quinta-feira, 14 de junho de 2012

Atomista

Vou começar o texto dizendo que deturparei o conceito clássico de atomismo. Qualquer um pode ir na wikipédia e constatar que o atomismo é uma filosofia natural, da antiguidade. Que estava preocupada em explicar a natureza e todas as coisas, indicando que haviam "tijolos de construção básicos e indivisíveis", que se reagrupariam de diferentes formas, para formar diferentes coisas.


Vou me aproveitar do princípio dessa filosofia para tentar explicar algo que me deixa irrequieto.


Estive pensando em me explicar um pouco mais às pessoas e lembrei dessa filosofia. E notei que eu sou um atomista, também. Só que eu sou um atomista diferente.


Sou um atomista, nas ideias. Busco por uma ideia que não possa ser dividida. Que seja a partícula básica para qualquer comportamento, em qualquer situação. A ideia que caiba em qualquer lugar e, a partir dela, o comportamento seja sempre o mesmo.


Essa filosofia de conceitos atomistas me agrada muito. Principalmente porque contempla o princípio da emergência.


Sim. O atomismo clássico cunhou o fenômeno da emergência, em que um acontecimento desencadeia vários outros acontecimentos, até formar o resultado final.


Mais ou menos como todos os átomos se combinam, para formar um objeto.
Mais ou menos como o calor vibra cada átomo, aumentando a temperatura e dilatando o objeto.


Tudo começa com uma coisa pequena, o tempo inteiro. A velha teoria do efeito borboleta. O bater de asas de uma borboleta na sua rua, pode desencadear um furacão, no japão.


O comportamento humano atual é resultado de toda a série de pensamentos e ações que a humanidade já efetuou. O nosso próprio pensamento é tão bom quanto a qualidade da linguagem que utilizamos para pensar. E, claro, do vocabulário que temos para nos expressar.


Já disse isso, aqui. Tudo que precisamos está dentro de nós. Os fatores externos só servem para confrontar e provar se cada ponto de vista está correto. É um método científico. Um método atomista. Tudo a nossa volta nos coloca em situações que pedem atitudes de nossa parte. Nossas atitudes são baseadas nos princípios que escolhemos. Quando respondemos a mesma situação com princípios diferentes, um deles está errado.


E nós sempre sabemos muito bem qual é o princípio errado.


Nesse momento, é necessário que cada um de nós cultue a constância. Temos que dar valor ao comportamento coerente. O que vale em um momento, deve valer sempre.


A falência das instituições começa justamente quando as regras não valem para todos, em todos os casos.


Quando a constância se quebra a injustiça passa a ser comum.
Quando alguém jugal que pode furar o sinal vermelho, mas exige que ninguém mais possa, já encontramos o primeiro átomo podre.


E essa ideia átomo, que o comportamento deste indivíduo infeliz carrega, entra no processo de emergência.
Um segundo indivíduo (mais infeliz que o primeiro) nota que o primeiro passou no sinal vermelho e o acompanha! 
Logo aparece o terceiro, o quarto, o quinto... Uma dezena, uma centena, o milhar...


É como um câncer.


Não paro de pensar nisso. Em como cada um de nós deve se responsabilizar em ser - por si só - o guardião da coerência, dos bons hábitos e dos bons costumes.


Porque, amigo, se até mesmo nós trairmos nossos princípios, não será coerente que continuemos a exigir que os outros os mantenham.

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