Um ex-BBB vai à
praia e ganha a capa de sites e jornais. É comentado à exaustão nos mais
diversos veículos de comunicação.
O que falar a
respeito de escândalos envolvendo jogadores, atores, políticos e "gente famosa",
em geral? Qualquer um pisca e, em instantes, todos sabemos o porquê.
A repercussão?
Quase nula. Notas de rodapé que são brevemente comentadas. Meramente citadas
pela mídia, nem um pouco reverberadas pela sociedade.
Vamos ver se eu
consigo explicar, aqui, o que é o Bóson de Higgs e porque ele é tão importante.
Desde a aurora do
pensamento científico humano, o ser humano acredita que existe um único “tijolo
fundamental” para construção de tudo que existe. Uma única “teoria de tudo”.
Algo que não possamos dividir de modo algum e que, ao mesmo tempo, componha
cada coisa que existe em todo o universo.
Começo dizendo que
não sei se acredito nessa ideia primordial. Acho que existe algo indivisível,
sim. Mas não creio que exista uma única partícula indivisível. Enfim esse é só
um pensamento, coisa boba a ser discorrida outro dia.
Os primeiros
cientistas formularam a ideia do átomo (do grego antigo, algo como “o que não
pode ser dividido”), mesmo sem saber que existiam sequer as moléculas.
A idade média veio
e foram mais de mil anos andando para trás, no campo da tecnologia.
Eu sempre imagino
as maravilhas que teríamos hoje, caso as grandes religiões monoteístas não
tivessem atrasado o desenvolvimento do pensamento humano. Pior: elas ainda
continuam atrasando e quase ninguém nota. Enfim esse é só outro pensamento,
coisa boba a ser discorrida outro dia.
Então, a idade
média foi dando lugar à ânsia pelo dinheiro. Sim, eu não concordo em
desenvolver a ciência só pelo caráter comercial. A ciência – assim como a arte
– devia se bastar por si só. Cientistas e artistas deveriam ser subsidiados
simplesmente pelo avanço que conseguem impor à sociedade. Mas a realidade é
outra. Através da ganância intrínseca ao ser humano, vários cientistas foram,
são e serão subsidiados. Somente as pesquisas com aplicações práticas são
plenamente custeadas.
Descobrimos as
moléculas, a química orgânica. Descobrimos os segredos das forças fundamentais
do universo. Gravitação, gravidade, relatividade. Descobrimos um universo
inteiro, que cabe em um único grão de areia, onde as leis gerais da física que se aplicam no nosso mundo simplesmente não funcionam.
Descobrimos que as
moléculas são compostas de átomos, como os gregos antigos previram!
Descobrimos que
esses átomos não são indivisíveis. E que a divisão desses átomos gera muita
energia. Claro que, prontamente, utilizamos essa energia para fins bélicos. E
continuamos usando. É, amigos... Armas matam gente...
Já descobrimos doze
componentes dos átomos. Mas esses componentes não são como esperávamos.
Analisando, quebrando, remexendo, explodindo, reunindo e fazendo tudo outra
vez, não conseguimos descobrir o que, exatamente, faz com que os doze
componentes – que sabemos que existem – de um átomo tenham MASSA.
É , amigo. Já fomos
à Lua, máquinas nossas já foram a outros planetas e duas estão saindo do nosso
sistema solar. Já enxergamos a fronteira do início do universo. Já realizamos
maravilhas!
Mas não sabemos,
ainda, porque sua mão não atravessa o teclado que está à sua frente. Aliás, não
sabemos por que todas as coisas não “caem” umas sobre as outras, se misturando no processo.
Um jovem cientista
imaginou um cenário. Fez cálculos. Os cálculos pareceram corretos. Ele
apresentou os cálculos para outros cientistas. Aos poucos, cada cientista que
via os cálculos notava que os resultados matemáticos eram consistentes. O jovem
cientista tinha uma tese sólida, que precisava ser comprovada.
O jovem cientista se chama Peter Higgs. E ele havia imaginado uma partícula menor que os componentes
que já conhecíamos dos átomos. Essa partícula tinha a capacidade de ligar e
manter unidas as demais partículas, impondo as propriedades que observamos e
conhecemos da massa na matéria.
Essa partícula que
– por enquanto – existe somente nos cálculos do já idoso cientista foi batizada
como “Bóson de Higgs”.
“Ai Arthur! Mas em
que descobrir essa tal partícula vai mudar a minha vida????”
É, diziam o mesmo
das ideias de Einstein. “No que a curvatura do espaço e a relatividade do tempo
vão mudar a minha vida???” Tá bom. Quase ninguém faz essa pergunta porque são poucos os que entendem o que Einstein quis dizer. A maioria simplesmente cita "Einstein" como sinônimo de "inteligente".
Basta-me dizer que TODA a tecnologia que utilizamos hoje, no mundo, leva em consideração algum ponto das teorias de Einstein. Das mais óbvias, como a necessidade de calcular a diferença de tempo entre os satélites de GPS e o seu aparelho, no carro, para aumentar a precisão, até coisas aparentemente sem ligação, como segurança em automóveis.
Basta-me dizer que TODA a tecnologia que utilizamos hoje, no mundo, leva em consideração algum ponto das teorias de Einstein. Das mais óbvias, como a necessidade de calcular a diferença de tempo entre os satélites de GPS e o seu aparelho, no carro, para aumentar a precisão, até coisas aparentemente sem ligação, como segurança em automóveis.
