sexta-feira, 6 de julho de 2012

Um Instante Antes


“Um instante antes que eu levante a estante...”

Frase horrível de uma música minha. Não quer dizer nada, mas a repetição do fonema “ante” deixa ela sonora.

Mas não é minha música que me fez escrever hoje. É um devaneio.
Sim, se vocês me dão a licença, eu vou divagar em uma coisa que me afligiu ontem, quando terminava o texto sobre o Bóson de Higgs. Aliás, se você terminar de ler aquele texto e começar a ler o próximo parágrafo, vai notar que esse texto é quase continuação daquele.

Imagine, por um instante, que algum médico/cientista/curandeiro/curioso/clérigo descobriu o método definitivo para que ninguém mais morra, no mundo inteiro, por qualquer motivo que seja.

Imagine que, daquele momento mágico em que o Willian Bonner anuncia a descoberta (em plantão extra-ordinário, no meio da partida de futebol entre o Corinthians e o Flamengo) em diante, ninguém mais no mundo inteiro irá morrer.

Imagine a festa. Imagine a confraternização mundial.

Agora, imagine, por um segundo, que a pessoa que você mais ama no mundo inteiro morreu pouco tempo antes. Um ano, um mês, uma semana ou só um dia...

Fiquei imaginando a alegria das pessoas que vivem as grandes descobertas, nessa semana. Mas, logo depois, fiquei imaginando a imensidão da satisfação das pessoas que vivem as grandes aplicações das descobertas.
A diferença básica entre saber que será possível construir um computador e ter um IPad de última geração nas mãos.

Fiquei me imaginando no momento especial das grandes aplicações e, por mais que sejam fantásticas, não consigo imaginar que sejam tão sublimes quanto a expectativa que a descoberta gera. Os sonhos que são despertados a partir de uma ideia de algo totalmente novo.

Acho que, no final das contas, o instante antes de algo acontecer é sempre mais mágico do que o momento da realização ou que o sabor do dever cumprido.

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