sexta-feira, 13 de abril de 2012

Omissão

O Brasil tem muitos problemas.

Mas o pior. O início de tudo... É a omissão.

Ela tem vários motivos para existir. Mas, sinceramente, eles não importam. Não importam por que qualquer tentativa de justificar a sua não-interferência em qualquer caso, é absurda. Risível.

Por causa desse pensamento ainda consigo ter um pingo de respeito por "marias-vai-com-as-outras" e com os famosos "trolls", que a internet tanto propaga.
Mesmo porque, embora somente queiram agitar ou manter aparências, eles estão ali. Utilizam muito mal o seu precioso e parco tempo, mas se fazem presentes.

Ontem a noite, aproveitei-me de um Twitt do @Cardoso e lancei minha opinião sobre o tal do aborto.
Sim. Opinião. Eu sou um Déspota Esclarecido e só minha opinião já conta. E, muito embora alguns queiram desqualificá-la com palavras suaves, ela detém embasamento, sim.
Basicamente, acredito no ciclo natural da vida. Uma pessoa interromper o ciclo de outra pessoa é homicídio. Não importa se é intencional, se é acidental, se ocorre com um idoso, com um adulto, com um adolescente, criança ou feto. O ciclo da vida começou, para mim, já há um ser humano e seus direitos devem ser preservados.

Mas esse texto não é sobre aborto. É sobre a omissão das pessoas.
E, como iniciei uma discussão corretamente, o @Cardoso me retuitou. Logo, fui inundado por mensagens de pessoas que queriam debater, comigo, a respeito do aborto.

Tanto que o Twitter me Mandou Calar a Boca, por uma hora e meia...

Mas, passados os debates, ficou essa sensação em mim de que não foram tantas pessoas que falaram comigo, assim. Aliás, devo ter debatido com, no máximo, umas 30 pessoas.
Algumas extremamente educadas, lúcidas, inteligentes e deliciosamente persuasivas.
Algumas medianas. Repetindo o "mais do mesmo".
Menção honrosa ao @fabiofischer, a quem, por eu ter lido errado um twitt, acusei de estar me atacando diretamente, injustamente. Falha minha, na enxurrada de twitts simultâneos que ocorreram. Minha sinceras desculpas.
Exceções garantidas, o resto das pessoas que se dirigiram a mim me soterraram com ataques pessoais e xingamentos diversos. Mesmo assim, achei que foram poucos.

Agora, estudando o que ocorreu, sinto pena do nosso país, por tão poucas pessoas não serem omissas. Por não darem de ombros aos assuntos. Por olharem a ação que está sendo efetuada e não se eximirem da responsabilidade de formarem uma opinião, tomar uma atitude ou, sequer, fazerem-se presentes.

O Brasil vai mal, suas instituições não funcionam, os políticos são corruptos, a educação é horrível, a saúde não existe, a segurança nos deixa inseguros, não temos esgoto, não temos estradas, não temos estradas de ferro, não temos aeroportos, não temos portos, não temos empregos, não temos grandes empresas, não temos tecnologia, não temos economia, não temos cultura, não temos lazer... Não temos nada no nosso país, e o pouco que temos é corrupto e funciona mal, por que VOCÊ não se importa.

Ontem, no Facebook, o colega Ricardo Chicuta (do excelente blog "As Aventuras de Chicuta e Rabelo") postou a ironia: "Você é de Criciúma e torce para times de fora?"
Isso me lembra os idos de 2004 e 2005, ainda na comunidade do Orkut do Internacional, quando, a cada derrota do Inter, avalanches de tópicos eram criados, criticando tudo: Jogadores, escalação, elenco, fardamento, técnico, preparador, direção, estrutura do Beira-Rio, entornos do estádio, Porto Alegre... O Inter perdia um jogo e tudo estava errado TUDO.
Não vou dizer que eu comecei. Estaria mentindo. Mas eu ajudei muito. Eu criei tópicos. Colaborava com quem lançava as ideias. Divulgava. Era chato. Nessa época, para cada reclamação para com o Inter, eu respondia: "Te associa, se candidata a conselheiro ou monta uma chapa e vira diretor do Inter."
Na época, o Inter possuía em torno de vinte mil sócios. E demorou quase um ano, até que essa resposta passasse a ganhar corpo.
Dessa posição de enfrentamento... Dessa situação em que eu poderia me calar mas não o fiz... Nasceu o movimento InterNet. Começou com filosofia errada, na minha opinião. Justamente por isso não fiz parte. Mas esse é o espírito. Fosse a política do Internacional mais relevante na minha vida, eu faria um movimento paralelo. Me engajaria. Estaria lutando pelo que eu acredito.

E é isso que falta para o Criciúma, por exemplo. Os moradores da cidade preferem torcer para clubes de fora, em lugar de tornar seu clube forte. Criarem chapas. Se oporem aos dirigentes que tanto criticam. Criarem um Criciúma grande, de verdade.