E saiba: as ideias
de Einstein estão a poucos anos de completar seu centenário e – mesmo assim – nem
chegamos perto de utilizá-las em sua plenitude.
Bem, ainda nem
esgotamos o potencial das ideias de Newton...
Se descobrirmos o
Bóson de Higgs saberemos o que diferencia a “sopa quântica de nada” do universo
das partículas sub-atômicas, de um átomo que constitui moléculas.
Se a frase acima
não te faz sentido, basta saber que vamos descobrir o "cimento que une e cria a
matéria".
A manipulação desse
cimento pode (atentem ao “PODE”, por favor) nos permitir criar e destruir
matéria. Sim, desintegrar e materializar coisas!
Claro que não será
do dia para noite. Dou como como exemplo a genética. Estamos engatinhando na genética. Ainda estamos debatendo
princípios morais e tateando para saber o que podemos ou não fazer fazer com os genes, DNA, células-tronco e clonagem. A descobrir o Bóson de Higgs é só o primeiro passo...
Eu creio que a
primeira tecnologia que vão custear, derivada desse conhecimento, será uma arma.
Aliás, como é feito desde sempre na nossa “brilhante” sociedade. Isso vai fazer
com que a tecnologia seja associada a algo perigos, para a grande massa, assim
como fizeram com a energia atômica e as famosas bombas de Hiroshima e
Nagasaki.
Mesmo assim,
imaginem um “raio desintegrador” como nos desenhos animados e filmes de ficção!
Claro que, depois,
poderíamos pensar em “um trozilhão e meio” de coisas realmente úteis para a
tecnologia!
Imaginem, por um
instante, uma máquina que crie comida a partir do nada!
Imaginem uma
máquina que crie órgãos, membros, sangue ou qualquer outra parte do corpo,
perfeitamente!
Pelo menos algum dispositivo que desintegre sujeira, como o excesso de gás carbônico que é expelido pelas fábricas!
Pelo menos algum dispositivo que desintegre sujeira, como o excesso de gás carbônico que é expelido pelas fábricas!
Amigo, esse Bóson
de Higgs promete muito. Se ele for a resposta definitiva para o mistério da
matéria, é algo que deve ser custeado até ser encontrado. Se não for a resposta
definitiva, ele deve servir de base para a próxima resposta. E essa próxima resposta deve ser custeada até descobrirmos todo o conhecimento.
É algo que pode mudar o mundo.
É algo que pode mudar o mundo.
Algo que pode te deixar
em casa o dia inteiro. Dar todo o tempo que você precisa para desenvolver as
coisas que realmente importam, em vez de ficar “trabalhando” em coisas inúteis,
para ganhar a vida.
Eu espero que
encontrem o Bóson de Higgs. Espero que ele seja essa resposta.
E, mesmo que eu não
esteja vivo para receber os benefícios dessa tecnologia, eu me sentirei honrado
em ter vivido no momento em que a humanidade caminha mais rapidamente na
ciência, em toda a história.
Editado:
Para entender mais: http://www.quantumdiaries.org/2012/07/04/new-baby-boson-is-born-weighing-in-at-about-126-gev/
Editado:
Para entender mais: http://www.quantumdiaries.org/2012/07/04/new-baby-boson-is-born-weighing-in-at-about-126-gev/
Não sei se é o mundo que me deixa cansado e amargo, mas perdi esse otimismo sobre descobertas que podem mudar o mundo. Sem a tecnologia não estaria aqui escrevendo isso. Por outro lado, não obstante nosso avanço tecnológico, vemos e convivemos ainda com muitas misérias, e a tecnologia não serviu para resolver esses problemas. Pelo contrário, em muitos casos criou outros. Agrotóxicos, por exemplo.
ResponderExcluirOnde eu quero chegar? Não é a tecnologia a culpada. Não é condenável esse esforço todo. Realmente pode provocar transformações. Mas será que isso vai nos levar a sermos pessoas melhores? Lembre-se de "Tempos Modernos", de Charles Chaplin.
Em resumo, podemos criar todo tipo de maravilhas, mas isso vai, no final das contas, servir a quem? A quem tem e pode usar isso para finalidades comerciais. A quem tem e pode pagar o preço. Como você mesmo admite em relação à arte e à ciência, é assim que as coisas funcionam. Lamentavelmente.
Gostaria de algo que transformasse o ser humano em um ser humano. E isso não vai acontecer por uma descoberta da ciência e nem por um passe de mágica. É por construção de cultura: educação, conscientização, reflexão. Somos civilizados ou bárbaros? Isso definirá o que faremos com toda essa tecnologia. Ou o que a tecnologia fará de nós.
Para encerrar, lembrei-me de uma frase atribuída a Einstein: "A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo inteiro, estimulando o progresso, dando a luz à evolução. Ela é, rigorosamente falando, um fator real na pesquisa científica.”
O artigo é muito criativo, entre todos os elementos e forças da natureza, fico com esse: a imaginação. É o que realmente pode mudar o mundo.
Totalmente de acordo Eduardo.
ExcluirO Capitalismo é o modo menos pior que encontramos para viver. "Menos pior" porque transforma cada ser humano em um escravo consumista.
Eu acredito, também, que a imaginação pode mudar o mundo. Mas temos que dar bases e fundamentação para nossa imaginação. Só assim podemos transformá-la em uma filosofia sólida, apta a ser utilizada no dia-a-dia.
Quem sabe um dia, não é?