Só que, sendo o chato que sou, tem muitas coisas que simplesmente não me passam na garganta, a respeito da televisão paga.
Quero começar, entretanto, dizendo que não só acho justo como, também, necessário o pagamento por conteúdo intelectual. Não é porque o produto não pode ser tangido pelas mãos do consumidor, que nada deva ser pago pelo que está sendo fornecido. Não pagar pela TV a Cabo não é só crime: é imoral.
Porém... (Tem sempre o "porém", né?) Não é porque o conteúdo deva ser cobrado, que deve passar a ser algo abusivo. E, sim, tudo o que envolve os canais pagos e as administradoras de TV a Cabo, é abusivo.
Posso começar pelos canais? Obrigado. Começarei pelo canais, então.
A receita da TV Aberta é única e simples: Venda de propaganda. Intervalo comerciais. Famoso "Jabá". Para que uma emissora de televisão aberta possa lucrar, deve estar atenta às preferências da maioria da população, oferecer programas para esse público e ter a maior cobertura possível. Assim, as emissoras de TV Aberta têm poder de barganha com seus anunciantes. Quanto mais abrangência e audiência, mais a emissora pode cobrar por cada segundo de propaganda.
Já a receita da TV a Cabo deveria ser a antítese da fórmula da TV Aberta. A própria audiência deveria pagar para assistir aos programas que lhe interessa. A receita deveria vir unicamente dos telespectadores e a programação deveria ser feita de acordo com o seu gosto.
Mas... Não é bem por aí. Na prática, os canais de TV a Cabo têm duas fontes de receita. Além de receberem dos assinantes, todas as emissoras veiculam propagandas. Sim, se você não notou, ainda, quando paga por um canal, você está pagando pelas incômodas propagandas que eles veiculam, também. Ou seja, você paga para assistir propagandas. Para ver o canal que você deveria custear, ganhando dinheiro.
Pagar para ver propagandas nem é o pior. Pior, mesmo, é insistir nesse modelo "vocês da televisão programam o conteúdo e eu assisto e aceito tudo". Será que o mundo não nota o quanto a televisão influência a maneira de pensar de cada um? Nossos "heróis" estão ali. Cunhando frases de efeito e ditando tendências de comportamento e filosofias. Duvida? House, Homer, Dexter, Leonard, Seinfield... Personagens que transcendem o mero entretenimento. Personalidades que trazemos para o mundo real e fazem parte dos nossos dias. Personagens criados e executados por um grupo de menos de 100 pessoas, que conseguem difundir ideias para bilhões.
Isso quando, simplesmente, os canais de TV a Cabo viram às costas aos seus assinantes, desprezando que estão sendo pagos para entreter um certo público, e passam a massificar sua programação, para vender mais e mais cotas de propaganda...
Complicado, em dias de internet. De conteúdo limitado, apenas, pela capacidade das pessoas em publicá-los. Como alguém consegue viver pela ótica dos outros, cegamente, e pagando por isso? Não entendo.
No Brasil, é infração a venda casada. Você ter que comprar um item que não quer, para ter outro que você deseja não é permitido pelo código de defesa do consumidor.
Mas, mesmo assim, as operadoras de TV a Cabo criam mecanismos como o de "pacote", para que você pague o quanto elas querem receber, de cada assinante.
Vamos falar sério, por um segundo? Em tempos de informática de ponta, celulares inteligentes, tablets, capacidade de baixar e instalar quantos gadgets você quiser em seus aparelhos... Só um completo IMBECIL acredita que as operadoras de TV a Cabo não podem vender os canais em separado!
Cada canal deveria ter o seu preço mensal estipulado. E cada assinante deveria ter a opção de escolher cada canal que quer ter acesso, além dos pacotes fechados.
Sendo completamente sincero, eu tenho acesso a um canal italiano (Rai) desde meados dos anos 2000. E confesso que JAMAIS ao canal por mais tempo do que demora o zapping, por ele. A pergunta: porque temos que pagar por isso?
Quem paga por TV a Cabo deveria o fazer para ter opções de programação que lhe agrade, fugindo da massificação da TV Aberta. Mas, infelizmente, paga por propaganda e por canais "empurrados", em pacotes.
Até quando?
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