segunda-feira, 9 de abril de 2012

Uma linha muito fina

Existe, na língua inglesa, uma figura de expressão que eu gosto muito. Para mostrara que dois conceitos antagônicos, aparentemente sem relação, estão próximo um do outro, a língua inglesa utiliza a expressão "existe uma linha muito fina entre...".

Assim, eles conseguem mostrar que há um limite claro entre dois conceitos, indicando que as pessoas devem tomar cuidado para não fazerem demais a coisa boa, senão acabariam caindo na coisa ruim.

Essa figura de linguagem monta frases boas, como estas:

"Há uma linha muito fina entre tratamentos de beleza e a tortura..."
"Há uma linha muito fina entre o que  você deveria ser e o que você é..."
"Há uma linha muito fina entre insegurança e insanidade..."


Não consigo imaginar uma expressão da língua portuguesa que seja correspondente. Tão pouco qualquer tipo de expressão que passe o mesmo significado.


Isso me lembra porque os impérios são marcantes. Por mais simplório que pareça, os impérios são os lugares mais ricos de sua época. E essa riqueza começa se traduzindo em pessoas com suas necessidades básicas satisfeitas. Sim, as pessoas dos maiores impérios comem melhor, tem melhores casas, conseguem dormir melhor... Os recursos abundantes fazem com que as pessoas não se preocupem desesperadamente com o básico. Sem precisar "vender o almoço para comprar a janta", as pessoas que residem nos maiores impérios conseguem se preocupar com coisas mais elevadas do que "o pão nosso de cada dia".

Não que o dinheiro faça as pessoas mais inteligentes. Mesmo porque as grades ideias despontam de qualquer lugar. Mas é estatisticamente inegável que as maiores contribuições nas grandes artes, ciências e tecnologia sempre vieram dos grandes impérios.

Foi assim quando o Egito era o expoente. Foi assim com a Grécia, com Roma. Foi assim com o grande império Chinês, o Japão Feudal. A Europa a partir das grandes navegações. Os Estados Unidos, desde a revolução industrial. Esses impérios detêm, certamente, a autoria de mais de 75% do pensamento humano elevado.

E isso tudo se traduz em expressões. Enquanto tribos africanas estalam a língua para produzir um som de seus idiomas ou nós, brasileiros, cunhamos e disseminamos termos irracíveis, há um povo que se preocupa em expressar o limiar entre o que é bom... e quando o bom se torna doentio.

Porque, sim, há uma linha muito fina... um limite quase invisível entre o que você deveria ser e o que você é. Foi um passo... alguém te empurrou, sem querer, e você transpôs esse limite.

Uma linha muito fina separa o que você deveria fazer, do que você faz.



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