quinta-feira, 24 de maio de 2012

Desculpem-me

Esse é um pedido de desculpas.

Um texto, inteiro, solicitando a cada um de vocês que acompanham o Ponto Final, o seu perdão.

Sim, eu sei. Nos últimos tempos eu ando um porre. Reclamações constantes a respeito de tudo o que acontece. Ofensas e até palavrões.

Eu creio que os motivos do meu descontentamento - e posterior extravasamento - estejam bem listados em cada texto. Portanto, não vou ficar repetindo-os, aqui.

Simplesmente, adoraria poder fazer um blog auto-astral. Só coisas boas. Ficar mencionando - a cada novo dia - só o melhor do que que acontece. Mas é dose. É difícil. Eu acabo cedendo. Eu acabo me inflamando contra coisas estapafúrdias que vejo. E o resultado é justamente o que você lê, aqui.

Sim, em um mundo medieval eu, com certeza, seria um conselheiro de algum rei. Ou, pior ainda, o reaça mais desgraçado e perseguido. Queimaria fácil em qualquer fogueira de inquisição.

Meu pecado? Ver as coisas do ângulo correto. Mais que isso, saber que vejo as coisas do ângulo correto. Sim, ter a ciência da minha certeza é o pior crime que eu posso cometer.

Hoje, por exemplo, li a frase: "Quando assumirmos nosso papel de CIDADÃO e cuidarmos do que é PÚBLICO, deixaremos de ser Vítimas e seremos PROTAGONISTAS dessa história".

Não, amigo. O problema não é cada tratar o público como seu. O problema, no Brasil, é mais embaixo. O problema é ninguém se auto-reconhecer como fiscal. Por consequência, não reconhece no outro um fiscal, também.
Porque, sim, existem pessoas que sabem seus deveres cívicos. Sabem que devem vigiar, zelar, denunciar e,até mesmo, tomarem atitude. Só que o outro... Ah o outro! o problema do brasileiro não é a frase "isso não é problema MEU". O problema do brasileiro é a frase "isso não é problema SEU".

Porque o outro, quando repreendido, adora largar a frase "ah! isso não é problema seu!". Como se o que ele faz de errado não acabará, em algum momento, atingindo mais ninguém. 

Sim, amigos, é problema SEU. E, do seu ponto de vista, é problema MEU, também. O problema é de todos nós, que deveríamos ser pessoas melhores, mas não somos. Que deveríamos parar o porco que joga o lixo no chão, mas não paramos. Que deveríamos dedurar o vizinho que usa e/ou vende drogas, mas não deduramos. Que deveríamos devolver o troco, mas não devolvemos.

Mas é aquele velho negócio, né? Para a imensa maioria - superficial - do resto do Brasil, eu estou me "metendo onde eu não sou chamado". Eu estou sendo prepotente por propor - com certa convicção - o cerne do problema.

Pior, como estou indicando, também, a solução, sou até uma espécie de ditador. Afinal de contas, "quem sou eu" para ditar regra para o resto do Brasil, não é?

Então, eu sou um cidadão. Um conterrâneo. Alguém que está cumprindo o dever cívico de tentar fazer esse país um lugar decente para se viver.

E, por isso tudo, eu peço minhas sinceras desculpas. O texto de sexta-feira já será mais leve. Prometo.

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