Mas isso tudo é exemplo. É café pequeno. Todos temos como dever cívico tomar esse tipo de atitude para com nossa cidade, nosso Estado, nossa Nação.
Porque a rua que passa na frente da sua casa é sua. Seu dever mantê-la limpa. Seu dever manter as regras de convívio. Manter as regras de trânsito. Garantir a segurança dos indefesos. Ensinar a próxima geração. Cuidar da saúde dos enfermos.
Você está ocupado demais ou não sabe fazer isso? Pague impostos para que possamos empregar garis para varrer, guardas para vigiar e fiscalizar o trânsito, professores para ensinar e médicos para tratar.

Ah! Você não concorda com o modo como esse SEU dinheiro está sendo gasto e em como os serviços estão sendo prestados?

Não se omita. Fale. Lute. É tudo seu, aqui. Essa terra é toda sua.

Minha parte? Eu me sinto sozinho - junto com os 30 que debateram o aborto, comigo, ontem - e estou gritando para você, nesse texto, se juntar a mim.
Não à minha opinião. Mas ao grupo que debate.
Eu estou aqui, para fazer você se inflar e se revoltar contra o mundo que te cerca.
Para você parar de achar que o Brasil "é assim mesmo" e que "não adianta, não vai mudar".

Vai mudar, sim. Pode ser tão ideal quanto o que cada um de nós sonharmos que ele será.

Basta que você deixe de ser omisso.




5 comentários:

  1. Na boa, Arthur, você não iniciou um debate sobre aborto, você entrou em um debate que está ativo há dias e, além disso, quem quer realmente debater não escreve um texto em que diz "... eu sei que estou certo no que vou escrever. E não há nada que ninguém possa dizer para tirar-me a razão.", isso não é argumento, é um comunicado.
    Aí do mundo onde você vive você ignorou as falhas dos métodos contraceptivos - pq pra você sempre funcionaram, ignorou a evolução da ciência, deu as costas pro conhecimento humano que, na sua integralidade não tem certeza de quando é que começa a vida, porque você sabe exatamente em que ponto começa a vida; ignorou os sentimentos e o impacto psicológico de uma gravidez indesejada ou de um feto morto em uma mulher, tratando-a como incubadora; relegou o estupro a uma simples questão de segurança pública voltando ao erro de tratar a mulher como incubadora e ignorando o fato de que, estatisticamente, a maioria dos estupros ocorre dentro das casas das pessoas, é cometido pelos próprios familiares, onde o governo não deve interferir sem permissão prévia; você ignora também os danos causados a uma criança que é criada sem amor e sem a preocupação dos pais por ser apenas um indivíduo indesejado que apareceu na hora errada.
    Em determinado momento me peguei pensando: "Será que esse cara pensa mesmo isso, ou é um daqueles perfis fakes que querem angariar visitas para seus blogues e torci para que seja assim mesmo. Não quero minhas filhas à mercê de homens como você, que vêem o mundo em preto e branco e se precupam apenas com suas próprias considerações preconceituosas (sim, porque vêm de um conceito pré estabelecido e que não está aberto a discussões). Tenho medo de gente assim.
    Quando ao post sobre omissão, acredito firmemente que lutar por seu país é mais do que ficar sentado na frente do computador criando tópicos nas redes sociais. O fato é que as pessoas das redes sociais fazem um grande barulho nesse mundinho virtual mas, na vida real, isso é só marola. O mundo é muito maior do que se vê aqui, e há muito mais que um cidadão pode fazer do que isso.

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    1. Reli os comentários e peguei alguns poucos erros na pressa de escrever o que se passava em minha cabeça. Desculpe por isso e faça de conta que meu português é excelente. :D.

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  2. Boa noite, Betti. Eu não reparo os erros de português. Resumo-me a reparar os erros que encontro nas opiniões, apenas.

    Primeiramente, o máximo que comentei é que "comecei uma discussão", no micro sentido de uma conversa, não no sentido amplo de discussão geral.
    Mesmo porque o debate sobre o aborto é muito mais antigo do que qualquer um de nós.

    Quanto à minha frase contundente, como citei anteriormente, infelizmente sei que ela é real. Desculpe afirmar novamente, reforçando arrogância, mas eu sei que estou certo. E eu sei que não há nada que ninguém possa dizer, que mostre que a minha opinião está errada.

    "O mundo onde vivo" possui métodos contraceptivos que funcionam na grande maioria das vezes, quando usados sozinhos. Se utilizados corretamente e em conjuntos, a concepção torna-se alvo de estudo religioso. Melhor ainda: "no mundo onde vivo", eu creio que as pessoas saibam dizer "sim" e "não" para as situações. As pessoas que não sabem discernir não podem ser tratadas como regra. Elas devem ser a exceção a ser educada, ensinada e corrigida.
    Eu, mais do que um ateu, sou amante da ciência. E, como a ciência ainda não definiu onde, exatamente, a vida nasce, eu estou propondo um início. Sei, novamente arrogante. Mas eu não sou omisso. Tenho minha opinião e ela é sustentável. Sendo a vida um ciclo, ela começa quando o ciclo se inicia. E quando o ciclo da vida se inicia? Defendo que seja na intenção dos pais em terem um filho.

