terça-feira, 24 de abril de 2012

Economia

Vou contar uma estorinha sobre a economia global. Mesmo porque, contar estorinhas é bom. Dá soninho, vontade de ir dormir. Mas passar uma estorinha de pessoa em pessoa reforça ela. É bom para que os feios fatos sejam suavizados e transformados em lindos contos de "era uma vez".

Então, vamos lá:

"Era uma vez" um início de século maluco. A economia sempre depende de uma ideia nova como combustível, para fazer com que o motor não pare. Quando uma ideia vai ficando velha, desgastada e todos têm o domínio dela, ela para de ter valor. E, por isso, o dinheiro vai ficando mais e mais represado. Mais e mais estagnado... Sem dinheiro circulando, as pessoas não conseguem viver.

Foi assim com o feudalismo. Os Reis e Deus tomavam todos os bens dos vassalos. Até que o ciclo não fez mais sentido. Então, iniciou-se o metalismo. Onde todos correram o mundo atrás de algo único, para trocar por metais. Mas chegou uma hora que os metais já não satisfaziam mais. Então, surgiu a primeira revolução industrial (a do vapor). E as pessoas foram exploradas até que não aguentaram mais. O modelo sucumbiu e surgiu o iluminismo. Mas as ideias iluministas não seguraram a economia por muito tempo. Essas ideias revolucionárias deram origens a tantas outras ideias que a segunda revolução industrial veio!

Mas, quando essa segunda revolução industrial começou a estagnar, muitos problemas apareceram.

Muitas pessoas imaginaram que o sistema bancário seria a próxima fonte de soluções. Aliás, todos sempre pensam isso, em momentos de crise! "Os Bancos são a saída! Eles têm dinheiro! Eles vão nos ajudar!"


Enfim, não espere nada dos bancos. Eles NÃO vão salvar NINGUÉM em uma crise. Eles estão, ali, morrendo de medo de emprestar dinheiro a juros, contando que você não pague em dia. Aliás, quanto maior o medo que você não pague, maiores os juros que te cobrarão. Até chegar no limiar em que, simplesmente, te negam um empréstimo.

Os bancos fizeram bem a parte deles, em 1929: na iminência de uma quebradeira geral, retiraram todo o dinheiro que podiam, de circulação. Acredite: o que estamos passando desde 2008 não é NADA, comparado com o que ocorreu em 1929. Para se ter uma ideia, o que aconteceu naquela época culminou em uma guerra de ódio que devastou a Europa.

Os Governos, sempre eles, tentaram se unir para reverter o quadro de crise. Sim, se há alguém que pode ajudar nessas horas, são os Governos. Aliás, eles estão lá para isso.

Nos anos 30, o economista John Maynard Keynes elaborou um plano para que os Governos pudessem regulamentar o valor do dinheiro. Desse modo, os Governos poderiam impedir que as flutuações do mercado (ciclos de vida das ideias revolucionárias) destruíssem a economia e a vida das pessoas.

A ideia, aparentemente, era fenomenal: Vincular uma moeda - que serviria de referência à todas as demais - ao ouro. Assim, essa moeda teria um valor fixo. O que faria com que fosse realmente forte.

Pensando no nível de pessoas, isso não quer dizer quase nada. Mesmo porque, nem os salários mais altos conseguem ser expressivos para juntarem quantidades de dinheiro suficiente para se ter uma quantidade de ouro significativa. Mas, pensado em países, organizações e empresas, isso faz muito sentido. O ouro é um dos metais mais valiosos que existem. Suas aplicações são muito mais do que estéticas.

Em 1944 houve, então, um acordo, chamado de Bretton Woods.

E essa equiparação, unida com os espólios da Segunda Guerra Mundial, fez com que as turbulências econômicas da primeira metade do século se acalmassem. O motor econômico tinha novo combustível e tudo entraria nos eixos, novamente!

O mundo entrou em 30 anos de acelerado desenvolvimento.

Até que, em 1970, as ideias pareceram começar a morrer. O dólar, super-valorizado, estava fazendo com que economias emergentes tirassem empregos e dinheiro das economias consolidadas. Japão, Alemanha, Israel e até o Brasil, nessa época, ameaçavam a saúde econômica dos Estados Unidos. E, quando o país que tem a moeda-referência vai mal, o mundo inteiro vai mal, também.

O então presidente Nixon rompeu o acordo Bretton Woods. Até então, quem chegasse com um dólar no banco central americano, poderia sair com o correspondente em ouro. Isso se chama lastro. O dólar era lastreado por ouro. Só que, desse momento em diante, o Estados Unidos não mais pagariam o ouro por sua moeda.

