quarta-feira, 25 de abril de 2012

Doenças da modernidade?

São duas as doenças da modernidade que me preocupam: depressão e stress.

Antes de mais nada, quero dizer, desde já, que eu sei que não sou médico. Deixar bem claro que isso são impressões. Coisas que aconteceram na minha vida (ou bem próximo de mim). O texto a seguir é, somente, a minha impressão sobre estes males. O fruto de muito tempo pensando a respeito do que vivi, vi e convivi.

Vamos à estorinha do dia:

Os tempos mudaram. Em outras épocas mais simples, as pessoas trabalhavam o campo, animais ou alguma forma de artesanato (mas artesanato de verdade: roupas, utensílios, ferraria, etc...) por horas do dia, somente para sobreviver.

Passado o tempo, revoluções vieram o modelo econômico mudou, evoluiu e exigiu maior demanda, para acomodar a massa de trabalhadores. Como a demanda não era grande, marketeiros surgiram, embelezando os produtos e criando o consumismo.

O Consumismo é, basicamente, um vírus plantado na cabeça das pessoas. Algo bobo, que diz que tu tem que ter sempre a última tendência, o último produto. Mas para que, mesmo? Simples: Só para fazer o seu dinheiro circular. Assim, a legião consumista faz com que os últimos modelos sejam vendidos, estimulando a produção, transporte e comercialização de mais e mais bens. O impressionante é que, depois de algumas gerações criadas dentro do consumismo, expandimos essa necessidade de termos tudo o que queremos, o tempo inteiro, para qualquer coisa. Inclusive para outras pessoas.

O consumismo, em partes, é uma coisa legal. Faz com que todos lutem, sempre, para ter o melhor. O mais novo. Estimula a economia e dá emprego para quase todo mundo. Nos faz projetar e alcançar objetivos. 

Mas tem sua parte ruim também, claro. A iniciar pelas pessoas que não conseguem alcançar o sonho consumista. Essas pessoas não conquistam a namorada que querem. Não conseguem estudar o suficiente para passar naquela prova decisiva. Não conseguem ser admitidos para o emprego que queria. Não consegue seguir a carreira de seu sonho. Não conseguem defender os ideais em que acredita. Não consegue comprar o item da moda.

Passado um tempo, a pessoa ainda quer ser consumista. Ainda está com essa filosofia - furada - de vida. Mas ela desiste de fazer planos. De tanto não conseguir o que queria e planejava, essa pessoa não projeta mais. Ela quer. O iPhone, o carro, a casa, o namorado perfeito. Mas desiste de correr atrás. Desiste de lutar pelo que quer. Nesse momento, creio eu, nasce a depressão. Exatamente no momento em que a pessoa desiste de ter esperanças e rende toda a sua força de vontade.

Eu já passei e já vi pessoas deprimidas. Basicamente, o que sinto é que a pessoa vai guardando uma ira por não conseguir. Pior: ira por ver os outros conseguirem, e ela não. E, a cada miligrama do veneno da ira que a pessoa auto-injeta, ela fica mais paralisada. Até chegar ao estremo ponto de estagnação completa. Um ponto onde qualquer feito é impossível, porque a pessoa já aceitou que não conseguirá fazer nada.

Eu já saí de uma depressão. Já vi pessoas saindo de depressões. Não são necessários médicos. Analistas. Psicólogos (hahahahahaha!) ou Psiquiatras. Muito menos remédios ou terapias. As pessoas com depressão precisam de tempo e estímulo. Precisam de amigos que aumentem a sua auto-estima. Precisam sair. Namorar. Novas cidades, novos trabalhos. O ser humano é um poço infinito de possibilidades. A pior coisa que alguém pode fazer é deixar um amigo deprimido "na dele". Agora, se a pessoa não possui amigos, recomendo o "rush": envolva-se, você mesmo, em atividades aparentemente bobas, mas que tomem a maior parte do seu tempo. Mesmo que não queira ir.

Na outra ponta, está o Stress. Também já passei por isso. Aliás, já surtei legal. O Stress é quando você está tão envolvido com o meio, que o meio te absorve. Quando você não consegue achar tempo e forças para completar todas as coisas que você DEVE fazer. Quando não há mais ninguém para quem você possa delegar uma tarefa sua. Quando os afazeres se amontoam, e você se perde.

Enquanto o deprimido provavelmente já tenha perdido casa, investimentos, emprego, relacionamento, amigos, bens, familiares e não tem perspectiva nenhuma, o stressado talvez tenha tudo isso. Talvez possa ter até mais. Só que não tem tempo para tudo. Não trabalha direito, não come direito, não namora direito, não se diverte direito, não dorme direito. Ao não conseguir equilibrar todas as vidas que está vivendo, cada uma delas passa a ruir. O desespero toma conta e o stressado acha que só vai conseguir arrumar tudo se trabalhar ainda mais. 

Novamente, eu já saí de um surto de Stress. Basicamente, é um momento em que qualquer um precisa de uma intervenção. Algo ou alguém que te dê um "tapa na cara" e te faça parar por um mísero minuto. Não são necessários médicos. Analistas. Psicólogos (hahahahahaha!) ou Psiquiatras. Muito menos remédios ou terapias. Um stressado simplesmente precisa de um tempo para reavaliar suas prioridades. Suas atitudes. Alguém em surto precisa da compreensão e do apoio das pessoas à sua volta. Dividir tarefas, ter tempo para descanso, para si mesmo e os que ama. Agora, se não houver como "desacelerar", recomendo a estagnação. Um pouco de depressão, nesse momento! Vá para longe e desligue-se do lugar e das situações que estão te fazendo mal. Sempre haverá lugar para recomeçar.

Particularmente, creio que estes dois opostos sejam mais "doenças sociais modernas". Mesmo porque, não existiam, antes, em tão larga escala. E, hoje, assolam as populações mundo afora.
E eu me revolto com a capacidade das pessoas em acharem que são disfunções neurológicas. Em acharem que tudo o que estão fazendo é correto e somente seus corpos é que estão demonstrando algum tipo de "defeito".

Não. O defeito não está nos corpos mas, sim, nos comportamentos. Não somos máquinas. Um pouco de stress é bom e um pouco de depressão é bom, também. Cada um em sua hora certa.

E não, você não é bipolar por se dar o luxo de flertar com os dois extremos.


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