Hoje é o dia de falar de "mimetismo social".
Já citei aqui, antes, mas vou explanar em detalhes, agora, o que eu chamo de "mimetismo social".
Você nasce limpo. Sim, limpo. Em todos os sentidos. Folha branca, tábula rasa e nenhum tema a abordar. Cada centímetro cúbico de cada segundo deste mundo é seu parquinho de diversões. E você não tem hora para voltar.
Vamos ver se eu consigo te dar a dimensão do que eu quero te dizer: sem outras pessoas a sua volta, você não falaria. Sequer andaria ereto, como andamos. Não comeria o que comemos. Não vestiria o que vestimos. Não viveria como vivemos. Não pensaria o que pensamos.
E não, espertinho: não é porque você está sozinho e "não teria ninguém para conversar" ou "não haveria ninguém para fazer as roupas, comidas ou casas".
Estando você sozinho, alheio ao mundo inteiro e sem conhecimento de que as outras pessoas existem, você iria desenvolver seu próprio modo de falar. Se chegar a falar. Se não acabar tentando grunhir como os animais que você encontrar.
Sua postura será moldada de acordo com as dificuldades que encontrar no dia-a-dia.
Estando completamente isolado, você comerá o que encontrar e acreditar que seja apetitoso.
Vestirá o que encontrar pela frente. Pele de animais, fibras naturais ou nada, mesmo.
Moraria em cavernas, árvores, construiria algum abrigo... mas tudo dependendo apenas da sua capacidade construtiva, nada mais.
Sem uma linguagem para abstrair e representar os pensamentos, sua forma de pensar e ver o mundo seria mais particular do que a de qualquer outro ser humano no mundo!
Simplesmente porque você não teria de quem copiar hábitos. Não teria de quem mimetizar comportamentos.
Nós, seres humanos, temos "de fábrica" a capacidade de copiar o que os outros fazem. É instintivo. É assim que você aprende a andar. É assim que você aprende a falar. É por isso que você usa roupas. As comidas que você come são oriundas de uma cultura que você conhece. As atividades de lazer que você executa são ditadas pela sua cultura.
O trabalho que você desempenha só tem valor por causa do modo como a sociedade pensa.
Examine os seus hábitos, veja os usos e costumes a sua volta: tudo o que você faz ou é uma cópia do comportamento de outra pessoa, ou é uma escolha própria para se diferenciar.
E o que isso tem a ver com o Lingerie Day? Vou te contar: tudo! Não vou botar a baixo a brincadeira. Cada um tira foto e publica o que quiser. Particularmente, acho que essas fotos acabam chegando a crianças. Mas alegar isso para atacar o Lingerie Day, na Internet, é hipocrisia pura. A pornografia rola solta na rede e só não vê quem não quer, mesmo.
Mas o que leva uma multidão de meninas a fotografarem-se em trajes íntimos e publicarem suas fotos? Puro e simples mimetismo social. Não me venham com "A menina tem chance de ser descoberta e virar modelo". A chance é igual ou menor do que a de eu ganhar na mega-sena no próximo sorteio.
O mimetismo social é tão forte que até os homens aderiram à brincadeira.
Queremos fazer parte. Quando um grupo nos dá um exemplo - bom ou mau - copiamos o hábito para sermos iguais. Ou tomamos a atitude oposta, para nos diferenciarmos. Mas ser diferente do grupo não é fácil. É muita oposição para atacar o nosso ponto de vista. É sempre mais fácil ceder ao pensamento do grupo e passarmos a replicá-lo.
Crescemos e, com o tempo, ficamos condicionados: viciamos no bom tratamento decorrente de seguir o grupo. Passamos a aceitar mais e mais as imposições do grupo.
Não é feio mimetizar o que os outros fazem. Não é anormal. É só algo que fazemos. E, quando todos passam a fazer as mesmas coisas, criamos nossas culturas.
Bom Lingerie Day para vocês!
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