Sim, foi um imenso calote. Um calote que deu mais alguns anos de vida à economia que nasceu no pós-guerra. Claro que as retaliações ocorreram. Países árabes se revoltaram e passaram a produzir menos petróleo, gerando uma crise internacional. Crise, essa, devidamente aplacada com a força de invasões. Irã, Iraque, Kuwait, Egito, Síria... George H W Bush (Pai), já nos anos 80, detonou o oriente médio.

Foi um novo tipo de guerra que se instituiu, ali. Em vez de deixar o mundo penar, as economias morrerem e as pessoas se revoltarem, os governos agem cirurgicamente nas zonas de interesse. Quando o Governo não deixar a economia morrer, as pessoas se mantém em paz, como gado feliz no pasto. Não surgem seguidores para mais um "Hitler da vida", por aí.


Basicamente, os Estados Unidos entraram no oriente médio, mataram as pessoas que se opunham às relações comerciais benéficas com o ocidente e colocaram pessoas que manteriam a produção e comércio de petróleo. Aí nasceu o governo de Saddam Hussein, por exemplo. Sim, os Estados Unidos ajudaram o Iraque a descer o cacete no Irã. Depois, sob o pretexto de libertar o Kuwait, os Estados Unidos desceram o cacete no próprio Iraque. Operação Tempestade no Deserto, coisa e tal. Saddam viu com quem estava se metendo e aceitou o calote de ouro, aceitou produzir e vender quanto petróleo os Estados Unidos quisessem e, em contrapartida, teria o país inteiro só para ele!


E tudo correu bem, até que a Europa teve a brilhante ideia de criar a Zona do Euro.
Vamos deixar claro: Uma moeda precisa de lastro, para nascer. Se não tiver algo de valor, por detrás dessa moeda, ela não vale nada. É como um cheque, que você só aceita de quem você sabe que tem fundos, para lhe pagar. Senão, é só um pedaço de papel, colorido.

Eu sei, para um brasileiro isso é estranho. Ainda mais porque nosso país sempre teve uma putaria de moedas, até o Real. Réis, Cruzeiro, Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro Novo, volta o Cruzado, Cruzeiro Real, URV... REAL! Uma moeda sendo lastreada pela outra. Aliás, o lastro do nosso Real é o Cruzeiro Real, lembra? Sim, R$1,00 ainda vale CR$2.750,00.

Mas os europeus queriam criar uma moeda, e não sabiam como lastreá-la. Nenhuma país queria, sozinho, colocar sua moeda em risco. Juntar todas as moedas para lastrear a nova era impossível: economias diferentes, com valores diferentes. O que fazer?

A saída foi negociar com Saddam Hussein! Ele mesmo! Ganancioso e visionário, Saddam passou a vender petróleo em troca de Euros. Talvez achasse que a Europa não deixaria os Estados Unidos atacarem o golfo, novamente...
Teria dado muito certo, caso esse petróleo todo já não estivesse prometido para os Estados Unidos. Aliás, teria sido perfeito, caso o Euro não se valorizasse mais do que o Dólar, passando a ameaçá-lo.

Não sei se os atentados de 11 de setembro de 2001 foram reais ou armados. Mas que aconteceram bem na hora que os Estados Unidos precisavam de uma desculpa para entrar no Oriente Médio novamente e fazer novamente uma "limpeza" lá... isso serviu!

Saddam foi retirado do poder e executado. Belo recado, para qualquer um que se opor aos Estados Unidos. As tropas Norte-Americanas continuam lá, até hoje (mais de 10 anos...). E, como todos podem ver, a cada dia que passa, a Zona do Euro definha mais e mais. A moeda vai perdendo o lastro, o valor e, consigo, vai levando as economias que sustentava, artificialmente.

Islândia, Grécia, Portugal, Espanha, Itália, França... Todas indo mal.

Os Estados Unidos? Continuam se apoiando em recursos bélicos, tecnológicos e econômicos para não perder sua posição.

O que eu não entendo, particularmente, é porque não continuamos as revoluções tecnológicas. Essas revoluções conseguem trazer sangue novo para o mercado, sempre! E sempre de modo pacífico.

Se há algum "e viveram felizes para sempre", ele passa por educação científica de qualidade, para que todos nós estejamos aptos a criar novas tecnologias para revitalizar constantemente a economia do mundo!


E essa foi a estorinha de hoje!

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