terça-feira, 22 de maio de 2012

A Hora de Parar

Hoje, pela manhã, o irmão em Odin, TopBlog e Bi-Conterrâneo @yashagallazzi levantou uma discussão, no Twitter, a respeito de Grandes sequências de filmes.

Incapacitado de opinar, por causa da internet bloqueada do meu serviço, fiquei apenas espiando a conversa, que me suscitou a vontade de escrever sobre um ponto mais amplo, mas que toca o assunto: a hora certa de parar.

Porque, depois que você faz algo realmente notável, há duas situações. E somente duas:

1 - Você consegue repetir o ato, porque é algo natural e relativamente fácil, para você.
2 - Você não consegue repetir o ato, porque você sabe que foi uma ideia única, ou somente sorte.

Quando algo é natural, para você, manter o sucesso é relativamente fácil. Basta repetir o que sempre fez. O que chamou a atenção de todos. Talvez, juntar-se com outras pessoas com capacidades complementares, para superar expectativas. Talvez, simplesmente, treinar-se para melhorar, sozinho.

Há vários exemplos de sucessos, assim. Há vários pintores que fizeram dezenas de quadros, um melhor do que o outro, até chegarem em suas obras-primas. Há vários músicos que empilharam sucessos, até chegarem em seu hit maior.
Assim como, nos filmes, há histórias, diretores e atores que, com o passar do tempo, só ficam melhores.
Peter Jackson e a saga do Senhor dos Anéis, por exemplo. Só por ler os livros, nós já saberíamos que o terceiros seria melhor que o primeiro filme. Mas a condução da história foi ótima. Tão boa que estamos esperando O Hobbit com total ansiedade.
O mesmo podemos falar de Toy Story, por exemplo. O primeiro filme foi - talvez - a maior revolução no cinema. Conseguiram dar vida a efeitos especiais. Mais do que isso, personalidade! O segundo filme é melhor do que o primeiro, porque conseguiu manter a essência, mas evoluiu a série. O terceiro filme, então? Eu, adulto, não contive as lágrimas. Lembrei de cada brinquedo meu, que ficou em algum lugar do meu passado, com carinho.

Quando você é bom, as coisas saem naturalmente. Não há sacrifício em manter o que você se propõe a fazer. Tudo, simplesmente, flui!

Agora... Quando algo não é natural... Quando precisamos do apoio de força maior para "parir" algo, quando o trabalho é sofrido, quando não sabemos o que fazer em seguida mas, mesmo assim, nos propomos a fazer...

Bem... A famosa "hora de parar" passou, e nós não notamos. Insistimos em fazer algo, fingindo para nós mesmos que podemos continuar. Passamos verdadeiros papelões, vergonha alheia pura.

Uma das coisas que eu notei - de cara - onde isso acontece, é nos seriados norte-americanos. Sim, eles são estritamente comerciais. Mesmo com toda a publicidade envolvida em cada estréia, nenhum seriado á feito para mais de uma temporada. Todos... TODOS só têm roteiro para a primeira temporada. Por isso, os roteiristas se empenham e fazer o melhor, ali. Mas, mesmo assim, sem grandes esperanças. Muitas delas têm apelo para continuar mais algum tempo. Ou, simplesmente, bons roteiristas, para inventar algo bom, para a segunda temporada e demais.
Dou como exemplo máximo Supernatural. A primeira temporada era fascinante. Misteriosa. Com uma trama envolvente. Perigos que não tinham aviso. No final da primeira temporada, houve o acidente de carro e ninguém sabia se o seriado voltaria. Eu fiquei curioso para saber o que aconteceria. Só que... os roteiristas não tinham ideia do que fazer. Inventaram uma historinha qualquer, lá, de anjos, demônios, política e muita magia.

Quer um exemplo melhor? Matrix. Não há o que debater, discutir. Matrix era uma aposta, era para ser um filme, só. Só que o primeiro filme fez sucesso. Deu dinheiro. E Agora? Agora é fazer uma sequência. Como faremos? Não sei, pega um papel aí, e vamos começar a escrever algo!

Ah! Tu JURA que eles já tinha escrito os três filmes, com antecedência? Matrix Revolutions é um dos piores finais de trilogia de todos os tempos! Toda a filosofia do primeiro filme, que já havia sido diluída no segundo, se esvaiu no terceiro! Aliás, se o Rambo ou o Bradock aparecessem na doca, durante a invasão das máquinas, não seria nenhum absurdo.

Aliás, quando o NEO consegue desativar máquinas no "mundo real", eu jurava que Zion era uma Matrix, também. Assim como no filme 13° Andar. Sim, duas Matrix, uma dentro da outra. Seria um arremate perfeito! Uma prisão virtual, dentro de outra prisão virtual! Um desfecho anti-climax sensacional! Pronto! Era só escrever, colocar mais filosofias, ainda, na história.

Só que não. Matrix, Friends, The Big Bang Theory, Supernatural, Indiana Jones 4, etc... resolveram continuar. Resolveram se expor. Arriscar a fazer o que não sabiam.
Eu acho melhor "sair por cima". Creio que seja melhor dar mais tempo, para fazer algo mais elaborado. Ser honesto consigo e reconhecer a hora de parar.


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