lado. E, independente do lado escolhido, serão eternamente
esculachados pelo adversário. A emoção levou o “GreNal” a um nível de fanatismo
tal que não há mais razão nas conversas. Pontos idiotas e irrelevantes são
trazidos à tona a todo instante, para tentar determinar qual dos dois clubes é
melhor do que o outro. Alguns argumentos até mesmo ilógicos e estúpidos são
usados...
Reconheceram
a característica? É, né? A política do Brasil inteiro é assim. Coisas como “Voto
no Ciclano só para o Fulano não ganhar...”. E a Grenalização já está tão
introjetada que os próprios candidatos já são Grenalizados. Eles próprios se
candidatam sem projetos ou filosofias. Eles próprios já entram em debates
prontos para usarem argumentos ilógicos, irrelevantes e imbecis. E, é claro, o
povão daqui parece adorar isso.
No
fim, acabaria concordando com os norte-americanos em não permitir que outros
países votassem em sua eleição, mesmo. Ainda mais esse tipo de cidadão de
outros países, como o nosso. Gente que – eu sei – sequer leu até o final desse
texto...
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