segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Justos

Primeiramente, eu não sei mexer nesses softwares editores de imagem avançados, ok? Sequer tenho um Corel instalado! Então, acabei utilizando-me da minha incrível habilidade de "Paint Master" para tentar fazer um gráfico para ilustrar o texto de hoje. O primeiro que rir do gráfico irá selar - de uma vez por todas - as imagens originais do Ponto Final. Hehe!



Esse desenho tosco que fiz e coloquei aí a cima sintetiza todos os grupos de pessoas, sob o aspecto de motivações para ação.

Porque, quando alguém faz alguma coisa, o motivo basal que move a pessoa está escondido em um desses cinco grupos:

Partidários Interesseiros:
Você poderia achar que eu começaria a falar desse grupo como sendo o pior. Mas acredite: não é. Porque eu acho isso? Simplesmente porque esse pessoal pelo menos é consciente do que faz. Quando tomam uma ação, pelo menos têm noção das consequências que irão ocorrer. Isso mostra o mínimo de inteligência. E, em um mundo tão privado de pessoas com esta característica, qualquer resquício de capacidade intelectual já é louvável.
O problema destes partidários interesseiros é que colocam suas capacidades de pensar somente em benefício próprio. Interesse escuso mesmo. Trabalham planos mirabolantes e ardilosos, só para se darem bem. O resto do mundo? Que se foda.

Militantes Acéfalos:
Mas o pessoal partidário interesseiro, mesmo sendo inteligentes e poderosos, não conseguem fazer tudo sozinhos. Eles precisam de mãos, braços e pernas, para executarem seus planos. Aí entra uma massa facilmente sugestionável e corruptível. Pessoas que vendem suas almas por migalhas. Afinal, né? Esse povo é malandro e prefere ser capacho para "garantir o seu".
Esse povo só segue consegue ser uma praga. Porque, como são catequizados, acreditam que conseguem catequizar os outros, também. Fica essa legião de chatos torrando o saco dos outros (e uns dos outros) sem saberem o porque exato do que estão fazendo. "Salvem a Terra!", "Salvem os Animais!", "Sigam a Minha Religião!", "Meu Partido é que é o Certo!", entre outros motes. Tudo implantado segundo os Partidários Interesseiros.

Babacas do Politicamente Correto:
Os Babacas do Politicamente Correto são o primeiro grupo que só reage. Gente que até adere a alguma causa como Partidário ou Militante, mas só para derrubar outra causa. Sabe como funciona, né? Se você não concorda com o Machismo, usa logo os argumentos feministas. Se você não concorda com o capitalismo, cai logo no comunismo ou no socialismo.
O problema deste grupo é que eles são os eternos reacionários. E, como não têm muita capacidade de pensar seus próprios motivos, acabam aderindo à filosofia "o inimigo do meu inimigo é meu amigo". Acham nos movimentos antagônicos os argumentos incontestáveis e passam a utilizá-los.
Esse é o povo que não consegue ver uma generalização que já vem torrar o saco.


Sabe o branco que acha o racismo errado e, por isso, acaba tentando introjetar a cultura negra, sem sucesso? Ou o homem que acha o feminismo errado e passa a brigar pelo direito das mulheres como se ele próprio fosse uma? Ou o ecochato que, para defender animais, acaba prejudicando a vida dos homens?
Então, justamente esse povo.

Alienados do Coitadismo: 
Mas os Babacas do Politicamente Correto não são os piores. Essa turma faz as coisas sem pensar muito, sabe? Eles simplesmente percebem que há algo errado e passam a combater do modo que conseguem.
Há um grupo muito pior: os Alienados do Coitadismo. Esse povo não só percebe como sabe que existe algo errado. Eles não precisam andar de mãos dadas com os movimentos antagônicos, para combater os movimentos que acham errado. Eles simplesmente exercitam uma lógica esdrúxula: o que você faz prejudica a alguém, por isso é errado!
Esse é o povo que solta pérolas como: "como você quer salvar os animais com tantas crianças passando fome?" ou "Porque dar tanta atenção à natureza enquanto os trabalhadores sofrem sem direitos?" e coisas do gênero.
Esse povo acha que o que eles estão combatendo está errado, só porque existe outra pessoa que sofre mais. Que é mais coitado. Que precisa de mais atenção. Seja o que for. Animais, crianças, trabalhadores, a África, os drogados... qualquer um. E acabam combatendo até mesmo coisas importantes.

Os Justos:
Deixei os justos por último. Justamente porque são o meu alvo, aqui. Justamente porque são os mais raros.
Tenho certeza que existe um povo aí fora - mesmo porque até agora só conheço eu nesse grupo - que independe de benefício próprio para fazer algo. Esse povo não se deixa catequizar pelas artimanhas ou prêmios alheios. Tão pouco precisa se aliar a movimentos que não acredita, para atacar aos que não acredita. Muito menos pratica o toma-lá-dá-cá do coitadismo.
Tem um povo que sabe que cada grupo de ideias está certo em algumas coisas e errado em outras. Assim, sem compromisso nenhum com nenhuma ideia - mas com todas, ao mesmo tempo - ataca o que todos sabem que está errado e evidencia o que todos sabem que está certo.

Querem um bom exemplo disso?

Eu não sou machista. Tão pouco sou feminista. Eu (e você também) sei que cada sexo tem suas peculiaridades. Peculiaridades formadas por diferenças hormonais, instintivas ou meramente fisiológicas, mesmo. Essas peculiaridades fazem com que cada sexo seja mais apto para algumas tarefas, em geral. Ou tu vai dizer que - EM GERAL - mulheres não cuidam melhor das crianças do que os homens? Acho que o alto número de professorAs de maternal e jardim de infância comprovam esta afirmação.
Mas, tão certo como a existência dessas peculiaridades, cada ser humano (sem distinção) pode - eu escrevi PODE, ok? - estudar, treinar e realizar qualquer tarefa. Ou tu acha que um homem não pode cuidar de uma criança, ou uma mulher não pode ir trabalhar em uma pedreira?
Claro que podem. Isso mostra, exatamente, o meio termo entre o machismo ignorante, instituído por séculos, e o feminismo idiota, criado para combatê-lo. Você não precisa ser um feminista ferrenho para dizer a um machista que ele está errado. Assim como não precisa ser um machista convicto para mostrar a uma feminista onde ela está errada.

O mesmo vale para todo o resto. Quando você tem o mínimo de inteligência e moral, sequer aceita criar doutrinas para benefício próprio. Seu compromisso não é só consigo mesmo mas, sim, com todo o mundo à sua volta.

Buscar por justiça total é algo complicadíssimo. Você, que acha que é justo, mas toma decisões depois de todo um minuto pensando? Desculpe, você não é um justo. Precisa de muito tempo pensando sobre o assunto. Precisa querer achar o problema real que causou a discussão. Precisa encontrar a solução definitiva sobre o tema. Precisa desenvolver métodos viáveis para alcançar os objetivos da solução.
E, doa a quem doer, o justo precisa de uma lógica que se mostre eficiente e correta em todos os casos. Se um único caso a solução se mostrar injusta, tudo deve ser revisto. O compromisso do justo não é nem com o próprio ego.


Mas, infelizmente, o que vemos é "cada um por si", contra "eu acho errado, então morra".
Gostaria de encontrar mais pessoas que pensem no ideal para o todo, do que "na rua que o meu candidato fez, por isso ele é o melhor!".

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