quinta-feira, 26 de abril de 2012

Educação Criacionista

Vamos começar apresentando o vídeo que originou esta postagem:


Pronto. Chegou no Brasil.

Vou começar falando da Teoria do BigBang e da Teoria do Evolucionismo. Didático. Para quem ainda não entendeu nenhuma das duas.

Creio que tenha que explicar sobre "Teoria", que é a primeira palavra de ambos conceitos. Quando qualquer desavisado escuta essa palavra, associa ela a algo incerto e não testado devidamente. Algo que ainda não está consolidado.

Nada pode estar mais longe da realidade.

Por muito tempo, os primeiros cientistas formulavam "teorias", testavam e, caso o teste confirmasse a "teoria", criavam "leis".
O erro nessa seqüência é que eles não formulavam "teorias", somente imaginando. A "teoria" é todo o conjunto de diretrizes, afirmadas, que foram confirmadas através de testes e observações. Evidente que casos mais simples podem ser totalmente teorizados, antes de serem comprovados.
Exemplo: Há uma criança e um doce na sala. Você sai da sala. Volta e o doce sumiu. O que aconteceu? Você teoriza: "A criança comeu o doce". Todos sabemos o que aconteceu, porque as evidências apontam para isso. Mas, somente depois que a criança confessar, ou que uma gravação do ato for assistida ou que exames de sangue sejam feitos, provando o aumento do açúcar na corrente sanguínea, é que podemos afirmar que a criança comeu o doce, com certeza.

Sim, a ciência é humilde. Mesmo com TODAS as evidências apontando para a CERTEZA ABSOLUTA em alguma direção, a ciência ainda trata todas as hipóteses, antes de afirmar algo.

Porque isso? Porque a ciência já notou que o conhecimento aparece em camadas. Muitas vezes, ao descobrirmos algo comum ao dia-a-dia, não notamos que estes fatos são, na verdade, parte de um fato maior, que abrange a macro-realidade do espaço sideral, até o micro-espaço sub-atômico.
Duvida? Já notou o que aconteceu com Newton e Einstein? Ambos falaram, exatamente, da mesma coisa. Só que Newton estava limitado pela tecnologia do seu tempo. Ele se apoiou sobre os ombros de gigantes, mas "deu um pézinho", para Einstein, que viu um pouco mais longe. Logo, as "Leis de Newton", que são absolutas em seu âmbito de atuação, são apenas uma parte do que Einstein descreveu, poucos séculos depois.

Por causa dessas experiências, os cientistas não criam mais "Regras Gerais", "Leis" ou "Normas" científicas. Todo o conhecimento comprovado que temos é tratado como "Teoria", justamente porque ele pode ser parte de um conhecimento maior, que ainda não temos!

Enfim. A "Teoria" é algo confirmado. Mas, como não temos o conhecimento completo, não tratamos aquele pedacinho de certeza como sendo o conhecimento máximo.

Aí, entra a Teoria do Big Bang. Vamos deixar claro: A Teoria do Big Bang não é uma suposição, é uma realidade! Houve, de fato, uma expansão inicial, sim. Ela ocorreu a mais de 13 bilhões de anos atrás. Isso é fato. Comprovado. Irrefutável. Como sabemos? Há uma imagem da radiação cósmica de fundo. Sim, cada explosão gera uma onda de energia. Você já viu isso, em filmes e vídeos. Sabe aquele primeiro "ventinho" que sai de uma explosão, que vai à frente, mais rápido que a onda de destruição? Então, esse mesmo:


Viu o ventinho, antes da explosão? Então, quando o Big Bang aconteceu, ele gerou um onda de choque, como aquela ali. Só que muito maior. Essa onda provoca uma radiação de fundo, até hoje. Eis a imagem:


Como conseguimos isso? Simples: ao catalogarmos as faixas de transmissão de ondas (para rádio, TV, celulares, satélites, etc...) sempre encontrávamos um ruído de fundo. Esse ruído sempre estava ali, não importa para onde apontássemos os aparelhos. Inicialmente, pensou-se que era um defeito nos equipamentos. Mas mais de uma empresa encontrou esse mesmo problema. Com as ocorrências se repetindo em todos os locais do mundo, a hipótese de defeito nos equipamentos estava errada. Com auxílio de super-telescópios, telescópios espaciais e radio-telescópios, o padrão foi identificado. Com o padrão identificado, conseguimos estimar a distância desta radiação. E encontramos um tesouro, ali: essa radiação é a coisa mais antiga que podemos detectar. Quase tão antiga como todos os cálculos que diversos cientistas efetuaram, para descobrir a idade do universo.

