segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Drogas

O assunto de hoje é sério, então leiam.

Desde o dia 27 de Julho está no senado o novo texto para o código penal brasileiro. O senado, inclusive, está disponibilizando um canal para você poder opinar sobre os pontos polêmicos. Eles são vários e, hoje, no site "Alô Senado", você encontrará a enquete sobre drogas.

http://www.senado.gov.br/senado/alosenado/

Basicamente, o novo texto quer descriminalizar a produção e o consumo de drogas, removendo o caráter de crime e atribuindo o caráter de infração para estes atos.
Na prática, a polícia pára de prender plantadores/produtores de drogas e os dependentes químicos (drogados). Estes serão alvos de outras ações do Estado. Ações estas que culminarão em trabalhos voluntários, doações de cestas básicas, multas, etc...

Vamos à opinião sobre o tema, então.

Eu gosto de um mundo ideal, sabe? Um lugar utópico, onde tudo é completamente perfeito.

Nesse mundo ideal, cada cidadão sabe, exatamente, o seu lugar na sociedade.

Não tenho cunho socialista ou comunista. Mas não refuto os bons argumentos que eles têm.
E uma das coisas interessantes que essas vertentes de pensamento nos trazem é, justamente, a consciência do valor de cada cidadão, para a sociedade.

Vamos ver se eu explico rapidamente:
Você paga impostos para que o Estado tenha dinheiro para manter os serviços públicos funcionando. Alguns desses serviços que você paga, você pode utilizar diretamente, por toda a sua vida. Outros, você utiliza só durante uma parte de sua vida. Mas um número considerável de serviços você utiliza somente indiretamente.
Saúde, saneamento e segurança ativa, você usa a vida inteira, por exemplo.
Educação, previdência e asilos, somente durante certas partes de sua vida.
Agora, já parou para imaginar que você usa uma cadeia, de modo indireto?

É, você paga por serviços que são efetuados para outras pessoas, para que o público-alvo desses serviços não venham agir diretamente em você.
O mesmo se dá com vacinas, por exemplo. Você paga para que todos tomem vacinas, para se proteger, também.

Assim, cada cidadão que paga impostos é um contribuinte para a sustentação do Estado. E o Estado acaba gastando esse dinheiro para garantir que todos os serviços básicos funcionem corretamente.

Quando uma pessoa não contribui para o Estado, ela já é um alvo de gastos do Estado, em potencial. Sem emprego, um pai de família pode acabar roubando. E esse roubo deve ser combatido pela polícia. Deve ser defendido por um advogado, acusado por um promotor, julgado por um juiz e, enfim, preso em uma cadeia.

Notam o prejuízo duplo? Além deste "pai-de-família-ladrão" não estar nos ajudando a pagar pelo nosso Estado, ele está gerando gastos para todos nós, que contribuímos.

Não seria melhor se, no lugar de esperar esse pai de família se marginalizar, o Estado acompanhasse as necessidades dele e de sua família e encaminhasse ele a um trabalho? Para um curso de capacitação, talvez? Quem sabe para uma instituição de saúde mental, se for o caso?

Entendem? Medidas preventivas, para incluir o cidadão, no lugar de medidas reativas, para punir o infrator.

Essa lógica não faz sentido só para ladrões. Para os viciados em drogas faz o mesmo sentido. Nem todo viciado consegue "ter uma vida normal". Aliás, sabemos que as drogas pesadas fazem mal para a saúde mental dos usuários, causando deficiências, males e até a morte.

Então eu pergunto: porque devemos incentivar o uso de drogas? Nosso Estado só terá mais custos com saúde e menos arrecadação. E, conhecendo os brasileiros, continuarão existindo casos de roubos e mortes motivados por drogas. Porque ninguém aqui vai pensar "eu tenho que trabalhar para comprar minha droga".


É... Mas isso é o mundo ideal. E eu sei que o mundo real não comporta tal nível de pensamento.

Sem falar na hipocrisia das drogas lícitas. Álcool faz tanto mal quanto outras drogas, vicia e mata igual, mas ninguém fala nada...

No mundo real, temos a economia de mercado. A Lei da Oferta e da Procura.

Tendo em vista isso, eu acredito que a descriminalização e regulamentação das atividades que compõem o ciclo das drogas seriam suficientes para resolvermos todo o problema.
Meu raciocínio é simples: Os impostos brasileiros são enormes. Plantar, colher, transportar, processar, embalar, distribuir e vender no varejo serão taxados e sobretaxados. Não seria qualquer um que poderia pagar pela droga de cada dia.
Aliado a isso, ao transformar as drogas em produtos, traficantes virariam comerciantes, com notas fiscais no lugar de armas de fogo. E acredite, amigo: nada melhor do que mexer com o bolso do leão, para termos resolvidos os problemas brasileiros. Além disso, economias paralelas seriam reforçadas, tais como marketing, design, propaganda, medicina especializada, etc...
Sendo produtos, as drogas teriam marcas diferentes. Modos de venda diferentes. Locais específicos para serem utilizadas. Médicos, enfermeiros ou farmacêuticos responsáveis e especializados.
Isso, é claro, sem falar de todo o turismo que a droga gera. Pensem, por um instante, no que aconteceu com a Holanda? Agora, imaginem no Brasil, e sua típica bagunça burocrática!

Todos felizes! Drogados, traficantes, produtores, turistas, cidadãos e Estado!

Notaram um padrão, até agora? "Ou tudo, ou nada." "Ou libera geral, ou combate geral." "Oito ou oitenta."


Sinceramente, acho que qualquer um dos dois panoramas citados acima funcionariam bem.

Porém, o texto da proposta de lei é diferente e absurdo.
Plantar? Ok.
Produzir? Ok.
Vender? NÃO!
Consumir? Ok.

Notaram o problema?

Se existe a demanda e a produção... É ÓBVIO QUE EXISTIRÁ O COMÉRCIO!

Caramba, será que eles nos acham tão burros assim?
Se puderem plantar e consumir, mas não puderem vender, só agravaremos os problemas de tráfico e violência no Brasil inteiro! Haverá mais demanda e mais produto. Não é ÓBVIO que haverão mais vendedores?

Eu lhe peço, amigos, entrem no site que eu coloquei lá no início do texto. Coloquem a sua opinião. Mas, por favor, que seja uma opinião com o mínimo de lógica.

Temos o dever de impedir que uma bobagem sem tamanho seja feita, que só agravará mais nossos problemas sociais. Conto com você.

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