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  3. Por que, veja bem: o momento em que um homem e uma mulher decidem praticar sexo sem proteção alguma, em período fértil de ambos, eles estão, sim, assumindo o risco de gerarem uma vida. E o início do coito é o último momento em que o corpo de cada um é somente seu. Onde só há uma opinião que conta. Depois que o esperma do homem entrou na mulher, o ciclo da vida tem seu início. Muitas coisas podem acontecer de errado, a partir daí. Aliás, a grande maioria dos coitos não protegidos não resultam em filhos. Como espliquei, antes, os gametas devem se encontrar e o embrião deve se fixar em um útero preparado para a gestação. E, mesmo que tudo isso ocorra, ainda podem haver milhares de complicações que causem abortos espontâneos.

    Não sou religioso. Mas, nesse aspecto, uma vida é uma improbabilidade, quase um milagre.

    Uma vez o ciclo da vida iniciado, eu creio que esse ser tem todos os direitos inerentes ao ser humano, já. Para mim, a sua morte, Betti, e a de um feto de um dia só diferem no tempo de vida dos dois. E ambas seriam terríveis. Ninguém, nem você nem eu, tem que ter seu ciclo de vida abreviado por decisão de outra pessoa.
    Sinceramente, para mim, a vida de uma pessoa vale mais que o psicológico de outra. Aliás, não consigo acreditar em vocês todos, que acham normal tirar a vida de alguém só porque "não gosto", "não quero", "não planejei" ou qualquer outro motivo torpe.
    Perdão, mas não é matando uma pessoa que está sendo gerada a partir de um estupro, que você resolve o problema da violência. Queira refletir, por favor: o ESTUPRO é violência e é errado e NÃO DEVE ACONTECER. O ESTUPRO deve ser proíbido, combatido, evitado e punido exemplarmente. Não entendo a coerência que vocês afirmam existir em não quererem ser vítimas de ESTUPRO, mas quererem o direito de cometer um ASSASSINATO, o que certamente é mais violênto.

    Aliás, acho que quem defende o aborto pensa só em sí. Leva muito a sério a máxima "o que os olhos não vem, o coração não sente"... Não é porque a pessoa que está no ventre não foi vista, ainda, que ela não existe, que não pode ter direito a sua vida e seu futuro.

    Caramba, eu estou advogando pela vida, lutando contra um mar de pessoas que só pensa em morte!
    O caminha mais fácil, nem sempre é o moralmente mais correto.

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  4. Francamente, acho minha opinião científica e embasada o suficiente para discutir, sem me preocupar se estou parecendo fake ou somente gerando Buzz.. Ter um conceito estabelecido e defendê-lo não é pré-conceito, mesmo porque eu argumento em favor do que acredito. Pensei muito a respeito para emitir minha opinião. Pré-conceito se encaixa muito mais em falar pelos cotovelos inverdades, seguindo o censo comum. Ficar citando sempre os velhos exemplos falaciosos, como "todo favelado é ladrão", "negro só faz coisa errada" ou "contraceptivos não funcionam". Esses são preconceitos. Preconceitos Idiotas.

    (Cutucada: Os métodos contraceptivos são o que fazem as mulheres desenvolverem suas carreiras profissionais. Porque, na hora de procurar emprego e ganhar dinheiro, a eficiência dos métodos é enaltecida e, quanto ao aborto, diminuída?)

    Quanto à omissão, infelizmente eu tenho que trabalhar 9 horas por dia. Mais duas horas de deslocamento e uma hora e quinze de almoço corrido. Somados aos afazeres de quem mora sozinho, acabo por não ter muito mais tempo do que o suficiente para dar minhas opiniões. Sucitar revoltas, colocar pulgas na cabeça das pessoas.
    Sempre que tive oportunidade militei politicamente, pelo que acredito. Aliás, estou guardando meu mês de férias para militar por um candidato a prefeito em quem acredito, na prainha que tanto amo. Mesmo não morando lá a anos, quero muito me envolver. Tomara que eu possa tirar as férias do modo que estou querendo.

    Ajudo, então, fazendo o máximo que posso: tentando trazer "Pontos Finais". Opiniões. Mesmo por que, de argumentos, estamos cheios. As discussões parecem nunca terminar. Parece que não fazemos nada porque vivemos conversando as mesmas coisas! CHEGA! Eu trago visões que considero ideais. Assunto para o qual as pessoas tirem alguns instantes de suas vidas para refletirem. Talvez na esperança - tola - de que cheguem a quem tenha tempo, recursos e capacidade para fazer algo.

    Desculpe-me por não me omitir. Perdoe-me por não seguir o "coro dos contentes". Tenha piedade de quem ousa pensar diferente e ter opiniões contrárias à maioria.
    Mas é complicado pedir piedade para quem acredita que matar é correto, eu sei.

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