Ali, naquela imagem, está a onda de choque da expansão do Big Bang.
Essa "Explosão" não é um "talvez". Não é um "quem sabe". Não é um "eu acredito". É fato.

Passado muito tempo, estrelas nasceram e morreram. As primeiras estrelas nos forneceram os primeiros nove elementos químicos. Em seus núcleos massivos, elas espremeram o Hidrogênio em Hélio, em Lítio, Carbono, Oxigênio, até o Ferro! Depois do Ferro, os átomos dependeram de super novas, para poderem se combinar e gerar elementos mais pesados.

Passaram ao menos Nove Bilhões de anos, até que o protótipo do nossa sistema solar começasse a se formar. Aliás, temos as evidências da formação do nosso sistema. Marcas em planetas, asteróides e marcas no nosso próprio planeta.

Nossa planeta encontrou, nesse sistema solar, uma posição fantástica. Nem muito longe, onde congelaria. Nem muito perto, onde queimaria. Com uma lua gigantesca, para seu tamanho, que o protege de impactos cósmicos. Com quatro planetas gigantes, com gravidades espantosas, que atraem asteróides e cometas, protegendo-o, também.

Não sabemos como a vida começou na Terra. Mas as evidências apontam para três bilhões e meio de anos, atrás. Está incrustado nas rochas. Os primeiros aminoácidos, as primeiras arqueo-bactérias, as bactérias, os primeiros protozoários... A vida demorou um bilhão de anos para sair dessa condição.

Como sabemos, com tanta precisão? Datação por Elementos radioativos!
Não sabe o que é? Quer saber? É simples!
O Carbono é um átomo composto por 6 Prótons, 6 Nêutrons e 4 Elétrons. Esse é o padrão, chamado "Carbono-12", porque seu núcleo contém 6 prótons + 6 nêutrons. Mas existe, também, um tipo de carbono especial: o Carbono-14! Esse carbono possui 8 Nêutrons! Por causa disso, ele é radioativo! (Fique tranquilo, algo ser "radioativo" significa, apenas, que ele possui uma energia que vai se esvaindo com o tempo...) E todo ser vivo tem sempre a mesma quantidade de carbono-12 e carbono-14. O mais legal é que o carbono-14 decai como um relógio: a cada 5730 a exatamente a metade de todo o carbono-14 que o ser vivo tinha, se transforma em carbono-12. Isso garante datação precisa em até 70 mil anos. A aproximada, em milhões da anos.

Só que não é o suficiente. "Aproximado" é muito vago para a ciência. Então, novos elementos radioativos foras estudados, para servirem de base para datação. Hoje, utilizamos até o Argônio-40, que nos garante muito mais precisão.

Assim, encontrando evidências fósseis de animais que já viveram na Terra e datando quando eles estiveram aqui, conseguimos traçar uma linha do tempo de vida dos animais. E, como não poderia ser diferente, notamos modificações conforme o tempo passou.

Animais que não existem mais, mas se parecem muito com animais que existem!

Isso levantou muitas dúvidas, até que Darwin formulou afirmações. E testou-as com observações. As observações confirmaram suas afirmativas e ele cunhou a Teoria da Evolução.

Novamente, não se trata de um "achismo". Não é um "talvez", só porque você não quer entender. É algo que acontece, todos os dias.

A Evolução consiste, basicamente, na sobrevivência do mais apto. O indivíduo que consegue se adaptar melhor ao meio em que vive, se reproduz e passa a frente os seus genes.

O que parece que ninguém nota, aqui, é que os indivíduos sofrem, sim, mutações. Seguidamente seres nascem com características incomuns. Muitas vezes, essas características são internas, e o indivíduo passa uma vida sem notar que é diferente. Outras vezes, a diferença é só uma habilidade a mais ou a capacidade de fazer algo diferente. Muitas vezes, a diferença é evidente, física, grotesca.

Quer ver um exemplo de mutação, que pode gerar toda uma espécie nova?
Hoje foi a público a notícia de uma galinha que "pariu" um pintinho, sem o ovo. O pintinho foi "gestado" dentro da mãe. Uma aberração, em termos de aves. Mas só mais uma mutação, em termos de evolução. o gene foi passado. A galinha tem descendentes. Quem sabe?

Não acredita? Tá aqui a notícia: http://colunas.globorural.globo.com/planetabicho/2012/04/20/galinha-da-luz-pintinho-sem-botar-um-ovo-no-sri-lanka/

Agora, vou falar, diretamente, sobre o vídeo.

