domingo, 11 de março de 2012

Tatu do Bem

O ano era 2001. O mundo não havia acabado, mas as maravilhas tecnológicas também não haviam chego. Os Jetsons não invadiram o nosso dia-a-dia.

Eu estava um pouco morto por dentro, sim. Mas eu sempre soube como tratar a depressão e a ansiedade: com planos!
Fiz várias músicas e encontrei pessoas que estavam, igualmente, dispostas a criar uma banda. Ensaios tortos, muita improvisação. Até que o Paulino Miguel (por onde você anda, amigo?) Fez a derradeira pergunta: "Qual vai ser o nome da banda?"
Olha. Era mais fácil fazer sucesso em um mês, do que escolher o nome da banda...

Mais de 400 ideias. Sim, eu lembro de termos escrito nomes e mais nomes. Uma verdadeiras Tempestade de ideias. No fim, resumimos a poucas opções.

Nós nem chegamos a escolher um nome. E eu sei que a corruptela é antiga e não fomos nós que criamos. Mas. O Paulino chegou até a desenhar o mascote: A opção mais legal estava sendo "Tatu do Bem". Sim, imaginem um pequeno Tatu, estilizado semi-mangá, com uma capinha tremulante ao vento...
Lembrei e citei essa história porque eu estou empacado.
Literalmente, Tatu do Bem, comigo.
Só que eu não consigo produzir, intelectualmente falando, se Tatu do Bem, comigo.

Não vem aquela raiva, o tesão e a concentração necessárias para molestar os problemas que existem, todos os dias, para serem resolvidos com o Ponto Final.

Lembro que o auge da minha produção de músicas foi quando eu tinha menos horizontes, na minha vida. Nada era possível, menos compor músicas - que eu acho legais. Escrever textos, então? Quando alguma coisa me incomoda, escrever com sangue nos olhos acaba fazendo com que o texto tenha ritmo, vida própria.
Mas, quando Tatu do Bem, eu perco essa gana. Uma ciclista morre, porque um motorista de ônibus atropela ela intencionalmente, e só sai um texto - insonso - a respeito da Nova Seleção Natural. Hoje faz um ano do terremoto/tsunami no Japão. Eu poderia escrever milhares de linhas, mostrando tudo o que sofreu aquele povo, como se reergueram, todo o exemplo humanitário, educacional, político e social daquela país... Mas só consigo pensar que, embora ainda existam problemas na terra do sol nascente, Tatu do Bem, lá.

Aliás, em qualquer notícia - que me desencadearia textos homéricos - apenas vejo o lado bom da história.
Uma briga de foice acabou com um cara ferido, gravemente. Mais uma história que poderia dissertar sobre. A única coisa que consigo pensar é que, mesmo assim, essa notícia é boa! Justamente porque, caso a briga fosse com armas de fogo, em vez de foice, o ferido estaria morto. Logo, por pior que pareça, ainda há esperança.
Ou a tal história da cozinheira da Rita Lee. Escravidão? Olha, amigo, se eu tivesse trabalhado 10 anos, só por casa e comida, na casa da Rita Lee, hoje eu teria um currículo invejado. Conseguiria trabalho fácil, em qualquer cozinha do mundo.

Mas o pior - MESMO -, para meus textos, são a notícias que nem tem lado ruim! Como os 30 golfinhos, que foram salvos por banhistas, em uma praia na Bahia. Exemplo, orgulho e nada mais pra dizer. Talvez exigir a mesma dedicação para com os seres humanos...


Mas até nisso sou meio contraditório. Porque quero que ajudem os seres humanos antes dos animais, mas eu NÃO DOU NADA. Sou contra a caridade. Especialmente, nessa semana, o tal de Kony - 2012 me revoltou. Mais homem branco, querendo interferir na vida da África, que passa toda a sua existência como se fosse um bebê que chora pela Babá.


Acho que, no final das contas, trata-se, apenas, do mais forte cuidar do mais fraco. Mesmo que isso vá totalmente contra as leis da Seleção Natural... Mas é até justo, visto que nossa espécie desequilibrou a ordem de poderes...

Enfim... Não tenho nada o que reclamar e colocar um Ponto Final, a não ser a minha própria falta de ira sobre algum tema. E, nem mesmo para isso eu tenho uma opinião "Ponto Final".

Hoje a noite, haverá um Sorteio aqui, no Ponto Final. Não deixe de participar!


Tudo isso, por causa da Fabi...

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