segunda-feira, 30 de abril de 2012

Gandulas

Eu não falo de futebol. Mas vou.

Nos últimos dois meses, tem muita gente reclamando de uma jogada que o Inter faz: cobrar o escanteio, rapidamente.

Acho legal citar, aqui, um pouco de história.

Eu lembro, até os idos do início da década de 1990, que só havia uma bola, em campo. Sim, um atacante chutava a bola e, então, o gandula tinha que ir correndo, pegar a bola. Quando um time tinha pressa, o próprio goleiro saia correndo, para buscar a bola.
Sinceramente, não sei porque a FIFA demorou tanto tempo, para permitir mais de uma bola, por jogo.
Ter só uma bola fazia com que houvesse muito menos tempo de bola em jogo. O espetáculo era completamente diferente. Os jogadores nem se esforçavam, tanto, na parte física. sabiam que teriam muito tempo para descansar, em campo, por causa das reposições de bola.
Aliás, a punição para os jogadores que chutam a bola para longe, depois da jogada parada, vem desse tempo. Quando só havia uma bola em campo, fazia sentido punir com cartão um jogador que isolasse a bola, sem que ela estivesse em jogo. Ele estaria, sim, retardando o jogo de modo proposital.

Mas, depois de muito tempo, a FIFA rendeu-se à razão e permitiu várias bolas, para uma partida. Assim, quando uma bola fosse para muito longe, se usaria outra. O gandula iria buscar a bola que foi isolada e o jogo poderia continuar!
Se não me falha a memória, cada tempo dos jogos ganharam cerca de dez minutos, em média, de bola rolando! Cara, isso é demais! Muito mais jogo, para vermos! Claro que isso ajudou a termos brucutus em campo. Favoreceu a parte física, sobre a técnica. Mudou todas as táticas para o jogo. Fez sumir esquemas como o 4-2-4, por exemplo.

http://sportv.globo.com/videos/estaduais/t/campeonato-paulista/v/gandulas-roubam-a-cena-em-porto-alegre-e-no-rio-de-janeiro/1925298/?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=SporTV

No início do ano, o Internacional foi jogar com Once Caldas, pela Pré-Libertadores. E, em um lance no jogo lá na Colômbia, foi surpreendido por um lance inusitado: O gandula colombiano colocou a bola na marca do escanteio e o cobrador bateu rapidamente o córner.

Sim, o Inter foi vítima desse lance. Mas gostou da ideia. E passou a repeti-la. Para ira de muitos.

Vendo as regras de jogo, isso não é permitido, porque um gandula não pode entrar em campo. E, colocar a bola naquela meia lua, do escanteio, é entrar em campo.

Mas... Sempre o "mas", né?
Mas vários gandulas rolam a bola para dentro do campo, nos tiros de meta.
Mas vários gandulas colocam a bola sobre a linha lateral, em arremessos laterais.
Mas vários outros gandulas já colocaram a bola na marca do escanteio, em outros jogos!

Atentem que o problema não é, então, propriamente o gandula colocar a bola no escanteio. Mesmo porque o dever dele é justamente esse: repor a bola rapidamente, para os jogadores recolocarem-na em jogo.

Se o cobrador de escanteio do teu time demora um ano para chegar no córner... Gosta de arrumar a bola. Toma dez metros de distância. Arruma os cabos de equipamentos dos repórteres... Afasta as placas de publicidade... Reclama da torcida ali perto... Espera os zagueiros chagarem na área. Para, só então, cobrar o escanteio... Isso é problema do teu time.

Agora, se o meu time quer pegar logo a bola e cobrar o escanteio a que tem direito, não torrem o saco, ok?

Aliás, passem, vocês, a fazerem o mesmo, se quiserem! Peçam a bola para o gandula. Cobrem rápido. Façam seus gols!

Só acho absurdo ficarem reclamando de uma jogada que, se fosse o seu time que estivesse fazendo, você estaria defendendo. O Gandula está repondo a bola rapidamente, o que é a orientação dada a ele. O jogador está cobrando o  escanteio rapidamente, o que também é dever dele.

Se eu gosto ou concordo com a prática da jogada? Não. Não gosto. Embora meu time tenha feito um gol dessa forma, ela não é tão efetiva. Gosto mais quando os zagueiros chegam na área e, principalmente, quando o escanteio é bem cobrado. Assim, creio que a chance de marcar gols aumenta. Mas, insisto, não acho que a jogada seja ilegal.

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