Tendo em vista tudo o que a humanidade já adquiriu de conhecimento, ensinar o criacionismo é algo inadmissível.

Eu entendo - mesmo - que as pessoas querem muito acreditar em algo que trás alento. Mas, a partir daí, acharem que os contos escritos em seus livros sagrados são mais verídicos do que os fatos científicos?

Uma das poucas coisas que aceito da religião é a hipótese de uma consciência superior ter criado o universo. Isso porque ninguém sabe, ainda, o que originou o Big Bang. Enquanto não houverem comprovações do que aconteceu um segundo antes da expansão, essa hipótese ainda estará na mesa, sendo uma das possibilidades.

Mas, daí, dizer que em sete dias tudo o que conhecemos foi criado, é uma mentira sem cabimento. Simplesmente já calculamos o tempo em que os elementos mais básicos se formam. Só para que todos os elementos que compõem a vida complexa se formassem, foi preciso mais de 5 bilhões de anos.

Mas como argumentar com quem acha que Deus prega peças nos homens, "escondendo" ossos de dinossauros, para testar nossa fé?

Talvez possamos falar do design inteligente? Eu tenho um bom vídeo, de uma pessoa que aborda o "design inteligente" ser humano:


Então? O Design é inteligente, mesmo?

Como Neil Tyson comentou, ali, o Universo é um lugar que nos odeia! Nossos corpos - feitos à semelhança de Deus? - morrem instantaneamente em qualquer lugar que não seja a Terra. Frio, Calor, Radiação, elementos letais, dependência do oxigênio... Tudo isso está ali fora, a poucas centenas de quilômetros do chão.
A Terra é um Jardim do Éden? Terremotos, Vulcões, Tsunamis, Furacões, Tornados, Enchentes, Secas... Só para ficar nos eventos naturais, que acontecem com extrema frequência. Nossos corpos com design tão inteligente simplesmente não sobrevive à maioria das ocorrências desses eventos!
Mesmo assim, há doenças virais, doenças bacterianas, doenças até de protozoários, venenos, somos apetitosos para muitas outras espécies, desde vermes, passando por insetos, até grandes carnívoros!
Por falar em comer, e ainda falando do vídeo de Neil Tayson, um jacaré vive um mês comendo só uma galinha. Nós, com sangue quente, precisamos de mais de um quilo de comida, todos os dias!

Desculpem, mas esse design citado está mais para "o que conseguiu se safar de morrer" do que "plenamente planejado".

Não, amigos. Desculpem-me os que acreditam, mas não há espaço para o criacionismo, no mundo. Não há evidência científica, para sustentar que um ser superior - que nunca se manifesta diretamente - criou tudo, em uma semana.

Ensinar o criacionismo como algo comprovado, é insano. Obrigar crianças inocentes, sem discernimento, a terem essas aulas é doutriná-las, enganá-las. Quase a mesma coisa que Hitler fez com os alemães, antes da Segunda Guerra Mundial. Uma deturpação total do que é real, tentando favorecer crenças pessoais infundadas.

Por Odin, não tragam seus amigos imaginários para o mundo real. Pega mal.

2 comentários:

  1. Existem milhares de furos na teoria do Evolucionismo. Existem espécies super complexas que desenvolveram artimanhas para sobrevivência, tão complexas, que acreditar que elas ocorreram randômicamente não é ciência.
    Não deveriam ensinar nenhum dos lados da história como verdadeiros. O humano está numa constante evolução de pensamento. A ciência de hoje não é uma verdade absoluta, há muitos erros e discrepâncias nas teorias que aprendemos nas aulas de Ciência.

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  2. Caro "Cara Interessante",
    Acho que eu deixei claro o suficiente a definição de "Teoria", em meu texto, para afirmar, agora, que você não o leu, ou foi incapaz de interpretá-lo.
    Sim, existem lacunas no conhecimento humano, de forma geral. Mas isso não significa que o conhecimento adquirido não esteja comprovado ou, ainda, não passe de mera suposição.
    A Teoria da Evolução das Espécies possui vários pontos que estão muito mais do que comprovados. E os pontos que ainda são obscuros clamam por pessoas que os estudem com mais parcimônia.
    Estudo este que, pelo visto, falta muito, para quem proclama a falácia de que a Teoria da Evolução das Espécies está errada.

    Por favor, se fores iniciar uma discussão, não faça afirmações vagas. Por favor, embase as afirmações que fizeres. Grato.

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